"Você acredita em destino?
Um encontro momentâneo,
Que muda tudo que já aconteceu em sua vida?"
                                                  Ayumi Hamasaki - Fated


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 Mais uma noite fria. Mas aquela parecia mais fria que as outras...
Fiquei sentado na frente da lareira praticamente a noite toda. Eu gostava de ver como o fogo ia consumindo a lenha aos poucos. Era praticamente uma terapia para mim.

 Dois toques na minha porta para acabar com a minha paz... Levantei do chão com a maior má vontade de mundo. Olhei pelo ‘olho mágico’ e soltei um longo suspiro;
- Pensei que eu tivesse deixado bem claro que não queria ser incomodado – Fui falando logo que abri a porta;
- Não seja arrogante... Tenho um pedido para você.
E antes que eu pudesse impedir sua entrada, ele foi invadindo meu apartamento. Ficou parado um tempo observando tudo em volta e soltou um suspiro de decepção:
- Faltando menos de uma semana para o Natal e você não enfeitou nada? Nem se quer uma guirlanda na porta? Que coisa feia, Sasuke!
- Não me repreenda, Kakashi-sensei... – eu fechei a porta antes que mais alguém aparecesse – Sabe que não gosto dessa coisa toda de natal...
Ele bufou um pouco e resmungou mais algumas coisas que eu não consegui entender. Depois ficou fazendo cara de reprovação vendo o tanto de pacotes de biscoitos, chocolates e canecas sujas ao redor do tapete que eu estava sentado um tempo atrás vendo a lareira.
- Não conhece uma coisa chamada lixeira?
- Se você veio aqui para ficar me criticando...
- Calma! – ele me interrompeu – Vim aqui pedir um favor...
- Não enrole... Por favor.
- Para muitos seria um prazer... Mas tenho certeza que para você será um sacrifício... – ele se esparramou no meu sofá e continuou com drama – Você é minha ultima esperança...
- Eu pedi para não enrolar!
- Tem uma garota... E ela tem que ter amanhã o melhor dia da vida dela...
Fiquei parado olhando para ele sem entender... Até que foi caindo minha ficha. Da forma que ele estava falando... Parecia que eu que teria que proporciona esse dia para essa menina:
- Espere um pouco – quebrei o silencio – Você não quer que...
- É isso mesmo – Kakashi levantou e veio andando no seu jeito cauteloso – Para falar a verdade, isso não é um pedido. É uma ordem.
- Isso é um absurdo! Você não tem o direito! – Ele só poderia estar ficando louco!
- Eu tenho sim, e você sabe disso – ele tinha um sorriso sem humor no rosto. Como podia ser tão falso?
- Por que eu? Por que não vai falar com o Naruto? Ou até mesmo o Kiba! Por que tem que ser eu? – Me virei de costa para ele e comecei a pensar e pensar no que eu poderia fazer para sair daquela situação.
- Good Luck, Sasuke! – E ele parava na minha frente com o sinal de positivo.

Depois que ele saiu do apartamento, eu concentrei todo meu ódio no chute que dei em uma das canecas que estavam no chão. Odeio receber ordens! Principalmente quando envolve coisas idiotas do tipo!



