O reflexo da Princesa escrita por Lola


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu estou muuuito triste. A história só tem UM comentário! Não gosto de leitoras fantasmas, pronunciem-se! De qualquer forma, aqui está o capítulo...
P.S.: Obrigada pelo cometário, La Oliveira, você é demais ;D



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“And maybe I’m little girl. A little girl with great big plans.” (Whole Wide World – Mindy Gledhill)

“O nosso, claro!”
Eu me recuso a acreditar nos meus ouvidos. Acho que perdi a cor porque me perguntaram se eu estava bem.
“Claro que eu não estou bem. Como assim eu vou casar? Vocês estão loucos? Eu só tenho dezesseis anos!”
Todos me olham confusos.
“Filha, eu casei com seu pai quando tinha quinze!”
“Mas eu mal conheço ele! Eu não o amo!”
“Por isso que o Conde e sua família vão ficar por um tempo aqui no castelo, para que vocês se conheçam melhor. E não se trata de amor, você precisa de um rei para assumir o poder e Eduardo se encaixa perfeitamente nos padrões que um rei deve ter.”
Dessa vez, é o Rei que responde. Levanto, indignada. O movimento brusco faz com que minha pressão baixe, sinto o mundo rodar e minha visão fica manchada. Tento respirar calmamente e olhar para um ponto fixo, entretanto isso não funciona e logo os as vozes das pessoas ficam abafadas. Sento-me novamente, pego o saleiro na mesa e jogo um punhado de sal na minha boca. Aos poucos, minha pressão se estabiliza e eu me acalmo. Tentado soar o mais educado possível, aviso que não estou me sentindo bem e que preciso ir aos meus “aposentos” tomar remédio.
Vou para o quarto mais não tomo remédio algum. Reviro o quarto em busca da minha mochila da escola que magicamente apareceu no meu armário um dia depois de eu chegar aqui. Ainda não tive tempo de explora-la, pois durante essa semana nunca fiquei mais de três minutos sozinha. Encontro-a de baixo da cama. Antes de abri-la, tranco a porta e dou uma volta no quarto só para garantir que estou sozinha. Aconchego-me no sofá ao pé da janela que tem a vista esplêndida do jardim do castelo. Abro uma parte da janela, não muito mas o suficiente para que o vento gélido da noite adentre no meu quarto e roce minha pele fazendo com que meus pelos se arrepiem.
Abro o zíper um tanto receosa, tenho medo do que pode sair dessa mochila. Um filhote de dragão, talvez. Nesse mundo louco, eu espero de tudo. Felizmente, não sai nenhum filhote de dragão ou coisa parecida. Encontro uns livros da escola, meu caderno, estojo e... MEU CELULAR! A primeira coisa que faço é verificar se tem sinal, infelizmente não. Depois olho as horas, só se passaram dois minutos desde que eu saí da sala de aula. O tempo aqui é diferente do de lá, enquanto aqui já se passou uma semana e lá só se passaram dois minutos. Que estranho. Por um lado isso é bom, eu já estava imaginando que meus tios tinham prestado queixa na polícia.
Encontro o fone todo embolado no bolso da frente. Ponho-o, seleciono uma playlist qualquer e fico escutando até a bateria do meu celular acabar. Oh, merda. Por que eu não pensei nisso antes? Junto com o fone também está o carregador, porém não há tomada para eu carregar. Guardo o celular junto com o fone e o carregador na bolsa e escondo-a no armário, embaixo de um punhado de roupas.
Sem nada para fazer, fico rodando pelo quarto, pensando como eu vou sair daqui. Minha vontade é de correr para biblioteca e ler cada livro procurando informações que possam ser úteis na minha “fuga”. Entretanto tenho que esperar todos do castelo irem dormir para eu fazer isso. Nunca desejei tanto ter a capa da invisibilidade de Harry Potter. Como eu não tenho, terei que esperar.
Mais ou menos duas horas depois, uma criada vem verificar se estou bem e me oferece um chá. Digo que sim, tomo a chá e pergunto a ela se todos já foram dormir e a resposta é afirmativa. Assim que ela sai do quarto, me preparo para a ação. Tiro o vestido e procuro por algo mais confortável no meu armário. Porém tudo que eu encontro são vestidos e mais vestidos. Nota mental: lembrar-me de pedir à costureira para fazer uma calça para mim. Escolho um vestido simples de algodão e corto-o um pouco acima do joelho para que eu não tropece nele. Ok, ok, muito acima do joelho, não porque eu queria mostrar minhas pernas. É uma questão de coordenação motora, ou a falta dela.
