Together escrita por Bianca


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do Capítulo. Beijos!



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Os dias passaram voando, e eu não podia acreditar que aquela havia sido a minha primeira semana de aula. Em cinco dias tantas coisas tinham acontecido. Novos amigos, novos amores, novas escolhas e novos sonhos. Mateus e eu não conversamos desde a nossa última discussão. Trocamos alguns olhares durantes as aulas mas não passou disso. Meu melhor amigo havia se tornado um estranho.
Passei a sexta-feira na biblioteca, aquele lugar me trazia paz. Reli pela terceira vez Dom Casmurro.
— Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? - Pedro disse sentando ao meu lado.
— São assim de cigana oblíqua e dissimulada. - falei. Eu não acredito que você já leu Dom Casmurro.
Ele sorriu e segurou uma das minhas mãos.
— É claro que sim. Dom Casmurro é um clássico. - franzi a testa. A última pessoa do mundo que eu imaginei que gostasse de ler era o Pedro. — Mas eu li o ano passado, a professora de português passou um trabalho.
— Ah, eu lembro. E você decorou as falas, isso é incrível.
Ele passou o dedo indicador pelo meu rosto até chegar na minha boca.
— Eu quero muito te beijar. - sussurrou
— Aqui?
— Qual é problema? Não tem ninguém vendo.
Ele se aproximou, colocando uma de suas mãos na minha nuca e a outra na minha cintura. Ao nosso redor as pessoas liam em silêncio. Nossos lábios se tocaram e antes que o beijo pudesse esquentar ouvi um barulho do tosse, me afastei dele. Natália estava parada em frente a nossa mesa.
— Sem beijo na biblioteca. - ela disse.
— Fala sério. - Pedro bufou. — Tenho certeza que você já fez coisa pior dentro de uma biblioteca.
— Já sim, mas não na frente de tudo mundo. Banheiro serve pra isso Pedro.
Ela gargalhou e a bibliotecária nos lançou um olhar feio. Pedro se levantou e me deu um beijo na testa.
— Te ligo mais tarde. E Natália, por favor, não leve minha namorada para o mal caminho.
Ela piscou pra mim e ele saiu da biblioteca.
— Eu ouvi bem? Ele disse namorada? - falei tentando conter o entusiasmo.
— Ele disse. - ela me abraçou. Nós ficamos assim por menos de dois segundos e ela se afastou com a testa franzida. — Desculpa, isso é estranho.
— Eu gostei. - puxei ela de novo para um abraço e nós duas rimos.
— Bom... - Natália disse se ajeitando na cadeira. — O que aconteceu entre você e o Mateus?
— Nada.
— Eu não preciso te conhecer muito pra saber que você está mentindo. Qual é Lívia, pensei que pudéssemos confiar uma na outra.
— Você está sendo uma boa amiga mas eu não quero falar sobre isso.
— Engraçado... - ela disse — Mateus falou a mesma coisa. Só trocou o amiga, por ficante. Vocês realmente são iguais.
Não aguentei e abri um sorriso, nós realmente éramos parecidos. Mateus e eu sempre nos completamos. Ele era o preto, eu o branco. Ele o mar, eu o céu. Ele a lua, eu o sol. Fechei o livro que estava na mesa e guardei dentro da minha mochila.
— Preciso ir embora, meus pais estão me esperando para o jantar. - falei.
— Tudo bem. Vamos marcar de fazer alguma coisa esse fim de semana.
— Se meus pais me liberarem do castigo...
— Eles vão. - ela riu e me deu um beijo na bochecha. — Se cuida Lívia.

