You Make Me Feel Alive escrita por Two girls


Capítulo 2
Capítulo 2 - Conhecendo Tate


Notas iniciais do capítulo

mais um para vocês...



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–Não existe família que não seja problemática.

– Mas quando está vivo você ainda pode resolver eles, quando você morre a única coisa que fica é o rancor- Moira falava de um jeito sombrio.

– Eles nunca te atacaram?

–No começo eles eram atrevidos, mas acho que eles precisam de alguém como eu para contar as histórias.

– E nunca desconfiaram de você?- perguntei na cara de pau- Que você possa ter participado de algum assassinato.

– Quem desconfiaria de uma velha como eu? - ela deu uma volta no quarto- Aliás, desde que trabalhei ou as pessoas morreram de suicídio ou o assassino foi encontrado.

– Fantasmas são espertos.

– Eu sou a pessoa no mundo que mais concorda com você sobre isso senhorita Allen.

– O menino deste quarto? Como ele morreu?

– A polícia atirou nele- ela me olhou nos olhos- Ele era suspeito de um massacre e tentou resistir a cadeia. Então foi morto a tiros.

– Não me diga o nome dele. Isso atrapalha um pouco.

– Se me permite a pergunta senhorita Allen- eu assenti- Mas você não tem medo do que a casa possa fazer?

– Tenho, mas eu acho que já me acostumei- olhei para ela - Assim como você.

– Acho que agora devo me retirar- ela se virou- Se precisar de alguma coisa é só chamar.

– Só mais uma coisa- ela parou- Me chame de Ádria.

Ela virou e ficou me olhando.

– Ádria? Significa sombrio no grego.

– É eu sei- sorri olhando para o chão- Combina bastante comigo- falei mais para mim mesma.

Moira foi embora e eu fiquei pensando em por que um dos olhos dela era cego.

Coloquei minhas roupas de qualquer jeito no guarda roupa e me deitei na cama lendo um livro. Legal, mais uma escola onde as pessoas iam fingir que eu não existo e falarem mal de mim pelas minhas costas. Dormi com esse pensamento.

Acordei alguns minutos antes do despertador tocar e desci de pijama. Lá em baixo Adam mexia em vários papéis, devia ter ficado a noite em claro e do seu lado Brant dormia de braços abertos e com um livro no peito.

– Você sabia que teve gente que morreu até queimada nessa casa!?- Adam falou sem olhar para mim.

– Eu podia ter ajudado tio.

– Você precisava de um descanso- ele me olhou- Eu fiz café.

– Eu fiz a mesma coisa que você.

– Mas essa casa cansa mais você do que eu.

– Onde é a cozinha?

–Boa sorte procurando.

Revirei meus olhos e comecei a andar pela casa. Vi alguma coisa se mexendo e vi que era Moira.

– Bom dia Moira.

– Bom dia Ádria, fiz café da manhã para você.

Olhei para a mesa e tinha um sanduíche, uma maçã e um suco amarelo.

– Obrigada, mas não precisava.

– Eu serviria o café do seu pai, mas não estava muito bom.

– Adam não é meu pai- eu ri por causa do café- Ele é meu tio e Brant meu irmão.

– Eu entendo- ela colocou uma jarra de suco na mesa- É de maracujá, acalma.

Terminei de comer tudo e voltei para a sala onde Adam estava. Brant já estava lendo um outro livro devorando um pacote de salgados.

– Tio, podemos conversar.

– Claro que sim Ádria.

– Eu preciso mesmo ir para a escola?

– Já conversamos sobre isso querida.

– Não se preocupe sobre educação, Brant pode me dar aula.

– Não é pela educação.

– Então é pelo que?

– Você precisa conviver com pessoas que não tem nada a ver com espíritos.

– Mas isso é impossível, eu estou vendo sempre eles.

– Mas você precisa socializar com pessoas do nosso mundo!