Enfim, pego uma vela na minha penteadeira e a acendo. Abro a porta do quarto devagar, o que provoca rangidos assustadores. O corredor está vazio com exceção a um guarda que está de plantão, porém ele parecer estar dormindo em pé. Passo por ele despercebida, quando chego no meio do corredor lembro que esqueci o mapa do castelo no quarto. Volto para pega-lo e aproveito e pego um cobertor, me enrolo nele e de alguma forma me sinto mais segura para enfrentar a escuridão do castelo.
Com a vela em uma mão, o mapa na outra e meu cobertor amarrado em minhas costas como uma capa, atravesso corredores e mais corredores em busca da biblioteca. Depois de me perder duas vezes, finalmente consigo encontra-la. Sei que devo tomar o máximo de cuidado para ninguém me achar, mas não consigo deixar de acender todas as velas da biblioteca, porque esse lugar é muito macabro escuro. Procuro por livros relacionados à magia, espelho, viagem através de dois mundos. Acho muita coisa, mas nada do que eu procuro. Achei até como se faz um espelho. Os livros sobre magia são os que mais têm, porém não acho nenhum sobre viagem através de dois mundos. O sono me vence resolvo continuar amanhã, porém, quando estou me preparando para deixar o recinto, um pequeno livro me chama a atenção. Sua capa é de couro e bem no centro há o desenho de uma rosa em dourado. Não é nada comparado aos outros, com suas capas todas trabalhadas e cheias de detalhas, mas talvez tenha sido exatamente a simplicidade dele que me cativou. Pego ele com delicadeza e o abro. Para minha surpresa, não na nada escrito. Apenas páginas amareladas pelo tempo. Amareladas e empoeiradas. Tão empoeiradas que me fazem espirrar, minha mão bate na vela que está encima da mesa. O fogo se espalha rapidamente consumindo tudo o que vê pela frente. Fico em choque e não consigo me mexer. Penso que é o meu fim, mas do nada o fogo se apaga. Como num passe de mágica. Fico mais apavorada ainda porque não consigo enxergar absolutamente nada. Dou alguns passos no escuro e acabou esbarrando em alguma coisa. Alguma coisa não, alguém. Antes que eu possa gritar, a pessoa fala:
“Shhh, calma sou eu.”
Impossível descrever o alívio que sinto ao ouvir a voz de Felipe. Uma luz azul fraca se acende e ilumina o (lindo) rosto dele. Percebo que a luz vem da mão de Felipe.
“Você é um tipo de lanterna ambulante?”
“Algo do gênero. O que faz aqui tão tarde?”
“Eu estava fazendo uma pesquisa.”
“À uma hora da manhã?”
“Se descobrirem sobre o que eu estou pesquisando, vão achar que eu vou doida. O que você faz aqui?”
“Bom, não é todo dia que você acorda com fome e quando sai do quarto para ir à cozinha, encontra a Princesa andando sorrateiramente pelo castelo com um vestido minúsculo.”
Ele crava os olhos azuis cheios de malícia nas minhas pernas nuas e analisa cada centímetro delas fazendo com que minhas com que minhas bochechas cheguem a um tom de vermelho que tomates teriam inveja.
“Então você veio aqui para me assediar?!”
“Não seria assedio se você quisesse.”
Dou um tapa em seu braço e ele ri. Uma risada que me faz perder a sanidade por alguns segundos.
“Então, Alteza, eu já vou embora. Pode continuar com sua pesquisa secreta, qualquer coisa me chame que eu venho apagar seu fogo. Ou acende-lo.”
Ele vai saindo mas eu o chamo.
“Você poderia me levar de volta ao quarto?”
“Vossa Alteza está com medo?”
“Não!”
“Então não se importaria de ir sozinha.”
“Talvez eu esteja com um pouquinho de medo.”
“Nesse caso, seria uma honra.”
Ele faz uma reverência exagerada e eu rio. Pego minhas coisas e o caderno misterioso que provocou tudo isso e volto para o quarto com ele. Quando chegamos à porta eu agradeço e ele diz:
“Sempre que precisar, Alteza.”
“Para de me chamar assim!”
“Mas todo mundo te chama assim!”
“Porém ninguém usa esse tom de deboche!”
“Como quer que eu te chame? Bianca?”
Ele arqueia uma sobrancelha. Tenho um profundo recalque de pessoas que conseguem arquear só uma sobrancelha.
“Bia.”
“Boa noite, Bia.”
Ele deposita um beijo em minha bochecha e sai embora. Entro no quarto me jogo na cama e adormeço facilmente com o sorriso dele povoando meus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Comentem, poooooooor favooooooor!!!!!!!!!