Amores de Guerra

Capítulo I:

Resposta.

Quando os orbes negros finalmente se abriram, foram surpreendidos por uma claridade infinita e que os cegavam, na qual demoraram a conseguir se acostumar e enxergar as coisas um pouco mais nítidas. Olhando em volta, percebeu a imensidão branca que o cercava, sem contar o soro que pingava lentamente em sua veia. Sem dúvida alguma, Sasuke estava num hospital.

Sua visão ainda continuava turva, sem contar sua audição que chiava a todo o momento, demoraria a estabilizar. Encarou o teto ignorando a cabeça que latejava. Algumas questões surgiam em sua mente, como por exemplo, como havia ido parar ali? Oque havia acontecido? E a Guerra?

A última pergunta era a que mais lhe preocupara, o que teria acontecido ao final da Guerra? Teriam vencido? Teriam derrotado aquele desgraçado?

Bem, se estava vivo, tinha duas opções, ou haviam ganhado, ou estava num Genjutsu. De certo, a primeira opção lhe parecia muito melhor, pelo menos não seria uma marionete de Madara.

Suspirou, deixando que uma parte de sua irritação se esvaziasse. Tentava descobrir o principal, como tinha ido parar num hospital e como estava vivo. Começou a refletir e uma pergunta lhe surgiu, o povo de Konoha o havia perdoado?

No entanto, um barulho, ainda não muito identificado, o tirou de seus devaneios. Com certa dificuldade, virou-se para onde o havia ouvido, fazendo com que seus olhos ônix encontrarem as pérolas daquela jovem que pareceu se assustar ao encontra-lo acordado.

Ele a encarou por alguns instantes. A garota parada na porta era dona de longos cabelos negros azulados que caiam por sua cintura, com a franja cobrindo uma parte de sua testa e mechas caindo por sua face branca, lembrando porcelana. Os olhos perolados lembravam a enorme lua, os lábios rosados comprimiam pequenos múrmuros de surpresa. Um buquê de rosas brancas estava em suas mãos.

- Oque foi? – perguntou quebrando o silêncio assustador que se estendia entre ambos, fazendo-a recuar. Arqueou uma das sobrancelhas, desconfortável. Lembrava-se daquele rosto, mas não sabia da onde. – Te conheço de algum lugar?

- A-ah... Sim... – a jovem murmurou tomando coragem para se aproximar da cama onde o outro estava deitado – De certa forma sim... – refletiu um pouco, tentando decidir como deveria chama-lo – Nós estudamos juntos na academia, Uchiha-san.

- Uh? – resmungou, tentando continuar firme e frio – Continuo sem saber que é você. – ele estava sendo sério e indiferente como sempre, afinal, era verdade. Nunca iria imaginar que aquilo poderia magoa-la.

- Sim... – os sussurros dela foram baixos, de forma que o jovem mal conseguiu ouvir. A azulada deixou a cabeça decair, com os cabelos cobrindo seus belos olhos. Deveria saber, afinal, por que ele iria se lembrar de alguém com quem nunca trocou uma palavra sequer? – E-eu sou H-Hyuuga Hinata... D... Do time o-oito... – claro que ele não se lembraria, por que o Uchiha perderia seu tempo com ela?

- Hyuuga Hinata? - o moreno disse para si mesmo, num tom tão baixo que a menina não pode ouvir. Lembrava-se vagamente dela, mas nada que fosse muito significante. Pelo que conseguia recordar, era somente uma garotinha que ficava corada por Naruto. - Uh. - não conseguia evitar, fazer este ruído já era de costume. Olhando para a azulada que ainda matinha a cabeça baixa, deixou um pensamento invadisse sua mente - Por que eu estou aqui?

Hinata levantou a cabeça surpresa, os grandes olhinhos perolados brilhavam com curiosidade enquanto ela fitava a face irritada de Sasuke. Por alguns instantes, a jovem ficou pensativa sobre oque responder, ou melhor, como responder.

- B-bem... - nada bom, começar gaguejando não era nada bom - V-você se feriu durante a Guerra... Não foi... Uchiha-san? - sentiu o nervosismo aumentar ao vê-lo franzir o cenho, aquilo estava sendo difícil até demais - P-por isso f-foi trazido pra cá. - não, não havia terminado, ainda faltava muito. - E...

