Era vigésima vez que seu celular apitava desde que Karma havia ligado seu telefone novamente. Liam provavelmente queria bancar o cão arrependido e fingir que nada havia falado sobre suas obrigações. Quem era ele para lhe chamar a atenção afinal?! Seu pai?! Bufou e procurou em sua bolsa as chaves de seu dormitório.

— Karma! — ela escuta uma voz masculina exclamar e logo braços fortes estão em volta dela a abraçando. Pelo forte odor de colônia masculina, ela logo reconhece ser Liam a lhe abraçar. — Eu estava preocupado com você. — o moreno se afasta para encará-la. — E que camisa é essa?! Estava passeando com motoqueiros?

— Por acaso eu tenho cara de Bella Swan?! Acho que não. — Karma revira os olhos impaciente. — Estragaram minha melhor camisa. Tive que me contentar com isso. — se desloca pelo resto do corredor e abre a porta do dormitório com Liam a seguindo.

— Bem, pelo menos a pessoa teve a decência de te ajudar. — Liam fecha a porta atrás de si e enlaça a cintura de Karma e lhe beija no topo da cabeça. — Afinal, em que tipo de lugar você estava, Karma? — a garota se solta e o encara sem paciência.

— Fui a uma festa com alguns amigos, e eles me abandonaram com alguns bêbados. Derrubaram uma bebida em cima de mim, mas conseguiram me arranjar essa blusa. Quando começou uma confusão, sai correndo de lá. — morde o lábio inferior nervosamente. Odiava mentir.

— É por isso que eu não gosto de te deixar sozinha, Karma. Você não sabe se cuidar. — ela o encara ofendida.

— Ah, é mesmo? Pois eu não vi essa sua preocupação quando a Soleil estava praticamente esfregando os peitos na sua cara! — Liam a olha chocado e um pouco mais pálido do que ele já é.

— Você está chateada. Amanhã nós conversamos. — ele diz sério, e logo em seguida sai do cômodo batendo a porta. Karma suspira tentando conter as lágrimas de raiva.

Ela retira seus sapatos e se joga de costas em sua cama. Ela odiava brigar com Liam, mas o garoto parece querer lhe tirar do sério, ainda fica dando confiança para a vadia metida à ativista.

Ela então notou um cheiro doce, parecido com rosas. Ficou confusa de onde vinha esse novo cheiro. Então ela se lembrou da camisa do Rollings Stones que ela estava vestindo e riu lembrando-se da figura loira que ela havia conhecido com o acidente.

"Bem, obviamente eu tenho que devolver esse pano velho. Espero que ela tenha dado um jeito em minha camisa." Ela se levanta e retira a blusa enquanto caminha para o banheiro.

"E afinal, ela ainda me deve uma bebida." Sorri para si mesma sem saber exatamente o porquê.

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— Garota abusada! Baixinha e abusada! — Amy bufa pela centésima vez.

— Amy, relaxa. Ela vai devolver a camisa. Ela meio que deixou claro que ela voltará aqui. — Jasmine revira os olhos impaciente com a insistência de Amy com o assunto.

— Legal, mas e se ela voltar aqui com um processo judicial?

— Por causa de uma camisa?! Sério, Ames?! — a morena pergunta olhando Amy com incredulidade.

— Nunca se sabe. —a garota morena que estava junto a Amy a lavar os copos do bar, para o serviço e sai do local. — Onde você vai? — a outra garota não responde e continua a caminhar.

Quando Amy estava terminando sua parte com a louça, Jasmine volta segurando a camisa ainda embebida de água e cerveja.

— Lava isso. Deixe bem limpinho, e entregue para ela. — Amy encara a camisa com uma expressão explícita de nojo.

— Eu não vou pôr minhas mãos nisso. — Jasmine joga a camisa em direção à Amy que agarra por reflexo.

— Use um bom produto de limpeza, senão vai piorar a situação. — a garota lhe lança uma piscadela antes de sair.

— Obrigada por nada. — lança ironicamente e encara a camisa em suas mãos.

