Doce deleite
Os olhos cor de mogno observavam o homem adormecido sobre os lençóis de cor clara. Dormia como uma criança depois de um dia de brincadeira na cama dos pais.
Tão diferente daquele homem que matou milhares durante a guerra com simples estalar de dedos.
Se pudesse, passaria o resto da vida ali, escondida pela penumbra da noite e sentada ao lado da cama. Mas a vida não era tão bondosa e logo ele estaria melhor e essa cena tão boa para a alma da mulher, seria uma reles lembrança durante as noites de pesadelos.
Olhou para o lado e viu que o sol nascia. O leve clarear do dia entrava no quarto, era hora de sair antes que o par de orbes negros se abrisse. Fora que aquele deleite lhe custava noites em claro, precisava de pelo menos uma ou duas horas de sono.
E sonharia.
Sonharia com a respiração quente que saia daqueles pulmões e com o perfume da pele...
- Bom dia, Roy.
A mulher entrou no quarto quando o relógio já marcava nove horas.
- Bom dia.
Ele ainda estava com o rosto meio inchado, mas nem assim perdia o charme. Esse era Roy Mustang.
- Coma tudo para poder tomar o remédio.
A mulher colocou a bandeja sobre o colo dele e se sentou em uma cadeira que ficava ao lado da cama.
- Nenhuma chance de eu burlar a hora do remédio?
- Nenhuma.
O Mustang comeu tudo e depois de uma careta tomou os comprimidos. E nesse meio termo, a mulher se quer disse uma silaba.
- Pronto?
- Pronto.
Ela pegou a bandeja e quando estava perto da porta ouviu a voz dele.
- Você deveria parar de vir me ver dormir, maquiagem nenhuma vai conseguir esconder suas olheiras.
Ela não respondeu, mas estava constrangida.
- Se quiser passar esse tempo comigo, acho que o lado esquerdo da cama tem espaço suficiente.
Ela não respondeu, apenas saiu do carro enquanto ele sorria.
Naquela noite, ele sentiu o calor de um corpo debaixo das cobertas. Não disse nada e muito menos abriu os olhos, apenas se virou abraçando o corpo.
A partir daquele momento, ela seria a única mulher a vê-lo dormir.
The end