Pov. Lucy

É tão difícil dar essa noticia pra vocês, se tivessem noção de como me dói dizer isso justo pra vocês. Mas enfim, lá vai. Nossas ferias infelizmente acabaram. Tipo, só em dezembro agora e até chegar lá eu já morri de tanto esperar. Pois é, esse é o nosso fim. Tipo Game Over!

E a galera tava se preparando pra voltar à faculdade, mas imaginem como tava nosso ritmo depois desses dias. E essa historia de fingimento de namoro da Cassie e do Ryan pegou a gente de surpresa, mas ate que eu concordei, se for pra deixar aquele encosto do David longe de nos por mim vale tudo. E acredito que não vai ser tão difícil assim pros dois, já que eles não se desgrudam mesmo.

O Vegas virou o nosso filho, o cachorro vive fazendo bagunça e nos brigamos por causa dele todo dia. A briga mais recente foi pra decidir em que casa ele ia morar, isso durou uns longos dias. E no fim nos decidimos fazer uma guarda compartilhada. É, pois é. Estávamos tendo a guarda compartilhada de um cachorro. Um dia ele ficava com a gente e no outro com os meninos.

Quem diria né!

O barulho do meu celular despertando em baixo do meu ouvido me fez acordar. Ótimo, definitivamente nossas ferias chegaram ao fim e hoje é a grande volta dos escravos pra senzala. Eu não tava nem um pouco preparada pra isso, até porque, quem esta preparado pra volta a estuda depois de ferias como as nossas?

Pois é! Ninguém.

–Acho que já ta na hora de você volta pra sua casa - Murmurei pra Nicolas que tava deitado do meu lado - As meninas vão acordar pra se arrumar!

Ele resmungou alguma coisa que eu não entendi e me puxou pra cima dele me fazendo passar as pernas pela sua cintura.

A que ponto eu cheguei. Meu Deus!

–Nicolas to falando serio - Eu murmurei no seu ouvido. Acho que ele tava dormindo ainda. Ou fingindo!

Mordi o pescoço dele e o safado apertou a minha coxa rindo no vão do meu pescoço.

–Você é chata! - ele sussurrou no meu ouvido e depois me beijou.

Nem tinha passado nem dois minutos que eu tinha acordado e alguém bateu na porta do meu quarto. Nicolas não me soltou e eu não queria que ele me soltasse mais eu já tinha uma idéia de quem era e tinha certeza de que não ia parar ate eu abrir a porta.

A Cassie bateu na porta de novo e me ameaçou. Sai de cima de Nicolas num pulo e apontei pro banheiro. Ele bufou e se arrastou pra lá recuperando suas roupas no caminho. Tentei me recompor e abri a porta antes que ela batesse de novo.

–Bom dia. Que bom que já acordou! - Ela disse assim que eu abri a porta - Achei que ia ter que quebrar a porta pra fazer você levantar.

–Eu já sai dessa vida!

–Ótimo! Vou me arrumar, não se atrase! - ela enfiou o dedo na minha cara.

–Ta, bom dia! - Disse antes de fechar a porta.

A cassie me acordava todos os dias em época de aula porque eu sempre acordava atrasada. Por isso ela não sossegava ate eu abrir a porta e ela ter certeza que eu acordei, eu deveria ter lembrado que ela faria isso hoje.

Nicolas saiu do banheiro já vestido com suas roupas o cabelo todo bagunçado e foi recolhendo suas coisas pelo meu quarto. Tipo deu celular, seu boné e com certeza ele ia esquece alguma coisa.

–A gente se vê daqui a pouco! - Ele sussurrou me beijando.

Eu abri a porta do meu quarto e olhei pros lados, tava tudo vazio as meninas deviam estar no quarto. Apontei com a cabeça pra ele indicando que o caminho tava livre. Ele me seguiu até a sala e eu tentei não fazer barulho quando abri a porta.

Ele trocou olhares do corredor lá fora, pro silencio da sala, ele me roubou um selinho e saiu correndo em direção do seu apartamento. Eu fiquei sorrindo igual aquelas idiotas e depois parei quando percebi que tava fazendo isso. Eu queria morrer quando me pagava agindo desse jeito!

–O que você ta fazendo? - Levei um susto quando escutei a vick perguntar. Virei-me e vi ela me encarando confusa.

–Nada. To só... Olhando o corredor! - Ela estreitou os olhos lá pra fora e depois me olhou de novo, sorri tentando parecer convincente.

–Você ta estranha - Ela murmurou coçando os olhos como uma criança que acabou de acorda.

–Eu sou estranha - Corrigi e ela deu de ombros.