"Essa garota tem sérios problemas." Joga a camisa em um balde limpo e vai à procura do necessário para poder fazer a limpeza da camisa.

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Os alunos andavam apressadamente pelo campus. Muitos deles sequer notavam uns aos outros, e vários deles tinham vários outros amigos, ou eram iguais a Shane que conhecia a todos.

Shane era a salvação de Karma para não ficar apenas em seu dormitório estudando todas as noites ou fazendo as mesmas coisas que um casal de velho faz. Esse pensamento faz o estomago de Karma revirar. Não queria que sua vida social se resumisse apenas a Liam. Principalmente agora que eles não estavam indo tão bem.

Falando nele, lá estava ele com alguns amigos do curso de economia, que assim como ele, se vestiam com roupas formais. Quando Liam a viu, sorriu e acenou para ela, que apenas desviou o olhar com raiva.

Não muito longe, ela avistou a menina morena que interrompeu a discussão dela com a garota loira.

— Hey! — a ruiva exclama e apressa o passo para poder alcança-la. — Oi! —diz quando a menina a olha.

— Ah, a menina da camisa! Sabia que te conhecia de algum lugar. — a menina sorri. — Aliás, sou a Jasmine. —ela oferece a mão a Karma, que pega mas solta em um cumprimento.

— Karma. — Jasmine segura uma risada. — É, eu sei. — ri sem graça. — Então, eu queria que você mandasse um recado para sua amiga...

— Sobre a camisa não é?! Ela está deixando a todos loucos por causa da camisa dela, e eu sinceramente estou a um fio de enfiar uma rolha enorme na boca dela. — suspira irritada. — Mas ela pretende devolver a sua, se você devolver a dela. É importante para ela. — diz agora mais suave.

—Bem, eu posso trazer, e voc-

—Não, a confusão é de vocês e eu não vou me meter. Sinto muito. —dá de ombros. — Mas ela está no bar aos fins de semana. Vá procurá-la. — Karma assente.

—Obrigada, de qualquer forma. —sorri a menina ruiva.

—Não, eu que agradeço por fazer a Amy calar a boca. — ri e se despede de Karma.

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A semana de Karma se arrastou preguiçosamente. Liam eventualmente a procurava pedindo para conversarem, mas após alguns instantes depois de ser friamente ignorado, lá estava ele sorrindo ao conversar com a tal Soleil. Se Karma tinha algo a lhe dizer, e isso seria "Adeus, e leve a vadia perfeitinha junto com você para o inferno", e depois iria atrás de um cara que pudesse ao menos lhe servir como uma distração de verdade.

Enfim sexta-feira.

Karma voltou ao velho bar com cheiro de cigarros e cervejas baratas. Agora, analisando o local com mais calma, notou que se tratava de um bar onde ocorre algumas apresentações de frequentadores e funcionários.

Eram apenas 21 horas, e o local ainda não estava com muitos fregueses, mas alguns já arriscavam cantar algumas notas e a maioria deles - na verdade, praticamente todos eles - simplesmente não sabiam cantar. Quando um senhor de aparentes 40 anos arriscou cantar Livin' On A Prayer com seus amigos igualmente bêbados, ela pensou seriamente em ir embora, mas mudou de ideia ao se lembrar da loira alta desastrada.

A qual aliás, Karma não havia visto ainda.

"Deve estar se pegando com aquela garota de novo." Pensou revirando os olhos.

— Hey! Karma não é? — a ruiva se virou para procurar de quem era a voz e acabou se deparando com Jasmine lhe lançando um sorriso simpático. — Corajoso de sua parte voltar aqui. Quer dizer que os bêbados com péssimo gosto musical ainda não te espantaram?

— Na verdade sim, mas o local é legal de qualquer forma. — Karma sorri. — Então, onde está a Amy?

— Ela está atrasada. Provavelmente é alguma garota grude. Nenhuma delas gostam quando Amy não as leva a sério. — Jasmine diz com casualidade. — Aliás, vai ficar para vê-la se apresentar? — Karma pisca lentamente tentando entender a informação.

— Ela canta? — pergunta boquiaberta.

