Rebeldes Sem Causa escrita por autorasantiis


Capítulo 16
Eu sou rebelde, e você?




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Roberta Messi 

 

Rebelde, chegou a minha vez, o que sou ninguém vai mudar, é desse jeito que vou levar, a vida passa não tem como controlar.

Rebelde, chegou a minha vez, o que sou ninguém vai mudar, é sempre assim que deve ser, meu coração vai ser rebelde para sempre.

Vocês devem estar se perguntando, por que estou cantando essa música no início do capítulo, a resposta para a sua pergunta é fácil. Porque hoje é o dia dos rebeldes, ou deveria, porque finalmente concluímos os nossos seminários, e estamos livres da parte pesada, tendo a nossa rotina de volta ao normal, e isso vocês sabem o que significa, sim? Pois bem, significa que estamos prontas para aproveitar o acordo que fizemos com o nosso queridíssimo diretor, ou seja, hoje passaremos a nossa tarde livre na piscina.

Nos sentamos confortavelmente nas cadeiras e apenas relaxamos, o sol nem estava tão bom assim, mas também não estava tão ruim, então estava na medida certa para que pudéssemos aproveitar o momento.

Uma sombra tampa o meu momento Roberta e Apolo, e eu me esforço para abrir os olhos e encarar o ser humano que interrompia a minha glória. Abro os olhos a ponto de ver o professor Gastão na minha frente.

— O que deseja? – pergunto entediada.

— A senhorita não me entregou o trabalho de história – fala com os braços cruzados, é sério que eu estou ouvindo isso?

— Eu entreguei ontem professor – respondo entediada, é óbvio que eu não ia dar mole para aquele corno ambulante.

— Não entregou não – ele teima e eu suspiro.

— Eu entreguei e todos estão de prova, viram eu lhe dando o meu trabalho, encadernado com uma capa preta – falo e ele franze o cenho, colocando a mão no queixo, em uma falsa expressão de pensamento.

— Não me recordo disso, acho que vou precisar zerar sua nota – ele dá as costas e começa a andar para longe, me deixando incrédula no meu lugar, enquanto as outras me encaravam com raiva no olhar.

Assistimos aquele ordinário se afastar, até sumir de nossas vistas.

— Aquele homem é um tirano, precisamos dar uma lição nele – Pardo fala e todas concordamos.

— Eu sou rebelde, e você? – Mar me olha e eu sorrio para ela.

— Operação tirania, em andamento – Jade concorda e levantamos decididas a deixar nosso dia na piscina só para ensinar uma lição a aquele ordinário.

Caminhamos em direção ao nosso dormitório para trocar de roupa, e montar um plano para acabar com aquele otário.

Assim que passamos pelo saguão de entrada, podemos ouvir alguns resmungos por ali. Pelo visto não somos apenas nós que estamos revoltadas com algo.

— O que houve? – Mar pergunta para a Vale que conversava com a Celina e a Josy.

— O Gastão decidiu pegar no pé de algumas meninas do nosso dormitório, e alguns meninos da Lambda Pi – Vale explica.

— Ah, então o problema não é só comigo – falo com os olhos semicerrados – é hora de fazermos uma nova revolução, não acham meninas?

Agora todas prestavam atenção em nós.

— Vamos acabar com a tirania daquele ordinário narcisista do Gastão – Celina grita fazendo todas as outras gritarem.

Celina não faz parte da Alpha Pi, mas a Josy sim, e elas andam bastante juntas, então quase sempre a vemos por aqui.

— Posso saber o que as rebeldes vão aprontar? – Mia pergunta surgindo no saguão de entrada.

— É óbvio, iremos mostrar a ele quem nós somos – alerto e logo ela assente.

Passamos o resto do dia montando o plano que daria início a nossa vingança, e quando o dia seguinte chegou, acordamos mais do que dispostas a acabar com ele. Por isso preparamos tudo detalhadamente, e seguimos para o refeitório para tomar um café da manhã reforçado.

— Bom dia minha rockstar – Diego fala me dando um selinho e se sentando ao meu lado – o que vocês vão aprontar hoje?

— Como sabe que vamos aprontar? – pergunto.

— Você tá com aquela cara – ele ri e eu franzo o cenho confusa, que cara seria essa? – suas sobrancelhas ficam franzidas e você faz um bico muito fofo, mas assustador para quem não te conhece – responde como se eu tivesse perguntado.

