O dia na escola foi comum, passei o dia todo de sala em sala para assistir as aulas, que as maiorias por sorte eram com Miranda e ficávamos trocando mensagens pelo celular escondida fazendo comentários engraçados sobre a aula, sobre alunos ou sobre o ultimo garoto que Mira tinha pegado e dispensado. Miranda linda do jeito que era facilmente atraia os garotos, mas nunca se apegou a nenhum, eu já havia a visto dispensar alguns sem peso nenhum na consciência, simplesmente dizendo que não serviam mais. E essa fama se espalhava por todo colégio e de algum modo, diziam que ela só não era a mais popular do colégio porque simplesmente não queria, ou porque andava comigo.

– Fiquei sabendo que terá bolo na sua casa hoje. – Miranda dizia enquanto colocava óculos de sol no rosto.

Reviro os olhos enquanto caminhava em direção a garagem com ela do meu lado.

– Até você! Eu sinceramente não queria comemorar nada.

– Para Mich, não é todo dia que fazemos 17 anos.

– Pela lógica, não repetimos idade.

– Para de besteira. – Diz parando a minha frente enquanto retirava um pacote pequeno de dentro da bolsa e me entregando. – Seu presente... Resolvi te dar de uma vez. Mas pode ter certeza que irei à sua festa.

Reviro os olhos quando ela fala da festa, mas peguei o pacote, sem graça. Não sentia necessidade de ganhar presentes. Eu sabia que no fundo eu estava ansiosa por fazer 17 anos, parecia um dia especial, apesar de tudo, mas não tinha pressentimento de que isso seria de todo bom.

Abro o pacote cuidadosamente e vejo um pingente com uma pedrinha em formato de estrela, ela parecia ter detalhes de ouro, mas a pedra parecia cristal, era pequena, mas não muito. Sorri para minha amiga ao ver o presente, tiro o cordão em meu pescoço e coloco junto à pedra que continha nela e abraço Miranda bem forte.

– Muito obrigada Mira, você sabe que não precisava... Mas eu amei.

– Eu sei disso. Mas combina com sua marca no pescoço em formato de estrela. – Diz brincando e automaticamente passo a mão no pescoço sobre a marca.

– Sempre me esqueço dessa imitação de estrela no meu pescoço.

– Não devia se esquecer... É legal. – Diz quase em tom indiferente voltando a andar.

Dou um pequeno riso com o comentário indiferente dela e vou andando lhe acompanhando, quando ouço uma voz bonita e envolvente já conhecida – Miranda! – Levo um susto, me perguntando como aquele homem surgiu do nada ali e me viro olhando para ele, ao contrário de mim, Mira não parecia surpresa.

– Olá Jamie, tudo bem?

– Tudo sim. – Diz com um tom calmo, mas ignorando minha presença ao lado. – Só queria te informar que quinta de noite é para aparecer no The Fall, estaremos te esperando lá.

– Pode deixar, estarei lá. – Diz Miranda enquanto examinava a unha, fazendo Jamie suspirar impaciente.

– Aliás, leve sua amiga. – Ele se vira assim que diz isso como se tivesse falando algo por obrigação e vai ao encontro de Maxxie, seu amigo que lhe espera ao lado de um carro.

– Olá pra você também, Jamie... – Digo mesmo sabendo que ele não escutaria e Miranda ri divertida enquanto abria o seu carro.

– É o jeito dele Mich, você sabe disso.

– Sim, eu sei, mas ele precisa realmente parecer tão incomodado e irritado com minha presença?

– Eu não diria tão irritado, incomodado, talvez. Ou sem duvidas. Vai que ele tem uma súbita paixão encubada por você. – Seu tom de voz fica brincalhão.

– Para vai, isso é impossível, assim como você, ele já tem várias admiradoras.

O caminho para casa foi tranqüilo. O motivo pelo qual Jamie agia comigo como se eu não existisse, mesmo sendo amigo da minha melhor amiga, me deixava irritada. O garoto era lindo, impossível negar tal fato, seu cabelo castanho escuro em um corte médio, que ele deixava em um bagunçado propositalmente, pois sem duvidas ele ficava sexy, juntando seu rosto levemente quadrado, emoldurado com olhos azuis, corpo musculoso, mas não demais, só o bastante que lhe deixasse definido ao nível perfeito. Ou seja, ele era todo perfeito. Se não fosse pela personalidade arrogante.

Chego abrindo a porta de casa com Miranda do lado e assim que abro a porta, tudo está escuro. Como eu imaginava. A festa. – Surpresa! – Gritaram todos na sala em um só som. Sorrio tímida para todos ali. De imediato localizo minha mãe, meu pai, um homem de 40 anos, alto de cabelo muito liso e grisalho. Meu avô, que tinha finos cabelos brancos na cabeça, olhos verdes que eu queria ter puxado e sua expressão calma e serena lembrava o ator que fazia o Magneto, só que na versão mais fofa. Minha irmã mais nova. Minha tia Louise com minhas primas gêmeas, Claire e Jenny, que nunca foram muito minhas amigas, mas dava para conviver. Mas algo estava estranho nelas, elas não olhavam pra mim, olhavam pra um garoto do lado. O garoto tinha olhos verdes, cabelo loiro escuro e com cachos que lembravam um anjo, se não fosse por seu porte atlético e ser mais alto do que o normal, lembrando um modelo surfista. Todos cantavam parabéns enquanto o garoto só sorria angelicamente enquanto olhava pra mim com uma cara de bobo, que rapidamente me faz corar. Mas então lembro quem ele é fico surpresa com a sua evolução. Daves.

Ignoro o olhar do rapaz sobre mim, desviando o meu olhar e vou caminhando até a mesa onde encontrava um enorme bolo de chocolate e balões vermelhos. E alguns doces. Naquele momento eu me sentia feliz, apesar de não desejar uma festa desde o começo, o fato de persistirem me deixou contente. Assim que todos terminaram de cantar parabéns, assoprei a vela, desejando sempre ter aquelas pessoas por perto e todos vieram me dar um abraço. Mas nenhum foi mais especial do que de meu avó que me entregou um pacote pesado e quadrado de presente e eu ia já começando a abrir.

– Não... Agora não, abra mais tarde, quando estiver sozinha em seu quarto. É seu presente querida, quero que só você aproveite dele.

Arqueio a sobrancelha intrigada sobre o presente, mas contenho a criatividade e faço o que ele pediu.

– Está bem, irei abri mais tarde. Muito obrigada vovô.

– Você merece Michaela, não é todo dia que fazemos 17 anos. – Ele para um pouco pensativo. – Irei comer um pedaço de bolo, antes que sua mãe reclame.

Sorrio para ele. Enquanto ele se vira para a mesa. Já era a segunda vez que me falavam que não era sempre que fazíamos 17 anos, como se eu já tivesse feito 17 anos antes. Ignorei meu pensamento e resolvi que o melhor era comer um bolo antes que dona Lauren viesse reclamar de não estar comendo.

– Talvez a aniversariante aceita queira um pedaço de bolo. – Ouço uma voz contagiante, divertida e envolvente se espalhar pelo meu ouvido me deixando corada e paralisada. Suspiro e me viro para o garoto com um pedaço de bolo na mão, tentando parecer mais indiferente o possível. E noto que ele mantinha aquele mesmo sorriso de galã nos lábios. Digamos que só o seu sorriso já iluminava todo ele. Sem duvidas, ele não parecia mais o garoto atentado que arrancava cabeças de Barbie ou rabiscava a parede do meu quarto com “bobona”.