Sei que vamos melhorar.. escrita por Caruliss


Capítulo 15
Capítulo XIV.




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– Oi! Sabia que uma hora ou outra iria me ligar, mas não sabia que ia demorar 19 anos... - deu um risinho idiota.

– Tá bom. Preciso que doe seu sangue pro meu namorado.

– É assim que pede?

– Tenho que ter respeito por alguém que me abandonou aos 3 anos de idade? Acho que não.

– Sou sua mãe além de tudo.

– Não mesmo. Você é mulher que me teve, eu nunca tive uma mãe.

– O que você quer?

– Preciso que venha até aqui - passei o endereço - e doe o seu sangue para o meu namorado.

– Por que?

– Por que ele tem câncer. Mais alguma coisa?

– Oh, minha querida, o nosso encontro deveria ser diferente, num lugar para conversar.

– Não tenho nada pra falar com a senhora - disse em um tom debochado - e eu nem queria ver a sua cara mesmo, só preciso desse favor. - ela deu um suspiro de raiva - Será que como "mãe", você pode me fazer isso?

– Você acabou de dizer que não sou a sua mãe.

– Se não fizer isso por mim, nunca vai ser minha mãe. Faça seu papel de mãe e venha ajudar a sua filha. - ela não respondeu - Por favor.

– Estou indo.

– Obrigada - E desliguei o telefone.

xxx Fim da Ligação xxx

Meu pai me olhou tenso, tipo: '-' , eu sorrio de lado e fui para a janela ver o Rapha deitado... os pais dele me abraçaram. Meu pai me abraçou do outro lado.

Já se passaram 2 horas e nada daquela mulher chegar, estava nervosa... o Rapha tava fraco, não tinha sangue o suficiente, o máximo de espera é só 18 horas.

Peguei meu celular e fiquei vendo os minutos se passando, até que alguém chega.

– Olá, Victória! - disse querendo me abraçar. Não me mexi.

– Oi. - super fria.

Ela tinha cabelos longos castanho escuro, usava óculos e estava vestindo um terno. Era alta, magra, com um corpo lindo.

Ela foi falar com o meu pai.

– Olá, Cristiano.

– Oi, Maria - disse o meu ar com um olhar triste.

Estalei os dedos para ela me dar atenção - Por que você está vestindo isso? - perguntei.

– Estava trabalhando.

– Por que demorou tanto?

– Tem sorte por eu estar aqui. Da minha cidade até aqui são 2 horas. - ela disse enquanto eu a encarava.

Chamei o médico, e ele levou a Maria para fazer exames e coletar o sangue. Fui em direção a meu pai e ele me abraçou. Não disse nada, também não queria ouvir nada.

Coletaram o sangue da Maria e ela estava tomando suco e comendo algo pra não perder todas as forças, foram bons litros de sangue, fui falar com ela.

Parei na frente dela e a olhei.

– Imagino o quanto me odeia. - ela disse, eu ergui a sobrancelha tipo: ah, jura? e dei um sorriso debochado - Eu tive meus motivos pra ir embora.

– Não quero ouvi-los.

– Os meus pais não queriam que eu tivesse um filho. - ela começou - e quando eles descobriram, eu ja estava de seis meses e eles queriam que eu não tivesse você. Então eu fugi com o seu pai. Você nasceu, era linda, forte, com lindos cabelos loiros. Vivemos bem, e eu sem nenhuma notícia dos meus pais. Quando você completou 3 anos de idade meus pais morreram em um acidente de carro, e eu comecei a me culpar todos os dias de não ficar com eles e ter tido você. Eu me arrependi amargamente de ter tido você. Como se fosse uma depressão pós-parto depois de 3 anos - ela riu, e eu a olhando sério - Então daí eu abandonei vocês dois...

– Sempre fugindo de tudo então? Seus pais, de mim... - eu interrompi.

– E fui até o enterro deles. - ela continuou - E nisso, eu não queria mais ver você, então eu decidi ficar na minha cidade natal. Arranjei um emprego, me divorciei do seu pai, não tive mais filhos por ser tipo um trauma pra mim.

– Então eu sou o seu trauma? - eu falei.

– E eu não te liguei. - ela continuou sem me responder, de novo - Não quis saber como estava ou se precisava de mim. Culpei você pela morte de meus pais, e eu não queria vê-la. - ela olhou pra baixo e suspirou - Mas depois de muitos anos, quando você completava mais ou menos 14 anos, eu percebi que você era a minha filhinha, e eu não poderia pensar algo, você não tinha culpa de nada... Entrei pra igreja e falei todos os meus pecados e foi fundamental para eu me arrepender de tudo o que eu fiz com você.

– Então você fez merda a sua vida inteira? - ela riu - Sempre se arrependendo de cada decisão.

