Forever (jakeness) escrita por NiaBlack


Capítulo 30
Descobertas




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Chegamos a Forks, droga... Juro que queria viver naquele lugar lindo por pelo menos um ano inteiro, e mesmo depois disso eu ainda estaria insatisfeita.


Edward e Bella foram nos buscar no aeroporto, ele disse que estaríamos cansados então ninguém viria dirigindo, a não ser ele mesmo. Meu pai parecia calmo, na verdade tranqüilo até demais, acho que ele finalmente aceitou o fato de sua filha estar realmente casada.


Aconteceu uma pequena recepção, todos estavam muito felizes com a nossa volta, e assim que pisei em casa senti falta de uma pessoa, mas eu não o culpava por não querer estar ali, Devia ser doloroso para ele ter que só pensar em tudo que aconteceu, e pior, ouvir os pensamentos de Jacob enquanto estavam na forma de lobo.


Meu bom humor sumiu com este pensamento. E ainda tinha toda aquela história da provável gravidez, a qual eu devia interromper para que nenhum mal além de nós mesmos pairasse sobre Forks. Alice, Rosalie e Bella não paravam de falar. Era um domingo, e elas aproveitaram para colocar as notícias da semana em dia, já que em breve ela e meu pai teriam que voltar para Dartmouth. Deixei o falatório acontecendo na sala, e saí de fininho para chamar Carlisle, Bella já havia protegido a mim e a Jacob assim que nos viu desembarcar, assim Edward não ficaria irritado com os prováveis pensamentos obscenos do meu marido. Eu adorei, pois assim ninguém ficaria sabendo de primeira do que Kaure nos revelou.


Mostrei tudo ao meu avô, e como sempre, Carlisle controlou todo o nervosismo que minhas lembranças sobre as feras, lhe causou. Subimos com uma desculpa qualquer, e assim pudemos esclarecer algumas coisas, falando de forma direta dentro da mente um do outro, graças aos meus dons. Ele prometeu que faria um teste, mas não hoje, pois não havia nenhum tipo de material para isto na casa (afinal, vampiros não têm filhos).


-Filha. –ela bateu na porta do meu quarto, algumas horas depois, quando Jake estava tomando uma chuveirada.


-Oi mãe.


-O que houve, estou sentindo você aflita. –houve um silêncio e Bella afagou minhas costas calorosamente.


-Mãe... O que sentiu quando soube que eu ia te matar pra nascer?


-Nessie, meu amor, o tempo inteiro eu sabia que você me amava tanto quanto eu te amava, eu tive certeza que com a ajuda de Edward e Carlisle nós duas ficaríamos perfeitamente bem, e eu consegui o que queria, a imortalidade, para viver ao lado do seu pai para sempre.


-E se você não soubesse disso? E se tivesse certeza que eu seria um monstro horrível, mais poderoso e perigoso do que qualquer coisa que possa ter pisado neste mundo, teria me deixado nascer?


-Você é minha filha, faz parte da família, eu jamais deixaria nada de ruim te acontecer, mesmo sabendo que seus instintos pudessem ser ruins. Todos merecem uma chance filha, vejo só seu pai, seu avô e todos da família, também somos os vilões, e mesmo assim lutamos contra nossa própria natureza para fazer a coisa certa. Só é um monstro quem quer ser um.


Aquilo me doeu demais, entretanto prendi todas minhas lágrimas e sentimentos na garganta e fechei os olhos, dando um falso sorriso quando os abri novamente.


Não.


Se eu estivesse mesmo grávida ia me livrar desta besta o mais rápido que pudesse, jamais permitira que minha própria família corresse perigo, ainda mais com toda a história sobre gostar de comer vampiros. Eu o mataria assim que saísse de meu ventre, ou se bobear, matava dentro mesmo, assim me pouparia ter que sobreviver há uma provável explosão dentro de mim. Deus, eu levaria séculos para restaurar meu corpo, ainda mais sendo mais mole que um vampiro puro. Se é que eu realmente sobreviveria.


