O enorme monstro saído do fogaréu do inferno era, ao contrário de seu primo mecânico, bem inteligente. Assumia uma posição defensiva e cuspia lava em mim, que eu conseguia desviar facilmente, devido a lentidão do ataque. Ao perceber que a tática não funcionava, alternou para uma mais ofensiva. Girava horizontalmente de forma rápida, fazendo com que sua larga cauda fosse empurrada para frente. Apesar de tentar desviar do ataque, com um médio pulo para trás, não sucedi. Fui arremessado contra a parede à minha esquerda.

Levantando rapidamente com o temor de levar outro golpe do monstro, avancei contra ele com minha espada empunhada em minhas duas mãos, para aumentar sua força de ataque.

Haltarium Kaizerla Hige!

Com minha força física nas alturas, concentrei minha força em minhas pernas e em um grande impulso pulei em direção ao monstro, cravei minha espada em sua costa e a retirei, rasgando facilmente suas escalas que, mesmo sendo duras não eram páreo para minha força. Agonizando de dor, a criatura se debatia violentamente, cuspindo lava pela sala toda. Em seu ultimo cuspe, que havia sido relativamente fraco em relação aos outros, a criatura sucumbiu, levantando uma grande nuvem de poeira ao cair.

Presenciando aquela cena, Jeff batia palmas. Parecia maravilhado com a derrota da besta. Eu pessoalmente não considerei aquilo uma batalha difícil, especialmente com esses poderes.

Você acaba de derrotar um Vulcanus! De fato, você dominou o poder dos Unihacks! Lidere o caminho agora!

Com o último sobrevivente em meu grupo e esses poderes extremamente fortes, eu estava pronto. Agarrei Azmarol, que estava no canto da sala. Fomos para o dormitório, onde estava Mary e Serene. As duas vieram conosco. Nos despedimos dos Hagos, que gritavam continuamente “heróis”!

Chegamos na porta frontal da cidade subterrânea. Estávamos prestes a subir pela escada, quando fomos interrompidos por um grande tremor que vinha de cima, seguido de um fino tentáculo negro perfurando pelo teto e quase acertando Serene, que por sorte desviou. Um Hago que usava uma armadura dourada gritou:

Ghan-Hraktori! Ele está aqui! Todos aos seus postos!

Que diabos está acontecendo?–Perguntou Mary.

Ghan-Hraktori! Uma besta horrenda composta de carne apodrecida! Ela é um pedaço de Shan-Hraktori, que é composta do mesmo material, mas é mil vezes maior e pode flutuar!

Aparentemente, estávamos sendo atacados por um pedaço daquela enorme criatura que vi no quadro. Mas ela não seria páreo para as minhas novas e poderosas Unihacks!

Vinte Hagos bem armados chegaram para a entrada, junto com mais dez encapuzados, que seguravam cajados metálicos e livros contendo Unihacks. Um deles leu em voz alta:

Zhenian Blessoul Mkraizhai Zhurich Hige!

O teto que nos separava do monstro começou a flutuar para cima, nos deixando a amostra para a besta. Os Hagos começaram a atirar contra ela com suas bestas. Uma chuva de flechas a acertava, enquanto os Hagos faziam as mais complexas Unihacks, que iam de bolas de fogo até um grande martelo de energia. Eu quis contribuir com a luta: Empunhei Azmarol em minha mão direita e a ataquei.

Ela não parecia sentir meu ataque, apenas olhou com um de seus olhos temporários e me empurrou. Mary atirava contra ela com sua Sniper, enquanto Jeff a bombardeava com diversas magias. Serene havia voado para o topo do abismo, desaparecendo novamente, assim como fez na luta com os Caninus.

Percebi que combate muito próximo não seria muito efetivo, desde que os Hagos estavam usando magia e bestas, e os que não usavam estavam equipados com longas lanças. Ela cuspia nuvens negras, uma delas acertou um pobre Hago, que sentiu imediatamente o efeito, mesmo usando armadura. Seu braço, o primeiro afetado, havia sofrido uma necrose severa e rápida. Logo todo seu corpo apodreceu, deixando apenas ossos e um miasma horrível.

Estava óbvio que eu estava lidando com um ser superior a qualquer outro no abismo. Eu comecei a invocar uma Unihack:

Azanius Mjoldo-

Fui interrompido por um poderoso golpe com o tentáculo desferido pela besta, que parecia estar furiosa. Ela se jogou para dentro do hall, esmagando os pobres Hagos que estavam usando lanças. Seus olhos ficaram vermelhos, suas bocas começaram a salivar sangue. Ela obviamente estava furiosa pela magia que eu ia usar, talvez fosse seu ponto fraco! Nesse mesmo momento, vindo do céu como um raio, Serene. Estava envolvida com uma espécie de chama azul, que ao acertar a criatura não acarretou nenhuma reação. Ela estava completamente focada em mim.

Cuspiu outra nuvem negra, que eu consegui desviar. Eu tentei usar novamente a magia:

Azanius Mjoldog Hige!

Desviando do golpe desferido pela criatura, uma larga esfera azul-clara de energia elétrica se formou sobre mim. Apontei para a besta, fazendo com que a esfera fosse em direção a ela. O monstro parecia desesperado, mas não conseguiu escapar: Ao acerta-lo, a criatura vibrou violentamente e explodiu em uma núvem inofensiva de poeira.

Virei-me para os Hagos e perguntei:

É sério que vocês não conseguiram lidar com essa besta? Foi tão fácil!

O Hago com armadura dourada virou-se para mim e me respondeu:

Na verdade, existem mais noventa dessas. Mas obrigado de qualquer jeito! Nós usamos magias mais fracas para evitar mortes e as vezes porque esquecemos de sua fraqueza. Passar bem!

