Jogos da Virtualidade escrita por GMarques


Capítulo 14
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Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal que acompanha os Jogos da Virtú. Estou tentando ser pontual quanto às atualizações. Então, se vocês perceberem que eu estou demorando muito para sair com capítulo novo. Vá na minha caixa de mensagens e me alerte. Pode me xingar à vontade até, só faça eu postar!



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Está tudo branco. É um clarão muito forte. Ainda não consigo destacar se estou imaginando essa forte luz ou estou nela. É muito confuso.

Quando estou quase redescobrindo o que é uma visão vejo que estou numa imensa planície, cujo árvores de pequeno porte predominam. Não é uma mata fechada, estão afastadas umas das outras. Conforme minha visão melhora eu percebo que ao fundo há certos relevos, o que faz daqui um planalto.

Eu estou vestido com uma camiseta verde, onde há o símbolo da onça, e uma calça preta um pouco azulada. O bracelete do líder continua comigo. A julgar pelas roupas que eu era obrigado a usar em Virtualidade X isso é bem melhor. Deve me lembrar que continuo em Virtualidade X, digo, meu corpo físico está lá mas, a minha mente não.

Vou caminhando sem rumo, em linha reta. Preciso achar os outros do Grupo Onça, preciso localizá-los. Em principal, preciso achar Joana, não a vejo desde o ocorrido com Shisudva. Devo parar de pensar nela. Então tomo a decisão de esquecê-la, e se necessário, vou chamá-la de A Outra. Talvez desse modo eu pare de me culpar sobre a sua morte, mesmo sabendo que, realmente, a culpa foi minha, em parte.

Algo está me incomodando no bolso da calça nova, então enfio a mão lá para ver o que tem. É um cartão, mais para um bilhete, mas é o formato de um cartão. Nele está escrito, de forma rápida, dando-me uma opção: "À árvore maior ou ao nada"

Subo no relevo mais alto que encontro à procura de uma árvore que seja consideravelmente maior em relação às outras. É meio difícil não notar a presença dela, deve ter uns dois metros a mais que as outras. E como estão afastadas uma das outras fica bem mais fácil notá-la. Ela parece estar distante.

Ponho-me a caminhar em direção à árvore, não sou bom com espécies, não sei ao certo qual árvore é essa. Estou chegando na árvore. Pela quantidade que caminhei a distância que eu parecia ver foi ilusão. Está mais próxima do que imaginei. Antes de chegar a árvore, vejo que em baixo dela há suprimentos e armas e há mais duas pessoas se aproximando pelo lado aposto ao meu. É uma garota e um menino. Eles estão um do lado do outro, caminhando em direção à árvore. Eles se aproximam mais um pouco e posso ver que a garota é Joana. Ela está com a mesma camiseta verde e calça preta-azulada que eu, já o garoto ao seu lado, que não sei quem é, está portanto uma camiseta cor azul, a calça prossegue a mesma.

Passo de árvore em árvore, me escondendo atrás de seus troncos. Passo de modo calculado e rápido, sem ser visto. Logo estou a umas duas ou três árvores atrás dos dois. Tomo coragem e saio de trás da árvore falando:

–Joana? -Que seja Joana. Se for outra garota dos 200 participantes que se parece com ela estarei perdido. -É você? -Pergunto para me certificar.

–Marcaé! -Ela corre e me abraça. Minha última lembrança com Joana, Kêntrikou e... A Outra estavam juntos, prefiro fingir que estou conhecendo-a agora. -Ainda bem que está vivo. Até chegarmos aqui dois tentaram nos matar. -Ela me solta.

–E... -Abaixo a voz e aproximo minha boca um pouco perto de seu ouvido, -Quem é ele? -Pergunto rapidamente e volto a minha posição anterior. -Ele fala nossa língua?

–Esse é Raul. -Ela se aproxima um pouco dele em puxando junto dela. -E sim, ele fala nossa língua.

–Prazer. -Ele estende a mão. Ele é mais alto que eu, e aparenta ter uns 18 anos. Que azar, mais um ano e estaria livre dessa chacina. Aceito seu cumprimento e ergo minha mão para ele.

–Encontrei com ele quando uma daquelas loucas de outras equipes tentou me matar. Se não fosse por ele, não sei se estaria aqui falando com você.

–Mas, você a matou? -Pergunto a respeito da garota que atacou Joana.

–Aqui é matar ou morrer, meu caro. -Raul fala, me olhando nos olhos. Seus olhos são escuros. Ele não me assusta. Mas imaginar que ele matou alguém de mãos vazias...

–Precisamos encontrar o resto de nossa equipe. -Digo. Vou me aproximando do tronco da árvore maior. -E precisamos pegar o máximo de coisas que conseguirmos.

–É... -Joana gagueja. -É disso que eu tenho que falar. A segunda garota que nos atacou, tinha uma onça costurada na camiseta. As equipes não serviram de nada.