 Eu estava decidida e nada mudaria isso, caso acontecesse do exame dar positivo, eu esperaria o tempo necessário para que pudesse abortar esse troço livraria o mundo de mais um híbrido asqueroso, afinal de mestiço aqui já basta eu.


Não dormi à noite, agoniada com um possível resultado positivo. E pior, vomitei até a alma naquela madrugada e deixei Jacob e Edward totalmente desolados de tanta preocupação. E tentei tocar o mínimo possível em Jake, para que não lhe passasse meus sentimentos de angústia e pensamentos negativos.


Amanheceu, e Carlisle me chamou enquanto meu noivo ainda dormia. Tomei um banho rápido, colocando uma roupa qualquer: shorts jeans desfiado e blusa branca, larguinha, de mangas longas. Em seguida voei até seu “mini-consultório”, uma sala, com uma cama, escrivaninha e cheia de equipamentos médicos e um banheiro próprio, a qual foi criada quando Bella estava grávida de mim, afinal eu literalmente quebrava seus ossos.


Eu estava nervosa, mas ele disse que seria fácil, como minha pele era menos rígida que a dos vampiros normais, não haveria tantas complicações. Rapidamente fizemos todos os testes necessários, mas teríamos que esperar o resultado, o qual ele não levaria para um laboratório famoso por um nome, como qualquer médico comum, e sim examinaria por si próprio, em seu pequeno laboratório particular, o qual ficava numa porta dentro do “mini-consultório”. Meu avô era um gênio.


-Ninguém sabe disso? -ele me perguntou, enquanto eu balançava as pernas, penduradas na cama de hospital e olhava-as fixamente.


-Hã? –estava tão distraída que levei alguns segundos para compreender a frase. –Não, foi bom ter me chamado agora, já que Jacob está dormindo e os outros foram caçar. Sei que Esme está na cozinha ouvindo isso, mas ela é uma pessoa sensata.


-Obrigada, filha. –respondeu ela do andar de baixo.


-Bom, eu estava analisando a situação, acho que vai ser muito vantajoso você ser uma mestiça, afinal terá resistência suficiente para agüentar um bebê poderoso como este em seu ventre, e ao mesmo tempo é mais flexível. Estou muito intrigado com esta criança, nunca tinha escutado nada do tipo. –ele parecia animado e aquilo me assustou.


-Não, Carlisle, eu não quero que ele ou ela nasça, vamos nos livrar desta coisa o mais rápido possível, se é que existe algo aqui dentro.


Pela primeira vez na vida vi meu avô demonstrar qualquer tipo de nervosismo. Provavelmente ele era contra um aborto, até porque, como Bella disse, eu era um monstro e ela me deixou nascer, pois todos merecem uma chance de mostrar que têm um bom espírito. Mas aquilo não era nem uma pessoa, se é que posso dizer assim, não existe nenhuma probabilidade de ter um instinto amigável.


-Deus, Nessie, você não pode fazer isso, um filho é algo muito importante, e você não pode desperdiçar essa chance. Faz idéia do quanto sua mãe e Rose ficariam chateadas em ouvir isto?


-Sei, mas também sei que este troço não é bonzinho como nós.


-Tem certeza disso? Ou será que estas histórias exageradas não são apenas exageros, como humanos falam dos vampiros. Tudo depende da criação também, seu bebê nascerá no meio de uma família estruturada, e vai aprender que beber sangue humano não é o correto.


-E beber sangue vampiro, é correto? Por favor Carlisle, você viu o que eu te mostrei, os próprios vampiros decidiram exterminá-los.


-Sim, mas os vampiros como Aro são extremamente intolerantes. Além disso, eram filhos dos verdadeiros lobisomens, e Jacob é uma espécie de metamorfo, ele se transforma quando quer, e não está preso a uma maldição. –eu abri a boca, mas ele não me deixou falar. –E tem mais, lembre-se, se ele tiver uma parte humana tudo será diferente.


