Jogos da Virtualidade escrita por GMarques


Capítulo 17
A Assassina.


Notas iniciais do capítulo

Minha vida é doida. Mas agora finalmente estou de FÉRIAS! O/
Espero que gostem deste capítulo. Já começo o outro hoje, para não atrasar ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/508976/chapter/17

Não há nada no céu. Mas deveria haver. Para mim "voe junto com seu bônus" significa que o mesmo está no alto, e como alcançaremos algo que nem sequer sabemos o que é.

–Desculpe estragar seu ânimo, mas não há nada no céu. -Luzia fala olhando para mim. Como se eu fosse cego. Decido não respondê-la.

–Você precisou de um doutorado para perceber isso? -Mohinder zomba dela.
Ela bufa e vira o rosto de lado revoltada.

–Vou começar a montar algumas armadilhas. -Jennifer se levanta para procurar algo, provavelmente gravetos ou qualquer outro material necessário. -Podemos dormir por aqui, e amanhã, se tivermos sorte, comemos. -Ela vai embora.

–Não podemos ficar aqui. -Luzia fala, num tom controlado e calmo. -É perigoso, pode chegar alguém.

–Alguém fica de guarda, sei lá. Não temos tempo para procurar abrigo. O sol já está quase se pondo. -Digo.

–Sabe o que eu acho? -Mohinder pergunta, mas não espera uma resposta. -Que precisamos fazer uma fogueira. Jennifer não está muito longe, vou procurar algo que queime com ela.

–Eu vou junto. -Luzia se prontifica.

Os dois levantam e vão procurar material. O que deixa Joana e eu totalmente a sós. Não sei exatamente o que fazer, o que falar. Joana está sentada num canto, quieta e totalmente vazia de si, e eu noutro. Acho melhor não tentar puxar assunto. Eu não sei. Eu sei que não posso, mas não aguento o silêncio, isso me deixa tenso. Chego mais perto dela, e sento de seu lado.

–Você quer conversar? -Eu arrisco.

Não há resposta, ela continua na mesma posição. nem sequer se mexeu. Não sei se ela me ouviu, ou ouviu e não quer responder. Talvez não tenha forças para responder.

Com seu silêncio, percebo que eu não tinha porquê tentar um início de conversa. Então eu abaixo a cabeça e deixo o silêncio de palavras tomarem o lugar. O silêncio é quebrado, e eu finalmente ouço a voz de Joana novamente:

–Eu matei ele. -Sua voz é trêmula, de um pré-choro, não sei. Ela se encolhe, posicionando a cabeça sobre o joelho.

–Você quer falar sobre isso? -Talvez desabafar tudo a faça melhorar. Ou talvez só faça piorar relembrando-a. Não sei.

A sua resposta é com a cabeça, um vai e vem bem curto para os lados. Não.

–Está bem. -Preciso tentar confortá-la, mas eu não sei como. Talvez eu descubra agora. -Se você precisar de algo, sabe... Alguém para desabafar... Fala comigo, está bem? -Isso, deixarei ela com o eu tempo. Acho que tenho que respeitar isso de sua parte. Cada um tem seu tempo.

Eu me levanto e me sento um pouco mais longe dela. Mas não paro de encará-la. Fico assim por um tempo. Agora ela está olhando para o vazio da floresta e das árvores que nos rodeiam. Os últimos raios de sol estão no céu. Vejo Mohinder chegando, ele é indiano. Atrás dele, Jennifer, alta com seus longos cabelos negros presos num rabo de cavalo. E por último Luzia com seus cabelos loiros.

–Até que enfim. -Digo. -Por que demoraram?

–Porque essa floresta é suicídio, não tem absolutamente nada aqui. -Mohinder fala com um tom de revolta.

Todos estão com um pouco de material na mão. Jogam-no no chão e começam a dividi-lo, o que vai para as armadilhas e o que vai para a fogueira. Quando eles finalmente terminam, só sobra um raio de luz no céu, o último raio de luz.

–Não temos tempo para tentar acender essa fogueira. -Jennifer fala, sua voz sai meio agoniada. -As noites aqui são muito escuras.

–Vamos só tentar. -Mohinder fala. No peito dele e de Jennifer está o símbolo de um cachorro, não sei.

–Sei que não convém à situação, mas... -Eu realmente sou muito curioso, essa devia ser uma das minhas qualidades: curiosidade. -...Vocês são da Equipe Cachorro? -Eu solto um pequeno riso.

–Engraçadinho. E vocês é da Equipe Gato? -Ele retruca, sem rir.

–É uma onça. -Respondo sem cerimônia.

–Somos da Equipe Lobo. -Mohinder dá um fim ao assunto. -Como vocês conheceram Lucia? -Mas, nada o impediu de começar outro. Ele pergunta sem olhar para mim, com o graveto na mão, tentando acender a fogueira.

