Assim que Hazel Grace chegou em casa com o violino nas mãos, uma nova discussão surgiu. Sua mãe queria fazê-la devolver o instrumento, e a jovem dizia que foi um presente e não faria o que a mãe queria. Em um momento de raiva gritou a plenos pulmões que preferia não ter nascido a ter pais que não a apoiassem em suas decisões, e que Hermione era a garota mais sortuda do mundo em ter os Granger como pais, pois eles a apoiavam em seus sonhos. A discussão havia acabado naquele momento, sua mãe não tinha nenhum argumento em sua defesa, apenas dizia saber o que era melhor para sua filha. Hazel subiu a passos largos, se trancou no quarto e desatou a chorar. A jovem nunca entendeu o porque seus pais tinham tanta aversão pela arte. Antes levavam na brincadeira, mas agora as discussões eram mais sérias. Seu pai era mais maleável, mas sua mãe parecia uma tirana quando o assunto eram os gostos da filha.

Sentada na cama, Hazel Grace pegou o cartão do professor Slughorn que estava na mochila, ligou para o homem, e perguntou como seria se ela aceitasse sua proposta de se tornar uma bailarina. O homem, eufórico, lhe convidou para assistir a uma aula sem compromisso, somente para que ela pudesse conhecer um pouco como era a vida e a rotina de quem estudava ali.

[...]

No dia seguinte, assim que sua última aula acabou a jovem foi direto ao local que o professor lhe informou. Pediu que acaso sua mãe ligasse procurando-a, Hermione dissesse que a jovem ficara no conservatório estudando com os alunos de sua turma.

Ao chegar no lugar notou uma grande quantidade de crianças e adolescentes, sua maioria sendo meninas, mas haviam também um pequeno grupo de meninos. Hazel Grace viu um grupinho de meninas de aproximadamente uns 5 anos dentro de uma enorme sala espelhada. A jovem ficou realmente encantada com a concentração das meninas. Todas com o cabelo bem preso em um coque, e usando os vestidinhos cor de rosa com saia rodada. Ficou ali espiando a aula por alguns momentos a aula que acontecia na sala espelhada. Estava tão distraída que não viu quando o professor parou ao seu lado.

– São lindas, não é? - Hazel praticamente pulou de susto.

– Professor Slughorn, por favor, não me assuste assim de novo.

– Desculpe não quis assustá-la. Vejo que aceitou meu convite. - ele disse de forma doce, e ela confirmou. - Bom, venha comigo. Vou mostrar-lhe a escola.

Horário Slughorn era um dos donos da Ravenclaw's Ballet, uma escola especializada em ballet clássico.

– Porque a escola leva esse nome? - a jovem perguntou curiosa.

– Rowena Ravenclaw e eu éramos muito amigos na época da escola, ela tinha o sonho de ser uma grande bailarina, mas era muito pobre, e seus pais não podiam pagar as aulas. Já no meu caso, eu tinha o dinheiro, mas nenhuma vontade de dançar, então investi na carreira dela, me tornando seu empresário. Formávamos uma bela equipe. Um tempo depois o sonho que um dia foi dela passou a ser meu, mas de uma outra forma. Enquanto Rowena ensinava as crianças sem cobrar nenhum centavo, eu viajava o mundo a procura de talentos.

– Então vocês entraram em sociedade?

– Sim. Fundamos a Ravenclaw's Ballet para crianças e adolescentes que não tem condições de pagar as aulas.

– E como fazem para sobreviverem?

– Bom, quando matriculamos os alunos fazemos um acordo. Nos concursos em que participamos, se ganharmos, 30% do prêmio vem para a escola para manter as despesas e pagar aos professores. É claro que tem alunos que doam até mais, e outros que se recusam, mas no geral não temos tantos problemas.

– E onde está a Sra Ravenclaw?

– Rowena faleceu há alguns anos, devido a uma pneumonia mal curada, e desde então sua filha Helena é quem toma a frente da escola junto comigo. Ela é a professora que a senhorita estava espiando. - ele disse, enquanto ambos caminhavam. O professor mostrou-lhe todo o lugar, inclusive a sala de troféus. Haviam muitos, espalhados pela sala.

Hazel estava realmente encantada com o lugar, mas só decidiu o que faria após voltar a mesma sala que estava quando chegou. A moça, Helena como o professor havia dito, brincava animadamente com as crianças no intervalo da aula.

– Helena, venha até aqui, por favor. - chamou o professor Slughorn.

– Continuem crianças, do jeito que mostrei. - ela disse, enquanto andava de costas para nós, ainda olhando como elas se saíam.

– Quero que conheça Hazel Grace. – ele disse assim que ela chegou.

– Olá muito prazer. - ela disse cumprimentando a jovem.

– O prazer é todo meu. Achei lindo o trabalho de vocês.

– Obrigada. É sempre muito bom ver que o sonho que um dia foi da minha mãe continua vivo.

– Helena, ela é ou não é perfeita? - ele perguntou para a sócia, que assentiu. Hazel não entendeu muito bem o que o homem quis dizer com aquilo, mas não se importou.

Os três ainda ficaram conversando um pouco antes que a professora voltasse para a sala onde as meninas estavam.

Horácio estava ansioso com a ideia de a jovem realmente estudar ali, mas Hazel apesar de também estar ansiosa, sabia que não seria fácil ter que convencer seus pais a deixarem que ela entrasse para a escola, mas faria o possível para conseguir.