No início dia seguinte, todas as “habitantes” que moravam no quarto 398B foram acordadas por uma histérica corneta. A primeira a despertar foi a ucraniana, que já estava acostumada com a maneira de como a escola fazia seus alunos levantarem para as aulas. Logo em seguida foi a vez da belga, saiu da cama e esfregou os olhos indo em direção ao banheiro. Depois a francesa abriu as pálpebras e se sentou na cama, suas madeixas loiras que estavam lisas antes de dormir, agora mais pareciam um ninho de pássaros por contas de tantos nós!

Enquanto isso, a única morena daquele quarteto ainda dormia, sem mexer um músculo se quer. Só quando todas já estavam praticamente prontas, Jeanne decidiu ajudar a amiga acordar e a se arrumar. Mas nem com todas as cutucadas, puxões de cabelos e alguns gritos em seu ouvido a húngara demonstrava sinal de que iria levantar ou de que estava viva! Até que Bella, cansada com aquela palhaçada toda, se aproximou da cama da bela adormecida e a empurrou “com tudo” para fora do colchão.

Lizzy que não sabia o que aconteceu, se levantou do chão e virou-se, vendo assim, as duas loiras, e pelo jeito que a belga sorria, sabia quem era a culpada da sua queda e por sua “tirada” do mundo dos sonhos.

– Anda dorminhoca!! Se você demorar vamos nos atrasar e iremos embora sem você! – falava a loira de íris verdes começando a ficar irritada- Entendeu?! Você tem 5 minutos para ficar pronta!

– Para que tanta gritaria logo de manhã...? – dizia a húngara de maneira sonolenta quando foi interrompida por um olhar ameaçador da belga, que a fez engolir seco – Sim senhora!

E como um relâmpago de tão ágil, a húngara em menos de dois segundos estava pronta terminando de amarrar seu cabelo castanho num rabo-de-cavalo. Com isso todo mundo saiu do quarto indo em direção ao grande refeitório para tomar o café-da-manhã.

***

Ao chegar no grande salão, também conhecido como refeitório, a ucraniana foi se encontrar com suas colgas de classe, já a morena e a francesa se impressionaram com a quantidade de pessoas que tinham num mesmo lugar! Porém a belga começou a arrastá-las dizendo que se não se apressassem iriam acabar ficando sem comida. Dito aquilo as três foram correndo para pegarem seus desjejuns.

Após pegarem a comida, o desafio era agora achar uma mesa para se sentar, o que parecia ser impossível no momento. Até encontram duas mesas com lugares vagos, uma em que estavam sentados os conhecidos: Ivan e Yao, com mais dois garotos, um moreno e um loiro de óculos, que não paravam de tremer, e um outro loiro que estava sentado ao lado do moreno encarando o russo com uma certa desconfiança. Já na outra mesa, estavam sentados os integrantes do famoso trio encrenqueiro da turma.

– Ali vamos nos sentar junto com Tônio! – falava a loira de fita na cabeça apontando para o espanhol.

– NÃO! EU ME RECUSO! – falava morena indignada – Já fui acordada de uma maneira horrível, e não vou tomar café junto daquele albino esquisito! Ainda quero começar bem! Ele me dá nos nervos! Vamos sentar junto com Ivan e o Yao!

– E eu é que não vou sentar com aquele russo esquisito! Ela me dá medo... – agora foi a vez de Jeanne “gritar”.

– Então isso é um 2 x 1! – comemorava Bella, enquanto empurrava uma morena que bufava – Vamos lá antes que fiquemos sem lugar!