-Eu já tomei minha decisão. –falei, tentando encerrar com aquilo.


-Tudo bem, eu respeito seu pensamento, mas você tem que pensar mais, querida, uma vida não é algo que dá para se tirar com facilidade. Aborto é um assassinato, e não é algo que você possa se arrepender e concertar depois.


Eu respirei fundo, ele tinha razão.


-Vou pensar, vovô, prometo.


Carlisle sorriu e saiu da pequena sala cheia de microscópios e coisas estranhas do tipo. Respirou fundo e tocou no meu ombro. Eu via que ele queria sorrir, mas talvez não conseguisse por minha culpa, por minhas palavras duras e medo de deixar mais um animal nascer entre nós.


-Parabéns minha filha, você está mesmo grávida. E pelo que vejo, está alcançando cerca de dois meses, logo sua barriga começará a crescer.


Inferno.


Eu levei as mãos à boca e me desesperei. Deus do céu eu estava gerando uma besta! Não, não mesmo! Não podia ser...


-Não pode ser... Não tem dois meses! Na verdade só pode ter duas semanas.


-Bom, os seres como você e ele se desenvolvem de forma diferente, muito mais rápido que os humanos. Se for como eu penso, você terá nove semanas, e não nove meses de gestação.


-Nove semanas e essa coisa nasce? Ai meu Deus, isso é pior do que eu imaginava... Quando podemos tirá-lo?


-Renesmee... –o tom de voz dele foi péssimo.


-Tudo bem, pensar... Já sei.


-Porque não conta ao Jacob primeiro? Para que os dois decidam, e não apenas um ou outro, afinal o filho é de ambos.


Eu assenti com um breve movimento e saí do consultório, estava abalada, não vou negar. Como contaria para Jacob que havia mesmo um monstro crescendo dentro de mim? Caminhei pelo corredor com os olhos nos pés, distraída e pensativa, e acabei esbarrando em uma muralha de pele avermelhada.


-Ai Jake, que susto.


-Como você não me viu aqui? –ele perguntou perplexo. -Olha Ness que além dos seus sentidos aguçados acho difícil não me ver num corredor branco.


-Estava pensando. –falei automaticamente.


-Em quê? –ele me perguntou sorridente e eu não consegui escapar.


-Jacob, nós temos que conversar, é algo muito sério, então espero que tire este sorriso porque o que eu tenho pra dizer é simplesmente péssimo. –disse, suspirando.


-Direto ao ponto Ness. –pediu.


-Estou grávida.


Ele ficou parado, me olhando como se ainda estivesse esperando que eu contasse o que havia de tão grave. Eu ergui uma sobrancelha e o fitei direto nos olhos, para ver se ele respondia.


Não pude acreditar.


Jacob abriu o maior sorriso que eu já vi em seu rosto. Ele parecia tão feliz quanto em nosso casamento. Me pegou no colo e girou no ar como se eu fosse uma criança, num abraço tão forte que me tirou o ar.


-Eu te amo linda, nem posso acreditar, um filho! Cara! Nem sei o que dizer.


Eu o fitei, perplexa, enquanto me livrava de seus braços fortes e ajeitava as roupas tortas. Respirei fundo para não soltar um palavrão:


-Ficou louco? Esqueceu tudo o que Kaure nos contou? É um monstro Jacob, um monstro.


-Não, está louca você. Nunca um filho nosso seria um monstro, meu amor. Vai nascer uma criança linda daí de dentro... Bella já sabe? Ela vai ficar muito feliz!


Como assim? Porque ele não conseguia organizar os pensamentos da mesma forma que eu? Deus do céu, aquilo jamais seria um bebê lindo, será que ele não conseguia entender? Naquele exato momento percebi que minha maldita gravidez causaria muitas brigas, porque Jacob faria tudo para que a coisa sobrevivesse, até se para isso precisasse virar amigo da Rose.


