One Shot: Railway escrita por Ann Grigori


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira One Shot, então...



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Estava andando de trem cobrindo meu nariz com o cachecol, aquele dia maldito estava tão frio, desejava de todas as formas um bom chocolate quente. Ao contrário daquela gente de dentes amarelos eu odiava café e até mesmo o cheiro desse grão.

As viagens de trem costumam demorar tanto assim?

“Senhoras e senhores passageiros pedimos que fiquem calmos e sentados em seus acentos, os trilhos estão congelados e vamos ter que esperar mais um pouco, lamentamos esse infortúnio.”

Lamentam nada. Pensei.

Eu era tão rabugenta e nos dias de inverno rigoroso como aquele ter que sair da minha cama quentinha só pioravam as coisas.

Havia um rapaz mascando chiclete no outro lado do corredor, encarei-o sem querer algumas vezes naquele dia, mas agora olhá-lo já era algo hipnotizante.

–Posso sentar-me ao seu lado? Ele finalmente havia parado de mascar, não respondi apenas virei o pedaço do meu rosto que o cachecol cor de caramelo não cobria e foquei minha visão na janela.

Você é uma mulher ou um chiclete mascado?

Pensei.

Você é uma bobinha mesmo.

Bufei.

Para minha surpresa o rapaz de cabelos castanho-claros e olhos verdes quase que amarelos sentou-se à minha direita.

–Sou Klaus. Ele estendeu a mão.

–Sou Micah. Respondi da forma mais simpática que meus ossos deixaram.

–A Rússia sempre com esse clima de tremer as espinhas. Klaus sorriu. –Você aceita um chiclete de pimenta, Micah?

Ele estava mesmo dando um ênfase em meu nome ou estava apenas sendo educado?

–Aceito. Respondi friamente.

O gosto do tal chiclete picante era realmente bom, esquentava o clima seco do trem e pude jurar que Klaus em algum momento havia dado uma piscadela. Abaixei minha cabeça, não sabia o que falar.

–Seus olhos azuis são como um céu não tocado pelas nuvens. Eu sorri sem graça sobre o comentário. –Perdão, mas posso abaixar o seu cachecol e ver melhor o seu rosto, Micah?

Ele novamente enfatizou meu nome o que totalmente esquisito e ao mesmo tempo foi algo que gostei de ouvir. Senti-o desafivelar meu cachecol e passar sua mão que estava com uma luva de couro preta pelo meu rosto. Se Klaus fosse um estuprador eu com certeza seria sua vítima pelo simples fato de sentir algum desejo ali perto daquele homem.

–Você é bonita, e eu realmente não quero incomodá-la acho que já fui atrevido o suficiente. Ele então soltou-se do meu rosto e voltou para o outro lado do corredor.

O trem de ferro ainda não saia do lugar, o céu estava cinzento com o tempo enevoado, e Klaus agora volta-se a escrever em um bloco, eu parada mascava o chiclete picante enquanto tentava disfarçar não olhá-lo.

O que eu estava fazendo? Seria eu uma mulher fácil e só agora havia percebido isso? Seria esse um motivo para eu não ter namorado e não ter uma segunda escova de dente em minha casa fazia tempo?

Droga. Ele me encarava e eu estava encarando ele também.

–Você não estava me incomodando, Klaus. Tentei imitar seu jeito de enfatizar o meu nome, ele abriu um sorriso, um sorriso branco e voltou a sentar do meu lado.

Ele não toma café. Especulei.

–Não costumo abordar mulheres se queres saber. Ele afirmou quase como se pudesse ler a minha mente, ele então passou sua língua entre os lábios o que foi fatal para minha insanidade.

Cruzei as pernas.

–Não pensei nisso. Respondi sorrindo.

–Ok ok. Klaus disse pegando em minha mão. O que ele estava fazendo?

Tremi ao tocar de nossas luvas.

–Ficarei na próxima estação. Ele falou em um tom sugestivo tirando suas luvas, como ele tinha coragem de tirar as luvas naquele frio?

Ele talvez fosse bastante quente e luva nenhuma faria diferença. Mordi meu lábio inferior ao ter esse pensamento.

–Ficarei na última. Respondi quase gaguejando quando o senti sutilmente tirar minha luva da mão direita. O estranho foi que o seu toque a pele nua parecia ter esquentado meu corpo mais do que todas aquelas roupas que eu usava.

Ele apertou minha mão e então acariciou-a, fechei meus olhos como se pedisse por algo mais íntimo.

Senti seu hálito quente chegar perto de minhas narinas.

–Micah, se eu beijá-la seria muita ousadia de minha parte?

–Seria tortura se não o fizesse. Respondi quase em um tom suplicante.

Ouvi seu risinho, um riso gostoso de se ouvir, aqueles risos de quando acordamos ao lado da pessoa amada depois de uma noite maravilhosa, um riso daqueles de quando abraçamos alguém, um abraço de verdade e não apenas por formalidades ou falsidade.

Ele lambeu meus lábios ainda fechados, achei que queria colocar sua língua dentro da minha boca, mas então percebi que ele estava provando aquela sensação tanto quanto eu. A sensação de uma paixão a primeira vista, em um trem parado num vagão quase que vazio.

Abrimos a boca em perfeita sintonia, nossas línguas encostaram-se para uma brincadeira mais intensa. Klaus pousou suas mãos em cada lado do meu rosto e então foi abaixando-as para minha nuca.

O Chiclete ora estava em minha boca, ora na boca dele. Juro que senti uma pontada dentro de mim com tudo aquilo que estávamos tendo.

Ele não podia tocar em parte nenhuma do meu corpo a não ser aquela que já tocava e eu também não, havia tanta roupa que só de pensar em tirá-la atrapalharia o momento.

Nossos lábios antes gelados agora estava quentes, línguas úmidas com o gosto da saliva um do outro, um beijo quente. Klaus cuspiu o chiclete em um lenço e guardou em seu bolso.

Algo politicamente correto.

Seria Klaus um príncipe? Um Conde? Um lorde? Uma criatura sobrenatural que me rondava em busca de minha vitalidade?

O perfume de sua roupa entrava em minhas narinas ainda naquele beijo, queria tocá-lo melhor, queria beijá-lo melhor, mas não poderia.

Não tínhamos percebido que o trem voltara a fazer seu percurso a todo o vapor. Quando nos separamos enrolei novamente meu cachecol em meu pescoço.

“Chegaremos a próxima estação em trinta segundos” A voz ecoou.

–Tenho que ir. Klaus respondeu dando um beijo em minha mão que ainda estava nua. –Prazer em conhecê-la, Micah.

–Prazer é todo meu, Klaus. Sorrimos um para o outro e ele então partiu.

Sabe aqueles olhares que temos com um estranho por aí?

Minha química com Klaus tinha sido totalmente espontânea e momentânea, ela começou do nada e terminou do nada.

Maldito trem que voltou a rodar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixem suas reviews se quiserem mais alguns contos desse estilo.
Um beijo!



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