Ao chegarem na mesa, a belga perguntou ao moreno se podiam se todos podiam sentar juntos, e sua resposta foi um “sim” acompanhado por um sorriso de orelha a orelha do espanhol. Então os lugares ficaram assim: Francis, Jeanne e Bella, em um lado da mesa, e do outro: Gibert, Liz e Antônio. Bom... Durante toda a refeição foram ouvidas diversas discussões entre o alemão e a húngara, sobre como um era mais idiota, insuportável, estranho (...) que o outro, além de algumas “furtadas” de comida que um fazia no prato do outro. Enquanto isso, a belga e o moreno riam da cara de seus amigos brigões com tantos xingamentos criativos que eram lançados, e de coisas que eles mesmos conversavam. Já por parte dos dois franceses, houveram algumas conversas em francês para se conhecerem melhor e tentarem se tornar amigos (onde descobriram de que parte da França cada um veio, ele de Paris, a cidade das luzes, e ela de Orleans), nada que chegava ser muito escandaloso como Bella e Tônio, e muitíssimo menos que Gil e Lizzy.

– Então... que atividades vocês vão fazer depois da aula? – perguntou a loira de orbes verdes para todos da mesa, fazendo até mesmo os dois barulhentos pararem suas provocações e prestarem atenção nas respostas que seriam dadas.

– Eu acho que vou continuar com as aulas de violão – disse o moreno.

– Jura?! Desse jeito você vai ficar profissional Tônio! Eu acho que eu vou fazer culinária ou vôlei... Ainda não tenho certeza.

– Eu vou fazer aula de arte e de culinária, e se der... Acho que de futebol também. – dizia Francis com seu forte sotaque.

– Eu vou fazer esgrima! ... – falava Lizzy quando foi interrompida por uma risada alta vinda do alemão albino.

– Kesesese! Como se uma bárbara como você iria saber segurar numa espada e saber lutar! Kesese! – provocava Gilbert, tentando controlar seu ataque de risos que parecia piorar a medida que o rosto da morena ia ficando vermelho de raiva – Sendo que você nunca iria chegar aos pés do incrível EU em algo que vou fazer! Kesesese!

– CALA BOCA! ALBINO IDIOTA! NÉMET hülye! Utállak!* - revidava a húngara (que a essa altura já tinha se levantado do lugar) com esses e outros insultos em sua língua natal aos berros, segurando as lágrimas com insistiam em cair sem que ninguém percebesse. Aquilo foi a gota d’água! Agora soube que nunca fora tão implicante com o austríaco por nunca ter passado dos limites dele a tal ponto como o alemão fazia com ela. Não sabia por quanto tempo iria aturar aquilo sem que explodisse! Mas teria que se acalmar para dar uma bela resposta para fazer o estúpido “prussiano” calar a boca. – E quer saber! Eu vou ser muito melhor que você nesse esporte!!

O albino ficou em choque com o que a húngara berrava, sendo que metade ele não fazia ideia do que era... Mas quando finalmente “acordou” disse com um tom ainda mais provocativo:

– Então prove...

Pronto! A bomba havia explodido! Após ter escutado isso, Liz não conseguia mais segurar suas lágrimas, e como não queria que os outros a vissem chorando... Saiu correndo do refeitório, para tentar fugir das duras palavras do alemão.

– Nossa Gilbert!! Precisava fazer isso com a pobre novata? – falou o espanhol tentando ir atrás da belga e da francesa que haviam saído logo depois da amiga para consolá-la.

O francês que sempre implicava com o pequeno Arthur durante as aulas, nunca havia chegado tão longe assim... E sabia que seu amigo havia ultrapassado o limite da menina...

Também iria atrás da morena junto com Antônio se não fosse o toque do sinal avisando os alunos a irem para suas salas. Logo apenas repreendeu Gilbert com um olhar e um aceno negativo com a cabeça, e foi andando em direção da classe. Restando um alemão cabisbaixo sozinho na mesa, que refletia sobre tudo o que tinha dito e feito. Teria sido tão egoísta a esse ponto? Não sabia responder... Só sabia que estava sentindo algo estranho e novo. Mas não era uma sensação boa, muito pelo contrário, era horrível, sentia-se como o pior ser humano da Terra e que o mundo estava pondo seu peso em cima de seus ombros... Seria isso que eles chamavam de sentimento de culpa ou de remorso? Como poderia retirar esse arrependimento de si? Afinal, seria tarde demais para ele ir atrás dela para se desculpar?