-Jake, pare e pense um pouco...


-Não, lembra o que ela disse? Se for metade humano, ele vai nascer lindo como você, meu amor. –ele acariciou meu rosto, ainda sorrindo entusiasmado.


-Essa coisa não vai nascer! –teimei.


-Pare de chamar de coisa, é nosso filho!


Ouvi passos apressados, e outros vários seguindo esta primeira pessoa que estava bem à frente. Pisquei duas vezes e olhei para a porta. Mal pude respirar quando Edward entrou com os olhos parecendo saltar de seu rosto perfeito. Eu tremi, Jake provavelmente estava “gritando” isso em seus pensamentos.


-Grávida? –ouvi sua voz de anjo sussurrar.


-Pai... Não...


-Eu já vi tudo na sua mente e na de Jacob, filha... Tudo aquilo que Kaure lhe contou, mas pense bem na sua decisão, lembre bem do que ela falou sobre você e olhe como você nasceu diferente do monstro que a mulher imaginava.


-Até você pai? Achei que fosse entender o meu ponto de vista, afinal até onde eu sei você não queria que eu nascesse também.


Não tive outra escolha, não gostei de ter feito, mas precisei jogar aquilo diretamente para que ele pensasse um pouco que eu podia estar com um animal dentro de minha barriga.


-Não quero que chame seu filho de animal, monstro, coisa ou nada do tipo, por favor. –Edward estava calmo, mas eu conseguia ver um sorriso transparecendo de seu rosto.


Enfim os ouros entraram na casa, todos junto, como uma enxurrada de vampiros pálidos e sorridentes. Provavelmente ouviram toda aquela conversa estúpida e agora estavam saltitando de alegria porque haveria mais uma criança na casa além de mim. Soltei um longo suspiro ao ver Rosalie com os olhos faiscando de emoção. Ela e Bella vieram em minha direção, me dando um abraço apertado demais e acariciando minha barriga não crescida. Carlisle e Esme se juntaram a nós, abraçados, um pouco mais afastados da confusão.


-Filha, nem posso acreditar que serei vovó tão cedo! –Bella parecia um pouco chocada.


-Mais uma criança. –agora era a voz de sino de Rose. –Não sabe como você e sua mãe têm sorte em conseguir um herdeiro.


Eu engoli seco e perdi a fala.


Nem preciso dizer que foi uma farra só dentro da casa. Todos pareciam extremamente felizes com a chegada de uma nova criança com sangue Cullen, e não conseguiam enxergar o problema através disso. Eu era a única que sorria falsamente ali, e a pior parte é que meu pai sabia exatamente o que estava em meu pensamento, já que Bella fez o favor de tirar a proteção quando foram caçar.


Parecia que tudo era motivo para falação dentro daquela casa, ou, quem sabe, toda falação, com pessoas bem vestidas de pé numa sala me parecia uma festa. Eu apenas fiquei sentada no sofá, em silêncio, compartilhando meu sofrimento comigo mesma, afinal, apenas Edward era o intruso que ouvia meus pensamentos.


Juro que não conseguia raciocinar muito bem no meio daqueles vampiros tagarelas e de um lobo que gargalhava constantemente. Nunca achei que isso fosse possível, mas eu sentia dores de cabeça, e uma fome insaciável. Comecei a ficar nervosa sem motivo, e sacudia a perna sem parar, enquanto mastigava meus próprios dedos.


-Vou caçar. –falei de repente.


-Vou com você. –falou meu marido imediatamente.


Dei de ombros, e segundos depois estávamos correndo na floresta. Era bom correr, ainda mais ao lado de Jake transformado em lobo, era mais fácil lidar com ele quando estava calado. De alguma forma aquilo me tranqüilizava, o vento em meu rosto, jogando meus cabelos para trás era reconfortante. Senti um cheiro, talvez uma corsa, mas eu não queria herbívoros frágeis e fáceis de caçar, eles não eram tão saborosos e entusiasmantes quanto os grandes felinos.


