Eu sempre fui criada entre uma área intensamente carregada de tensão e medo. Violência familiar. Pai vagabundo. Mãe submissa. Abandono.

"Cadê meu pai, mamãe?" - perguntava

"Eu não sei, querida." - respondia cautelosamente

Mas ela sempre sabia. Ele estava bebendo, com as amantes e seus amigos.

Nunca mais observei aquele ser detestável desde que me tratou violento, pequena. A todo momento ele se encontrava fazendo favores para suas grandes amizades. Para eu e minha mãe? Hostilidade.

Enquanto os tempos se arrastavam lentamente para uma época onde meu poder estava em ascensão e a autoridade dele em declínio, aprendi a ler. Sim, divertia-me com imagens repletas de letras e números. Perdia-me no vasto e rico mundo da leitura.

Mais uma vez, o tempo passa e pára em um tempo sobre o qual tenho conhecimento sobre as minhas ações. A pura coragem infantil é substituída pela máscara da timidez adolescente.

Pelo menos, consegui obter amigos.

Ah, amigos... Preciosos e valorosos amigos que estão comigo à quaisquer instantes. Ledo engano.

Quando passei de uma sala à outra, não existia mais na vida deles. Seriam esses os amigos que estavam comigo desde a infância?

Então, aprendi a lição de que amigos verdadeiros não te substituem. Era uma pseudo-amizade, que alimentava à uma falsa realidade de felicidade.

Após tudo, encontrei outros companheiros. Estes, extremamentes leais. Infelizmente, apesar de estar no grupo mais recluso deles não sou melhor amiga de ninguém. Acho que jamais fui.

O que vem a seguir? Não sei. Somente Chronos poderá dizer-me.

Apenas anseio por menos solidão.