- Então a Guerra foi vencida? - não iria admitir, mas por dentro Sasuke torcia para que fosse verdade, torcia para que tudo tivesse acabado - Por que os moradores me trouxeram para cá? Eu sou o traidor, ou esses tolos esqueceram? - precisava se controlar, sabia disso. Não podia simplesmente encher a garota com esse tipo de pergunta de uma vez.

- S-sim! - desta vez Hinata exclamou, um pouco assustada com o tom que o outro usara - N-Naruto-kun e você c-conseguiram ve-vencer - cada vez gaguejava mais, e agora sua face estava corada num vermelho vibrante - T-te trouxeram para cá p-por que N-Naruto-kun insistiu m-muito... E-ele não se i-importa se já t-tentou destruir a V... Vila...

Sasuke a fitou um pouco confuso, demorara um tempo para entender de tanto que a garota gaguejava. Então era por causa de Naruto que estava ali? Ah, aquele loiro idiota o queria trazer para o caminho certo novamente!

- E... - começou uma pergunta que seria difícil para a jovem - Oque você está fazendo aqui? Onde está a Sakura? - não disse nada sobre a rosada ser irritante - Por acaso é uma Kunoichi médica?

O moreno viu Hinata negar com a cabeça, ela parecia bastante nervosa e assustada. O jovem conseguiu distinguir entre os gaguejos algumas palavras que explicavam por que estava lá. Azulada explicava que conhecia alguns Ninjutsu médicos, somente os básicos, por isso foi nomeada para cuidar de Sasuke, já que Sakura fora com Shizune cuidar dos pacientes mais graves da Guerra e pediu a Ino que tratasse de Naruto. Também contou que quase ficou responsável por Neji, mas TenTen pegara este trabalho primeiro.

O Uchiha a ouvia com atenção, já que, mesmo sem perceber, a Hyuuga contava em voz baixa todos os detalhes que queria saber. Isso era ótimo, no entanto, ao observa-la, se viu tentado a fazer mais uma pergunta:

- Pra que essas flores?

- E-eh? - mais uma vez Hinata pareceu se espantar e corou mais ainda, se é que fosse possível. Envergonhada, desviou o olhar enquanto escolhia as palavras para responder - E-eu trou-trouxe para v-você U-Uchiha-san! S-Se sinta em c-casa!

A resposta fora tão rápida e com tantos gaguejos que Sasuke demorou a entender e engolir tais palavras. Após compreender oque foi dito, mais uma dúvida surgiu em sua cabeça: por que diabos ela tinha feito isso?

No entanto, não perguntou, só manteve uma expressão demasiadamente fria e indiferente, deixando-a ainda mais nervosa. Porém, por trás de faces tão distintas, a mesma curiosidade de saber mais sobre o outro reinava.

[...]

O tempo parecia mão passar e o relógio parecia congelado nas duas horas e quarenta. Hinata fitava o chão com os punhos cerrados, queria ir embora dali logo e se livrar daquele silêncio mortal.

Desde que respondera as perguntas, Sasuke não lhe dirigiu mais a palavra, minimamente algo de extrema importância. Mas o que poderia esperar? Ela era Uchiha Sasuke! Já deveria saber.

As flores que trouxera agora decoravam um vaso tingido de azul com bolinhas vermelhas. Analisando bem, era melhor troca-lo. Não tinha tanta beleza e não trazia alegria para o quarto de hospital. Se é que o Uchiha gostasse de alegria.

Depois de algum tempo, virou-se para a janela, de forma a encarar a imensidão de um Céu azul, onde os pássaros brancos voavam livremente. 'Lindo' foi a única palavra pronunciada por ela, antes de ouvir o relógio tocar três horas.

Finalmente dera seu horário, poderia visitar Neji e Naruto, sem contar que iria se afastar do clima horrível que Sasuke criou depois de lhe usar. Levantou-se com delicadeza e andou até a porta.

Não queria trocar qualquer palavra com aquele metido, contudo a educação dos Hyuuga falava mais alto. Com um suspiro, se virou séria, e com a voz doce pronunciou uma despedida.

- Até amanhã. - e, como já devia saber, não ouve resposta.