– Ninguém me considera do mundo deles Adam- aumentei meu tom de voz.

– Você tem que se esforçar.

– Ninguém gosta de mim, eu sou uma esquisitona.

– Por isso agora é a oportunidade perfeita de você fazer novas amizades.

– Eu não quero novas amizades, eu quero ficar e ajudar assim como Brant.

–Brant terminou o colégio.

Eu não ia mais discutir, então apenas me virei e voltei para o meu quarto para fazer a minha higiene matinal. Tudo bem, tio Adam podia ter razão em se preocupar comigo.

Coloque minha roupa ( http://data.whicdn.com/images/39302301/tumblr_mbg0vh448q1rtdnr9o1_500_large.jpg .

Desci as escada e uma mulher me olhava no andar de baixo. Nenhum ferimento nela, mas alguma coisa me dizia que ela era um fantasma. Era bonita, cabelos loiros e... Ela sumiu! Depois eu falava sobre ela para alguém, eu já estava bastante atrasada.

Cheguei na escola e as pessoas não se vestiam muito diferente de mim, o que era alguma coisa boa. Ninguém falou comigo, óbvio que todo mundo sabia que eu era a louca que tinha ido morar na Casa da Morte.

Voltei para casa andando devagar quando cheguei na porta da minha casa ouvi uma voz masculina:

– Então é verdade, você é mesmo a nova moradora da Casa.

Me virei e vi um menino moreno de olhos preto e cara de idiota.

– Desculpe?

– Queria ter o prazer de conhecer você antes que morra.

– Eu não vou morrer.

– Sabe, você é um belezinha, se você for para minha casa eu te mostro que...

– Cai fora daqui garoto- uma outra voz saiu do jardim e um menino loiro de olhos negros apareceu.

O menino deve ter se assustado e pensado que o loiro era um espírito, pois ele saiu correndo.

– Quem é você? - fiquei olhando o menino.

–Não há de que.

– Essa não é a resposta da minha pergunta.

– Meu nome é Tate.

– O que fazia na minha casa?

– Minha irmã sumiu e ela sempre teve um fascínio por esta casa.

Foi ai que eu percebi o quanto havia sido grosseira.

– Ah desculpa- eu me mexi desconfortável- Eu não queria ser inconveniente.

– Tudo bem, agora a casa é sua mesmo.

– Pode procurar sua irmã se quiser.

– Eu moro bem ali- ele apontou para a casa onde eu tinha visto uma loira me olhando- Mas você ainda não me disse seu nome.

– Sou Ádria.

Ele sorriu e começou a andar para fora da casa.

– Você não quer entrar e comer alguma coisa- me toquei que aquela não era qualquer casa- Ou você também tem medo dela?

– Vou entrar para comer alguma coisa com você sim- ele se aproximou bastante de mim.

Peguei ele pelo pulso e o puxei para minha casa.

– Quem está em casa?

– Apenas Moira, meus irmãos foram na prefeitura para pesquisar sobre a casa.

– Por que eles fariam isso?

– Acho que não é o momento certo para saber como a gente ganha a vida.

– Por que? Qual o problema?

Eu parei e olhei para Tate com uma cara de nojo.

– Seria estranho se a gente trabalhasse pesquisando sobre o sobrenatural da casa?

– Não seria não- ele cruzou o braço- Mas foi só uma pergunta não é?-ele brincou.

Entramos na cozinha e Moira tirava alguns biscoitos do forno.

Quando ela se virou se assustou um pouco com nossa presença.

– Oi Moira - Tate a comprimentou.

– Como vai Tate? - ela perguntou.

– Vocês se conhecem? - perguntei.

– Moira trabalha para nós quando não tem ninguém morando nessa casa.

Peguei um dos biscoitos da bandeja de Moira. Ela colocou a bandeja de biscoitos na mesa e a jarra de suco de maracujá que sobrou de hoje de manhã.

– Vou limpar a sala- Moira falou e saiu da cozinha.

