Sobrevivência do mais forte. escrita por Léo Veronezi


Capítulo 17
Capítulo 17 - A Fúria de um príncipe da Guerra.




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Quando a vinha empalou Catherine, eu senti a vida deixando seu corpo no mesmo momento... havia sido chocante e mesmo em sua morte, ela continuava linda. Bem, ela era uma traidora e agora, estava morta. Anna caminhava até nós calmamente depois de ter provocado Pettrick, de modo triunfante porém acabada, assim que chegou até nós, nos abraçamos e ela me olhou e disse.

–Eu sou foda, não sou? – Eu consegui dar uma risada leve, ela abriu um belo sorriso e ela foi abraçar os outros sobreviventes, eu estava muito feliz por ela estar viva. Esse tipo de combate é sufocante, ver seus amigos lutando até a morte e ter de ficar só olhando, agonizando e vendo os mesmos beirando a morte. Se isso é torturante para alguém como eu, imagino para Percy que seu defeito mortal, era o altruísmo (poucos sabiam disso.) não conseguia parar quieto, Annabeth tentava acalma-lo, mas ela estava chorando. Frances estava deitada no colo de Thalia se remexendo e gritando maldições para o exército renegado de Pettrick, Thalia estava cabisbaixa e segurava o choro. Nick estava nas minhas costas, ele havia desmaiado com uma das explosões de fogo e eu fiquei segurando o mesmo, ele resmungava, devia estar dormindo.... A inocência dele era encantadora e até engraçada, quem iria parar para uma soneca no momento que estão decidindo sua vida ou sua morte. Corujinha (Sim, aprendi a decorar o maldito nome.) ficava toda hora do meu lado olhando para Nick, ela era uma guerreira formidável, segundo Nick. E se tinha sobrevivido, é porque realmente lutava bem. Du estava ao lado de Simon, olhando para tudo e para nada, ele transparecia que estava calmo, mas eu sentia suas emoções. Desespero, medo, fraqueza, melancolia.

Ninguém ali estava no pique pra conversar, deixando no ar um som melancólico. Anna havia se deitado para Cassandra passar alguns medicamentos e coisas do tipo, já haviam se passado 5 minutos e Pettrick dava sermão nos seus outros campeões. O corpo da menina ainda pendia na vinha, eu não podia deixa-la ali.

–É... Corujinha, por favor, pode segurar Nick um minuto? – Ela se virou surpresa e assentiu, tirei Nick das costas e ela o pegou, Nick era um pouco pesado, mas ela o colocou no chão e deitou o mesmo em sua perna, lá ficou acariciando seu cabelo e olhando para o rosto do jovem filho de Hades. Sai do grupo de pessoas e fui andando em frente, os olhares me seguiram curiosos e Pietro gritou.

–LÉO! VOLTE PARA CÁ!! – Ele vinha em minha direção, mas Du o parou e falou algo para o mesmo. Estava escuro, porém a filha de Héstia inimiga parecia uma tocha-humana e iluminava bastante o local, do nosso lado ainda haviam 3 filhos de Apolo que brilhavam fracamente. Mas fui indo na escuridão, era ótimo e confortável, eu podia ver tudo com total clareza e me sentia mais forte, um dos gêmeos Kinnigan’s apontou em minha direção de forma robótica e Pettrick se virou confuso, então ele fez um gesto de ‘’ deixem pra lá’’ que me enfureceu, mas ignorei. Cheguei na garota morta, desembainhei Umbra e cortei a parte que a vinha entrava em sua costela, depois cortei a parte pela qual saia. Peguei a garota no colo, como eu esperava, ela continuava belíssima, fiquei me perguntando se mesmo morta, ela ainda teria o poder do charme. Ela estava fria, suas veias começaram a se acentuar em preto, ela cheirava a rosas... Levei ela até um pouco antes de nosso grupo e a coloquei no chão, alguns segundos depois, ouvi alguém se aproximando, era Giuliana. Ela parou no meu lado e disse.