–Ele salvou a minha vida. -Luzia se entromete. -Foi assim que ele me conheceu. -Ela me pareceu um pouco arrogante.

Os olhos dos dois se encontram, como se um fosse agarrar o pescoço do outro. Não sei o que há entre os dois.

–Vocês nunca vão acender isso. -É Joana. Ela falou algo, algo mais completo. Ela mexe em sua bolsa de lado e joga uma caixa retangular metálica perto de mim.

Eu a abro. São fósforos, três exatamente. Eu olho para ela e antes que eu possa dizer obrigado ela me interrompe:

–Façam bom proveito. -Sua voz sai fraca e falha.

Eu os entrego para Mohinder, e um brilho no seu olho é visto. Ele risca um dos fosfóros e acende a base da fogueira. Uma pequena chama começa a queimar e depois o fogo começa a crescer, lentamente. Não há mais luz do sol no céu, e agora a fogueira nos ilumina. O calor dela também é muito confortante. Na noite passada a caverna era fria.

–Você é o líder da sua equipe não é? -Jennifer nota o bracelete. Ela não espera eu responder. -Nossa equipe foi um desastre total. Na hora hora de nos "conhecermos", um tentou matar o outro. -Ela diz tirando um bracelete do seu bolso. -Parece que não somos bons líderes.

Eu somente concordo com a cabeça e todos continuam em silêncio. Quando Jennifer termina de montar uma armadilha, ela se levanta e começa a adentrar na floresta, apenas dizendo:

–Não vou muito longe. -Ela some na escuridão da mata.

E não foi, depois de um curto período de tempo ela retorna sem a armadilha. A nossa fogueira é brilhante o suficiente para atrair inimigos noturnos. Por isso precisamos de alguém que permaneça de guarda. Mesmo que Mohinder tenha se oferecido, eu o insisti a que eu ficasse primeiro, já que dividimos em turnos.

~~~

Todos já estão deitados, estirados no chão perto da fogueira, sem nem um pouco de luxo. Menos Joana, ela está acordada ainda com o olhar vazio. Não quer dormir. Talvez não tenha se tocado ainda que está na hora de ir dormir.

–Joana, você não vai dormir? -Pergunto-lhe singelamente. Bem baixinho para não acordar ninguém.

–Eu matei ele Marcaé. -Ela olha nos meus olhos, profundamente. Ela está destruída. -Foi eu Marcaé! -Ela começa a chorar, não muito alto, mas começa.

–Você não precisa falar disso se quiser. -Não quero vê-la chorar mais.

–Não! Eu quero. -Ela olha pra baixo, retoma a si e me olha nos olhos de novo. -Você disse que seria um ouvinte. Então agora me escuta.

–Está bem. -Digo e deixo-a falar.

–Eram quatro, quatro meninos. Eles nos cercaram, iam nos atacar. Nos matar. Não podíamos fazer nada, a não ser nos defender. Matar para sobreviver. Eu não era a favor, mas eu ia fazer o que? Morrer? -Ela dá uma pausa.

–É claro que não. -Tento reanimá-la.

–Cale a boca, ainda não terminei. -Um lado de Joana vive. -Raul mandou que nos separássemos e falou para que eu atirasse em tudo que se mexesse. Eu estava com medo. Estava assustada. Eu sou uma pessoa de vários sentimentos. -Dela escorre uma lágrima. -Eu estava andando de árvore para árvore, com medo de alguém me ver. Eu ouvi o som de um corpo cair. Eu não sabia o que ou quem era. Quando eu vi algo se mexer, atrás da árvore, eu... Eu... -Ela olha para baixo, segura o choro, e olha nos meus olhos de novo. -Eu fiz o que ele disse. Eu atirei. Mas eu não sabia que era ele, eu juro Marcaé.

–Eu acredito em você Joana. -Eu seguro suas mãos.

–Quando eu vi que era ele. Ele ainda estava vivo. Ele tirou a flecha de si mesmo e a entregou em minha mão. -Ela respira fundo. -E disse meu nome, foi sua última palavra.

–E os garotos? Não te fizeram mais nada?

–Eu não sei, talvez eles tenham se assustado. -Ela aperta minha mão agora. -Obrigado por me ouvir Marcaé. -Mais uma lágrima escorre de seus olhos.

Depois disso, ela se deita no chão perto da fogueira, que já está ficando fraca. Quando estou muito cansado para continuar, acordo Mohinder e o deixo de guarda. Deitado no chão, com a grama pinicando e com os pensamentos na cabeça, eu adormeço em pouco tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

POR FAVOR! Comentem! Só assim sei se tem ou não gente acompanhando a fic.