Estava satisfeito com a resposta...meio que. Com Mary, Jeff e Serene, fui para o shopping, enfrentando poucas bestas, que não foram mais que um pequeno incômodo. Chegando no shopping, nos dirigimos para a loja de roupas onde Hawter estava.

Ele estava sentado em uma cadeira de madeira, lendo um estranho livro com “Necrono” alguma coisa escrita na capa. Aquilo não era importante, mostrei para ele que tinha conseguido Jeff em meu grupo.

Maravilhoso! Agora vocês estão prontos para viajar para a dimensão espiritual! Eu espero que você goste de pumas, Zach.

O quê?

Hawter gesticulou e um grande feixe de luz violeta saia do chão, indo em direção aos céus negros do abismo. Todos pareciam intrigados com aquilo. Hawter olhou para nós e disse:

Esse é o portal para a dimensão espiritual! Lá é como se fosse uma grande estação de metrô, só substituindo eles por grandes feixes de luz. Você deve chegar na estação principal. Não se preocupe se tudo lá lhe parecer um pouco...estranho, lá as coisas são vistas da maneira que realmente são. Quando estiver lá, se dirija para o portão 910.AUT.Coruja12.

Anotei aquele nome, depois andamos em direção ao portal, mas antes que pudéssemos entrar nele, Hawter nos chamou a atenção.

Ah sim! Lá o tempo passa de maneira muito lenta! Uma hora lá equivale a um segundo aqui, e está acontecendo uma guerra entre os Krazuamen e os Snozmen. Fique a vontade para ajudar, ou quem sabe dominar Unihacks novas lá. O portal de saída irá lhe levar para o exato lugar onde estão invocando Vazachor, ou seja lá o que estiver naquela outra dimensão. Se preparem, pois nem eu sei o que habita aquele lugar.

Tendo aquilo em mente, finalmente fomos para a porta. Senti uma poderosa corrente elétrica fluindo pelo meu corpo, depois indo direto para o meu coração e explodindo. Fomos teleportados para um lugar estranho...como Hawter havia dito.

Era uma espécie de floresta. Havia neve por todo lugar, as árvores eram estranhas: Eram muito altas, provavelmente tinham entre 15 a 19 metros de altura, tinham também uma madeira diferente, branca e aparentemente leve. Avistamos um grande muro a nossa frente, feito de tijolos cinza. Lembrei que Hawter tinha dito que as coisas lá eram do jeito que realmente são, portanto tratei de olhar para Mary, Serene e Jeff.

Foi uma grande surpresa! Mary havia se transformado em uma espécie de mulher-raptor, com escamas verdes e olhos amarelos reptilianos! Jeff havia assumido a forma de um musculoso humanoide com cabeça polpuda e asas longas, porém pouco desenvolvidas, era como se tivessem pegado um polvo, um dragão e fundido com um humano. Serene era a mais impressionante: Uma grande serpe com plumas da cor branca e listras negras. Seus olhos queimavam em uma brasa azul-clara brilhante. Minha coruja acabara de virá um dragão!

Depois de chegar a conclusão de que eu tinha o animal de estimação mais poderoso interiormente, tratei de ver como era minha figura. Fui direto para uma poça d’água que havia por perto, que misteriosamente não havia congelado com o frio. Enquanto os demais se deslumbravam com suas formas, descrevendo a dos outros e tendo as suas descritas, eu tratei de ver a minha naquela poça.

Eu era um humanoide, coloração negra como a noite, com listras amareladas na horizontal. Havia garras curtas, porém cuja agudez reluzia em meus olhos. Enquanto minha cabeça, era a de um puma, com olhos amarelados, presas longas e afiadas, assim como meus dentes. Eu também tinha uma cauda, longa como a de um puma.

Apesar de estar diferente, reconheci a voz de Mary me chamando:

Não é incrível, Zach? Eu sou uma Kobold Aquelas criaturinhas infernais que vivem matando meu aventureiro no Black Soul! Jeff parece algo saído da história de um escritor de horror cósmico e você parece... alguma criatura bem incrível!

Eu não sabia que Mary jogava MMORPGs, talvez eu a convide para uma partida em BlackSoul... Ah, sim! Com todos maravilhados com suas novas e incríveis formas, fomos em direção a fortaleza que estava na nossa frente. Abrimos cuidadosamente o portão e fomos recebidos pelos Snozmen. Estavam todos bem armados com estranhas, porém interessantes armas.

Owlazar! O carinha que Hawter enviou chegou!- Disse um deles.

Mande o entrar! –Respondeu uma voz, que tinha certeza que era a de Owlazar.

Fomos para uma grande torre no meio da fortaleza. Ela era gigantesca, talvez tivesse uns 50 andares, se não mais. A entrada era protegida por dois Snozmen, que usavam alabardas feitas de um metal branco, semelhante ao de Lavanda. Eles nos deixaram entrar. Infelizmente, Serene teria de ficar no lado de fora, devido ao seu tamanho. Um guarda que estava protegendo a torre disse:

Lorde Owlazar está no último andar. Tenham cuidado com Belze! Uma besta criada pelos Krazuamen, que certo dia se infiltraram na torre e puseram essa aberração a solta. Ninguém descobriu sua localização, apesar de que se estima que ela fique no andar 25, onde foi encontrado um grande número de corpos.

Tendo isso em mente, entramos na torre e partimos em uma pequena jornada pela extensa torre, maior, porém menos tortuosa do que a torre dos Krazuamen, no abismo. Seria uma mini jornada, que testaria a resistência de nossos pés...ou melhor, patas.