–Ela era linda, não é? Quem imaginaria que ela seria um deles... – A voz me dava vontade de abraçar Giu e conforta-la, mas o que tinha demais? Abracei a conselheira que começou a chorar em meu peito, ela me envolveu em um abraço forte e caloroso. –Minha irmã Leo... Não diretamente, mas parte da única família que eu tinha.... Meus irmãos Leo.... Eu não suporto mais ver todas essas perdas. – Ela estava com medo, apesar de tudo, ela era uma garota. Era humana, mesmo sendo uma filha de Afrodite poderosíssima, era humana e tinha sentimentos. Ficamos ali alguns minutos e então quando a mesma parou de chorar, olhei para o corpo frio no chão e fiz uma prece a Afrodite. ‘’ Ela foi uma pessoa importantíssima para muita gente. Acredito que tenha um motivo para ela ter se virado contra nós. Eu prometo, ó deusa do Amor, eu prometo que irei me vingar por ela.’’ Depois disso, senti uma mão, algo leve, encantador, sedutor, me tocar. Quando olhei para meu ombro esquerdo, de onde havia vindo o toque, não tinha ninguém. Peguei uma tocha e incendiei a manta que havíamos envolvido Catherine, chamas douradas subiram aos céus e o cheiro de rosas foi se extinguindo aos poucos, deixando apenas o perfume de Giu no ar. Deixamos o fogo crepitando e retornamos ao nosso pequeno grupo sobrevivente, muitos estavam aguentando o choque de realidade da situação toda, Du matinha a postura dura e não havia aberto a boca, Simon estava irritado por conta de seus irmãos mais velhos estarem do lado oposto. Pietro ficava com Cassandra cuidando de Anna, Marylin e Alex observavam irritados tudo aquilo, Dan brincava com algumas peças de metais que haviam em seu bolso, montando e desmontando um cavalinho de metal. Frances também havia dormido no colo de Thalia que estava arrasada, Percy e Annabeth estavam sentados ao lado da mesma, consolando a filha de Zeus. Enfim, Pettrick chamou a todos:

–Então, já escolhemos o nosso próximo guerreiro, na verdade, será uma luta em dupla. James e Josh Kinnigan! – Ele lançou um olhar direto para Simon, era isso que ele queria, ver irmãos se matando. Simon na hora virou e disse.

–Eu vou enfrentar os dois. – Todos o olharam desesperados, Dan foi o primeiro a intervir.

–Não vai!! Você não irá conseguir enfrentar os dois de uma só vez, Simon! Eles são fortes demais, mas se formos juntos, iremos ter uma chance! Sabe disso!! – Simon mandou um olhar a Dan, que só os filhos de Ares sabiam usar. Um olhar de advertência e orgulho. Ele não iria lutar com mais alguém ao seu lado.

–Não, Dan. Não. Eles são meus irmãos, não vou tolerar que nenhum de vocês tirem a vida dos mesmos, apenas eu posso fazer isso. – Ele disse confiante e entendemos... Era o orgulho misturado com raiva da traição de seus irmãos de sangue. Du continuou parado olhando para o grupo renegado, não movia um dedo sequer. Por fim, todos concordaram e Simon foi andando até o campo de batalha e gritou. –VENHAM IRMÃOS, VOU ENSINA-LOS A VERDADEIRA FURIA DE ARES! – Seus irmãos foram andando devagar até o centro, pareciam dois soldados cegados pelos superiores, vestiam uma armadura de bronze celestial básica, mas eu conhecia a fama dos dois. Já havia saído em missão junto dos mesmos e após 5 anos, tudo isso só deve ter sido reforçado. Simon vestia uma armadura vermelha básica e um elmo redondo. Em vez das espadas curtas, usava um escudo igual aos irmãos e uma espada média que aparentava ser normal, carregava adagas que ficavam presas em sua perna e no braço do escudo uma segunda lâmina. O garoto foi indo em frente, então reparei algo que antes não havia visto, uma aura vermelha saia do garoto de 18 anos, um desejo sanguinário de lutar contra sua própria família.

–--------------------------------Simon Kinnigan, será o narrador a partir de agora.---------------------------
(Coloquem Disturbed – Stricken para melhor aproveitamento da luta :3)

Era isso, matar meus irmãos mais velhos. Fiz parecer tão fácil falando, mas eu sabia que seria extremamente difícil. Quando parei de frente com eles reparei que estavam mais velhos e fortes. Claro, o tempo não para. Mas não pareciam eles, pareciam maquinas, sem vida.