As ordens eram claras. Passar o dia todo com ela. Levá-la para conhecer alguns lugares e levar ela para comer em um lugar legal. Eu estava proibido de fazer qualquer tipo de grosseria com ela. E teria que fazer tudo que ela pedisse – com um limite, lógico – Teria que ser o par perfeito por um dia. Somente um dia. Nada mais que um dia.
 Eu estava parado com o carro – que o Kakashi tinha disponibilizado para andar com ela – na porta do hotel onde ela estava hospedada. Eu já estava bufando e resmungando a mais de vinte minutos, pois esse era o tempo que ela estava atrasada.
 E aparece na porta do hotel uma menina de cabelo rosado batendo no ombro. Com um olhar curioso e ao mesmo tempo desconfiado olhando para os lados. Senti um leve sorriso no meu rosto, mas tinha certeza de que não tinha humor nenhum. Eu abri a porta do carona e assobiei. Ela olhou para mim sem entender e eu comecei a fazer gestos para que ela se aproximasse e entrasse no carro. Ela, ainda meio assustada, entrou no carro e bateu a porta:
- Haruno Sakura?
- Sim – e ela me olhava ainda sem entender, até que me lembrei dos óculos escuros e do boné que usava;
- Desculpe por isso – Tirei meus acessórios e tentei sorri para ela, tentar ser simpático pelo menos.
- Meu deus! Sasuke! Uchiha Sasuke? Eu não acredito! Sasuke! – e ela começava a se debater bizarramente dentro do carro sem parar de repetir meu nome, com medo de começar a chamar atenção eu segurei os braços dela para ela se acalmar.
- Sim, mas calma! Você não sabia que eu viria? – Aquilo estava ficando confuso até para mim;
- Lógico que não! Nossa! Isso é coisa da minha mãe! É o melhor presente de natal de todos! – e ela não parava de rir e bater com os pés no chão.
- Só um minuto, Sakura – peguei o celular e liguei desesperado para Kakashi;
Ele atendeu no segundo toque:
- Bom dia, Sasuke-kun! – A ironia estava transbordando pelo meu telefone.
- Não me enrole! Quero saber que raios eu estou – olhei para ela e estava mexendo em seu celular distraída, parecia que ia fazer uma ligação – fazendo com essa garota maluca? – falei o ‘maluca’ em um tom bem baixo para ela não escutar;
- Sasuke-kun, a mãe dela é minha amiga... E Sakura parece ser uma grande fã sua... Já que ela vai passar esse dia na cidade, a mãe dela quis fazer essa surpresa para ela... Sabe, conhecer você.
- Você está ganhando alguma coisa com isso?
- É lógico que não, Sasuke-kun!
Sakura começou a falar no celular também, ela ria e contava a grande novidade “Sasuke-kun está do meu lado! Não é incrível!” Eu não pude deixar de soltar um longo suspiro e desliguei o telefone, sem me importar se Kakashi já tinha desligado também:
- Sasuke-kun... Minha mãe falou para eu aproveitar cada minuto com você... Ela disse que você custou muito caro! – e ria depois do comentário... Como se o que ela acabara de dizer era uma coisa normal.
- Como assim... Muito caro? – Eu estava perplexo;
- Mamãe disse que pagou em dólar! E ainda comentou “Aquele cretino se aproveitou de mim por ser uma boa mãe... Ele sabe muito bem que eu faço tudo por você”;
- E eu suponho que o nome desse ‘cretino’ seja...
- Kakashi-san – ela completou minha frase com um sorriso no rosto.

Que ótimo. Fui vendido.


Ela mexia no porta luvas, no porta copos, nos bancos de trás. E sempre dizia “quero saber o que tem no carro para conhecer você melhor”. Ela parou de fuçar tudo quando eu a informei de que o carro não era meu. O meu carro estava no hotel ontem eu estava morando. Segundo Kakashi-sensei, meu carro chamava muita atenção.
- Será que hoje vai nevar? – ela perguntava olhando fixamente para o céu;
- Eu tenho cara de meteorologista? – droga! Fui grosseiro... Mas, ela não pareceu se importar... Continuava a olhar para o céu.  
- Que tipo de comida você gosta?
- Não sei bem – ela ficou pensando por algum tempo, ficava contado nos dedos e falando sozinha, coisas que eu não compreendia – Peixe frito!
- Peixe frito? Você não acha que é muito... Comum?

Fomos a um restaurante qualquer comer esse tal de peixe frito. Na verdade, ela comeu mais bolo de morango com umas caldas estranhas do que peixe frito. Ela parecia uma criança de cinco anos de idade passeando pela cidade pela primeira vez. Ela parecia tão despreocupada e querendo se divertir... Enquanto eu ficava com a cabeça baixa e falando pouco para que não escutasse minha voz. Fiquei escondido atrás dos óculos e do boné o tempo todo.
- Não é chato ser conhecido? – ela falou baixinho;
- Quando tem que andar por ai pela cidade é sim – fui meio áspero. Tudo bem, ‘meio’ foi pouco.
- Você quer sair logo daqui? – ela perguntou rindo baixinho;
- Seria muito bom...
- Moço! – ela gritou com um senhor no balcão – Poderia separar mais um pedaço de bolo para viagem!

Fiquei dirigindo pela cidade por um tempo. Ela fazia caras e bocas toda vez que a gente passava por um lugar um pouco mais diferente. Ela ficava me fazendo perguntas sobre que filme eu gosto de ver, qual a minha cor preferida, que tipo de musica eu escuto... Ela parecia uma fã comum querendo saber tudo sobre mim ao mesmo tempo.
 Naquela altura, eu já tinha deixado mais de vinte mensagens na secretaria eletrônica do Kakashi. Ele parecia não querer me atender mais. Babaca!

