Vicioso escrita por CarolinaG


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um personagem importante entra na fic...me digam o que acham dele :)



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– Vocês o quê?

O rapaz disse alto demais,atraindo alguns olhares ao redor.

– Viramos amigos. - Disse calmamente – Bem ,pelo menos acho que viramos.- Ingeriu a bebida.

Eric balançou a cabeça em negação.

– Só você pra fazer uma coisa dessas.Quer dizer então,que viraram melhores amigos?- Eric disse,zombando.

– Pelo menos,agora tenho alguém pra falar mal de você. – Sorriu.

Eric o encarou sem entender nada.Caio continuou.

– Ela também não gosta de psicólogos.Compartilhamos da mesma opinião.Acho que achei minha alma gêmea. – disse rindo.

Não.Caio não estava apaixonado por Marcela.Em pouco tempo que haviam conversando haviam encontrado afinidades.Talvez,pudessem virar amigos algum dia se ela o procurasse.

– Não sei que mal fazemos as pessoas.A intenção é ajudar e não atrapalhar.

– O psicólogo aqui é você,não eu.

– Estou desabafando.

– Mas não é isso que os pacientes fazem?

– Não vou mais discutir ok? Você não vai entender.

– Não quero mesmo.Vamos falar de outras coisas mais interessante,se é que você me entende... - Disse com um sorriso malicioso,que fez o amigo revirar os olhos entediado.

Caio não tinha jeito.

Eric era um psicólogo.Havia se formado há cerca de um ano.Conheceu Caio ainda na escola e desde então,são inseparáveis.

Aos 21 anos se casou.Era jovem,estava apaixonado por Giovanna e em pouco tempo tiveram uma filha.

Ísis.

Tinha os olhos verdes assim como o pai.A pele era clara como a da mãe.Eric não podia estar mais realizado.Tinha uma família,estava feliz.Em pouco tempo,terminaria a faculdade de engenharia e com um bom emprego,poderia dar uma vida digna para a esposa e filha.

Mas era tão jovem...

Era um fim de semana comum.A família voltava de viagem feita no interior onde os pais de Giovanna moravam.Não chovia,era verão.A temperatura estava alta.As festas de fim de ano,se aproximavam e com isso,a irresponsabilidade de alguns.

O jovem engenheiro olhou para a esposa e sorriu.Ela acompanhou o gesto.A criança,dormia na cadeirinha no banco de trás.

Eric voltou sua atenção para a estrada.Não podia negar,a rodovia era péssima,sendo separada apenas por uma faixa no chão,que indicava o outro lado,sentido oposto.

Não teve muito que pudesse ser feito.Não houve tempo para desviar.A batida fora rápida demais,para que ele pudesse tentar salvar sua vida e das pessoas que amava.

Aos 21 anos,perdera a esposa e a filha.

Sentira de perto o sabor da felicidade.E agora,tudo lhe parecia amargo e sem vida.

Não tinha mais porque lutar.Havia perdido o gosto pela vida.Desistira de tudo e de todos.Caíra em uma depressão profunda,onde tudo o que queria,era estar próximo da esposa e da filha.

Queria encontrá-las.

Os pais se preocupavam com o filho e principalmente o amigo,Caio.

A contra gosto,decidiu que precisava viver.O tempo passava e a vida continuava.

Começou um tratamento psicológico.Queria muitas vezes desistir,mas os pais estavam sempre a alerta.

Até que um dia,decidiu que voltaria a estudar.

Mas não voltaria para engenharia.Cálculos,lembrava-lhe Giovanna.Optou então pela Psicologia.Estava reagindo tão bem ao tratamento,que queria dar esse gosto as pessoas também.

Recomeçou do zero.

– Ela parece ser triste sabe? – Caio voltou ao assunto.

– Ela quem?

– A Marcela.Não sei,tem algo nela que instiga curiosidade.

– Desde quando ficou assim,sensível? – Caio tentou falar mas Eric o repreendeu – Não espera.Pessoas apaixonadas fazem isso.Ah não Caio sério? Você mal conhece a garota.

– Ah cala a boca.Eu não estou apaixonado caramba.Eu mal conheço a garota,como você mesmo disse – enfatizou o você. - Mas que saco.

Estavam num restaurante almoçando juntos.Caio levantou-se irritado e se dirigiu para pagar a conta.Eric continuou rindo do amigo.

Conhecia bem aquele sentimento.

**

Marcela e Gustavo se encaravam.Ambos sentados no sofá.

– Você não me respondeu.

Ela o encarou.Não queria fazer aquilo.

– Eu não quero pai.É serio.É demais pra mim.

Gustavo sabia que seria difícil para a filha,mas não podia fraquejar.Se era para o seu próprio bem,devia seguir adiante com o plano.

– Marcela olha pra você!Olha a sua situação!Até quando isso? Você sabe que é errado! Então por que continua fazendo essas coisas?

Silêncio.

– É mais forte que eu!

– Então assuma que precisa de ajuda! Que você,por si só,não é capaz de se controlar!

– Mas...

– Mas nada Marcela.Isso não pode continuar assim.Ontem,alguém te ajudou mas e amanhã? Amanhã você pode ir parar no IML!

– Não é assim.

– Não é assim! – Ele gritou! – Não é assim? – baixou o tom – Há pessoas boas no mundo sim,mas não são todas Marcela.Não parou pra pensar que poderia ser um bandido? Poderia te sido estuprada!

– Chega pai! Eu não quero nenhuma merda de tratamento eu consigo me controlar!