Atacamos juntos, e obviamente nenhum animal sobreviveria ao lobo gigante de pêlos vermelhos. Tomei todo seu sangue e disfarçadamente mastiguei um pouco da carne. Por mais que eu sempre vomitasse depois, eu sentia aquela estranha necessidade de comer.


Havia um riacho por perto. Jacob se transformou em humano outra vez foi se lavar, para tirar todas aquelas manchas de sangue de seu corpo escultural. Encostei-me a uma árvore qualquer e fechei os olhos, com os braços cruzados sobre a barriga, pensando em toda aquela loucura. Comecei a recordar de cada momento na mansão Cullen, inclusive uma daquelas cenas que eu odiava: mamãe abraçando Jacob e o parabenizando por ser “quase pai”.


Eu desejava loucamente saber daquele passado entre eles, e foi aí que tudo aconteceu. Rápido demais para que eu pudesse controlar ou Jacob pudesse fugir. Ele me tocou, e minha pele-sugadora-de-pensamentos começou a absorver suas lembranças, que passavam em minha mente como uma enxurrada de imagens e vozes.


“-Eu a perdôo. Só procure não ficar chateada demais comigo. Porque recentemente eu decidi que não vou desistir. Há de fato algo irresistível numa causa perdida.


Mamãe o olhou nos olhos:


-Jacob... É ele que eu amo, Jacob. Ele é toda a minha vida.


-Você me ama também. –ele respondeu e ergueu a mão quando Bella começou a protestar. –Não da mesma maneira, eu sei. Mas ele também não é toda sua vida. Não é mais. Talvez tenha sido um dia, mas ele foi embora. E agora ele está tendo que lidar com as conseqüências daquela decisão... Eu.


         -Você é impossível. –disse ela sacudindo a cabeça.


         Jacob ficou sério e simplesmente segurou o queixo de Bella, olhando-a nos olhos com uma profundidade que só vi poucas vezes:


-Até que seu coração pare de bater, Bella, eu estarei aqui... Lutando. Não se esqueça de que tem opções.


-Eu não quero opções. –ela respondeu dura, tentando se soltar.


Os olhos dele se estreitavam, enquanto eu era apenas um fantasma observando cada mínimo detalhe daquela cena horrívle.


-Mais um motivo para lutar... Lutar ainda mais agora, enquanto posso. –Jake estava sussurrando, ainda segurando o queixo da mamãe.


-N...


Ela tentou impedir, mas era tarde demais, ele simplesmente atacou-a, esmagando seus lábios e impedindo qualquer palavra de fugir. Ela o empurrou, socou, segurou seu rosto para afastá-lo, mas nada o fazia soltar. Nada...


Até que ela parou, abriu os olhos e ficou como uma estátua, de modo que eu jamais havia visto um humano parar. Por fim ele a soltou.


-Acabou agora? –perguntou Bella visivelmente irritada.


-Sim. –ele deu um longo suspiro e gargalhou de olhos fechados.


Bella o socou.


Como eu jamais havia visto acontecer antes. Ela simplesmente o socou com toda a força que havia em seu frágil corpo humano, bem na boca de Jacob, foi aí que houve um estalo grotesco, seguidos de seus gritos de dor graças à mão quebrada. (...)


Ela entrou em casa bufando, e o telefone tocou. Era Edward. Mas como a cena era pelo ponto de vista do meu marido, ou ex pelas circunstâncias, não soube o que ele falava. Bella pediu para que Carlisle desse uma olhada em sua mão, pois havia se machucado socando Jake.


A cena sumiu.


Agora ele corria com Bella em seu colo, sobre uma parte densa da floresta. Me perguntei o que estavam fazendo sozinhos num lugar como aquele.