Ela seguiu pra cozinha e eu corri de volta pro meu quarto. Ta cada vez mais difícil ficar escondido com o Nicolas, mas a necessidade ta maior que o meu orgulho ultimamente.

Tomei um banho rápido e troquei de roupa. Peguei minhas coisas em cima da minha cama, quando sai do quarto as meninas estavam tomando café da manha na sala e eu fui me juntar a elas.

[...]

Tínhamos acabado de chegar à faculdade. O campus já tava cheio de alunos andando pra lá e pra cá, professores chegando com as mãos cheias de livros e bom... Tava tudo normal!

–E estamos de volta ao mundo real - Nicolas disse bufando.

–Animo minha gente, animo – Chad disse – Falta pouco pra dezembro!

–Eu admiro tanto essa sua falta de noção Chad – Disse soltando um riso e ele me deu um peteleco na orelha. Palhaço!

Um carro parou do outro lado do estacionamento e pela segunda eu vi o infeliz do David Watson descendo daquele carro. Eu não fui à única a perceber aquilo, Cassie do meu lado estremeceu quando ele encarou ela e ainda teve a capacidade de piscar pra nos e sair andando pra dentro da faculdade. Mas ninguém parece ter visto aquilo alem de nos duas.

–Relaxa – Sussurrei pra ela que forçou um sorriso.

Mas eu sabia que não tava tudo bem e que nada iria ficar bem tão cedo. O primeiro sinal nos fez dispersas para nossas salas.

Fui até o meu armário, peguei os livros pras aulas que iria ter agora e segui pra sala. Assim que cheguei encontrei Katy me esperando.

–Bom dia – Eu disse. Ela apontou pra carteira atrás dela e eu me sentei jogando a bolsa no chão.

–Bom dia – Ela disse se virando – Pode me contar que historia é essa da Cassie e do Ryan estarem “Namorando”? – Ela perguntou fazendo aspas com os dedos.

–Bom, é complicado. Mas lembra de quando eu disse que a Cassie tinha um passado chamado David? – Ela assentiu – Então, esse passado resolveu aparecer!

–Como assim?

–É uma historia muito longa – Disse com preguiça de contar.

–Pode falando, porque, ninguém me conta nada nessa merda! – Ela exigiu cruzando os braços na minha frente. Bufei.

Tentei abreviar o máximo que pude da historia toda, mas Katy sendo Katy queria saber todos os detalhes possíveis. Mas o professor chegou e simplesmente me salvou de ter que terminar essa historia, mas eu sabia que ela ia me interrogar mais tarde.

O professor fez a gente formar duplas para fazer uma pesquisa, Katy se sentou comigo e eu simplesmente não quis olhar. Mas eu vi aquela nojenta da Carolyne se sentar do lado do Nicolas. Eu preferi ignorar aquilo, quer dizer eu tentei ignorar aquilo... O máximo que eu pude, mas não foi o bastante!

Eu não conseguia nem prestar atenção na pesquisa, Katy estava fazendo tudo sozinha. Aquela vadia tava tão colada nele que os dois pareciam um corpo só, mas minhas mãos se fecharam em punho quando vi ela pousar as mãos em cima da calça dele perto de vocês sabem aonde! Ela alisou a coxa dele e eu o vi encara-la. Filha da Puta! Quer dizer... Que Puta!

Nicolas tentou afastar a mão dela quando percebeu que eu tava olhando pra ele, quase soltando fogo pelas ventas, é outro desgraçado também.

–Lucy você pode me ajudar aqui? – Katy me cutucou, e depois estreitou seus olhos na minha direção – Se ta bem?

–To ótima, por quê?

–Porque você quebrou meu lápis no meio – Ela apontou pra minha mão.

–Ah desculpa... – Eu soltei o lápis na mesa.

Respirei fundo escondendo meu rosto em minhas mãos. Mas que raiva! A vontade que eu tenho e de levantar ir ate lá e enfiar esse resto de lápis na boca dela até sair pelo c...

–Senhorita Walker? – chamou o professor. Quando levantei o rosto ele tava na minha frente me encarado – Como ta a pesquisa?

–Bem, não terminamos ainda – Katy que respondeu por mim. Ele estreitou os olhos na minha direção serio.

–A quero na minha mesa antes do fim do dia! Usem a biblioteca se precisar! – Ele avisou voltando pra sua mesa.

Nicolas tava me encarando com um olhar de cachorro abandonado, era o que ele era, um cachorro. Lancei meu pior olhar pra ele que revirou os olhos sabendo que eu tinha ficado brava.

–Cara, o que deu em você? – Katy me perguntou – Vamos terminar isso, por favor?

–Ta, foi mal!