–Ei, Josh e James, não quero saber o motivo de vocês estarem aí, só quero que saibam. Desde que vocês me deixaram e traíram todo o acampamento, eu me tornei forte, me tornei o conselheiro. E como conselheiro, é meu dever eliminar qualquer ameaça sobre o acampamento!! NÃO PENSEM QUE VOU PEGAR LEVE! – Eles se viraram e assentiram juntos, então avançaram em uma velocidade incrível. Uma espada veio em um corte na direita, eu aparei com a espada, no mesmo momento um outro veio da esquerda, eu defendi com o escudo, quando estoquei o peito de Josh (O gêmeo destro), James agarrou seu braço e Josh rolou por cima de suas costas, quando atingiu o chão um golpe poderoso de duas estocadas juntas acertou meu escudo, meu braço quase havia quebrado por conta do impacto. Recuei com dificuldade alguns metros e eles investiram de novo, dessa vez James por baixo e Josh por cima, eles iriam me estocar, a lâmina de Josh vinha em direção do meu escudo para me desestabilizar e a de James vinha em direção do meu peito, para me matar. Joguei meu escudo para defender a estocada de James em meu peito e quando me atingiu, usei a força do impacto para girar e acertar meu calcanhar no rosto de Josh, acertei em cheio, a força deveria ter quebrado o maxilar do mesmo, mas eram filhos de Ares poderosos e nossa pele, ossos e músculos eram mais resistentes. O golpe jogou Josh alguns metros e o fez atingir o chão com força, foi então que algo tirou minha concentração, os olhos de James estavam envolvidos por uma aura roxa e quando atingi Josh a aura tremeluziu e James recuou confuso, mas a aura se estabilizou e ele tomou sua pose robótica. Josh fez a mesma coisa, exatamente igual e ficou ao lado de James. Aquilo era magia? Droga, meus irmãos estavam enfeitiçados? Não tive tempo de pensar nisso, os gêmeos investiram de novo. Dessa vez a estocada de Josh veio na mesma direção que a de James, repeli as duas, dessa vez pus mais força para não recuar, girei por baixo dos mesmos e subi para cortar o peito de James na diagonal, porém ele não estava ali, uma sombra passou por cima de mim em um mortal, enquanto outra avançou pela minha esquerda. Tive tempo para desviar do golpe na esquerda de Josh, mas a espada de James foi atolada em meu ombro, no mesmo instante sangue explodiu e eu recuei rapidamente. Meu ombro não doía, era uma benção de Ares, enquanto estivermos em estado de adrenalina, não sentimos dor, porém sangrava muito e meu braço esquerdo estava com dificuldades de se erguer. Meus irmãos atacaram novamente, eu... havia perdido. Com um chute no escudo, que quebrou meu braço, Josh se lançou para cima e caiu para finalizar o golpe, desviei por pouco do arco na vertical, porém James vinha em seguida e sua espada atravessou minhas defesas, entrando diretamente em meu peito. ‘’ Fliiiinnnnnnnnns’’, sangue voou e olhei para o rosto de meus irmãos, que estavam com os olhos hipnotizados... O mundo foi ficando surdo e quando a espada saiu do meu peito, eu cai de joelhos e depois atingi o chão.... Era isso? Esse era meu fim? Não... Pai, por favor, essa é minha última prece.... ‘’ ME PERMITA ACABAR COM MEUS INIMIGOS!!!’’, minha mente explodiu e então uma luz vermelha-sangue caiu sobre mim.... Eu me levantei, minha visão foi ficando escura, senti meus músculos inflarem e minhas veias explodirem, minha armadura ia se despedaçando para dar lugar aos músculos. Eu sabia o que era aquilo, mas nunca achei que seria necessário. Era a Fúria de um Filho de Ares.

Minha visão escureceu.

