Jogos da Virtualidade escrita por GMarques


Capítulo 12
Shisudva, a luz transformou-se.


Notas iniciais do capítulo

O/ Capítulo novo, capa nova!



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As salas que os monitores exibiam continham principalmente o foco principal do dia, os grupos se reunindo para se "conhecerem", se assim posso dizer.

–Olhe isso! -Digo impressionado com o que estou vendo.

–Eu estou vendo. -Joana diz com a mesma cara de surpresa.

–São todos os outros grupos. -Digo enquanto me aproximo do telão.

–E parece que eles são bem mais organizados que a gente. -Ela fala, também se aproximando.

–Deve ser só impressão. -Sugestiono. -O que vamos fazer com esse telão?

–Vamos procurar a sala com o tradutor, ou qualquer outra coisa útil que possamos usar. -Ela fala.

–Então está bem. -Digo.

Nos aproximamos mais ainda da tela, a ponto de praticamente 'beijá-la. E começamos a andar, por lados opostos, de monitor em monitor para observarmos melhor cada grupo e cada sala que esses ecrãs disponibilizavam a mais.

–Ei, será que dá para tocar na tela? -Joana põe o dedo na tela com a esperança de ter alguma resposta. E eu, quase que como um instinto, me vejo por pará-la:

–Nã..! -Tento evitar, mas ela já colocou a mão no monitor. A resposta do monitor é um singelo "senha de voz, por favor". E então, Joana olha para mim, com uma respiração profunda, e um também profundo sentimento de medo, ela lança sem querer uma palavras:

–Marcaé. -Clamando por socorro, como se tivesse feito algo errado - e fez, a espera que fizesse algo, mas nem eu sabia. Essa situação me lembra muitos fatos do passado, principalmente quando meu irmão sumiu e depois de um tempo descobrimos que ele foi selecionado.

O monitor analisa a voz de Joana, e então repete uma única vez, Marcaé... É daí que tudo fica num silêncio, nem eu nem Joana, muito menos o monitor fala alguma coisa. Ficamos assim por uns cinco segundos, em puro suspense. Até que todos os monitores ficam vermelhos e a mesma voz repete num tom assustador, "voz incorreta". E todos os monitores lançam a frase "voz incorreta". A voz se expande cada vez mais a um tom assustador. Depois da mesma voz repetir a mesma frase cerca de oito ou dez vezes, um alarme muito alto começa a soar.

–Marcaé! Faça-o parar! -Ela está agachada, com as mãos sobre as orelhas, chorando, provavelmente assustada, muito assustada, também estou assutado.

Eu me agacho junto a ela, e a envolvo em meu braços, a fim de que ela se acalme pelo menos um pouco, e por impulso do momento digo em um tom calmo, como se o alarme tivesse parado de ecoar e tudo a nossa volta tivesse paralisado:

–Não se preocupe, eu sempre vou te proteger.

Ela respondeu ao meu abraço com outro, e nesse exato momento, em nossas cabeças o alarme parou. Só depois de um tempo percebemos que realmente o alarme parou e não há mais nada a nossa volta. Tudo que tem ao nosso redor é o vazio, que pode ser descrito como uma imensidão branca que não tem começo nem fim.

–Onde estamos? -Joana pergunta enquanto põe a se levantar. Ela está olhando para todos os lados. Joana parecia ser a pessoa mais durona que eu conhecia... Parecia até ela sair de si.

–Na verdadeira Virtualidade X. -Respondo.

Como mágica, um mundo começa a se projetar na imensidão do nada. O chão de pedra e paredes góticas se projetam, acendendo tochas em formatos de cabeças de dragões. Um castelo medieval? Eu não sei. Junto com o resto, projetou-se também uma porta de madeira, dos tipos antigos, por onde entra a figura de roupa vermelha acompanhada pelas duas figuras femininas de prata brilhante, Kêntrikou. Com a sua voz grossa, como sempre, ele começa a berrar em tons altos, com ódio e desprezo, com possíveis sentimentos:

–Acham que podem fugir?! -Ele começa a se aproximar de mim e de Joana, que ficamos lado a lado. -Estão na minha dimensão! Eu quem mando aqui! -Ele grita olhando para o teto e girando, tentando demostrar o seu inútil poder.