-Não sei dizer, Jake. Edward foi a única pessoa que eu beijei. –disse Bella.


-Além de mim. –respondeu ele, e eu gemi.


-Mas não conto aquilo como um beijo, Jacob. Foi mais uma agressão.


-Ai! Essa doeu.


Bella deu de ombros, como alguém que não se desculparia por ser grosseira. A cena avançou um pouco mais:


-Sei exatamente o que quero. -disse ela.


-Então não vai fazer mal verificar mais. Talvez você deva tentar beijar mais alguém... Só pra comparar... Uma vez que o que aconteceu no outro dia não conta. Você poderia me beijar, por exemplo. Não vou me importar se quiser me usar como cobaia.


Ele apertou mamãe contra seu peito, aproximando ainda mais os rostos com aquele gesto. Jake sorria convencido. Onde estava este Jacob que jamais agiu assim comigo? Alguma lavagem cerebral, quem sabe. A pior parte é que naquele momento de transe, eu dividia todos estes pensamentos com ele, ou talvez fosse bom, para ele ver bem todos os horrores que eu sentia naquele instante.


-Não brinque comigo Jake. Juro que não vou impedir se ele quiser quebrar seu queixo. –disse ela, tentando escapar de qualquer jeito.


Ele sorriu ainda mais, acredito que uma briga com Edward era tudo que Jacob mais queria naquele instante. Bella estremeceu, eu vi o pânico em seu olhar.


-Se você me pedir um beijo, ele não terá motivo para ficar aborrecido. Ele disse que está tudo bem.


Mais uma vez a cena desapareceu.


Agora eles estavam numa clareira, com uma cabana e cercada de florestas. Sozinhos, mais uma vez. Deve ter sido na época da guerra contra os recém criados, a qual tio Jasper havia me contado sem detalhes sórdidos.


Eles conversavam de forma estranha.


Jacob parecia desistir da vida, ir direto para a morte em alguma batalha que acontecia nas proximidades, enquanto mamãe implorava para que ele não fosse, pois Edward já havia ido e ela não conseguia aceitar que os dois acabassem mortos. Ela chorava, pedindo para que o lobo ficasse ao seu lado.


-E posso ser seu padrinho de casamento? –pediu ele.


Houve um silêncio, enquanto mamãe pedia com um “por favor” para que ele não agisse daquela forma.


-Foi o que pensei. –respondeu Jacob. –Eu te amo, Bella.


-Eu te amo, Jacob. –sussurrou mamãe, enquanto ele sorria convencido.


-Sei disso melhor que você.


Houve mais alguns instantes de pedidos e negações. Jacob teimava em ir, enquanto Bella quase se atirava a seus pés para que ele ficasse, ao invés de se entregar a uma provável morte (ao menos na cabeça dela, pois todos sabem que ele é mais forte que qualquer vampiro).


Ela pediu de todas as formas possíveis, e ainda assim ele não aceitava voltar para que ficasse ao seu lado dentro da cabana. Eu via no olhar de Jake uma certa inquietação, a vontade anormal de correr para a luta, enquanto seu coração insistia em permanecer com Bella. Ele tramava alguma coisa.


-Pode me beijar, Jacob? Beije-me e depois volte.


Ele arregalou os olhos, e depois estreitou-os, desconfiado do pedido dela.


-Está blefando.


-Beije-me Jacob. Beije-me e depois volte.


Eles perderam alguns segundos diminuindo a distância, até que seus lábios se uniram. Jacob segurou a nuca da minha mãe, e em seguida pegou seu ombro, sacudindo-a, já que Bella resistia a ele, mesmo tendo pedido por aquilo. O que vinha a seguir me deixou abobalhada. Seus pensamentos eram estúpidos. Ele desejava Bella acima de qualquer coisa, e foi capaz de persuadi-la para que se beijassem. Jacob não temia sua morte na guerra, mas sabia que seria possível e por isso fez toda aquela cena.


