Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 29
Ironia


Notas iniciais do capítulo

Não tenho absolutamente nada de legal a dizer, além de agradecer a recomendação da Kaah *-* Eu te disse que ia conseguir!

Esse capítulo tem música (êêê!): Clarity - Zedd ft Foxes acoustic



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Abri os olhos só para encontrar Caleb sentado em uma cadeira ao lado da minha cama, uma mão segurando a minha e o rosto sereno. Ele estava cochilando encostado na parede.

Caleb sempre foi lindo, mas pela primeira vez não tinha a tensão que ele sempre teve, aquela coisa de ser perfeito e seguir regras. E ele ficava ainda mais lindo!

Apertei gentilmente sua mão enorme, ele retribuiu a pressão com um sorriso pequeno no rosto e suspirou dormindo.

Eu queria que as coisas fossem fáceis para nós, sem Seleção e sem assassinos tentando matá-lo o tempo todo, porque eu sabia que a intenção era derrubar o governo e Caleb fazia parte dele.

Sentei-me na cama, aproximando meu rosto do dele e acariciei muito suavemente seu cabelo dourado.

Caleb murmurou em seu sono e eu sorri, pegando novamente sua mão.

Embora fosse muito cedo a porta foi aberta. Quase caí da cama no susto.

— Ei, você está acordada!

— Que bom que você notou, Henry — sorri.

Ele se aproximou lentamente.

— Como se sente?

— Meio pesada e com sono. Acho que exageraram na dose do sedativo que enfiaram na minha bunda ontem.

Meu irmão riu.

— O que ele está fazendo aqui? — apontou o queixo em direção a Caleb, dormindo na cadeira, nossas mãos entrelaçadas.

Tentei soar desinteressada.

— Sei lá. Eu acordei e ele estava aí.

— E você está segurando a mão dele — observou.

Dei de ombros e estremeci. Tinha de lembrar que fazer aquilo era uma má ideia.

— Você veio para prestar as suas condolências por eu ter levado um tiro ou ficar fazendo fofoca? — perguntei tentando cruzar os braços, um feito e tanto na minha situação.

Henry abriu um sorriso largo.

— Os dois, eu acho. Ouvi dizer que você e o príncipe brigaram, por isso fiquei surpreso de vê-lo aqui.

— Lynn — resmunguei. — Aquela supostamente era uma conversa entre garotas.

— Era, mas Lynn não mente e eu perguntei sobre o que vocês duas estavam falando e ela me contou. E devo registrar minha consternação por você ter falado sobre garotos com minha namorada e não comigo. Eu sou seu irmão!

— E ela é uma garota. Você precisa entender que certas coisas simplesmente não são da sua conta.

Ele riu.

— Você é da minha conta. Tenho que ser mega superprotetor para compensar os anos que não pude cuidar de você e espantar todos os caras que ousassem chegar perto demais.

— Tem um cara desses bem aqui — brinquei apontando para Caleb com o queixo.

— É, mas as coisas entre vocês já são esquisitas demais sem a minha ajuda — apesar do tom leve havia uma leve interrogação em sua voz.

— Eu sei. Culpa do fato de eu ser uma ameba quando se trata de Caleb.

— Você vai perdoá-lo, não é?

— Provavelmente — admiti. — Eu quero ficar furiosa com Caleb, mas você tinha que ver… ele se preocupa comigo o suficiente para fazer a declaração de amor mais linda e romântica do mundo mesmo sabendo que eu estava brava com ele. Eu disse coisas horríveis ontem e ele veio aqui só para segurar a minha mão… Me diz como odiar alguém assim? — minha voz estava desesperada demais até aos meus ouvidos.

— Tá sentindo esse cheiro? — Henry se aproximou de mim fungando o ar. — Tá vindo de você.

— Que cheiro? Eu sou cheirosinha!

— Cheiro de gente apaixonada.

— Ah, cala a boca! Eu não estou apaixonada. Eu só...

— A gente não escolhe por quem vai se apaixonar, Alexia — sua voz estava gentil, sem sarcasmo. — Se você está apaixonada pelo príncipe deveria dizer a ele.

— Eu não quero! E se eu disser a Caleb que estou apaixonada e acabar vendo a mesma cena que no outro dia? E e ele escolher outra menina, Henry? Já me decepcionei uma vez com Caleb, eu não posso suportar cometer o mesmo erro.

— Talvez seja um erro — concordou. — Mas talvez não. Pare de se preocupar tanto com o futuro, com o e se. Viva o momento.

— Mas…

— Se alguém me pega aqui eu estou frito. Só vim ver como você estava e preciso voltar para o meu quarto rapidinho.

Bufei quando Henry saiu tão silencioso quanto entrou.

Quando Caleb começou a acordar, cerca de cinco minutos depois, eu ainda estava pensando sobre como agir e ridiculamente eu fingi que estava dormindo quando ele se levantou para beijar a minha mão.

Estremeci de cima a baixo quando ele acariciou o meu rosto antes de sair.