E já estava quase na hora de entregar ela no hotel. Quando pensei que não ia ter que fazer mais nada. Ela faz um ultimo pedido.
- Vamos a um templo? Por favor? Quero muito ver uma sacerdotisa! Elas são lindas... E tem umas roupas lindas... Elas são tão puras – e antes que ela começasse a exagerar e não parar mais de tagarelar eu aceitei logo.
- Tudo bem! Já chega... Sente direito. Vou te levar.
Fiquei rodando um pouco até encontrar um velho templo no fim de uma rua. Eu estacionei o carro ao lado de umas árvores secas e dei a volta para abri a porta para ela.
- Vamos logo... Está quase anoitecendo...
- E está ficando mais frio ainda... – ela estremeceu um pouco e logo foi andando – O templo fica no final dessas escadas?
- Isso...
- Você já veio aqui?
- Não sei... Acho que sim.
- Vamos então! – e ela saiu correndo na frente e foi subindo as escadas correndo – Anda, Sasuke-kun! Cadê seu preparo físico? – e ela ria e corria. Acho que na cabeça dela, ela estava disputando corrida comigo.
Eu fui subindo com calma as escadas. Quando cheguei ao topo eu a vi parada perto de uma pequena casinha de madeira. Onde tinha um sino e vários incensos acesos ainda. De pessoas que passaram por ali mais cedo.
- Por que você demorou?
- Se eu escorrego nessa escada e me machuco... Posso ficar meses sem jogar... – expliquei;
- Tudo bem... – Ela pegou um papelzinho e balançou na minha frente – Pegue um também! Aqui ta dizendo para fazer um desejo... E depois que a gente fizer o desejo a gente tem que beijar o papel, jogar atrás dessa bancada e bater o sino três vezes.  
- Beijar o papel?
- Estou exagerando um pouquinho... Mas tem que jogar aqui dentro... – ela mostrou um buraco onde se mantinha uma pequena chama acesa – O papel vai queimar, e as cinzas vão levar nossos desejos para o céu!
- Tente você... Não curto essas coisas – me virei e sentei na escada.
Sentei na escada e fiquei olhando para o horizonte. O sol fraco de inverno começou a desaparecer completamente. Fiquei pensando no que eu tinha para fazer amanhã... Tinha que acordar cedo, preparar algumas coisas pendentes aqui e viajar com o time. Ou talvez não, isso não estava decidido...
 Minha linha de pensamentos foi interrompida pelo badalar do sino. Que se repetiu três vezes.



- Espero que esteja satisfeita – Eu me ajeitava o carro e me certificava de que ela também tinha colocado o sinto direito.
- Sim, hoje foi divertido... Você não é de falar muito... Mas só de estar sentada ao lado de Sasuke-kun... Já é o suficiente! – sua felicidade me deixava atordoado.
- Pelo menos você fez seu pedido lá... Querer encontrar sacerdotisa já é um pouco de mais – tentei rir um pouco... Simpatia... Tudo para tentar ser simpático;
- Sou tão tola... Quando fiz aquele pedido, eu por um minuto... Acreditei que poderia se realizar... -  foi a única hora do dia que ela pareceu triste.
- O que você pediu? – Eu não sei por que fiz essa pergunta... Na verdade, eu não queria nem saber...
- Que eu passasse todos os dias com você, que esse dia se repetisse para sempre... Até você perceber que se apaixonou por mim...

E aquele silencio absoluto tomou conta de todo o carro. Falar o que? Não tinha o que falar! Era a coisa mais idiota e irritante que eu tinha ouvido nos últimos tempos! Era tão ridículo que chegava a ser hilário! Como eu, Uchiha Sasuke, poderia me apaixonar por essa menina de cabelos rosados que parece ter uns treze anos a menos do que ela aparenta ter! Não falo fisicamente, falo mentalmente! Tola e ingênua! Mas o que eu não queria aconteceu, eu fui bombardeado de pensamentos hilários na minha cabeça! Varias ‘zoações’ que eu poderia fazer com ela... Se ela não fosse filha de uma amiga rica do Kakashi... Acho que eu só estava me segurando apenas por isso...

- Sasuke-kun! Não me olhe dessa forma! – ela riu – E também não ria de mim!
- Eu não iria rir de você – mentira, eu ia sim – Agora, vamos para o hotel?

Deixei ela na porta do hotel, dei um “bye bye” e meti o pé no acelerador. Não peguei muito transito para chegar ao meu hotel. Mas demorei o suficiente para ficar esgotado e querer me jogar na cama o mais rápido possível.
 
O bom de ficar em um hotel, é chegar e encontrar o quarto completamente limpo e em ordem. O contrario de como estava hoje pela manhã. Tirei meu tênis e me joguei na cama. Não demorei nem cinco minutos para apagar.

Mais um dia. Fiquei pensando no que eu ia fazer hoje. Arrumar minhas roupas? Academia? Alguma coletiva? Estava tão pensativo que demorei a perceber que não estava com a mesma roupa que eu fui dormir ontem. Eu estou na verdade com a roupa que eu acordei ontem. Fiquei meio confuso... Fui andando até a sala para procurar meu celular e levei um susto com a minha sala. Ela estava cheia de pacote de biscoitos e chocolate como no dia anterior... Eu comecei a ficar nervoso! Que brincadeira sem graça era aquela? Quando achei meu celular, ele não estava marcando dia 21 de dezembro... Ele estava marcando 20 de dezembro! Mas que coisa estúpida era aquela? E antes que eu pudesse ficar mais confuso ainda, meu celular toca:
- Sasuke? Estou ligando para avisar que o carro que você deve usar para encontrar com Sakura já está pronto! Tenho certeza que ela vai adora conhecer você!

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