Elia suspirou, contendo as lágrimas. Sentou-se na cama, esperando.

Fechou os olhos, tentando ignorar o barulho de espadas do lado de fora do cômodo, segurando Aegon fortemente em seus braços.

Sua vontade era sair correndo, procurando por Rhaegar, mesmo sabendo que ele não respirava mais, queria encontra-lo e xinga-lo. Ele sempre encontrava um caminho seguro, mas não daquela vez. Agora tudo estava desmoronando e a culpa era dele.

Ela havia lhe mostrado todas suas fendas, suas fraquezas, mas não era o suficiente para mantê-lo ao seu lado.

Elia se lembrava da época em que ele esteve ao seu lado, sem que qualquer um dos dois planejassem encontrar Lyanna Stark. Rhaegar nunca realmente lhe notou, mesmo que ela usasse o vestido mais sedutor de Dorne, ele não se importava, ainda lhe olharia deprimido no fim do dia, mesmo quando ela tirava a roupa, era como um vazio. Ele era frio... Ou talvez ela não fosse quente o suficiente para ele.

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Não chore Elia, não recomece essa avalanche de lagrimas novamente. Recomponha-se, você é de Dorne, você é quente o suficiente. Ele que nunca bastou para você.

Os beijos dele não são o que você queria, eles também não são a causa do seu choro. Os beijos dele podem ser uma bela arte, uma arte que ganhou vida com Lyanna, mas sempre permaneceu vazia para você.

Desde o início, tudo que você quis era seu coração... Mas o mundo não é uma fábrica de realizações de desejos.

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Depois do torneio, ele só a observava enquanto ela estava chorando, uma preocupação quase inexistente, apenas educação, talvez culpa por saber que havia causado aquilo. Mas mesmo que as lágrimas tenham secado, ela nunca voltou a ficar bem. Havia um coração partido dento de si. Tudo que a princesa precisava era dele para conforta-la, mas ele nunca segurou sua mão, ele nunca tentou remendar os cacos do seu coração.

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Não se desespere Elia, você é mais forte que isso. O monstro que agora quebra sua porta e pega seu bebê não merece o prazer da sua dor.

Mas não há como conter os gritos quando atiram seu pequeno Aegon na parede. Seu filho, tão frágil, um filho que nunca nem ao menos conheceu o pai, nunca ouviu sua harpa. Que nunca conheceu o tio, nunca ouviu sua risada. Agora seu príncipe se foi também. Ela gritou até que sua garganta se feriu, gritou até não ter mais voz para gritar e seus lamentos se perderam no mundo.

Tudo que você pode fazer, enquanto te jogam no chão e rasgam suas roupas, te possuindo de forma brutal, é rezar para que Rhaenys tenha conseguido escapar. Sua garotinha merece uma vida melhor que a que você teve. Ela merece que a amem.

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Elia não poderia mentir e dizer não sofreu quando notou que não era mais a única na vida de Rhaegar, se é que um dia ela foi.

Ela se perguntava como é que Lyanna era, como que ela pode deixar tudo para trás e simplesmente fugir... Bem, talvez ela só quisesse ser livre. Mas Elia sabia que o marido nunca daria liberdade para a outra garota. Ela a prenderia, talvez emocionalmente, como fez com Elia, talvez fisicamente. Ela não queria adivinhar, não queria pensar em nada no momento.

Mas ela apostaria que Lyanna não olha para as estrelas a noite, apostaria que ela não consegue entender o prazer do sol quente em sua pele, ela não deve ler contos tarde da noite, oh não, há muito sangue do Norte para que ela possa se limitar a ler sobre aventuras, ela quer vive-las.

E Elia aposta que Lyanna Stark nunca se sentiu frágil com a doce música que escapa pela harpa. A garota nortenha é forte, forte de uma maneira que ela nunca conseguiu ser.

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Não se menospreze Elia, você é boa. Boa o suficiente, eles que nunca notaram isso.

Os beijos dela poderia ser exatamente o que ele queria. Mas ela nunca se importaria com o coração emocional de Rhaegar da forma como você se importou.

Deixe que lhe invadam agora, deixe que quebrem o mundo ao seu redor e tudo que um dia você conheceu. Nada mais importa. Você é do sangue de Nymeria.

Sua vingança um dia vai se erguer sobre todos que tentaram derrubar sua família... Oberyn não vai esquecer de você Elia, ele nunca se esqueceria.

Morra afogada em seus sonhos. Feche os olhos e pense nas palavras de Doran, no abraço de sua mãe, nas risadas de Oberyn. Pense no calor de sua casa, na areia sob seus pés. Pense em seu lar. Eles não podem te vencer Elia, os monstros não têm mais poder sobre você, não quando você está perdida em lembranças. Eles não ganharam o jogo, porque você não morreu chorando, morreu sorrindo. Você é a vencedora aqui.

Insubmissa- você não vai implorar misericórdia para esse monstro.

Não Curvada- você vai morrer com umpouco do orgulho que lhe resta. O orgulho dos Martell.

Não Quebrada- você é o Sol de Dorne, Elia. E ao contrário do que dizem, seu brilho não se apagará.