Saiu em direção ao quarto.Fechou a porta e encostou-se na mesma.Fechou os olhos e chorou.

Por que a vida é tão injusta?

– Marcela? – O pai chamou.Ela ignorou.Ele continuou.- Você sabe onde está seu celular?

Celular? Se perguntou mentalmente.Possivelmente havia deixado na casa de Caio.

Ao se despedirem,ele a fez prometer que o visitaria e que qualquer dia desses poderiam se encontrar para colocar o papo em dia.Bem,isso não estava nos seus planos.Havia gostado dele,se deram bem,mas ela não queria ter que encará-lo de novo,muito menos criar um vínculo.

Há tempos que ela não sabia o que era sair,se divertir acompanhada ter uma amizade.O único no qual ainda mantém algum contato é Diego,o qual é seu vizinho.

O resto viraram as costas.

Ela abriu a porta.

– Eu acho que perdi. – Mentiu.

– Acho que encontrei.

Marcela franziu o cenho.Como? Se perguntou.

– Ligaram aqui em casa.Acharam seu celular e havia sido o último número chamado.- Respondeu-lhe como se adivinhasse seus pensamentos.- Espero que da próxima vez,tenha mais responsabilidade.

Ela sabia que ele tinha razão.

**

– Que surpresa! – Caio disse empolgado,abrindo a porta para que a moça entrasse.

– Eu só vim pegar meu celular,não vou ficar por muito tempo.

– Mas você vai me acompanhar no café não vai? Ah não! Não me diga que achou meu café ruim!

Ela riu.

– Não é isso,mas é porque eu realmente estou com pressa,desculpa.

–Tudo bem.Eu entrego,mas só depois que eu terminar meu café.

A garota sentou-se no sofá bufando.Por mais que tentasse não conseguia sentir raiva de Caio.Mal se conheciam,mas ela sabia que ele era um cara diferente.Caio despertava uma Marcela,que ela há muito tempo,havia esquecido que existia.

O rapaz tomava café concentrado no notebook,enquanto Marcela,apenas observava o apartamento.Mas aquilo estava a irritando.Se levantou dirigindo até a cozinha.

– Pensei que estivesse tomando café apenas.

– Mas eu estou tomando café. E aproveitando pra trabalhar...

– Trabalhar?

– É.Eu não tô checando meu Facebook,pode ficar tranquila.

Em um movimento rápido,Marcela puxou o notebook da mesa.Havia uma guia aberta.Facebook e um documento.

– Tô vendo você trabalhar.

– Até você?

– Você é um viciado. – Ela disse,mas arrependeu-se em seguida.

Viciado.O adjetivo se encaixava nela,perfeitamente.

– Eu só estou vendo algumas coisas...to tentando me inspirar...pra escrever.- Piscou.

– Se inspirar? No Facebook? To vendo!

– Ah não enche Marcela.Tá vendo,depois reclama que parece uma psicóloga.

A garota rapidamente mudou a expressão.

– Desculpe,não te chamo mais de psicóloga.

– Mas então,você ia escrever?

– Pois é.Eu sou jornalista.To tentando escrever uma matéria,mas nem o café tá ajudando.

– Se quiser,eu posso te ajudar.

Ele arqueou a sobrancelha.

– Como?

– Eu cheguei a cursar 1 ano de jornalismo.Queria ser jornalista esportiva,mas...- pausou recordando-se do que a levara a desistir. – mas não deu certo.

Caio preferiu não insistir.Se levantou e sumiu pelo apartamento.Em poucos minutos,apareceu com o celular em mãos,entregando a Marcela.

– Obrigada.

– Então,senta aí.Você ofereceu ajuda e eu to aceitando.Então,não está com pressa né?!

Ela riu,pegando o notebook lendo os escritos do amigo.

**

Chegou em casa por volta das oito da noite.O pai,como sempre aquele horário cozinhava.Ouviu a porta ser fechada e olhou para o relógio.

20:16.

Marcela chegando cedo aquele horário? Estranhou o fato e ao chegar a sala,encontrou a moça deitada no sofá,de olhos fechados.

– Algum problema? – Perguntou.

Ela sentou.

– Não.Encontrei meu celular.

– Desculpa por hoje mais cedo.Eu sei que eu to errada,mas pai,eu não quero isso.

Gustavo suspirou e sentou-se ao lado da filha.

– Você sabe que está errada não sabe?

Marcela baixou a cabeça.Nada podia responder,afinal,sabia muito bem que o pai,tinha razão.

– Desculpe.

– Vamos tentar de novo?Eu sei que parece ser ruim,mas você só tentou uma única vez Marcela.Não era o momento,mas e agora?Por que não? Mais uma vez?

– É difícil...

– Eu sei que é difícil,mas vamos tentar de novo.E se não der certo,a gente continua até quando der.Uma hora,há de acontecer.Só por favor,não desista porque eu estou aqui,do seu lado.

A garota sorriu e abraçou o pai em resposta.

– Isso é um sim? – ele sorriu vitorioso.Havia conseguido atingir seu objetivo.Ela o apertou mais.

– Acho que sim.

–Ótimo.Amanhã mesmo vou procurar uma ajuda.

Marcela suspirou.Será que era mesmo o certo a fazer? De repente sentiu a necessidade de lutar.

Por ela.

Pelo pai.

E por Caio.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar postar um capítulo por semana.Pra mim,esse ritmo é tranquilo é dá tempo de adiantar mais alguns capítulos.Agradeço à Mary e ao Gabriel pelos comentários :)



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