— O prêmio da derrota —

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— Não pode ser... — Proferiu com pesar.

Nunca havia sentido tal sensação desde que nascera.

“Então isso que é perder?”

A derrota era tão amarga quanto esperava.

Sentiu-se tonto e caiu sobre as próprias pernas, inconformado. Os colegas de time o ajudaram a se levantar, mas isso só fez com que ele ficasse ainda pior. Também não acreditava o porquê deles o ajudarem depois do que ele havia feito com todos.

— Por que... Por que estão me ajudando?

— Não é óbvio?! Não podemos deixar nosso capitão caído no chão. — Esclareceu Nebuya enquanto ajudava o ruivo a se levantar.

— Mesmo depois do que fiz...? — Perguntava cabisbaixo.

Nebuya e os outros não tiveram tempo de responder.

— Akashi! — Gritou uma voz familiar. Era Kagami que corria na direção do principal rival do time adversário. — Foi um bom jogo! — Exclamou para Akashi que naquele momento se sentia cada vez mais humilhado. Kagami estendeu a mão para cumprimentá-lo, mas Akashi não fez questão de corresponder o ato. Simplesmente exigiu que fosse tirado dali.

Embora o capitão tivesse agido de tal forma, todos os outros trataram de cumprimentar os adversários e afirmavam que aquele era só o primeiro de muitos outros jogos que disputariam. Akashi ouvia aquilo não tendo plena certeza do que aconteceria.

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No vestiário, todos se aprontavam para ir embora, já que a cerimônia de encerramento e premiação seria somente no dia seguinte por motivos específicos do comitê organizador do evento.

Pouco se falou durante o tempo que estavam ali. O técnico tratou de parabenizar seus jogadores, mas o capitão bufou quando ele o fez. Seria sarcasmo do técnico? Ou pena? Pensava ele.

O time se retirou sem se despedir de Akashi, pois era claro em seu semblante que ele não queria papo com ninguém. O ruivo se sentou no banco mais próximo do armário onde guardava suas roupas e refletiu por um longo tempo. O que diria a seu pai? O homem que sempre o encorajara e que nunca permitira uma derrota? Como explicaria seu fracasso? Ou, como simplesmente revelaria que havia feito seu time perder? Pensava que provavelmente a derrota já não seria a grande novidade visto que seu pai provavelmente assistia ao jogo pelo canal de esportes.

Tantas reflexões o impediram de perceber que alguém conhecido havia entrado no vestiário.

— O que você está fazendo aqui, Tetsuya? — Indagou irritado.

— Eu chamei, mas você não me respondeu. Decidi entrar para ver se você estava aqui.

— O que quer? Jogar na minha cara o quão ridículo fui durante o jogo?! — Akashi bateu o pé e se levantou pegando sua bolsa e colocando-a no ombro esquerdo. Kuroko o conteve antes que ele se retirasse.

— Foi um bom jogo... Eu realmente achei que fosse perder na maior parte dele.

— Vocês tiveram sorte.

— Sim. — Ao concordar com Akashi, este abriu ainda mais seus olhos enquanto fitava o amigo.

Fazia tempo desde a última vez que Akashi passou tanto tempo encarando os melancólicos olhos de Kuroko, aqueles mesmos olhos que o intrigaram desde a primeira vez que o viu.

— Preciso ir. — Esquivou-se das mãos de Kuroko e caminhou até a porta do vestiário.

— Vamos jogar de novo, Akashi-kun! No próximo campeonato. — Bradou Kuroko antes que o amigo saísse. Akashi virou-se para trás e viu o azulado sorrir para ele.

Algo tão singelo como o sorriso de Kuroko era único e também difícil de se ver. O mesmo tom dos cabelos de Akashi agora podiam ser notados nas maçãs de seu rosto.

Kuroko aproximou-se do capitão da Rakuzan deixando claro o interesse no seu atual estado emocional... E aproveitou-se disso, claro.

— O que houve, Akashi-kun? — Qualquer um que não conhecesse Kuroko perfeitamente não saberia que aquilo se tratava de uma provocação. — Você está com o rosto da cor do seu cabelo...

— Não diga besteiras, Tetsuya! — Repreendeu enquanto bagunçava o cabelo.

— É bom tê-lo de volta, Akashi-kun...

Era verdade que Akashi Seijuro era um homem enigmático. Mas, naquele momento estava claro para Kuroko que aquele era o mesmo Akashi que o procurou quando se conheceram anos atrás. E aquilo o deixava ainda mais feliz. A derrota não fez somente com que Akashi acordasse, mas também fez com que o antigo capitão da Teiko retornasse.

O ruivo sorriu de volta para Kuroko.

Não tendo certeza de seus atos, Akashi levantou a mão livre e tocou o rosto do amigo que somente esperava qual seria a próxima atitude do rapaz. Ao acariciar sua pele Kuroko teve certeza do que sentia e inesperadamente saltou no outro enlaçando seus braços no pescoço do ruivo e roubando-lhe um beijo rápido que, ainda assim, fez com que o amigo perdesse o fôlego diante da surpresa.

— Não confunda as coisas, ainda somos rivais. — Esclareceu o azulado soltando amigo.

Seijuro permaneceu sem reação por alguns instantes mas logo voltou a si e afirmou com a cabeça.

— Não se preocupe, não me esquecerei disso. — Disse somente antes de virar-se e deixar Kuroko para trás.

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Durante toda a cerimônia de encerramento do torneio, Akashi pensava no ocorrido do dia anterior. Mal havia conseguido dormir. A derrota já não o incomodava como antes, havia certo peso sim, mas agora, algo mais importante havia surgido... Concluiu finalmente o que estava acontecendo, conformou-se com seus sentimentos e sorriu para si mesmo levantando as suspeitas dos amigos de time que o observavam estranhando a súbita mudança de humor do capitão.

Em meio aos mais variados pensamentos, Akashi se preocupava em deduzir quando seria seu próximo encontro com Kuroko. E mesmo que arquitetasse planos para encontrá-lo logo, sabia que daria na vista. Percebeu que somente no verão poderia vê-lo novamente. E pela primeira vez desde o término do jogo final pensou que ansiava pela chegada do verão.

— Mal posso esperar pelo próximo campeonato.