Luci escrita por an


Capítulo 1
Veracidade


Notas iniciais do capítulo

Começando mais uma estória, espero que goste do capítulo e que volte sempre. Leia antes de dizer "não", okay? Obrigado! Aproveite!



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Observávamos a cidade de longe, prestando atenção na calma que não existia quando se estava dentro da mesma. Os raios solares atravessavam vãos de prédios, casas. Era uma imagem que queria guardar para o resto da vida, o pôr do sol visto de fora, a cor laranja cercando o cinza. E aquelas cores se juntaram tão bem, creio que ninguém imaginaria como o laranja casaria com o cinza.

Peter e eu nos preparávamos psicologicamente para o dia de amanhã, primeiro de Abril, quando todos mostravam seus verdadeiros seres. Não é como um dia qualquer. As pessoas mentiam a todo instante e nada acontecia a elas, pois ninguém notava. Todos são mentiras. O mundo sempre foi assim, até algo acontecer a ele. Quer dizer, o mundo ainda é feito de mentiras, mas não como antes.

A alguns anos atrás, esferas vermelhas caíram lentamente do céu, eram como bolas de voleibol, mas um tanto transparentes. No interior das esferas, podia-se notar uma luz, talvez fosse aquilo que as fizessem tão vermelhas e brilhantes. Quando elas tocaram o chão o mundo morreu. As pessoas se deitaram e adormeceram, quando todos acordaram, descobriram que havia passado dias desde então – três dias pra ser mais exata.

As esferas já não estavam mais lá, junto a elas a energia do mundo se foi. Não ficamos muito tempo sem a mesma, logo os homens deram um jeito, como sempre foi.

Os pesquisadores tentaram explicar o acontecimento, entretanto, foi um fracasso total. Aquelas coisas entraram em nossa atmosfera sem serem detectadas, sem ninguém notar, até o momento em que elas quiseram ser vistas. E não foi só naquele dia que elas se mostraram.

Meses depois do ocorrido, um aviso caiu-se sobre a Terra – diria até que o mesmo rebelou-se na pele das pessoas –, uma mensagem apareceu abruptamente nos corpos de todos. Abaixo da costela, como uma tatuagem, “Mentir é seu monstro, ele te fará cair”. Não era algo exato, mas parecia que as pessoas entenderam, ou a grande maioria delas.

As mentiras foram deixando de serem passadas. Ninguém nem queria mais escutar o que os outros tinham a falar, a comunicação começou a ficar pouca, mostrando que o medo é maior que qualquer coisa, até mesmo que a mentira. Pouco antes de Abril, começaram a desacreditar no que estava escrito em seus corpos, tudo começou a voltar ao normal, toda via, as coisas voltavam lentamente.

Quando finalmente chegamos ao primeiro dia de Abril.

Estava em casa, olhando pra minha irmã, Luci, a mesma que não conversava à quase um ano, pois decidimos que seria melhor do que correr algum risco. Luci então caiu no chão da cozinha, seu corpo começou a se debater, a esquentar, sua pele tomava uma textura diferente que era facilmente notada, como desenhos ou alguma escrita antiga.

Só conseguia gritar seu nome e chorar enquanto tocava em seu tórax, sacudindo-a. Não compreendia o que estava acontecendo. Luci começou a ganhar pelos sobre o corpo, eram pelos enormes como de um animal. Levantei-me, fitei Luci e sussurrei seu nome, enquanto me afastava aos poucos. Logo já não conseguia ver o rosto da mesma, já não eram mais suas feições.

A coisa que minha irmã se transformou ficou de pé, me encarou, olhou bem no fundo dos meus olhos, como se procurasse algo em minha alma. Senti uma dor bem forte no meu estomago, como um soco e quando me dei conta, estava sendo jogada pela janela, lembro-me de estilhaçar o vidro e sentir algumas partes do meu corpo sendo cortadas, e logo em seguida apaguei.

