O mais perigoso de toda a relação deles era que alguém tomasse consciência do que realmente sentiam um pelo outro e usasse isso contra ele. Era tarde demais para fugir, tarde demais para se afastar. Um mês, três, seis meses. Quanto tempo aquela estranha paz iria durar?

— Se fosse para escolher um lugar para fugir — Bixlow começou sem olhá-la. Os olhos fixos no teto, sentindo os dedos dela fazerem contornos em seu peito de forma irregular —, qual você escolheria?

— Planejando uma fuga antecipada? — Lisanna perguntou com divertimento, a voz tão suave que parecia acariciar os ouvidos dele. Sentiu-o rir baixinho e apertar os dedos em sua cintura. Apoiou-se pelos cotovelos e forçou a visão para olhá-lo pelo recinto pouco iluminado. — Bem, eu gostaria de ir para um lugar calmo, em que nós dois pudéssemos ficar juntos sem você estar sempre se preocupando sobre tudo e todos.

— Você pode ser perversa — ele murmurou com um sorriso e também apoiou-se nos cotovelos para olhá-la melhor. — Pode escolher, qualquer lugar e nós vamos.

Ela pareceu pensar um pouco e suspirou quando ele começou a traçar os contornos do seu rosto, para depois enrolar os dedos ásperos e longos em volta do seu cabelo claro e puxá-la para perto.

— Eu não ligo, você pode escolher — disse por fim e encontrou o olhar dele. — Não quero mais ter medo, todos eles já sabem.

Aquilo doeu, mas Bixlow não disse mais nada. Apenas aspirou o cheiro dela e pressionou os lábios contra o seu cabelo.

“É disso que eu tenho mais medo”, pensou amargamente.