Tate sentou de frente para mim e pegou um biscoito. Peguei a jarra de suco e o servi para mim e para ele.

– Então, você estuda na minha escola?

– Acabei de terminar o colégial.

– Espera um pouco- dei um gole no suco- Qual sua idade?

– Tenho 17.

– Que sorte- me joguei na cadeira.

Atrás de Tate eu vi dois meninos ruivos sangrando olhando fixamente para mim. Droga! Péssimo momento para isso acontecer. O pior foi que eu fiquei muito tonta e fechei os olhos por vários segundos.

– Ádria você está bem? - Tate se levantou rapidamente e se colocou do meu lado.

Abri meus olhos e os meninos que eram gêmeos sumiram.

– Estou sim- sorri amarelo.

– Você viu algum deles não viu?

– Eles quem? - me fingi de idiota e ele riu pelo nariz.

– Fantasmas, não se preocupe, eu também vejo eles.

– Você também é medium?

– Você é medium?

–Sou- falei olhando para os lados- Já pode me chamar de esquisita.

– Não acho você esquisita.

– Se importa se fomos para o meu quarto?

– Claro que não.

Subimos para o meu quarto e conversamos sobre muitas coisas durante a tarde toda sobre escola, família.

– Então seus pais morreram?- ele perguntou.

– Sim, mas eu tinha treze anos e estava no acidente.

– Sinto muito Ádria.

– Todos dizem isso, mas as pessoas só querem ouvir que estou bem. Todo mundo só pergunta ou diz sinto muito por educação.

– Eu também perdi meu pai e três irmãos, entendo como é.

– E como ele morreu?

Me levantei e tirei o casaco que eu usava e puxei as mangas. Tate se levantou também e puxou meu braço olhando para as marcas no meu pulso

– Já tentou suicídio?

Coloquei minha outra mão em cima das marcas e a puxei de volta.

– Não, mas alivia.

– Eu já, a um tempo atrás eu ia para o psiquiatra.

– Você me parece tão esquisito quanto eu.

– Minha ex namorada também se cortava.

– E por que vocês terminaram?

– Ela não acreditava que eu me tornei melhor.

– E você se tornou?

– Por mais incrível que pareça para mim, sim eu melhorei.

– Eu sempre acreditei em melhoras, mas não nas minha.

– Você se sentiria ofendida se eu te beijasse?

Eu apenas puxei seu rosto e nos beijamos. Eu sei que é ridículo porque eu acabei de conhecer o menino, mas eu me identifiquei tanto com ele e qualquer uma que fosse solitária como eu entenderia.

– Ádria chegamos!- ouvi a voz de Brant e me separei de Tate.

– Tudo bem- gritei de volta.

– Acho que está na hora de eu ir embora- assenti.

Nos levantamos e ele me beijou mais uma vez. Ele saiu do meu quarto e foi embora como se conhecesse cada centímetro da casa. Alguns segundo depois Adam apareceu na porta do meu quarto.

– Como foi o primeiro dia.

– Nada mal.

– Fez amigos?

– Fiz um.

– Um? No masculino?

– Ele é um cara legal.

– Tudo bem- ele olhou desconfiado- Se quiser ajudar a gente tome um banho e coloque o pijama.

Desde que eu descobri que podia ser observada a qualquer momento eu tomo banho de calcinha e sutiã. Assim que desliguei o chuveiro ouvi um barulho vindo do meu quarto. Coloquei a toalha ao redor do meu corpo e andei lentamente em direção ao meu quarto. Quando abri a porta do meu banheiro vi uma menina que tinha mais ou menos a minha idade olhando meu guarda roupa. Achei que fosse um fantasma até ela começar a falar:

–Você só tem roupa preta e branca? Francamente, suas roupas são mais deprimentes que as minhas.

– Quem é você?

– Sou Violet.

– O que faz na minha casa?

– Eu também moro aqui.

