Eu corria, com todas as forças que me restavam.

Eu fugia da escuridão que me seguia, sem aparentar cansaço.

Eu fugia para longe de mim, eu fugia de meus próprios medos.

Minha imaginação corria solta enquanto eu dormia. Tudo não passava de um mero sonho, assustador e sem fim.

Não sabia o que fazer, eu continuava a correr, me escondia ou só esperava que esse sonho me deixa-se em paz?

Havia um clarão de luz a frente, não muito longe. Forcei minhas pernas a aguentarem até lá.

Era uma campina, que possuía uma beleza desconhecida a meus olhos.

O vento batia em meu rosto, jogando meus cabelos para trás e me deixando arrepiada. Havia flores de vários tipos, tamanhos e cores. Havia arvores que cobriam tudo que meus olhos conseguiam ver. Borboletas, pássaros e outros insetos e animais deixavam aquele lugar mais lindo ainda.

Virei-me para trás, a nuvem escura recuará.

Eu estava bem, até que meus músculos se contraíram de dor, de tanto eu correr para me livrar da escuridão.

Sentei-me em um tronco coberto de musgo e tentei descansar. A noite estava por vir.

Quando minha dor se fora, me deitei na campina.

Acho que acabei dormindo, enquanto estava dormindo, estranho não?

Quando acordei, havia um piano de calda marrom e um punhado de livros. Levantei-me assustada, achando que estava vendo coisas.

Realmente, tinha muitos livros ali.

Tinha livros de Jules Verne, Nicholas Sparks, entre outros.

De Nicholas Sparks havia livros como Um amor para Recordar, A Ultima Musica, Querido John e Uma Promessa para Toda Vida. De Jules Verne, A Volta ao Mundo em 80 dias, 20 Mil Léguas Submarinas e Um Herói de Quinze Anos.

Também tinham outros livros, como o Pequeno Príncipe, Narnia, O Código da Vinci , Romeu e Julieta.

Dirigi-me ao lindo piano de calda marrom, com um passo de cada vez. Eu o reconheceria em qualquer lugar, eu costumava tocar um daquele quando era menor.

Sentei-me nele e passei as mãos em suas teclas. E comecei a tocar uma de minhas musica preferida, de Debussy, Clear de Lune é o nome dela.

Eu a tocava como se eu tivesse treinado aquela musica a vida toda, mais fazia muito tempo que não tocava em um piano. Estava perfeita.

Meus dedos se moldaram nas teclas, e deles saia um som lindo, uma bela melodia.

Eu me perdi na musica por alguns minutos, sai de mim, completamente.

Quando voltei, eu fui ler os livros. Realmente, eu amo é ler.

Ler é construir seu próprio mundo. Escrever sua historia, ler as historias de outras pessoas.

Ler é ser mais você, descobrir coisas que você nunca imaginou que poderia existir.

Passar por emoções desconhecidas, chorar de tristeza ou de alegria, amar e ser amado.

Ter um livro é ter um melhor amigo, que te escuta e te da nas mãos toda uma vida, toda uma historia.

Eu queria poder ficar ali para sempre, com meus livros e meu piano. Eu não queria ter que acordar.

Tudo estava tão lindo, eu me sentia tão bem. Só eu, meus melhores amigos e minha musica. Isso soa mais que perfeito para mim.

Enquanto lia A Ultima Musica de Nicholas Sparks, uma bela frase me chamou atenção. Ela assim dizia:

“A vida é um piano. Teclas brancas representam a felicidade e as pretas a angústia. Com o passar do tempo você percebe que as teclas pretas também fazem música.”

Infelizmente, eu fui ficando cada vez mais longe, de meu sonho perfeito. Mais longe da minha campina, mais longe da luz.

Tudo foi escurecendo a minha volta, até que eu acordei, em meu novo quarto, em minha casa nova.

Eu fiquei pensando sobre o sonho que acabará de ter. Não cheguei a muitas conclusões, eu tinha me esquecido de algumas partes do sonho, fui me lembrar delas mais tarde.

Ainda era capaz de escutar a melodia da musica de Debussy, e ainda avistava, bem longe, minha campina, meus livros e meu lindo piano.

Fiquei observando aquela linda miragem, até que desaparecesse por completo, até que meus olhos voltassem a ver coisas que realmente estavam ali, no meu quarto.

Acho que devo ter ficado deitada em minha cama por mais uns 30 minutos, tentando organizar meus pensamentos. Será que aquilo realmente fora só um sonho? Parecia tão real.

Cocei minha cabeça, forçando-me a pensar em alguma resposta. Realmente, era só um sonho, um sonho muito bom e, com certeza, bem realista.