Caminhei até em casa com os fones no ouvido, ultimamente a música tem sido minha melhor amiga. Tocava nas rádios uma música do Ed Sheeran que eu nunca havia escutado antes. Ela soava triste e linda ao mesmo tempo. Abri a porta de casa e senti um cheio de queimado. Corri para o cozinha e meu pai estava jogando uma panela dentro da pia.
— Meu Deus, o que aconteceu?
— Acho que vamos jantar fora. - ele disse.
Meu pai nunca foi um bom cozinheiro, mas sempre tentava surpreender minha mãe com alguma coisa. Ele dizia que isso é o amor. Eu nunca questionei muito, meus pais são felizes juntos e isso que importa. Subi para o meu quarto e tomei um banho demorado. A água me entorpecia, me fazendo esquecer de tudo. Me enrolei na toalha e fui para frente do guarda-roupa, precisava encontrar uma roupa bonita pro jantar de hoje. Escolhi um vestido azul marinho que tinha comprado no final do ano, ele tinha alguns detalhes em preto e batia na altura do meu joelho. Calcei minha sapatilha preta e prendi um pouco do cabelo, deixando o resto solto. Passei uma sombra clara, rímel e um batom nude. Desci as escadas e meus pais estavam conversando no sofá.
— Filha você está linda. - minha mãe disse se levantando e pousando um beijo na minha testa. — Esse é o vestido que compramos ano passado?
— Sim. - alisei ele com a mão e sorri vendo meu reflexo no espelho da sala. Eu realmente estava bonita.
— Estão prontas meninas? - meu pai perguntou e nós concordamos com a cabeça.
Entramos no carro e fomos conversando até chegar no restaurante. Eu e meus pais sempre nos demos muito bem, e eu dou graças por não ter que dividi-los com nenhum irmão. Chegamos no restaurante Italiano do centro, é o meu favorito. Eu e minha mãe entramos enquanto meu pai estacionava o carro. Demos o nosso nome e pedimos mesa para três.
— Sinto muito mas as mesas para três pessoas já estão ocupadas. Só temos para duas pessoas ou para cinco. - a atendente disse.
— Então mesa para cinco, por favor. - disse uma voz atrás de mim. Olhei para trás e Mateus estava ao lado de sua mãe. Me segurei para não revirar os olhos e sair correndo.
— Isso parece ótimo. - disse minha mãe. — Seu pai, eu e a Ana vamos colocar o papo em dia.
— Eu acho que vou comer no restaurante da frente. - falei — Fiquei sabendo que eles fazem um peixe maravilhoso.
— Não precisa ir embora Lívia. - Mateus disse no meu ouvido. — Eu faço isso.
Ele se afastou e eu o puxei pela camisa, assim como fiz na noite da nossa briga. Ele ficou um tempo parado, de costas para mim. Depois se virou e observou cada detalhe meu. Meus cabelos, meus olhos, minha boca. Desceu para os meus seios, minha barriga e foi para os meus pés. E sorriu. Depois ele ergueu a cabeça e se aproximou de mim.
— Trégua? - perguntou
— Só durante o jantar. - falei. Me juntei aos meus pais e eles estavam em uma conversa sobre faculdade, futuro e essas coisas.
— Lívia como você está grande. Uma moça. - Ana passou o braço sobre os meus ombros e sussurou no meu ouvido. — Namorando algum gatinho?
— Pedro. - Mateus disse em alto e bom som.
— Eu não gosto dele. - meu pai disse.
— Viu Lívia, alguém pensa como eu. - Mateus disse tocando na mão do meu pai.
Os dois riram e disseram algo que eu não pude ouvir. Eu não estava acreditando, meu pai e Mateus unidos contra mim. Olhei para a minha mãe.
— Eu gosto dele. - ela disse. — Só está em uma fase difícil mas é um bom garoto.
Ana concordou com a cabeça.
— Eu queria tanto que nosso plano tivesse dado certo. - ela disse para a minha mãe.
— Que plano? - perguntei. As duas se olharam e abriram um sorriso. — Digam.
— Bom... - minha mãe começou. — Quando a Ana veio para a cidade, nós nos tornamos melhores amigas. Você e o Mateus eram quase da mesma idade e nós combinamos que faríamos de tudo para vocês namorarem e futuramente se casarem.
As duas abriram um sorriso. Meu pai também sorriu. Mateus olhou pra mim e eu pode ver suas bochechas corarem, ele estava tão envergonhado quanto eu.
— Vocês se tornaram melhores amigos e nós pudemos jurar que vocês iam namorar. - Ana disse.
— Eu ainda acredito nisso, vocês fariam um belo casal.
Olhei para o chão e desejei que ele abrisse abaixo dos meus pés. Tenho certeza que o Mateus desejava a mesma coisa. Ele estava da mesma cor da sua camisa vermelha.
— Enfim... - meu pai disse abrindo o cardápio. — O que tiver que ser será, se eles forem realmente a alma-gêmea um do outro se darão conta disso. Só espero que não demore muito, esse Pedro é um bunda mole.
Todos da mesa riram e eu afundei meu rosto nas mãos.


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