O reflexo da Princesa escrita por Lola


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse cap a todas as pessoas que comentaram o anterior e todas as minhas amigas que disseram que eu escrevo bem. Amo vocês



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Pela noite, resolvo fazer mais uma visitinha à biblioteca. Procuro o livro por todo lugar, mas não o acho. O Rei não é nenhum idiota, deve ter escondido no seu quarto. Pesquiso mais um pouco sobre espelhos, magia, coisas do tipo. Mais uma vez, não encontro nada sobre o que eu estou procurando. Porém, acho um livro muito interessante sobre a Batalha dos Magos. Ele está em francês e pelo que eu pude entender, há muito tempo, quem governava eram os magos só que um grupo revolucionário tomou o poder alegando que não era a função dos magos governarem, pois seria uma grande concentração de poder nas mãos de um pequeno grupo. Houve uma guerra horrível que resultou na perseguição morte de muitos magos. Isso foi tudo o que eu consegui entender apesar de ter ficado bastante curiosa.
Saio da biblioteca e antes de voltar para o meu quarto, resolvo dar uma passadinha pelo quarto de Felipe, só para matar minha curiosidade. Surpreendo-me ao ver um fiapo de luz saindo da brecha entre o chão e a porta. Escuto o barulho de vidro se estilhaçando no chão e resolvo entrar para ver do que se trata. Encontro Felipe sentado na cama, bebendo uma garrafa de uísque no gargalo. Ele está visivelmente alterado, seus olhos estão vermelhos, a camisa está desabotoada deixando à mostra seus músculos bem talhados, desvio o olhar e mordo o lábio inferior tentando me livrar dos pensamentos impuros que invadem minha mente. Aproximo-me mais e seus olhos vagam pelo quarto até encontrarem os meus.
“O que você está fazendo aqui?”
Ele vocifera e mesmo de longe consigo sentir seu hábito de álcool. Assunto-me com seu tom de voz.
“Veio me falar que eu não sou bom o suficiente?! Veio jogar na minha cara que eu não sirvo para nada, nem para ser um mago, que meu irmão é melhor que eu?”
“Felipe, do que você está falando?”
Com muito esforço, consigo pegar a garrafa da mão dele. Vejo muitas garrafas vazias ao lado da cama, essa pelo visto é a última.
“Devolva-me!”
“De jeito nenhum! Você não acha que já está bom de álcool por hoje? Já está bom de álcool para a vida inteira, na verdade! Você nem deveria beber, a bebida fode com a vida das pessoas!”
“É o seguinte, garota: ou eu afogo tudo que estou sentindo com o álcool, ou no meu pulso. Você pode escolher.”
Ele tenta mais uma vez tomar a garrafa de minhas mãos, porém seus reflexos estão prejudicados e eu sou mais rápida. Sem pensar em outra coisa para fazer, eu acabo bebendo todo líquido para que ele não beba. O uísque desce queimando na minha garganta, tusso um pouco, mas logo me recupero.
“Filha da puta! Por que você fez isso?”
Sento na cama ao seu lado e seguro suas mãos com carinho, posso ver as finas cicatrizes em seus pulsos e um nó se forma em minha garganta. Solto suas mãos e seguro seu rosto, fazendo com que ele me encare. Olho bem no fundo dos seus olhos.
“O que você acha de em vez de beber ou se cortar, desabafar com uma amiga?”
“Não muito obrigado, prefiro as outras opções.”
“Então é assim?! Ok. Vamos partir para a chantagem. Cada corte que você fizer em você, são dois para mim.”
“Você não faria isso.”
“Uma vez, uma amiga minha disse a mesma coisa.”
Mostro a ele duas pequenas cicatrizes em meu pulso esquerdo. Lembro que doeu muito, porém toda dor valeu a pena pois minha amiga nunca mais se cortou desde então e eu não hesitaria fazer de novo. Principalmente se isso for para o bem de Felipe. Este, ao ver as cicatrizes, engole em seco, solta um suspiro e começa a me contar o que aconteceu.
“Existem três tipos de magos: os que controlam elementos da natureza, os que controlam a mente humana, eles podem ler mentes, ver emoções, esse tipo de coisas e o terceiro e mais raro, o que consegue fazer as duas coisas. Eu faço parte desse terceiro grupo, se você pensa que isso é legal, esta muito enganada. Eu não posso assumir o poder, como meu irmão vai fazer ao se casar com você já que magos não assumem o poder, como você já deve saber. Porém eu vou substituir Steven, meu avô, quando ele morrer. Ele é meio que o Mestre dos Magos. Seria uma coisa legal se não fosse pela pressão que meu pai vive colocando em mim. Ele diz que eu nunca serei bom o suficiente, que eu sou um desastre, que meu irmão é melhor. E o pior que não é só ele, todo mundo concorda. Eu sou Felipe, o patinho feio da família, o que traz vergonha para os pais, o que nunca estará pronto para ser o Mestre dos Magos e Eduardo é bem... Eduardo é o fodão, basicamente.”
“Você está errado quando diz que todo mundo concorda. Eu não concordo.”
