Beckett gemeu ritmicamente em decorrência do estado que acabara de atingir. Tentando restabelecer suas respirações, eles permaneceram como estavam. Castle abraçou a mulher por baixo dos seios e encostou o nariz em seus cabelos desalinhados.

“Uau, Castle! Eu não imaginava que isso poderia ser tão gostoso na gravidez. Apesar de restringir posições, parece que as sensações se intensificam”.

“Sabia que estou adorando você assim... assanhadinha? Estes hormônios ganharam meu respeito, pode acreditar. Fizeram um bom trabalho em você”.

Ela gargalhou. Já estava na metade do sexto mês de gestação, sua barriga crescia cada vez mais e a ansiedade só aumentava. Castle era maravilhoso, sempre atento e preocupado com o bem estar dela e do bebê. O escritor vestiu a boxer e passou para o outro lado da cama, a fim de encará-la. Depositou um beijo em sua boca; outro no ventre. Sua barba fez cócegas nela e ele sentiu Beckett se encolher no mesmo momento em que seu filho se mexia. Aquela sensação era incrível. Substituindo os lábios pela mão, acariciou toda a extensão da barriga.

“Hey, garotão. É o papai. Como você está?”. Ele mostrou um sorriso para Beckett e continuou “Acho que ele gosta de mim”.

“Claro que gosta, ele sabe que o pai dele é o melhor do mundo”. Foi a vez de ela fazer carinho nele, percorrendo o rosto masculino com o dorso dos dedos. “Se me perguntar se estou preparada para cuidar de uma criança, eu estaria mentindo ao dizer que sim. Mas eu não tenho medo porque eu tenho você ao nosso lado. Eu tive certeza que não precisava me amedrontar desde que você não conseguiu controlar as lágrimas com a notícia, aliás, desde aquela época quando o Cosmo estava sob os nossos cuidados...

“Eu te amo, Kate e, eu te amo, Alex. Estarei aqui por vocês, sempre”.

“Tenho que jogar as mãos para o céu e agradecer a Deus por ele ter reservado meu ventre para você, Rick”.

O coração dele se encheu de uma paz inexplicável ao ouvir tais palavras. Percebeu que o seu pequeno estava mais agitado, movendo-se constantemente.

“Acho que vocês estão com fome. Eu já volto”.

~x~


2 folhas de couve
1 copo d’água
1 laranja com bagaço
100 ml do sumo de limão

Bater no liquidificador e não coar

Olhando o pedaço de papel grudado na porta da geladeira, entre tantos outros, Castle pensou que pelo menos para alguma coisa, Pi tinha serventia. Separou os ingredientes, mas antes de preparar o suco colocou os pães de torrada na máquina.

Mudança de rotina, mudança de hábitos, mudança de pensamentos. A gravidez proporcionava isso a um casal. Por mais que já tivesse experiência no ramo, nunca seria igual. Para Kate era ainda mais difícil. Talvez sua profissão tivesse a endurecido, talvez o destino de sua mãe houvesse contribuído com seus sentimentos sobre filhos. Mas como todo ser humano, complexo, porém mutável, ela havia se adaptado mais rápido do que ele apostaria. Suas atitudes já denunciavam a maternidade. Ele não poderia estar mais realizado com a vida que estavam construindo. Agora, a três.

Colocou as torradas no prato, olhou para o suco verde e fez uma careta. Será que ela se adaptará a mais isso? Seu pensamento foi interrompido por ela recém saída do quarto, com um vestidinho folgado e decotado evidenciando os seios consideravelmente mais fartos. Bem, ele não podia negar que a mudança no corpo dela deixou-a ainda mais sexy.

“Castle, o que é isso? Vou proibir a Alexis de trazer o Pi aqui, só sobra para mim”. Ela fez uma cara emburrada ao ver o aspecto do suco. “Como vou acreditar que você me ama, se me tortura a cada refeição com essas coisas suplementadoras de ferro?”.

“Pare de drama, detetive. Só estou cuidando da minha família”.