Encontro Gelado escrita por Carszl


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Kaboom! Se hiatus desse dinheiro eu ja tava rica porque a espera por uma att ja durou UM ANO e alguns mesinhos. Desculpa gente, eu realmente acabei parando de escrever e me desapeguei dessa fanfic. Agora, porém, vi o filme do thor de bobeira e quase tive um treco quando me deparei com aquele loki azul sexy insolente com cubo na mão congelando o heimdall loko pra ser pego e comido violentamente. Ookoko, menos. Enfim, prometo terminar essa o quanto antes e não mais abandoná-la! Sorry sorry.



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Nas profundezas da caverna, as espessas e íngremes paredes de rocha enregelada empurravam a tempestade enfurecida para o lado de fora, sustentando um clima mais estável em seu interior, longe do ideal para a sobrevivência de qualquer criatura, mas acalorado o suficiente para um jotun e seu monstruoso lobo de estimação.

Agarrado aos pulsos do forasteiro, Loki o arrastou duramente para perto da sua aconchegante cama de pele felpuda de monstro do gelo.

Num último e extenuante puxão, tropeçou em seus próprios pés graças ao peso excessivo da carcaça. Com a respiração pesada, recuperou o equilíbrio, largou os pulsos, que bateram no chão de pedra, e soltou um profundo suspiro.

Ali, diante da criatura, contudo, permaneceu imóvel, sem reação, apenas contemplando o som da tempestade lá fora e a própria respiração irregular.

Observou o estranho por alguns instantes, caindo sem intenção num escuro oceano de decisões que começaram a surgir dentro de sua mente.

Você deveria comê-lo, disse sua consciência agonizante, morrendo de fome.

Mas se fizer isso, nunca saberá o que ele é, condicionou a curiosidade.

De onde vem ou qual foi seu propósito aqui, nesta terra onde ninguém quer estar...

E se quando vivo sentiu tamanha solidão por ser uma aberração como você costuma sentir, por fim acrescentou, fazendo-o virar a cabeça para o lado, constrangido, tentando fugir desta persistente linha de pensamento melodramática.

Felizmente, Fenrir estava ali para ajudá-lo a se livrar dela, pois através do seu habitual jeito descuidado, veio ao encontro do mestre com euforia e bateu seu focinho molhado com força no rosto do jotun, o fazendo dar um salto assustado.

Mais ferido pela invasão de espaço do que pelo impacto do golpe, Loki grunhiu e empurrou a grande cabeça do lobo com uma boa dose de raiva.

– Ta, ta, ta! Já vou! – rosnou, já ciente do que se tratava.

Então, zangado, jogou seu manto para trás e se abaixou perto do corpo. Seguindo seu movimento, Fenrir desceu a cabeça para cheirar a estranha criatura com um nariz inquieto e uma comprida boca de dentes pontudos semi-aberta salivando.

Percebendo que aquilo terminaria num generoso bocado de carne sendo triturado pelas presas do lobo, Loki empurrou a cabeça do monstrinho novamente.

– Paciência! – estalou, – Eu tenho que ver o que é isso antes! – e baixou a cabeça, se focando na estrutura encravada no tórax da criatura.

Aborrecido, Fenrir hesitou, mas resolveu obedecê-lo ao ser encarado por um par de olhos vermelhos nervosos, talvez inclinados a castigá-lo por sua insolência. Se afastando, caiu deitado no chão num gemido impaciente.

Loki, por sua vez, revirou os olhos e continuou com a tarefa que lhe interessava.

Cutucou o objeto pontudo, testando a superfície irregular; depois criou coragem e o capturou com a ponta dos dedos azuis, balançando-o de leve, buscando uma noção de profundidade. Estava longe da borda, talvez penetrado quase por inteiro, restando apenas à frágil base de fora.

Loki respirou fundo, envolvendo uma mão em torno da estrutura. A puxou sem exagero, ela, porém, não se moveu. Com um pouco mais de força, o jotun puxou de novo, provocando, desta vez, um resultado: a faca, em parte, emergiu junto a certa porção de sangue fresco, que escorreu como fios de tinta vermelha pelos lados.

Endireitando os ombros e, agora com as duas mãos envolvidas, Loki, com certa violência, arrancou a faca num último puxão através de um rosnado.