— Não exatamente. Ela participa de uma banda e elas faz muito sucesso com as meninas. É algo que eu realmente não entendo. Você deve ter percebido o quanto ela é idiota. — Jasmine revira os olhos.

— Você fala isso, mas no fundo eu sei que você me ama. — Amy aparece atrás de Jasmine a abraçando.

— Hupt! E você sabe muito bem que eu não pensaria duas vezes antes de te trocar por um donut. — rebate.

— Ouch. Assim você parte meu coração. - faz um bico e ri, mas para assim que nota a presença de Karma. — Ora, ora. Vejam se não é a sequestradora de camisas. — estreita os olhos e cruza os braços olhando para Karma. Jasmine lhe dá uma cotovelada nas costelas.

— Seja gentil, Amy. Finja que é um cavalheiro. — Amy faz uma careta zombando da outra menina. — Se resolvam, crianças. Vou indo trabalhar em dobro já que alguém aqui chegou atrasada. — Bate levemente no ombro de Amy.

— Sim, claro. Já estou indo, Srta. Mandona. — Amy revira os olhos. — Ok, tenho uma coisa para te amostrar que pode não te deixar muito feliz. — diz agora para Karma, que abre a boca prestes a amaldiçoar a mais alta. — Vem comigo. Preciso me trocar e te entregar o que restou da sua preciosa camisa. — Ela pega a menor pelo pulso e a puxa para os vestiários.

— É impressão minha ou você realmente gosta de arrastar as pessoas? — questiona sarcasticamente Karma. Amy ri.

— Só quando é necessário. — Entram no local. Amy indica uma cadeira em frente a uma penteadeira. — Já volto. Tente não sair daí. — Karma encolhe os ombros, como que diz que tem escolha.

Quando Amy voltou para o cômodo, encontrou Karma fazendo caretas para si mesma em um espelho e treinando peteados. Ela ri e pigarreia para lhe chamar a atenção. Karma apenas parou o que fazia e encarou a loira com uma expressão de quem não fazia nada demais.

— Você não é uma garota muito normal. — diz quase rindo.

— Pelo menos não sou eu que estou vestida como se eu fosse para um show de Rock. — a ruiva debocha das roupas de Amy, que usava uma skinny e coturnos pretos e uma camisa de uma banda que Karma nunca sequer ouviu falar.

— Pretende ir ao Rock in Rio ou algo assim? — Karma pergunta com uma expressão risonha.

— Ha, ha, ha. Muito engraçado. — revira os olhos. Amy caminha até o closet e retira uma sacola. — Aqui sua camisa. — estende para Karma, mas logo recolhe para si novamente antes que Karma pegasse.

— Posso dizer algo antes que você veja? — Karma cruza os braços a assente impaciente. — Jasmine disse que eu deveria usar um bom produto de limpeza para tirar a mancha, por isso eu usei detergente, e-

—DETERGENTE?! Você é maluca?! — Karma exclama espantada e retira a força a sacola das mãos de Amy que fica com uma expressão neutra.

Karma conta mentalmente até três e olha o estado da camisa que nunca esteve mais branca.

Amy gargalha em sua frente.

— Hahahaha! Você tinha que ver a sua cara! — Continua a rir.

— Oh, meu Deus! Você é uma péssima pessoa! — Karma ri relaxando. — Obrigada por fazer isso. — Ela sorri para Amy e guarda a camisa em sua bolsa. — Aliás, aqui a sua. — lhe entrega a blusa, que Amy abraça. — Eu lavei antes, então sem preocupações.

— Obrigada por isso... Mesmo que você não tenha feito nada além de sua obrigação. — diz brincando— Bem, fico feliz disso não ter terminado com uma de nós duas puxando o cabelo da outra. — riem.

— Me sinto da mesma forma. — sorri Karma.

— Trégua? — Amy lhe estende o mindinho. Karma o segura com o seu, rindo.

— Trégua. — Amy abraça apertado, pegando a ruiva de surpresa.

— Vai ficar para ver minha banda? — A loira pergunta com expectativa ao se afastar.

— É claro. — Karma sorri.