Suas mãos tocaram a pele fria dela na base de sua cintura, enquanto colava seus corpos, curvando-os. Era como se eu visse a perfeição bem diante de meus olhos, seus corpos se encaixavam perfeitamente, até mesmo para um mísero beijo.


-Pode fazer melhor que isso, Bella.


O lobo falou sozinho, tentando incentivá-la, mas ela não conseguia retribuir, e aquilo estava o irritando. Jacob era capaz de qualquer coisa mesmo? Até que ponto eu conhecia este meu marido?


-Tem certeza que quer que eu volte? Ou realmente quer me ver morto?


Vi Bella tremer, seus braços agarraram os cabelos de Jacob, e ele simplesmente adorou, entendeu aquilo como se ela quisesse mais. Contudo, eu podia ver que ela, na verdade, puxava seu cabelo tentando afastá-lo, mas ele apenas se deliciava, achando que aquilo era uma reação à ele. E assim Jacob uniu seus lábios outra vez, apertando ainda mais a parte nua de sua cintura. Ele estava louco, aproveitando cada segundo enquanto sonhava que ela gostava daquilo.


E quando eu estava achando que mamãe era mesmo totalmente fiel à Edward, ela cedeu. E retribuiu o beijo, movendo os lábios brutalmente, criando formas quase grotescas, pareciam um casal apaixonado em um de seus momentos de loucura. Ele gostava daquilo, até demais para que eu suportasse, entretanto, precisava saber mais, precisava saber de tudo!


Bella o puxou para mais perto, esquentando seu corpo frágil com o dele. Era impossível negar que ela queria, e não conseguia mais impedir que aquilo fluísse. O beijo era agressivo e natural, formado de contrastes.


Jake estava feliz, na verdade, muito mais que feliz.


Bella reagia a seu toque, a seus beijos, enquanto ele vibrava, pois enfim ela percebeu que o amava, ao menos ele pensava assim.


Eu senti nojo.


Eles pareciam um, pareciam nós dois: como um único corpo perdido.


Os pensamentos de Jacob me afetavam de uma forma anormal. Ele imaginava coisas absurdas, mas por um lado, aquilo lhe causava dor, pois sabia que assim que se desgrudassem um do outro, nada mais se repetiria. “Aquele momento era único, e o lobo não queria perder nenhum segundo, pois jamais conseguiria um beijo como aquele vindo de Bella alguma outra vez.”


 


Eu o soltei, com os olhos saltando de meu rosto, enquanto ele me encarava boquiaberto, sem palavras para se desculpar, apenas apavorado. Eu jamais havia ficado tanto tempo dentro da mente de alguém. Vi cenas inteiras transcorrendo como num filme. Virei a cabeça de lado e vomitei aquele bolo desprezível de carne. Em seguida corri até o rio e lavei a boca, bebendo muita água em seguida.


Estava tonta, enjoada, e com ódio.


As lágrimas rolavam sem parar de meus olhos, como se fosse uma cachoeira. Pisquei algumas vezes e me ergui. Ele ainda estava ali parado, perto da árvore, com os joelhos no chão e olhos arregalados.


-Não ouse me seguir. Caso contrário eu juro que mato essa coisa que tá dentro de mim!


-Nessie, não... Me escute.


-Escutar senhor Black? Acha mesmo que merece atenção depois de ter mentido pra mim por tantos anos? –eu estava incontrolável, minha visão parecia avermelhada, e meu corpo esquentava com o ódio. –O que eu sou pra você? Uma substituta da Isabella? Já que não conseguiu a mãe, que tal pegar a filha estúpida dela, afinal elas se parecem um pouco, não?


-Você sabe que eu te amo! –disse ele num desespero tão falso que me causou desprezo.