Terminar aquilo foi difícil, tive que passar o intervalo inteiro com Katy na biblioteca, aquilo valeria um terço da minha nota. Depois de quase um dia inteiro de inicio das aulas terminamos a pesquisa. Acho uma palhaçada o professor passar uma pesquisa dessas pro primeiro dia de volta as férias, ta todo mundo na marcha lenta ainda, devagar quase parando e ele faz isso com a gente. Desnecessário!

Fomos dispensados uma hora depois. E quando eu sai da sala percebi que Nicolas tava me seguindo. Eu não queria falar com ele, por isso apertei o passo e me enfiei no banheiro feminino, eu não imaginei, mas ele entrou no banheiro e fechou a porta atrás dele.

–Ah sai daqui! – Ameacei a passar pela porta e ele me segurou pelo braço.

–Não, não! Vamos conversar!

–Não quero conversar com você, eu quero ir embora! – Tentei me soltar, mas ele não me largava.

–Para com isso – Ele pediu apertando meu pulso me fazendo olhar pra ele – Olha o que você viu...

–O que eu vi? Ou o que a sala inteira viu? – Quando percebi já tava gritando. – Palhaço! – Bati no braço dele.

–Para de me interromper – Agora ele que gritou comigo. – Não era nada do que você tava pensando!

–Ah não? Tem certeza? – Cruzei os braços.

–Talvez fosse, mas... Não foi minha culpa, o que eu podia fazer?

–Qualquer coisa, aquela garota é mais rodada que o sistema solar! Não podia ter arranjado outra pessoa não? – Eu não conseguia para de gritar, eu queria matar ele e ela também.

–Você ta gritando, para de gritar! – Ele disse

–EU NÃO TO GRITANDO!

–TA SIM! – Ele gritou de volta

–VOCÊ TA GRITANDO COMIGO NICOLAS!

–PORQUE VOCÊ COMEÇOU!

–Epa, o que, que é isso gente? – Victoria entrou no banheiro e nos encarou horrorizada – Dá pra ouvir vocês lá do estacionamento! O que aconteceu?

–Não dá pra conversar com a sua amiga! – Nicolas gesticulou pra mim e depois saiu do banheiro batendo a porta.

Eu me apoiei na pia e de novo respirei fundo uma vez, duas vezes, três, quatro... E droga não tava adiantando. A vick ainda tava parada me analisando horrorizada.

–O que foi?

–Eu que pergunto! – Ela se aproximou de mim e tocou meu braço – Você ta muito estranha ultimamente!

–Eu já disse que não to estranha, eu sou estranha, nunca percebeu isso? – Eu falei sério, mas ela riu.

–Eu sei que você não é normal, mas ta passando dos limites já. Pode me dizer por que estavam brigando?

–Ah não era nada – Dei de ombros – Vamos pra casa, eu to cansada e preciso dormir!

Ela não perguntou mais nada então antes de sair lavei meu rosto pra diminuir a raiva e saímos da escola. A faculdade já tava quase vazia, encontramos Cassie no caminho pro estacionamento. Quando chegamos ao nosso carro Tyler tava encostado lá, esperando por nos.

–Tyler! – Cassie disse – Oi!

–Oi meninas – ele se animou quando nos chegamos. – Tudo bem?

–Tudo, o que você quer? – perguntei e ele sorriu.

–Porque eu iria querer alguma coisa?

–Porque você ta com cara de quem quer alguma coisa! – respondi.

Ele sorriu olhando pros lados pra se certificar de que não via ninguém.

–Eu preciso da ajuda de vocês! – disse

Nos três nos entreolhamos preocupadas. Afinal, nada que vinha do Tyler era boa coisa!

–Não vou te ajudar a esconder corpo nenhum – Vick falou.

–Não é isso. É que o Dia dos namorados ta chegando e eu quero fazer uma surpresa pra Katy!

Como eu odeio essa data. Dia dos namorados é tão desnecessário quanto essa pesquisa de hoje.

–O que tem em mente? – Vick perguntou se interessando.

Ele nos contou tudo que queria fazer e eu comecei a rir histericamente simplesmente imaginando da onde ele tinha tirado aquilo. Tyler e suas idéias!

–Ela vai matar você, será seu primeiro e ultimo dia dos namorados com ela! – Eu falei.

–Não vai se vocês me ajudarem! – ele suplicou.

–Não tinha algo mais romântico pra você tentar fazer não? – Cassie perguntou.

–Não temos um namoro muito meloso, por isso acho que desse jeito que eu quero vai ser muito melhor! E ai, vocês vão me ajudar, ou não? – ele tinha um sorriso pidão que me dava desespero.

–É acho que sim! – Vick respondeu.

Eu tinha me esquecido complemente dessa data, e tinha me esquecido também de como eu odiava o dia dos namorados!