Meus olhos se abriram aos poucos, enxergava tudo um tanto quanto borrado, mas enxergava a janela pela qual fui arremessada. Estava caída em um Mercedes, que teve sua lataria amassada. Levantei-me e respirei fundo, fui até a rua para ver o que tinha acontecido e tudo a minha volta estava destruído, as coisas estavam em chamas, alguns corpos nus no chão, os mesmos com buracos de balas por suas extensões.

Sai pelas ruas em busca de minha irmã, mas nunca a encontrei.

As esferas vermelhas fizeram com que algo em nosso corpo fosse mudado, caso contássemos alguma mentira se quer, em qualquer momento, nos transformaríamos em coisas monstruosas. Aqueles transformados não teriam volta e só podiam ser mortos no dia da criação, o primeiro dia de Abril.

Aqueles que não morrem nas cidades depois da transformação, acabam fugindo para as florestas em uma tentativa de sobrevivência, outros são capturados e estudados. Ainda buscam pela cura. Talvez a solução fosse parar com as mentiras, mas todos os anos alguém se transforma. Isso não está nem perto de acabar, posso sentir.

As pessoas começaram a chamar todos os transformados de Monstros – alguns os chamavam de Coisas –, e, de acordo com o povo, todos os monstros devem ser mortos, então, criaram os Caçadores. Os mesmos foram treinados e preparados para uma guerra. Os caçadores protegem os cidadãos e principalmente a si mesmos. Decidi candidatar-me. Não vou mentir – pois sei o que acontece quando se faz tal coisa –, ofereci-me a serviço na esperança de reencontrar minha irmã.

A esperança ainda é a última que morre.

No começo, ser um Caçador não era tão ruim, até que começaram a exigir mais de nós do que deviam. Começaram a ordenar que ajudássemos os moradores, protegendo-os de assaltos, saques, entre outras coisas. Achei que era hora de partir, contei a Peter, um dos garotos com quem treinava, ele disse que estaria onde meu coração estivesse.

Contei que iria para a floresta, que não tinha medo daqueles monstros, um dia eles já foram pessoas, por tanto, a única coisa que mudaram foi um pouco da aparência; alguns pelos aqui, outros ali. Peter concordou com a ideia e então partimos. Estava determinada, precisava encontrar minha irmã.

O sol desapareceu completamente e a lua se mostrou, foi quando soube que estava na hora de lutar.

O chão tremeu, pássaros fugiram por cima das árvores, o som das pegadas ficou mais próximo e forte. Abaixei pra pegar o arco que pertencia a Peter e joguei para ele, no mesmo momento um dos Monstros saiu das árvores, derrubando algumas e jogando outras para o céu. Apertei bem a faca que segurava, corri em sua direção e saltei sobre ele, segurei em seus pelos, e com toda minha força, finquei a faca em sua cabeça.

E o silêncio reinou até o segundo seguinte, onde começaram a aparecer dezenas de Monstros. Lutamos bravamente para detê-los, mas muitos deles conseguiram chegar à cidade. Como não estávamos aqui para ajudar e servir a cidade, deixamos que os outros escapassem. Os muitos, normalmente, vão em busca de alimento nas casas. Alguns se tornaram "canibais", por assim dizer, e passaram a comer gente.

Enquanto estive na cidade, recebi um sinal. No começo, não estava certa do que era, mas depois de um tempo percebi que era algo me chamando para floresta, acreditei que era minha irmã. Aproveitei que não estava contente com a cidade e resolvi sair. Ainda não falei sobre isso com Peter, e não pretendo dizer.

Peter nunca me perguntou o real motivo, então, não foi mentira. Estou de mente limpa. Sei que minha irmã está em algum lugar dessa floresta e sei que conseguirei ajudá-la. Hoje, vamos adentrar a mesma e encontrar Luci, custe o que custar.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ter lido, espero que tenha realmente gostado. Não esqueça de deixar sua opinião, critica (boa ou ruim). Imagem retirada do Tumblr "t-iredness".



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