-Não! Eu vi sua mente Jacob, eu senti o que você sentiu! Todos aqueles pensamentos, dos melosos aos depravados. Cada um deles passou pela minha cabeça Jacob, e você simplesmente quer que eu aceite suas humildes desculpas porque é a mim que ama? POUPE-ME! –a última palavra escapou num grito.


-Não Nessie, você entendeu tudo errado. Eu amava a Bella porque de alguma forma sua essência estava nela! Eu a amava porque precisava protegê-la até que você nascesse.


-MENTIRAS! VOCÊ E TODOS ELES VIVEM DE MENTIRAS COMIGO! EU SOU SEMPRE A ÚLTIMA A FICAR SABENDO DAS COISAS QUE ME ENVOLVEM! ATÉ O IMPRINTING VOCÊS NÃO QUISERAM ME CONTAR! –eu respirei, enquanto alguns fios de meu cabelo colavam em meu rosto. –Não quero ouvir vocês, não quero saber de vocês. Me deixem em paz, e sozinha, pode dizer a todos eles, se eu sentir o rastro de algum juro que mato essa coisa aqui sem pena, e me mato junto se for necessário. Mas fiquem longe.


Ele foi até mim e tentou me segurar e eu saltei para trás, com nojo, com raiva. Ele havia amado minha mãe, aquilo era motivo para qualquer sentimento de repugnância. Pois mais uma vez eu me sentia a segunda escolha, afinal eu era um monstro esquisito, e ela a linda Bella Swan, ainda tão humana na época.


 


-NÃO ME TOQUE! –gritei, soltando meus pulsos do dele, causando marcas em meu próprio corpo graças às forças impostas em nossos movimentos. -O que mais eu perdi? Hein?


Ele apenas me olhava, com uma expressão de dor aterrorizante. Em qualquer situação normal eu teria voado em seu pescoço e lhe beijado, afinal eu odiava vê-lo mal, entretanto, minha raiva estava me cegando. Eu não me importava com ele, não naquele momento, nem sequer queria vê-lo na minha frente.


Minhas sensações eram totalmente contraditórias. Ódio e amor misturados em uma única pessoa que oscilava entre matar ou beijar. Eu o amava, mas como podia aceitar tudo aquilo? Precisava de um tempo...


-Nessie, não me deixe. –disse ele com a voz trêmula, guardando as lágrimas em seus olhos marejados.


-Eu preciso ficar sozinha. Já disse para não me seguir, e se mandar alguém eu juro que desapareço deste mundo. Eu te amo Jacob, mas quero ficar longe de todos vocês até conseguir digerir essa nojeira que eu acabei de ver.


Suas mãos ameaçaram tocar as minhas, mas pararam no meio do caminho, talvez com medo de outra explosão de ódio.


-Volte pra casa.


E desta forma eu dei as costas e corri, o mais rápido que já havia corrido em minha vida. Meu rosto ainda estava molhado, enquanto as malditas lágrimas teimavam em escorrer mostrando todas as minhas malditas fraquezas humanas.


Fugi até as montanhas próximas a La Push, só queria ver uma pessoa agora, e seu nome era Seth Cleawater.


Farejei tudo nas proximidades, mas não havia nenhum sinal de Seth. Alguns quileutes me cumprimentaram sem fazer idéia do que estava acontecendo. Cansei de procurar e voltei a correr. Meu sangue estava muito mais que fervido, eu era capaz de fazer qualquer coisa naquele instante. Sentia meu corpo rígido e forte, muito mais que o normal. Estava com fome, precisava de sangue.


E foi aí que um desastre aconteceu.


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Notas finais do capítulo

Hey povo, é a segunda vez que eu tento postar este cap hj ¬¬ então perdi a nota linda que eu escrevi. Meninas, não esqueçam dos coments, eles são importantes pra mim *_*
Espero que gostem, arrumei muita coisa pros próximos caps, novas emoções e loucuras. Aguardem

BjoBjooo!



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