Minhas criadas chegaram algum tempo depois, cantarolando e abrindo as cortinas pesadas.

— Bom dia — murmurei enquanto saía da cama levemente cambaleante.

— Bom dia, senhorita — cumprimentaram com sorrisos discretos e preocupados.

Gabe me ajudou a tomar banho algaraviando sem parar sobre o dia anterior.

Depois de assegurar-lhes que nem sequer sentia o ombro fui liberada para o café.

Quando entrei encontrei Jay sentado à mesa de Beatrice conversando animadamente com ela e Patrick, como sempre, estava à mesa da família real. Fui buscá-lo.

— Bom dia a todos — sorri. — Dessa vez eu realmente vou levar essa criança!

— Aah, Lexi! Aqui tá legal — meu irmão fez biquinho.

— Eu tentaria te subornar oferendo cozinhar para você, mas na atual situação, a mana não pode.

— A gente podia brincar lá fora — ofereceu Georgie.

Patrick sorriu largamente para mim em expectativa.

Joguei a mão livre para o alto em rendição.

— Tudo bem, vamos lá!

Sorri levemente para Caleb enquanto acompanhava as duas crianças que eu mais amava no mundo para fora do salão. Ele retribuiu meio hesitante.

Não aguentei nem cinco minutos antes de me sentir tonta e voltar para o quarto.

Jay estava no corredor do segundo andar onde ficavam os quartos das Selecionadas parecendo completamente aturdido olhando para todos os lados.

— Jay? O que você está fazendo aqui?

Ele pulou ao som da minha voz.

— Ah, Lexi… Eu... hum…

Ergui as sobrancelhas.

— Quer conversar?

Ele fez que sim e eu o levei até meu quarto.

— E então? — comecei incerta. — Por quê toda essa preocupação?

— Acho que estou apaixonado — falou na lata.

— Isso é ót…

— E ela não corresponde.

— Ah — foi minha brilhante resposta.

— Ela é tão linda, Alexia! Quando sorri parece que todo o mundo se ilumina — comentou, sonhador. — Não é para o meu bico mas, sinceramente, não dou a mínima.

— Poxa, isso é maravilhoso! Eu preciso conhecer essa garota que faz seu coração bater mais forte e avisá-la que se ela te fizer sofrer eu vou estripá-la e dar de comida aos lobos — comentei alegre.

— Você já a conhece — sua voz estava melancólica.

— Jay, eu...

— Alexia, como seu amigo, seu melhor amigo, eu te peço um favor. Deixe-me testar uma coisa?

Estreitei os olhos, eu conhecia os pedidos em nome da amizade dele.

— Estou ouvindo… — Mas aparentemente não era o tipo de coisa para ser ouvida.

Jay se inclinou sobre mim e fechou minha boca com a dele, seus dedos se enroscaram na base do meu cabelo.

— Jay, não acho uma boa ideia — murmurei contra seus lábios tentando me afastar, sem grandes resultados. — Solte-me.

— Tire suas mãos dela — a voz de Caleb estava fria e dura como um cubo de gelo. Ele estava parado no umbral da porta, as mãos cerradas em punhos e os olhos em chamas. — Antes que eu faça isso por você.

— Caleb — chamei. Ele me ignorou, toda sua fúria estava destinada a Jay.

— O que você pensa que está fazendo? Sabe que eu posso mandar matá-lo por trair o seu príncipe, não sabe? — cuspiu.

Me pus entre os dois.

— Caleb, pelo amor de Deus! Ele é meu melhor amigo, você não pode simplesmente…

— Você o estava beijando, Alexia! Depois de tudo… você estava me traindo.

Ah, pelo amor de Deus. De novo, não!

— Caleb, deixe-me falar! Você não quer sequer me ouvir?

— Ouvir o quê? Como você estava se agarrando com ele? Não preciso ouvir, eu vi!

— Ela não retribuiu! Não era nada daquilo que você estava pensando. Alexia deixou claro que...

— O que você está fazendo aqui? Saia daqui antes que eu mude de ideia sobre o que você merece — estalou Caleb para Jay.

Meu amigo saiu parecendo mais desnorteado do que quando eu o encontrei.

— Seu comportamento é ridículo. Sabe disso, não sabe? O garoto não fez nada, não havia nada de romântico ali e você… Pelo amor de Deus, Caleb! O quê custa confiar um pouco em mim?

— O que poderia acontecer se eu não estivesse aqui? — sua voz estava áspera e baixa, a pergunta era retórica.

— Não ia acontecer nada, por favor — bufei. — Jay é apenas um amigo de família, Caleb. Não tem nenhum interesse aqui! Que tipo de garota você acha que eu sou?

Assim que olhei em seu rosto, os olhos vazios como um cemitério, entendi que ele não estava disposto a me ouvir. Ou a olhar para mim. Uma dor excruciante me tirou o fôlego.

— Estou descobrindo agora — sussurrou enquanto me deixava.


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