Mais uma noite fria como muitas, ventos uivantes, porém uma lua cheia no céu, cercada de diversas estrelas brilhantes. E, de baixo daquele céu, também se podia ver certos pontos brilhantes parecidos com aquelas estrelas. Quer dizer... Nem todos poderiam ver. Apenas aquele menino que se encontrava cercado por eles. Com seu olhar quase vazio, cabelos dourados, uma pequena presilha em forma de cruz, e um capuz sobre o corpo, mantinha sua atenção no lago a sua frente, que refletia aquele céu estrelado. Era quase imperceptível, mas marcas de lagrimas ainda estavam em seu rosto.

“Por que eles fazem isso” Murmurou o pequeno, se encolhendo um pouco.

Tudo havia acontecido há algumas horas atrás, quando seus irmãos de criação, Berwald e Mathias, brigaram... Eles sempre brigavam, e quem sofria era este pequeno. Lukas, de alguma forma sempre acabava envolvido nas brigas, sempre tentava apartá-las, ou os maiores davam um jeito de o colocarem no meio, e sempre acabava mais machucado que qualquer um dos dois.

Mesmo que gostasse deles como irmãos, às vezes sentia que os dois maiores não faziam o mesmo. Por mais que as palavras deles tentassem expressar algum tipo de carinho, as ações eram contrárias. E nessa noite eles tinham o machucado mais uma vez, mas o pequeno loiro se fez de forte, não chorou, não demonstrou nenhuma expressão de dor, nada. Apenas aguentou calado como sempre. Porém, quando a madrugada chegou, e os outros estavam dormindo, se dirigiu pare esse local de que tanto gostava. Aqui ele poderia encontrar seus amigos secretos e podia chorar e mostrar suas fraquezas sem que ninguém as visse. Soltou um longo suspiro, ainda queria chorar. Sentia um vazio tão grande.

Mais lagrimas começaram a brotar de seus olhinhos, porém antes que elas caíssem algo chamou atenção do pequeno. Uma estrela, mas uma estrela diferente das outras. Desviou o olhar do rio, onde via o reflexo do ponto luminoso, e voltou seu olhar para cima, vendo a estrela caindo, deixando um rastro pelo céu. Estendeu a mão para cima, quase como se quisesse alcança-la, mas não podia, sabia disso. Mas lembrou-se de uma história que ouvirá que dizia que esses tipos de estrelas poderiam realizar desejos. Sempre imaginou que elas levavam os pedidos para os deuses do céu.

Fechou os olhos com força, ainda com a mão estendida.

“Eu quero alguém que não me machuque.” Sussurrou. “Eu quero alguém que goste de mim, um... Um irmão de verdade, por favor...”.

Abriu os olhinhos lentamente, a estrela não era mais vista, mas algo dentro de si havia melhorado. Seus machucados já não doíam tanto, e as lagrimas não saiam mais de seus olhos. Quem sabe os seu pedido tenha chegado até os deuses?