– Espera um pouco, você...?

–Sim, eu morri- ela se sentou na cama- Soube que você é medium.

– É verdade.

– Não era pra você estar me vendo nesse exato momento- Os outros não veriam. Mas alguns dos outros moradores conseguem fazer você não ver eles.

–Como?

–Eles são tipo mais... "experientes"- ela se deitou- Eu morri não faz muito tempo.

– Espera! Você realmente morreu? Achei que fosse uma piada de invasor.

– Por que eu invadiria essa casa? Ninguém gosta de entrar aqui.

– Eu conheci um menino que entrou aqui sem medo.

– Tate?- ela riu- Como eu digo isso? Tate também está morto.

– Morto!?

– Como ele conhece a casa tão bem? Como ele conhece a Moira? Acorda! Ele morou aqui.

Fazia sentido, mas essee fantasmas podiam ser facilmente confundidos com humanos e nunca foi tão real para mim.

– Não acredito em você.

– Eu esperava por isso- ela sorriu- Ele é bonito não é? Uma amiga uma vez disse que o Diabo era lindo, afinal, era um anjo. Acredite... ela nunca disse algo tão certo quanto isso.

– Tudo nem, e se ele morreu... Ainda assim ele não é um monstro.

– Acredite é sim.

– Por que?

– Tate é meu ex.

Ela era a ex namorada que Tate havia falado.

– Ele disse que vocês terminaram por que você não acreditava que ele melhorou.

– Eu acreditei, mas não foi o suficiente para eu perdoar ele.

– Perdoar pelo que?

–Ele estuprou minha mãe para dar um filho a uma fantasma da casa e matou várias pessoas.

Isso realmente me assustou, mas eu já vi histórias muito piores.

– Enfim, mas ele nunca fez nada para mim.

– Aceite um conselho e vá embora dessa casa.

– Por que eu faria isso?

– Eu me vejo em você Ádria, me apaixonei por um monstro.

Eu apenas fiquei calada encarando ela.

– A casa vai te assustar se você se não for por bem e acredite, vai ser para o seu bem. Se você ficar coisas ruins vão acontecer. Siga sua vida longe daqui.

– É diferente para mim Violet.

– Não é não.

– É sim, se você tivesse ido embora teria amigos, boas notas, uma família feliz- eu penetrei seus olhos- Mas eu não sou assim. Se eu for embora vou continuar vendo fantasmas, vou continuar sendo uma esquisita, vou continuar apenas tendo notas de média e vou continuar com os pais mortos.

– Me escute.

– Não, me escuta você. Aqui não é nada mais do que eu já vi.

Mas eu sabia que isso era mentira. Pois aqui eu me sentia diferente.

– Tudo é diferente, você tem que...

– Pare de tentar enfiar sua opinião na cabeça das pessoas Violet- Tate falou encostado na porta.

– Não me dirija a palavra seu traste.

Tate revirou os olhos.

– Por que você está falando tanto? - Adam apareceu na porta do meu quarto perguntando.

– Tem fantasmas aqui- falei entediada.

– Isso eu sei, mas o que eles estão falando.

– Tem um casal de ex namorados brigando. A menina quer que nós vamos embora e o menino mandou ela calar a boca.

– Esse menino se chama Tate?

–Sim

– Ele é perigoso Ádria.

– Finalmente alguém inteligente- Violet levantou os braços, mas só eu pude ouvir.

– Por que?

– Ele era filho da nossa vizinha Constance.

– Esse cara nem me conhece- Tate se defendeu.

– Chega! - gritei- Eu quero dormir.

– Mas Ádria precisamos manter contato.

– Você- apontei para Violet- Chega de ficar dizendo essas coisas para mim, é sério irrita. Você- apontei para Adam- Temos tempo o suficiente para fazer contato e você- olhei Tate- Não fale comigo até estar disposto a contar a verdade.


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Notas finais do capítulo

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