Ele deita a cabeça no meu colo e eu começo a alisar seus sedosos cabelos.
“Pelo menos você, né. Ainda bem, porque a bronca que eu levei hoje foi por sua causa. ‘Você não deveria ter cuidado da Princesa, ela ia receber o que merecia com o Rei, aquela descontrolada’ meu pai disse, ai eu comecei a te defender, claro. Agora eu tenho duas belas marcas nas minhas costas, mas valeu a pena.”
“O que ele fez com você?!”
Ele senta e eu o ajudo a tirar a camisa. Prendo a respiração ao ver duas marcas de cinto vermelhas e inchadas nas costas dele. Pergunto se dói e ele dá de ombros dizendo que já está acostumado. Começo a fazer carinho em suas costas, deposito um beijo na sua nuca e vou fazendo uma trilha de beijos pelo seu ombro. Sinto ele se arrepiar.
“Por favor, pare antes que eu perca o controle e te agarre.”
Paro e meu rosto enrubesce de vergonha. O que eu estava fazendo?! Espero que ele não se lembre disso amanhã. Ele acaba adormecendo, eu o ajeito na cama, coloco um travesseiro de baixo de sua cabeça e o cubro com um edredom. Jogo as garrafas vazias no lixo. Sussurro um “boa noite” dou um leve beijo em sua testa e saio do quarto. Volto para o meu quarto, olho para a janela e vejo que o sol já está nascendo. Droga, mais uma noite sem dormir. Tento pregar os olhos e assim que caio no sono, minhas criadas me acordam trazendo meu café-da-manhã em uma bandeja. Como uma maçã e algumas torradas.
“Ei, será que se eu desenhasse uma roupa vocês poderiam costura-la para mim?”
“Como quiser, Alteza.”
Uma delas responde. Pego um pedaço de papel e uma pena. Desenho uma calça e um short.
“Uma calça?! Mas você é mulher! Mulheres não usam calça.”
“Então eu vou ser a primeira!”
Elas não questionam mais nada, apenas tiram minhas medidas e depois eu me arrumo e me preparo para encarar mais um dia de aulas chatas. Chego ao escritório onde tenho aulas e uma mulher que nunca vi na vida entra na sala, ela é jovem e muito bonita, parece estar muito animada, pois não para de sorrir. A empolgação dela é contagiante e logo um sorriso toma conta do meu rosto mesmo sem eu querer. Pego alguns livros na bolsa e ela me interrompe.
“Hoje não vamos precisar de livros, me acompanhe.”
Ela me puxa pelo braço e vai me guiando apressada pelo castelo. Entramos em uma sala muito espaçosa e repleta de instrumentos. Corro para um belo piano que está encostado na parede, arrisco algumas notas e a sensação de tocar depois de tanto tempo é maravilhosa. A professora sorri e me entrega uma partitura, toco por mais ou menos meia-hora e até canto um pouco.
“Era para eu te ensinar, mas parece que você já sabe!”
Ela fala rindo e eu sorrio envergonhada com o elogio.
“Agora vamos para a segunda parte: dança!”
Faço uma careta.
“Eu como dançarina sou uma ótima cozinha. E olhe que eu não sei fritar um ovo.”
Ela ri e começa a me ensinar alguns passos. Eu devo ter pisado no pé dela umas dez vezes, na décima primeira, ela fala que vamos fazer uma pausa. Bebo um pouco de água e sento em uma cadeira. A Rainha entra na sala.
“Como vocês estão indo?”
“Eu sou um desastre!”
“Ah você não é tão mal, só precisa melhorar um pouquinho e parar de pisar no pé das pessoas.”
Elisa, a professora, fala.
“Não acredito que você não herdou meus talentos na dança!”
Minha mãe finge estar indignada. Nesse momento, Eduardo, sua mãe e Felipe entram na sala. Quando meus olhos encontram as íris azuis de Felipe, meu coração vai para o estômago e volta, sem minha permissão.
“Ótimo! Agora que seu noivo chegou, não preciso mais dançar com você e meus pés estão seguros!”
Elisa fala rindo, mas eu não acho graça. Não quero dançar com Eduardo, não quero que ele toque em um fio de cabelo meu. Só que eu não tenho escolha, Elisa literalmente me empurra para ele. Se eu não dançava bem com Elisa avalie com ele, nós estamos totalmente fora de sintonia, eu vou para um lado e ela para o outro. Até que chega uma parte da dança que nós trocamos de parceiro. Começo a dançar com Felipe que antes dançava com a mãe, o que faltou de sintonia entre mim e Eduardo, tem entre mim e Felipe. Nossos corpos se encaixam de uma maneira perfeita.
“Você está bem?”
Sussurro ao seu ouvido.
“Vomitei algumas vezes, mas estou melhor. Obrigado por cuidar de mim ontem. E me desculpa por ter gritado com você, eu estava fora de mim.”
“Tudo bem.”
Paramos de falar e ficamos apenas nos encarando e sorrindo um para o outro até a música acabar. Todos saíram da sala e quando eu vou atravessando a porta, minha mãe me segura, ela olha no fundo dos meus olhos e diz com seriedade:
“Cuidado, filha. Você está se apaixonando pelo irmão errado.”


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Notas finais do capítulo

Bia e Felipe. Sugestões pro nome do shipp? P.S.: Malu, espero que seu sonho se torne realidade! P.S.²: Nic, vc tá bem?