Meu sonho escrita por May Cristina


Capítulo 29
Dia chuvoso sem chuva


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :*



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Após mamãe ver a bela cena de casalzinho apaixonado, ela mandou Thomas sair do quarto e meu deu mais 5 minutos ou eu não iria.

Legal, fera! Tenho que usar qualquer trapo e sair parecendo uma baranga, é até uma ofensa falar assim das barangas, coitadas. Já não basta a festa ter sido adiada para hoje, poderia continuar com a data normal mesmo. Esse povo...

Coloquei uma calça legging , meu velho e bom All Star, uma blusa média que ficava colada um pouco acima das coxas e soltei o cabelo mesmo. Bora que bora, meu povo!

– Olíviaaaa – Thomas gritava no final do corredor. – Sua mãe não deixou claro?

– Não, seu babaca, ela deixou escuro! – Berrei abrindo a porta.

– Engraçadinha! Anda logo!

Me lembrei de passar o perfume e abri a porta. Pude ver a boca do Thomas fazendo um grande “O”.

– Fecha boca para não entrar mosquito. – Lancei uma piscadela para ele.

Papai nos levou de carro e falou para não demorarmos a chegar. Ele está achando que vou construir uma casinha e ficar por lá, só pode.

Dei uma olhada naquela bela mesa cheia de comida, meu estômago delirou e cheguei perto daquelas pizzas e...

– Olá! – disse Rafael vindo em nossa direção. Ele quase me pegou no pulão. – Você é a...

– Olívia – respondi antes que ele falasse um outro nome. – E esse aqui é o Thomas – apontei o dedo para o loiro mongoloide.

– Fiquem à vontade – Rafael sorriu.

– É claro que iremos! Eu vou me entupir de comida, volto depois. Ah, sua lembrancinha está com Thomas – Olhei para ele. – Dê o presente pro garoto, idiota! – ele deu o presente e deu um abraço com três tapinhas nas costas. Fiz o mesmo.

Depois de alguns minutos, Thalia, Rosa e Marcelo haviam chegado. Agora vamos pra pista de dança e nos jogar!

– A mocinha pensa que vai aonde? – Thomas colocou a mão em meu ombro.

– Sacudir o esqueleto, e você?

– Te impedir de fazer tal coisa.

– Por que? Virou meu pai agora? Me dê licença!

Sai de perto de dança e fui dançar com a Rosa. A verdade é que ela não queria, mas eu acabei levando-a junto, mesmo reclamando e me xingando. A gente dançava como duas criancinhas que via Xuxa, eu ria de alguns movimentos dela.

Mal percebi Miguel se aproximando e pegando o embalo. Foi até legal ver ele dançar. E cara, ele puxou o irmão... o garoto é lindo!

– Vou ali comer algo, eu não aguento mais fazer esses movimentos inúteis – disse a rainha da pista de dança.

Dei de ombros e me movimentei um pouco. Rosa tinha razão, era muito idiota estar ali, eu nem sei dançar e estou pagando um mico do caramba. Eu estava sozinha enquanto os outros estavam sentados e enchendo a pança.

Assim que resolvi sair daquele improvisado local de dança, Miguel me cumprimentou.

– Olívia! Ótimo ver você por aqui! Cadê aquele seu amiguinho estressado?

– Ei, Miguel! Ele está por aí – deu uma risadinha

– Vamos sair daqui, está muito sem graça – Ele pegou minha mão e me guiou. Realmente estava sem graça. – Você passou na mesa de bolinhos? Acho que não, hein – dei outra risadinha.

A mesa de bolinhos era a segunda maravilha da festa (a primeira era a mesa das pizzas).

– Nossa – eu estava encantada. – Você que fez todos? – Miguel esboçou um sorriso com a pergunta

– Sim... Sou um menino estranho que gosta de fazer bolinhos – ele pegou um bolinho.

– Esse é qual?

– Chocolate com brigadeiro e baunilha – ele tirou o papel que envolvia o bolinho. – Morda.

Isso me fez lembrar da crise de ciúmes de Thomas, então, resolvi evitar a fadiga... peguei o bolinho das mãos dele e mordi. Era simplesmente divino.

– Quando eu casar, você fará essas delícias! – Mordi outro pedaço e assim até acabar com o cupcake.

– Venha cá, você sujou seu cabelo – disse ele colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

Olhei para ele e ele colocou uma das mãos no meu rosto e foi se aproximando devagar.

Não, isso não pode acontecer!

Segurei a mão dele e disse que procuraria por Thomas.

Ufa!

– Você demorou... – Thomas veio em minha direção.

– Me perdoe, meu bem, eu estava ocupada – dei um abraço nele.

– O que?

– Oi?

– Você disse “meu bem” e me abraçou? Você está bem? Cadê minha Olívia? Socorro! – dei um tapa nele, para ver se ele se acalma. – Ah, ela está aqui. – ele sorriu e me deu um breve beijo.