Tudo que consigo fazer é encará-lo, assim como na primeira vez que o vi. Mostrar todo o ódio que sinto por ele é o que quero, mesmo sabendo do perigo.

Sem resposta, ele volta ao sermão:

–Já que se acham poderosos o suficiente para fugir. Então que comecem os jogos! -As duas mulheres atrás dele começam a bater palmas inutilmente. - Mas, não os oficiais. Quero que se enfrentem. Você. -Ele aponta para mim. -...E ela. -Ele aponta paras Joana. -Os dois numa luta até o fim. O perdedor receberá o game over. -Ele diz dando as costas.

Joana e eu nos olhamos, pois sabemos que nenhum de nós quer fazer tal feito. Duas lanças se projetam em nossas mãos, do mesmo jeito que a sala. Não posso fazer isso, e se for para que alguém ganhe os Jogos da Virtualidade, ou pelo menos sobreviva por mais tempo eu quero que seja Joana.

–Lutem! -Ele grita loucamente para iniciarmos.

Mesmo com a ordem não há reação de nenhum dos dois. Somente estamos olhando um no olho do outro, tocando no desespero que a alma esconde, sabendo que nenhum de nós merece isso. É com esse olhar que eu conheci mais Joana do que das últimas e poucas conversas que tive com ela. Nessa saída do corpo eu solto a lança de minha mão e digo:

–Eu não fazer isso. Mate-me. Saia daqui e vença os jogos da virtualidade. -Sinto uma lágrima escorrer do meu olho, tão fria quanto o vazio que nos acolheu há pouco.

–Eu também não posso. -Ela solta a lança e vem em minha direção a me abraçar.

Eu o devolvo com um abraço mais caloroso ainda. Algo que Kêntrikou não gostou nada;

–Já que não lutam, não vejo escolha a não ser eliminar os dois! -Ele grita.

Joana e eu olhamos um para o outro e fechamos o olho na espera de que o que há de ser feito seja, sem que precisemos nos preocupar em ver o que ocorrerá antes. E é daí que eu ouço a grande porta de madeira se abrir com violência mais uma vez. Outras duas figuras conhecidas saem da mesma, só que agora não são ameaças, são As Shisus.

–Odin, Dva! -Falo com alegria.

–Pare com isso! Eles não merecem! -Shisudva entra na frente de Kêntrikou.

–Ninguém me diz o que fazer! -Ele grita. -Unidade Dva, você está desativada! -Ele diz metendo seu punho no peito de Shisudva e a atravessando numa nuvem de micro-luzes.

Tudo que posso fazer é gritar. Um grito longo e quase sem fim, como se pudesse voltar no tempo. Caio no chão de joelhos, pois acabo de perder não só a minha programação auxiliar, mas também uma ótima conselheira e amiga.

–Hoje vocês se livraram. -Ele fala com a voz em tom normal, grosso. -Unidade Odin, tire eles daqui.

–Sim. -Shisuodin responde com a mesma voz de sempre, porém baixa, como se tivesse sido afetada.

Kêntrikou e as outras duas mulheres saem da sala e a mesma volta a ser mesma do início, sem os monitores. Joana está parada atrás de mim, com a mão em meus ombros, como forma de apoio.

–Eu sinto muito. -Ela diz com a voz baixa.

–Dva nos salvou. -Eu falo com a voz meio rouca.

–Nós sabemos Marcael. Precisamos ir agora... -Shisuodin diz e dá uma pausa. -...Para evitarmos problemas.

Pelos corredores cromados, encontramos as programações auxiliares de Joana e elas a guiaram, nos despedimos com um mero tchau. Shisudva tentou impedir Kêntrikou para salvar a mim e a Joana, e agora se reduziu a focos de luz que sumiram no ar. Assim como Shisuodin, Dva tinha uma ligação comigo e As Shisus entre si, sinto que não só eu mas também Odin está abalada.

No meu dormitório, na mesma cama de sempre, penso, não consegui unir meu grupo, não salvei a mim e a Joana, e por minha culpa Shisudva está morta. Tudo que eu quero nesse momento era ter morrido junto com ela, assim não haveria mais preocupações, tristezas, a saudade, culpa e nem mesmo os Jogos da Virtualidade. Quem sabe eu já morri e esse seja o meu castigo a ser cumprido? Cá estou eu a pensar. Pensar e pensar, quase não dormi.


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Notas finais do capítulo

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