–E não podemos ficar aqui por muito tempo, se nós encontramos o cartão em nossos bolsos, logo outros encontrarão. -Sua camiseta tem um peixe costurado.

–Então por que ainda estamos conversando? -Digo e me abaixo para pegar uma bolsa preta que está no chão, apoiada no tronco.

Raul e Joana repetem, ambos andam um pouco e pegam bolsas que estão próximas da árvore. Mas evitam se afastar muito. Joana pega uma bolsa de lado e um arco e flecha, analisa-o e põe a bolsa com aproximadamente 10 flechas em suas costas.

–Você sabe usar isso? -Pergunto. Ela nunca mencionou nada sobre praticar tal ato.

–Eu treinava um pouco no orfanato. -Ela diz. -Escondida, claro.

–E como você arranjou um arco num orfanato? -Raun pergunta. Ele pegou um facão que deve ter uns 25 centímetros.

–Eu tenho meus truques. -Ela não nos revela.

–Pegue logo algo Marcaé. Precisamos ir logo. -Como ele sabe meu nome? Ah sim, Joana gritou meu nome, ou melhor, como ela prefere pronunciá-lo.

Eu olho para o chão, dou uma volta e encontro um pequeno estojo de facas acoplado ao lado de dentro de uma jaqueta. Acho que são do tipo lançável, não sei ao certo. Pego a jaqueta, ela é fina e visto-a. Ao lado de onde estava a jaqueta, jogada, há um punhal. É estranho pegar algo tão parecido com uma faca cujo objetivo não seja cortar legumes, mas cortar pessoas. Pensar nisso me dá remorso. Não quero pegar essas facas e continuar nesse jogar. Queria estar ainda no meu quarto falso à ter apertado o iniciar.

–Acho que agora podemos ir. -Digo.

–Então vamos. -Joana diz num breve tom. -Pressinto que algo ruim vai... -Antes que ela possa terminar de falar, duas pessoas começam a correr em direção a árvore.

As duas pessoas não estão correndo juntas, para alcaçarem a árvore e se ajudarem. É um menino, alto, muito mais alto que a garota que está correndo e gritando na sua frente. Fico imaginando o que os Jogos da Virtualidade faz com a mente de alguém para que ela saia correndo para matar outras. Acho que não são os jogos, mas sim o medo. O medo torna mesmo aqueles que a gente mais confia em nossos inimigos. O medo nos desperta a desconfiança. O medo faz o nosso lado maligno ser despertado. Tenho medo de ter medo. Não posso deixar essa garota morrer. Tenho que salvá-la, mesmo que eu precise matar o garoto que a persegue
–Que má sorte a dela. -Raul diz e continua a caminhar na direção contrária. Joana olha nos meus olhos, quase que me dizendo para eu não fazer uma burrada. Mas eu possuo a qualidade teimosia.

–Não posso deixar ela morrer assim. -Me viro e corro em direção a garota e ao menino.

–Marcaé! -Joana grita, não sei se ela está correndo atrás de mim. A adrenalina que percorre o meu corpo não me deixa virar o rosto para trás para olhar.

Num instinto, pego uma das facas do lado de dentro da jaqueta e lanço-a na direção do garoto. Ela segue uma direção única. É como se o tempo tivesse parado. O barulho do zunido da faca cortando o ar. Até chegar mais perto do garoto e cortá-lo. A faca atingiu seu peito. O garoto desaba no chão e a menina se joga no tronco da árvore. Ela começa a chorar. Eu olho para o corpo do garoto estirado no chão, ele ainda está vivo, de barriga para o ar.

Raul e Joana se aproximam. Eu vou para perto da garota e pergunto, tentando esquecer o que aconteceu. Mas não tem como esquecer.

–Qual seu nome? -Pergunto.

Yo no te entiendo! No te entiendo!–Ela está aterrorizada. Eu também estou, acabei de matar uma pessoa. Ela tem os cabelos loiros e os olhos castanhos. Sua cara de medo me assusta.

–Ótimo! Que droga! Ela nem fala nossa língua! -Raul está bravo. Está esfregando suas mãos no rosto, parece que quer arrancá-lo. -Seu idiota.

Olho profundamente para ele. Não gosto dele. Ele parece ser corajoso. Mas é como eu, está assustado.

Eu me ajoelho ao lado da garota. E tento mais uma vez, dessa vez dou uma pausa nas palavras, assim talvez ela associe com palavras de sua língua.

–Qual... -Começo. -...O teu... -Espero ela mudar a feição. -...Nome? -Encerro.

Mi nombre?–Ela fala devagar, assim como eu falei com ela.

–Sim. Seu nome. -Digo lentamente.

–Prazer Lucia. -Digo, ajudando-a a levantar-se.

Lucía–Ela me corrige.

–Prazer... Luzia. -Luzia, o nome que me soou mais próximo do que ela tentou me corrigir.

Ponhamo-nos a caminhar. Em direção ao nada. Hoje, foi só o primeiro dia. E pelas minhas contas, faltam ainda 197.


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