Meu sonho escrita por May Cristina


Capítulo 38
Mistura de sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Bom, a história está bem grande, portanto eu prometo que não passará dos 50 capítulos ahuahua.
Boa leitura ♥



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Ouvir Iago dizer que eu ainda sou especial para ele me dava nos nervos. Por mais que os anos se passaram, não conseguia esquecer o quanto ele aproveitou do meu sentimento e brincou com ele. Ah, como eu gostaria de falar várias coisas na cara desse garoto. No entanto, eu preferi o silêncio.

Seguindo caminho eu avistara uma bela rocha. Nunca tive vontade de fazer Geologia na vida, mas apreciava as coisas desse ramo, um exemplo era aquela rocha com cor de grafite e com um pouco de barro. Analisei de longe e só assim pude perceber que precisava de água e, como não havia trazido nenhuma garrafinha além de sucos, suspirei e cocei a cabeça.

— Deve estar com sede – Iago dizia enquanto pegava a água na mochila. – Beba da minha, não negue.

Por mil demônios, como Iago parecia ler mentes.

Ele era muito bom em fazer as pessoas aceitarem as coisas que ele oferecia. Não pude negar um gole, talvez dois ou três, enfim, o importante era estar hidratada.

— Obrigada – dei-lhe a garrafinha e sorri singelamente.

— Não precisa agradecer.

Iago ficou olhando ao redor e propôs a continuar nossa trilha. Dei de ombros e continuei parada.

— Olívia, se não for pedir muito – pausou. – Como foi gostar de mim?

Eu corei naquele instante. Trazer um sentimento era algo esquisito.

— No início eu não gostava muito da ideia pois você namorava. Depois que terminaram eu não sentia nenhuma gota de esperança que iriamos ficar juntos, até que você me surpreendeu...

As lembranças do ano em que éramos da mesma sala voou na minha mente.

Estávamos no oitavo ano do ensino fundamental e Iago sentava atrás de mim. Ele era bem careta às vezes, fazia gracinhas no meio da aula. Não minto, eu ria de tudo o que ele fazia. Quando me toquei que estava um pouco apaixonada por ele foi bem desastroso. Iago me emprestava um lápis, eu ficava feliz. Me emprestava um apontador, eu ficava bem alegre. E assim ia sendo meu dia com pequenos toques de felicidade momentânea. Sempre tive muito receio de contar para ele a respeito dos meus sentimentos, até porquê parte de mim sabia que o que Iago sentia em relação a mim era pura amizade.

No dia que eu estava disposta a contar – pois esconder era exaustivo, ele me deu uma notícia. Era o ano seguinte já, não estávamos na mesma sala e provavelmente não ia conversar muito com ele a partir de então.

O encontrei perto da minha sala, parecia esperar por alguém. Eu quis fingir de despercebida e passei direto, porém ele havia me avistado e me chamou.

— Como foram as férias, Via? – ele dizia com um enorme sorriso.

Iago me chamava de Via nas horas vagas e isso alimentava aquela paixonite que eu tinha por ele. Meu e-mail inclusive foi baseado nesse apelido.

— Nem sei por onde começar – cocei o rosto. – Alguma novidade?

— Via, acredita que estou namorando?

E foi ali que meu mundo caiu. Depois dessa notícia trágica, eu apenas sorri forçado e disse que iria para sala. Após alguns dias ele retornou para aquele lugar e me cumprimentava. Um dia, tomei coragem e praticamente o mandei parar de me chamar daquele jeito. Eu estava com um aspecto de chorosa e ele havia percebido. Desde então, esse apelido foi banido da minha vida – exceto no e-mail porque ele é muito importante.

— Ei? – Iago me balançou para sair do transe.

— Perdão, apenas tentei buscar lá no fundo – sorri sem graça.

— Tudo bem... Mesmo não me perguntando sobre eu irei falar.

— Falar?

— Sabe, fui um enorme babaca. Desde que te vi chorando no nono ano, percebi que gostava de mim. Fernanda havia percebido também porque você me olhava meio triste e assim, ela e eu entravamos em conflito com isso. No ano novo eu enchi a cara na casa de um amigo meu, liguei para a Fernanda terminando nosso namoro de quase um ano. Meus amigos me zoaram e eu falei sobre você e aí que veio a aposta...

Estava bem atenta sobre o que ele me dizia.

— Bom – continuava ele. – Fui me apegando a você e me sentia irritado quando o Thomas estava perto. Depois que te beijei ainda queria continuar com você, entende? Por isso você me pegou naquela situação com meus amigos. Eu, otário deixei eles te ofenderem porque ainda não sabia como falar para eles que havia me apaixonado.