O ferimento que se revelou com a saída do objeto invasor era enorme. Uma fenda rompia a armadura da criatura, rasgando os músculos definidos do tórax num profundo buraco em forma de funil, arroxeado e que escoava sangue com entusiasmo.

Loki pestanejou, olhando em seguida para suas mãos manchadas de vermelho.

Conhecia aquele tipo de lesão, só não se recordava de onde exatamente.

O estranho objeto encharcado de sangue que mantinha em mãos, no entanto, ascendeu-lhe uma suspeita.

Parecia uma adaga, porém estava longe de ser uma. Lembrou-lhe um dente serrilhado e fragmentado de um jormungand, uma terrível e colossal espécie de serpente peçonhenta que habita às profundezas dos lagos congelados que abrangem Utgard, a terra dos gigantes de gelo.

Munido de uma natureza sedenta por sangue, o bicho, se possível, de tão descontrolado, engoliria o próprio rabo se pudesse abocanhá-lo. Dada, entretanto, a preferência por estripar animais marinhos, era extremamente difícil dar de cara com um jormungand sem estar a procura de um.

A menos que...

Estivesse desafiando os gigantes de gelo ou algo assim.

Loki franziu as sobrancelhas.

Será que o rosinha tava causando confusão em Utgard? – pensou.

Em via das dúvidas, largou o suposto dente no chão e passou o indicador da mão direita sobre o ferimento agonizante, a fim de coletar mais sangue do que já havia em mãos, levando a amostra até os lábios.

Não sentiu nada além de um tênue sabor de ferro.

Insatisfeito, apoiou uma mão no corpo do bicho e outra no chão, então baixou a cabeça e deu uma generosa lambida na lesão, levantando imediatamente, como quem tivesse levado um choque, e cuspindo o fluído desagradável longe.

– Argh! Veneno! – resmungou, desgostado, colocando a língua para fora e a limpando com os dedos frenéticos – Veneno de jormungand!

Com as orelhas compridas eretas, o lobo aproveitou a deixa e se aproximou, cheirando o morto com interesse e sendo, de surpresa, capturado pelas frias mãos do jotun, que o seguraram com firmeza pelas laterais do focinho.

Debateu-se, angustiado, louco com a ideia de ser impedido de roer um pedaço de osso.

– Não! – Loki advertiu, olhando diretamente para aqueles grandes olhos perolados que meteriam terror em qualquer gigante de gelo, mas não ele – Nem pense nisso! – a atenção do lobo, porém, persistia em fugir do seu rosto para encontrar-se com o cadáver – Eu sei que está com fome, Fenrir- Eu também estou! Mas sabe bem como funciona essa porcaria! Se a gente comer a carne do rosinha, vamos acabar como ele! Então tenha um pouco de paciência e me deixe pensar numa solução!

E no que fechou a boca, ouviu um gemido abatido emergir do forasteiro.

Arregalando os olhos, o jotun se virou para encontrá-lo, chocado.

O monstro cor-de-gelo, por sua vez, rosnou alto, subindo os lábios negros para mostrar os ameaçadores caninos afiados.

– Espera! – Loki deu-lhe um empurrãozinho entre os olhos – Deixe-me...

E, rapidamente, dispensou cerimônias e caiu de joelhos ao lado do cadáver-não-morto, se inclinando sobre ele para observá-lo mais de perto, à procura da mínima reação física.

Não se mexia, mas voltou a gemer como se sofresse um pesadelo.

Loki, então, passou as mãos de unhas cortantes pelos cabelos do forasteiro, agarrando-o por baixo, da nuca, e erguendo a cabeça do chão. Aproximou o rosto do dele, atento a qualquer mudança expressiva, ansioso por uma confirmação de que estava realmente vivo, e se viu assombrado, pois os olhos da criatura se abriram, revelando uma estranha coloração azul clara que nunca tinha sonhado em ver além do céu.

Encarando-o cegamente, o forasteiro grunhiu, debilitado, e deixou as pálpebras pesadas caírem, mergulhando novamente em seu sono profundo.

Largando-o de volta ao chão gelado, Loki, perplexo, sentiu a centelha de uma desconhecida sensação arder em seu interior.

Precisava fazer alguma coisa.

Precisava salvá-lo, não importa como.

Se virando para Fenrir, que, com a cabeça pendida, parecia encará-lo com preocupação, ele respirou fundo e anunciou:

– Eu acho que quero fazer uma coisa... E você não vai gostar.


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