–--------------------------------------------------Léo volta a narrar.---------------------------------------------------

Quando a espada de um dos gêmeos entrou no peito de Simon, senti todos ao meu redor perderem o folego e baixarem a cabeça, Du foi o único a permanecer olhando. Eu senti a vida de Simon indo embora, porém, quando ele atingiu o chão semimorto, senti sua energia vital voltando com toda a força. O céu ficou vermelho, uma luz desceu do mesmo e atingiu Simon no chão, que foi se levantando. O ar foi ficando mais denso e sentia um cheiro estranho, talvez se a raiva tivesse um cheiro, seria aquele. Simon se levantou, mas não era mais Simon, o garoto forte de Ares havia começado a crescer, sua armadura foi caindo para dar espaço para os músculos, uma aura avermelhada explodia do filho de Ares, seus olhos foram tomados por chamas, ele havia crescido 40cm, sua pele estava pálida e suas veias se destacavam junto dos músculos grotescos, parecia uma versão do Hulk um pouco menor e menos musculosa, porém mais perigosa. Seu cabelo ruivo continuava da mesma forma e o que quer que Simon havia se tornado, usava duas espadas longas que haviam sido dadas por seu pai. ‘’ Aquilo’’ emanava uma aura vermelha ensanguentada substituiu minha tristeza por raiva, me fazia ter vontade de entrar no meio do maldito exército renegado e rasgar cada um com minha lâmina negra, Me dava ódio de toda aquela situação, de estar sendo uma presa, trazia um desejo assassino, me dando vontade de derramar sangue, vontade de empalar a cabeça de Pettrick e devorar seus comparsas com minha benção de fogo infernal, eu até sentia minha tatuagem queimar, me incentivando a participar da batalha. Eu sabia de duas coisas: Simon já havia morrido e aquilo era extremamente poderoso. Aquilo que o comandava, era apenas o desejo de lutar de um filho de Ares, o garoto urrou e disparou como uma bala em cima de seus irmãos, os gêmeos se dividiram em dois e começaram a atacar rapidamente Simon, porém ele repelia tudo, sua pele estava reforçada. Simon agarrou um dos garotos pela armadura e o lançou com extrema força no outro gêmeo, eles se colidiram e voaram diversos metros até atingir o chão, mas já levantaram prontos pra outro ataque, Simon foi novamente para o ataque, mas uma estocada de seu irmão da direita, que entrou na costela, fez o mesmo se desestabilizar, porém Simon com sua lâmina dupla girou com o irmão segurando a espada que havia entrado em sua costela, desarmando o mesmo e concluindo o giro com um corte na diagonal que atravessou do ombro até o quadril de um dos gêmeos, sangue explodiu no ar e o outro gêmeo hesitou. Medo? Com certeza. Porém ele investiu com o ataque, que entrou nas costas de Simon, na clavícula e desceu rasgando, quando a espada foi retirada, Simon cambaleou, mas antes de cair, soltou suas armas e acertou um soco no rosto do gêmeo sobrevivente, que fez o ar se desfigurar, quando o soco o atingiu, ele voou talvez mais de 150 metros derrubando uma fileira inteira de renegados e fazendo o filho de Ares se chocar com o início da colina em uma explosão de poeira. Simon cambaleou e então gritou para os céus, um grito de dor, raiva, poder, ira. O grito foi ensurdecedor, fazendo Nick acordar em um pulo e todos taparem os ouvidos de dor, menos Du. Quando o grito cessou, os músculos foram voltando ao normal e Simon foi voltando a ser quem era, quando já era ele de novo, eu ouvi um último suspiro do garoto. ‘’ Obrigado pai...’’ E a essência de Simon desapareceu. Ele havia morrido pra valer, agora. Ele havia matado um dos gêmeos, o outro não tinha morrido, apesar do soco, eu não sentia a vitalidade do outro gêmeo indo embora. A noite foi engolindo a cor avermelhada, o “cheiro de raiva’’ foi sumindo, toda minha raiva sendo tomada pela tristeza novamente e então eu ouvi um som... Um motor de alguma coisa, muito longe, em algum lugar no céu, quando me virei para ver de onde o som vinha, enxerguei apenas uma Harley Davidson, sumindo na noite.