— Iago, mesmo que você tivesse dito para eles sobre nós, eu provavelmente não estaria com você – fui sincera. – Eu já estava gostando do Thomas antes de você me beijar, ia até contar para ele só que... você me encontrou antes e ele acabou vendo o beijo.

Respirei fundo. Nunca me imaginei contando para minha ex-paixonite sobre o impacto que minha atual paixão causou no nosso relacionamento.

— Eu quero ver você feliz com a Maria, de verdade e do fundo do meu coração – sorri com toda minha alma. – Pratos limpos até que enfim?

— Pratos limpos!

Iago me abraçou e passou a mão no meu cabelo. Logo após, continuamos a trilha e apertamos o passo. Provavelmente as pessoas já estavam na cachoeira nos esperando e então desesperamos.

Quando chegamos, ficamos tão felizes que nos abraçamos outra vez. Dei um toquinho na mão dele e comemorei nossa derrota. Estranho, mas real. Os casais se encontraram, conversaram e nadaram. Thomas e eu ficamos sentadinhos curtindo a natureza como as pessoas de humanas. O barulho da cachoeira era bem confortante, as borboletas azuis, até as aranhas-aquáticas estavam dando um grande espetáculo na água.

O casal mais inesperado do ano foi embora e antes haviam dado e-mail e passado o Facebook. E assim, Thomas pôde me contar o que teria acontecido na trilha dela com a Maria. Ela contou com muitos detalhes sobre a falta que ele fazia, que atualmente está fazendo de tudo para dar certo com Iago mas que sentiu uma recaída nos sentimentos quando me viu, mesmo passado tanto tempo. Como Thomas é um bom amigo, a orientou sobre não forçar nada e deixar agir naturalmente e, se ela perceber que Iago não gosta dela, ela não deveria hesitar em terminar. Além disso, Maria ficou falando sobre a vida dela e que gostaria de seguir a carreira de musicista.

Após ouvir sobre, tomamos um belo banho de cachoeira. Nadei e pulei de frio. Enquanto buscava coragem para nadar mais, Thomas me puxou, passou as costas da mão no meu rosto, fitou meus olhos e selou nossos lábios. Me sentia muito feliz, tão feliz que queria gritar. Nos beijamos por vários minutos até o clima acabar por eu estar congelando de frio.

Decidi não falar nada do que o Iago me falara hoje. Deixei Thomas dirigir o carro na volta para casa, estava bem exausta e cheia de informação na cabeça, também queria prestar atenção no modo como ele se portava diante ao volante. Passou no teste.

— O casamento de Rosa está quase chegando... Tenho que ir olhar o vestido o mais rápido possível.

— Verdade, nem lembrei de comprar as coisas.

Abri a janela e deixei o vento bater no meu rosto por algum tempo.

Cheguei em casa e Thomas guardou meu carro na garagem. Minha mãe ouviu o barulho e correu para o local.

— THOMAS!! – gritou ela e abraçando ele bem apertado. – Que maravilha você aqui. Olha como cresceu está até com uma barbicha – fiz um olhar para ela que significava “Mãe, para. ”.

— Está muito bonita, Marjorie! Um dia ainda voltarei a comer sua comida.

Os dois riam e batiam um papo bem entediante. Era uma sensação de estar apresentando um namorado para minha mãe. Nunca na vida apresentei um namorado para ela, talvez porquê todos eram rolos. O Miguel mesmo ela conhece, mas nunca foi boa a relação dos dois, era bem forçada para ser sincera. Como eu era bem novinha na época que fiquei com Iago, evitava contara para ela sobre esses lances, entretanto, um ela descobriu vendo.

Thomas não quis entrar e se preocupou com o irmão, me deu um breve abraço e despediu da minha mãe. Assim que ele passou pela porta, já sentia meu ouvido encher de perguntas e, antes que mamãe começasse um interrogatório, expliquei cada detalhe sobre nosso passeio.

No dia seguinte convidei Thomas e Lucas a ir em lugar misterioso. Fomos doar sangue. Lucas ficou encantado com nosso ato nobre e estava ansioso para ter dezesseis anos logo e praticar também esse gesto. Descobri que meu sangue é A positivo e que o de Thomas era B posivito. Cheguei em casa e vi um bom filme com os dois loirinhos, eles até dormiram lá. Foi bem nostálgico e como na noite do restaurante, Thomas e eu cantamos várias músicas até adormecemos.

Após esse dia, não conseguir mais ver Thomas. Os dias passavam e eu estava completamente atrasada para escolher um vestido, um penteado e um salto para o casamento. Rosa queria todas as madrinhas de azul, não fez a proeza de escolher um vestido único para todas. Ela gostava de diversidade, mas desde que fosse da mesma tonalidade os vestidos. Com muito custo e sacrifício, consegui um belo vestido por um preço acessível. Faltava menos de três dias para o casamento, então resolvi fazer várias gracinhas para a Rosa. Uma despedida de solteira.