– Comecei a te procurar - ela continuou, tava chato já - liguei para o seu para poder vê-la, mas ele não me deixava. Acredito que você também não queria me ver... Entendia o lado do Cristiano, de certo modo. E todos os anos no seu aniversário de 14 anos até hoje eu mandava um cartão de parabéns, você recebeu? - confirmei com a cabeça - Eu queria ir te ver, queria mandar presentes, mas não podia. Só me dei conta que perdi a minha preciosidade, minha princesinha, meu bebezinho muito tarde. - lágrimas vinham nos olhos dela - E acredito que ter você e ter fugido com o seu pai foi a melhor coisa que eu ja fiz. Você me dá orgulho a cada passo. Acredite, eu sei de todas as suas vitórias. Sei de quando ganhou o campeonato de corrida, a melhor nota de matemática de toda a 7ª série, de ter desistido de muita coisa pra agradar o seu pai... eu sei de tudo, e me orgulho disso. Me orgulho de você puxar o seu pai, não a mim. Eu sou uma pessoa horrível, Victória. Horrível por ter feito o que eu fiz com você, mas não importa nada o que eu fale aqui, nada justifica eu ter te abandonado, eu sei que você pensa assim. E sei também que nada vai mudar, só quero que você tenha um visão correta de mim.

Eu fiquei sem ter o que dizer, estava chocada, na verdade... meus olhos se encheram de lágrimas e senti lágrimas descerem, limpei rapidamente e ela sorriu de lado.

– Desculpe interromper... mas o Raphael acordou e já pode receber visitas - disse o médico. Eu agradeci o comunicado.

– Vai lá ver o seu namorado... espero que seja feliz. Até outro dia, Victória. Sempre que precisar...

Eu sorri e disse sim com a cabeça, levantei e fui em direção a porta... parei. Voltei e dei um beijo na bochecha da Maria e passei a mão em seu cabelo. Sussurrei: Obrigada... você fez o seu papel de mãe aqui e agora. Obrigada mesmo.

Fui até o quarto do Raphael e vi o meu pai indo falar com ela.

Cristiano narrando:

– Oi... tudo bem por aí? - olhei pra ela e percebi que estava chorando.

– Ah, tudo ótimo! - disse com olhos vermelhos.

– Explicou pra ela?

– Sim... ela é maravilhosa, e no fim conseguiu entender. Puxou a você, hein? - eu ri.

– Eu te amava.

– Eu também amava você.

– E agora eu vou me casar. - os olhos dela se arregalaram - e você? Namorando? Noiva? Casada?

– Hãn... hãn... eu to preferindo ficar sozinha.

[...]

Victória narrando:

O Rapha me olhou chegar e sorriu.

– Como você consegue sorrir em um momento desses? - eu disse sorrindo triste, e ele riu sem forças.

– Obrigado por salvar a minha vida, sei que não queria ver a sua mãe.

– Tudo bem, ela se explicou. E você, como está se sentindo?

– Estou bem - ele desviou o olhar -

– Que foi?

– Eu tenho que te contar isso, Victória, mas não sei como.

– Pode falar...

– O câncer está se espalhando por todo o meu pulmão, e vai chegar uma hora que eu vou respirar com dificuldade, que vou perder as forças, meu cérebro pode não se oxigenar e eu posso desmaiar... vai chegar uma hora que eu não vou conseguir respirar mais, e você ja sabe o que vai acontecer. - não respondi, segurei o choro - O que você vai fazer depois que eu partir?

– Eu vou embora junto com você, não vou ter razões pra continuar aqui. - e chorei, não aguentei.

– Me prometa que não vai embora comigo. - ele abriu a mão e eu a segurei entrelaçando nossos dedos - Por favor, Victória.

– Eu vou tentar ser forte.

– Eu sei que vai conseguir, você sempre foi forte - ele sorriu. Deitei a cabeça no peito dele e ouvi o seu coração bater, fiquei chorando em cima dele.

Maria narrando:

Vi pela janela ela e o namorado. "Boa sorte na vida, filha" - pensei. Falei pro Cristiano mandar um beijo pra ela. Olhei-a pela última vez, sorri e fui embora.

Entrei no carro, liguei, apoiei os braços no volante e comecei a chorar e gritar. Eu não quero ir embora, eu nunca quis ir embora.

Catarina narrando:

Liguei a tv e vi que o Vinícius estava sendo procurado. Canalha! Mas eu não posso ficar parada aqui... Eu tenho proximidade com a Mávya, e posso saber onde o Vinícius está.

Liguei pra Mávya e marquei pra ela encontrar na praça.

[...]

– E onde você está morando, amiga?

– Ah, eu e o Vinícius estamos escondidos em uma casa no morro. O Vinícius tá fumando, roubando, destruindo a vida.

– E você destruindo a sua junto.

– É só faxada, ele tem uma coisa que eu to querendo, então tenho que fingir tudo. Em mentiras, sou ótima, principalmente com ele. - rimos.

[...]

Logo depois que a Mávya foi embora, liguei para a polícia e dei a localização do Vinícius. Espero que consigam pegar esse psicopata logo.


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Notas finais do capítulo

Como prometido, um enorme pra vocês!



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