A noite estava muito boa. Thalia deu vários beijos em Marcelo, algo até engraçado vindo deles. Rosa as vezes saia do meu campo de visão, era muito explícito que ela estava com o Rafael pois ele também sumia. Eu e o Thomas... bem...

– Eu sou melhor em matemática! – Thomas dizia. Iludido.

– Você só pode estar brincando, sabe muito bem que sou a melhor – eu olhava para ele com cara de deboche.

– Então vamos fazer uma aposta: quem tirar a maior nota na prova de matemática que a professora entregará algum dia desses, o outro irá declarar-se derrotado e deixará claro que seu adversário é o melhor.

– Feito! – demos as mãos para fechar o acordo.

Rosa passando estava e escutou o que estávamos dizendo. Ela fez uma cara estranha e falou:

– Que amor estranho... que isso não pegue em mim.

Já estava na hora de papai nos buscar. Abraçamos novamente Rafael e despedimos dos nossos amigos.

Entrei no carro e papai nos deu a notícia esperada e inesperada ao mesmo tempo.

– Thomas, seus pais chegam amanhã de viagem e pelo o que seu pai me falou, vocês irão se mudar novamente.

Em uma noite tão gostosa como essa, algo de errado aconteceria.

– Como assim? – Thomas estava com a mesma expressão facial que eu.

– Cara, ele não me deu muitos detalhes mas acho que assim que eles chegarem, você e o Lucas irão para cidade de vocês. Ele me contou que iria deixar a casa alugada.

Engoli aquilo tudo à seco. Como eu poderia me descrever naquele momento? Talvez eu estaria arrasada? Estaria péssima?

– Papai... – minha voz estava baixa.

– Sim?

– Isso quer dizer que...

– Quer dizer que hoje será o último dia deles conosco.

– Ah... – era tudo o que eu conseguia dizer.

Cheguei em casa e minha cara não podia estar pior.

Lucas correu e me abraçou, falou que estava feliz e triste. Feliz por rever os pais e triste por não nos ver novamente. Eu apenas falei que estava tudo bem e que não ia me esquecer dele.

Mamãe arrumava as malas dos dois se segurando para não chorar, dava para notar quando ela limpava rapidamente as lágrimas.

Meu pai... estava triste. Ele não teria mais o companheiro dele para falar sobre futebol e jogar vídeo game, e nem o mini companheiro.

Tomei um banho, mas antes mamãe avisou que eu faltaria à aula para ficar mais um tempinho com os meninos.

Foi tão repentino. Ainda não consigo acreditar que Thomas não estará mais na minha casa a partir de amanhã, e nem na minha escola o resto dos dias. Não chegou a completar um mês, mas foram dias incríveis, sabemos disso que percebemos que nesse tempo eu mais sorri do que chorei e se chorei foi de tanto rir.

Todos estavam dormindo. Thomas colocou o colchonete no meu quarto e terminou de arrumar algumas coisas. E lá estava eu, encostada na porta me lembrando dos beijos, das risadas, das cantorias, da dança e do nosso amor correspondido.

– O que está pensando? – ele perguntou fechando a mala.

– Em tudo – eu esbocei um sorriso.

– O que eu terei mais saudade é de como você fica brava comigo e faz um rostinho tão lindo...

– É? – eu estava lutando com as emoções. – O que mais?

– Quando você olha pra mim, eu simplesmente paro e penso: “Cara, eu sou apaixonado por ela” – ele foi andando devagar em minha direção.

Meus olhos estavam carregados de lágrimas, e eu estava segurando elas. Coloquei uma mão no rosto para conte-las mas acho que piorou. Quando dei por mim, minha mão estava bem molhada.

– Thomas... – balbuciei. – Se você for, quem irá me ensinar a andar de bicicleta? Quem vai perder a aposta? Quem vai falar que sou escandalosa e doida? Quem? – não aguentei e desabei em lágrimas. – Por favor – eu soluçava. – Me diz? Não tem outra pessoa!!!

Thomas me abraçou e senti seu rosto molhado encostando em meu pescoço.

Choramos juntos.

– Eu só queria uma chance para demonstrar o quanto te amo, Thomas... eu falhei.

Ele acariciou meu cabelo e olhou em meus olhos.

– Todos os dias eu acordo e só quero ver seu sorriso. Você não falhou... você fez esse menino o mais feliz em poucos dias – ele recuperou o ar. – Eu te amo, Olívia.

Tornei a chorar novamente e abracei-o forte.

– Eu te amo, Thomas!

Nos deitamos na minha cama e com os olhos pesados adormecemos. Foi a primeira vez que dormimos abraçados, naquela noite com jeito chuvoso, porém sem chuva.

Fim do capítulo 29.


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Notas finais do capítulo

;-;

Até o próximo T.T



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