Ao meu redor, vi Giu cair de joelhos e enterrar seu rosto em suas mãos, Anna olhava para o céu com os olhos cheios de lágrimas enquanto Cassandra chorava encostada em seu ombro, Marylin urrava de raiva. Percy não se permitiu chorar, Annabeth estava abraçada com ele soluçando e praguejando, Thalia também não se permitia chorar, ela cuidava de Frances. Nick estava sentado ao lado de Pietro e Corujinha, Pietro deixou uma lágrima escapar, Nick estava perplexo e Corujinha com medo. Todos estavam derrubados, um companheiro nosso havia morrido lutando por nossas vidas, Du suspirou e fechou os olhos por um momento, depois os abriu com um brilho de ódio nos mesmos. Du foi andando até o campo da luta, se aproximou do corpo de Simon e o pegou com os braços, ele voltou sem dizer uma única palavra e passou ao lado do nosso grupo com o corpo, posicionou o mesmo perto do chalé de Ares e voltou para sua posição que permaneceu a batalha toda, de braços cruzados, olhando para frente. Giu permanecia de joelhos rezando pela perda do companheiro e Pietro estava em choque, ele não conseguia processar tudo o que acontecia ali. Meus músculos estão paralisados, mas eu sinto muita raiva e magoa, Simon era um grande guerreiro e novo demais, eu lembro de tê-lo conhecido antes de sair em minha missão há tempos, lembro de ter visto James e Josh o abraçando antes de irem embora, era terrivelmente triste que aquele abraço cheio de afeto e proteção se transformou em uma realidade na qual irmãos lutaram até a morte, um contra o outro. Dan socava o chão várias vezes e caiam lagrimas cada vez que seu punho atravessava a grama fofa do campo. Ele era o mais próximo de Simon, sempre treinavam e bebiam juntos, eram grandes amigos. Eu ainda não consigo me mover... Isso tudo é uma droga... Por que tem de ser assim? Por que os mocinhos sempre se fodem? Então reuni forças o suficiente para me por de pé, cambaleei um pouco por causa da tontura que viera como uma maré fria, me firmei de pé e fiquei ali, parado. “Eu não sei o que fazer agora.’’, não vinha nada o que fazer, nada. Eu queria atacar Pettrick com todas as minhas forças, mas algo me impedia, talvez medo... talvez fraqueza... talvez....

Uma mão pesada pousou em meu ombro, fazendo me acordar do leve transe, era Du com o olhar cansado e fraco.

–Ei... Eu sei que está difícil... Ver tantos campistas mortos e agora assistir Simon morrer... Mas nós vamos sair dessa. – Ele fez o máximo para tentar me relaxar, mas eu continuava me sentindo imponente. –E não se esqueça, você tem de ser forte por seu irmão... Olhe para ele. – Foi quando isso clareou meus medos, meu “sistema de proteção de irmão mais velho’’ apitou e dirigi meu olhar para Nick, ele estava com os olhos vazios, em seu ombro, Corujinha apoiava sua cabeça e cantava alguma música... talvez “Dust In The Wind’’, fui até ele e me ajoelhei em sua frente, ele continuou encarando o horizonte com seus olhos vazios.

–Nick...? Maninho, estou aqui. – Ele me olhou com a mesma expressão.

–Não... Não importa mais... Vamos todos cair... Vamos todos morrer... – A forma de ele dizer as palavras me deu calafrios, então uma coisa passou em minha cabeça que me deixou extremamente triste, será que ele havia visto o mesmo Anjo que eu tinha visto?

–Nick, pare. Não vamos morrer, estou aqui! – Ele ia aos poucos recuperando a cor em seus olhos, percebi que Corujinha estava dormindo e continuava cantando a música que eu tinha certeza de ser “Dust In The Wind’’, Nick balançou a cabeça levemente e respondeu um pouco envergonhado.

–Desculpe Leo... Eu não sei o que aconteceu comigo, fiquei meio fora de si por alguns segundos. – Eu o olhei preocupado, ele colocou uma mão em minha nuca, eu coloquei minha outra mão na nuca dele e nos aproximamos até tocar a testa um do outro.

–Eu vou te tirar dessa. Eu juro pelo Rio Estige. – Ele sorriu levemente e o soltei, ele estava meio aéreo ainda, mas nada demais, me sentei ao lado dele e ficamos ali, quietos, escutando choros e a canção de Corujinha.