Thalia e eu arquitetamos tudo. Saímos com ela para um “sexshop” e deixamos a louca escolher algumas coisinhas. Não darei muitos detalhes pois nunca me imaginei num local desses, só a Rosa mesmo para me levar a esses lugares, e olha que ela é a culpada e nem sabia dessa comemoração. Em seguida fomos a uma boate onde tinha caras bem sarados dançando, parecia irreal eu estar naquele lugar com aquele tanto de gente bêbada e dançando. Não podíamos perder o show, Thalia dançou e eu também, bebemos e cansamos. Sentamos em qualquer lugar com um copo de vodka e começamos a falar asneiras que pessoas embriagas falam.

— Thalia, nós esquecemos que a Rosa está grávida, não pode beber! – gritei pois o barulho da música estava incomodando.

— Minha nossa! Aonde estávamos com a cabeça? – Thalia parecia preocupada.

— Relaxem, raparigas! E-Eu prometo que é a última dose – ela parecia a mais embriagada de nós três.

Rosa realmente parecia estar adorando aquele dia, era tudo que ela sonhava na nossa época de Ensino Médio. E era estranho ver Thalia bêbada assim como eu, nós falávamos frequentemente o mal que a bebida trazia. Daríamos um desconto a tudo aquilo, nossa melhor amiga iria se casar e ter uma família em breve, tudo ia mudar daqui para frente. Aproveitar era a palavra mais correta no momento, então voltamos para a pista de dança. Quando marcara dez para às quatro da manhã, o noivo de Rosa nos buscou. Eu estava encostada na Thalia enquanto ele dava um sermão em Rosa.

— O-O Rafael, dá um tempo! Se fosse para ouvir desaforo eu tinha tomado uma cachaça na frente da minha mãe – Rosa falou apontando o dedo na cara dele. – Não me faça mudar de ideia antes do dia do casamento.

Rafael escutava todo e assentia, pediu desculpas e falou que ela precisava relaxar.

— R-Rafa – não me lembrava de onde eu arranjei essa intimidade toda. O álcool estava me afetando. – Espero que minha afilhada tenha um nome lindo, ou quebro sua cara! – eu realmente não estava muito bem com as palavras.

— Digo a mesma coisa sobre o meu afilhado, Rafael. Ah, espero também que você não tenha chamado o babaca do Marcelo para o casório, não quero rebaixar meu nível lá! – Thalia estava na mesma situação que eu: bêbada demais.

Depois de tanta falação, o coitado do noivo da Rosa colocou músicas clássicas o que me fez acalmar e curtir o passeio de casa em direção a minha casa. Desci do carro e dei dois beijos na testa do Rafael e três beijos na barriga da Rosa, abracei Thalia e disse que o Brian iria bater no Marcelo caso ele aparecesse lá.

Acordei no outro dia bem tarde e com uma dor de cabeça infinita. Era a primeira vez que eu ficava de ressaca em dezenove anos. Mais tarde fui checar minha caixa de e-mail.

De: Rosa – rosinhabonita@hotmail.com

Para: Olívia – viaconstance99@gmail.com

Enviada: 22 de Janeiro – 11:23

 

Assunto: Casamento

Mulher, que noite foi aquela? Eu ainda estou tipo “Quê? “. Enfim, muito obrigada por ter me sentido livre depois de tanto tempo, precisava me soltar e me jogar realmente. Ah, pedi ao Pietro (um amigo da faculdade) para fazer maquiagem e cabelo seu e da Thalia. Se o Thomas falar algo, manda ele sossegar a periquita (que ele não tem, mas é aquele ditado...) porque o meu amigo joga para outro time, entende? Corta para outro lado... Não importa! Não se esqueça que o casamento é AMANHÃ, portanto nada de ver anime shoujo e chorar horrores, quero ver você maravilhosa.

Um beijo,

Sua Rosa.

—-

De: Thomas – thferreira@gmail.com

Para: Olívia – viaconstance99@gmail.com

Assunto: Desaparecimento

Oi, sumida! Haha! Não vou te encher muito porque sei que está descansando depois de um dia agitado. Queria deixar você alerta para amanhã, meus pais estarão aqui. Sim, você voltará a vê-los, uhuul! Ok, não tem nada para comemorar. Na verdade, eles chegam hoje à noite, Rosa convidou eles então, não perdem por esperar. Sem contar que Lucas está dando falta deles... Bom, sei que não teve muito contato com eles, portanto espero que se deem bem. Descansa, viu?

Com carinho,

Thomas.

 

Fim do capítulo 38.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo :3



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