Rimos e eu assinto, Diego me conhece muito bem, então tudo bem ele falar isso, mas não se enganem eu teria batido em quem ousasse falar que eu faço um bico fofo.

— Seja lá o que for, só não seja expulsa – ele rouba minha maçã, me dá um beijo na bochecha e sai.

Não demora muito para o sinal tocar e dar início as aulas do dia. E como vocês não podem ver, teremos aula de história, com o pateta do Gastão.

Vamos em silêncio para a sala de aula, ninguém nunca nos viu em silêncio no corredor, é mais que sinistro. Adentramos a sala tranquilamente e nos sentamos ainda quietas, logo o tirano adentra a sala e coloca sua pasta sobre a mesa, logo se posicionando à frente da sala para começar a aula.

— Então pessoal, onde paramos na aula passada? – ele pergunta e recebe o silêncio em troca, ninguém abriu a boca para falar nada, nem mesmo a Márcia ou o Téo, percebendo que não diríamos, ele pega a agenda e confere o último assunto – Okay, quem pode me dizer o que foi a Revolução Francesa?

Silencio.

— Teste surpresa – ele fala puxando alguns papéis de dentro da bolsa e estendendo para Téo, o representante de turma – distribua para seus colegas, por favor.

Téo não se moveu nem um dedo. Continuamos sentados em silêncio, movendo nada mais do que os olhos em resposta. Cansado de esperar ele distribui as folhas entre as cadeiras. Mas não pegamos, continuamos na mesma posição sem dizer nada. Ele bufa entediado e se senta na cadeira, perfeito, agora ele está onde queremos. Seu cenho se franze enquanto ele começa a se remexer inquieto, logo tentando levantar da cadeira, se dando conta de que ela na verdade estava cheia de cola e por isso estava esquentando como o inferno.

— Eu posso ser uma garota, mas tenho princípios – Pardo se levanta na cadeira dela, ficando de pé, atraindo a atenção do professor.

— Eu posso ser nerd, mas tenho princípios – Téo fala repetindo o gesto de Roberta.

— Eu posso ser gay, mas tenho princípios – Giovanni fala se levantando.

— Eu posso ser rockeira, mas tenho princípios – falo me levantando.

— Eu posso ser bolsista, mas tenho princípios – Pedro fala.

— Eu posso ser rico, mas tenho princípios – Bustamante fala.

— Eu posso ser adotada, mas tenho princípios – Josy fala se levantando.

— Eu posso ser gorda, mas tenho princípios – Celina dessa vez.

— Eu posso ser pequena, mas tenho princípios – Mar, Cat e Márcia falam juntas.

— Eu posso ser intercambista, mas tenho princípios – Tori fala.

— Eu posso ser brasileira, mas tenha princípios – Alice e Carla dizem.

— Eu posso ser americano, mas tenho princípios – André, Beck e Robbie dizem juntos.

— Eu posso ser argentino, mas tenho princípios – quase todos os alunos da Mandalay se levantaram.

— Eu posso ser rebelde – Jade se levanta o encarando – mas tenho princípios. Não deixaremos um tirano como você, tirar a nossa individualidade.

— Não deixaremos um tirano como você, tirar a nossa verdade – Pardo fala.

— Não deixaremos um tirano como você, prejudicar o nosso último ano – Mar fala.

— E não deixaremos um tirano como você, agir como um babaca idiota sem fazer nada – falo o encarando – nós somos muitos, somos rebeldes, você, não passa de um maldito.

— Eu vou dar zero a todo mundo – ele grita com a cadeira presa na bunda – isso é ultrajante, eu não admito isso, vocês não irão se formar, repetirão de ano.

— Professor Gastão – a voz do diretor soa na porta da sala – que vergonha, por favor, me acompanhe até a direção.

— Gandia, essas rebeldes...

— Já chega professor, vamos.

Ele pega a pasta dele e com muita dificuldade sai da sala ainda com a cadeira colada na bunda.

— Estão dispensados até a próxima aula – o diretor fala e nós comemoramos.

Descemos das cadeiras e nos abraçamos, achou o que, que íamos colocar pó de mico na cueca dele? Ou laxante no café? Essas eram as outras opções, caso a cadeira não desse certo.

— Isso é ultrajante – Pardo grita imitando Gastão.

Resultado, rimos horrores e assim demos um fim naquele tirano.


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