Alguns longos minutos se passaram e Du trouxe o corpo de Simon enrolado em uma mortalha vermelha-sangue com alguns traços pretos, colocamos a mesma no chão e ficamos em círculo. Erámos em poucos, um pouco menos de 30 campistas e três caçadoras, a maioria ferido, eu mesmo havia alguns cortes que latejavam ao redor de meus braços, o único que não tinha um ferimento sequer era Percy. Ficamos de mãos dadas e acendemos a mortalha do filho de Ares, rezamos aos deuses e observamos a fumaça cheia escura com fagulhas douradas subir aos céus, já deviam ser mais da meia-noite e todos estavam acabados e infelizmente a luta ainda não havia acabado, alguns minutos depois da mortalha queimar por completo, Pettrick chamou seu próximo guerreiro e chamou nossa atenção.

–Espero que já tenham se despedido devidamente. – Ele sorriu cruelmente. –Chamem o próximo que já tem sua sentença de morte assinada. Layla Stingx, será sua vez de provar sua força. – A garota ruiva com o sorriso caloroso e ao mesmo tempo convidativo, vestia uma camisa regata verde e calça colada vermelha, parecia um farol. Em seu quadril, presa em uma bainha simples estava a espada Aegla, a espada tinha um brilho intenso irradiante e só de olhar para ela, eu sentia calor. Tinha mais ou menos 90cm e em seu cabo, vinha o símbolo de uma lareira queimando algo vivo, graças a minha visão dotada no escuro, eu olhei em seus olhos com total clareza, olhos lindos e amendoados de cor entre vermelho e laranja. Ela foi andando para o campo de combate de modo despreocupado, Percy encostou em meu ombro e me virou para falar com o grupo que iria decidir o próximo combatente do nosso lado.

–Ei, precisamos decidir quem irá lutar dessa vez. Eu decidi que vou lutar contra todos os próximos combatentes. – Todos olharam para Percy com expressões irritadas. A primeira a se pronunciar foi Annabeth.

–Cale a boca, Cabeça de Alga! Não pode lutar contra todos eles, ser invencível não significa que você não se cansa. – Ela disse com um tom triste, mas ela tinha razão, mesmo Percy tendo a mesma benção de Aquiles, ele não pode derrotar todos eles. Mais cedo ou mais tarde, iriam acertar o seu “calcanhar de Aquiles’’, ele baixou a cabeça e agora quem falou foi Dan.

–Ela tem razão Percy. Você tem de reunir forças para enfrentar Pettrick, você é o campista mais forte, precisamos de você pronto para quando chegar a hora. – Dan tinha total razão, se Percy não pudesse deter Pettrick, quem iria? – Eu vou. – Ele disse com a voz cheia de determinação, eu o olhei e ele dirigiu os olhos castanhos a mim.

–Dan, por que você? Não. Precisamos de alguém que tenha vantagem. Precisamos dos mais poderosos. – Eu disse um pouco desesperado demais, não queria que Dan se arriscasse tanto. Ele balançou a cabeça e Marylin apoiou a decisão de Dan.

–Leo, ele é a melhor escolha. – Eu a olhei vacilante. – Ele é um filho de Hefesto poderoso, um conselheiro afinal. Os filhos de Hefesto tem maior resistência ao fogo, Dan por exemplo, é quase imune a esse elemento. – Infelizmente, ela tinha razão... Seus olhos azuis, pela primeira vez, sustentaram meu olhar com pesar. Todos permaneceram em silencio e Dan repetiu.

–Eu irei então. Me desejem sorte. – E sorriu, não um sorriso triste ou fraco, mas um sorriso animador e feliz. Como se ele estivesse saindo para comprar sorvete ou indo matar alguns gigantes insignificantes. Antes do mesmo se virar eu toquei seu ombro e ele me olhou com o canto do olho. “Volte.’’, eu só pude dizer isso, ele assentiu levemente e foi andando com sua enorme espada até o combate.

Algo que é interessante sobre aquele filho de Hefesto, é que em suas costas, sua armadura reluz. Não tem um risco sequer ou qualquer amassado. Isso só comprova que Dan Gearbender, nunca deu as costas para nada. Nunca deu as costas a seus amigos. Principalmente, nunca deu as costas a uma luta.


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