James Sirius Potter narrando:

A verdade inegável é que sinto meu coração pesar, sou insuficiente para Rose, sou um bostinhha drogado, mas também sou egoísta demais para deixa-la ir agora que a tenho perto de mim, quer dizer, por quanto tempo isso pode durar? Talvez uma hora ou duas?

Separamo-nos do beijo e Rose continua chorando, limpo suas lágrimas tentando em vão conter as minhas lágrimas também, ela me abraça forte. Seu perfume continua o mesmo e tem a mesma capacidade de me entorpecer do que antes.

–E agora, o que fazemos? – pergunto beijando seu pescoço – Ainda está a fim de tomar sorvete? – Rose sorri e assente, eu sorrio e a beijo novamente, nossas lágrimas já não estão mais presentes e vai ser ótimo poder dar um passeio com ela.

Seguro em sua mão e saímos, por Merlin, se eu pudesse parar hoje e agora é o que eu faria... O sol brilha perfeito e Rose está sorrindo, parece inteira novamente, apesar de que eu sei que ela é só metade, assim como eu, talvez nunca consigamos nos recuperar...

–Você está pensando em como vai ser difícil tentar manter qualquer coisa, não é mesmo? – ela pede franzindo o cenho assim que chegamos à pracinha, eu seguro forte em sua mão, na verdade aquilo nem tinha passado na minha cabeça.

–Não, na verdade estava pensando em como estamos quebrados e somos metade do que costumávamos ser – respiro fundo – Não quero pensar nisso ainda, loucos que nem andam talvez eles nos aceitem, afinal casamento entre primos é normal na família Weasley – dou de ombros e Rose coça o pescoço, está preocupada.

–Você ainda ama a metade que sobrou de mim? – ela pede erguendo uma sobrancelha – Porque eu ainda amo o que sobrou de você.

–Eu sempre amei cada pedacinho seu Rose e sempre vou amar – a puxo para perto de mim e lhe dou um beijo na testa – E vamos dar um jeito e vamos voltar a ser o que éramos antes.

–Nunca voltaremos a ser aquelas pessoas inocentes e puras, James – ela sussurra e eu beijo de leve seus lábios.

–Eu sei, mas podemos ser pessoas melhores – ela sorri, vejo pela primeira vez em muito tempo esperança nos olhos da minha prima e coragem na minha voz, aquilo é gratificante.

Compramos o sorvete e sentamos em um banco da praça, aquele é o melhor sorvete do mundo e naquele momento acho que o melhor que já comi em toda a minha vida. Ficamos falando sobre trivialidades, como se nada nunca tivesse acontecido. Rose me conta seus truques para fugir de casa na casa dos Potter, e eu conto os meus para esconder as drogas, ela faz uma careta quando escuta isso, mas dá risada junto comigo.

–Você sabe que precisa parar com isso, não é mesmo? – ela pede, passando a mão no meu rosto – Elas podem te matar, esses cortes também.

–Você também, a bebida também é perigosa – falo segurando sua mão e a beijando, ela me dá um selinho.

–Eu sei, Six... Eu sei, vou tentar parar, desde que você prometa que vai parar também – ela me abraça forte, eu correspondo ao abraço. É quase impossível negar um pedido desses.

–Eu prometo, eu prometo – sussurro e a beijo novamente, tentando parar de pensar que em qualquer momento posso acordar. Mas isso não acontece, porque é real e pela primeira vez em anos a realidade parece suportável de viver.

Voltamos para casa abraçados, como se por algum acaso parássemos de nos tocar tudo voltaria a ser como antes, como jovens tolos sem medo do que aquilo significava e sem medo de que alguém poderia nos ver. O que obviamente é o que acontece.

Já que estamos voltando e por algum acaso do destino nossos pais estão voltando com todos os outros ao mesmo tempo e até que tudo seria normal, se nós não parássemos para nos beijar, por que afinal de contas, tudo ainda parecia um sonho.

Esquecemos que sonhos tendem a virar pesadelos, pesadelos dos quais não conseguimos sair tão cedo. Eu abraço Rose forte, sabendo pelo rosto dos nossos pais que estamos prestes a voltar para o inferno após duas horas no paraíso.

–O que significa isso? – meu pai berra primeiro, Rose se agarra em mim e começa a chorar – Que comportamento mais sem-vergonha é esse?

–Vocês são irresponsáveis mesmo! – esse é o Tio Ron, que começa a ficar vermelho e sei que logo ele irá me bater, Rose se agarra ainda mais firme – Eu já estava aceitando a porra do Malfoy, mas agora querer pegar seu primo? Isso é ser uma putinha Rose!

–Estou impressionada com vocês dois – é minha mãe que fala – Sempre pareceram tão sensatos!

E a metralhada de coisas continua, mas a única coisa que consigo sentir é o corpo de Rose e o meu coração batendo loucamente, eu preciso fazer alguma coisa antes que a arranquem de mim e levem meu coração junto.

–Calma, vocês, calma – quem fala isso é a Tia Mione, ela consegue fazer todos calarem a boca e então nos olha – Há quanto tempo vocês se gostam?

–Desde sempre – eu e a Rose falamos juntos.

–Nós tentamos nos separar, mas separados foi pior – Rose fala se agarrando ainda mais em mim, se é que isso é possível e eu a pressionando ainda mais contra mim.

–Nós ficamos quebrados e... E... Foi difícil de lidar – eu sussurro, sabendo que considerando que quem fala é Hermione Granger, talvez ela comece a berrar logo. Ela respira fundo.

–Eu já errei demais com Hugo e visivelmente errei com você – ela olhou para Rose – Não vou deixar que separem vocês dois por puro preconceito, afinal – agora ela olha para todo o resto – Nas famílias bruxas casamento entre primos é algo comum.

–É... Bem, é – Tio Ron coça a cabeça – Mas o que ele andou fazendo com ela...

–Não foi nada que você não tenha feito a mim e que o Harry não tenha feito a Gina – Tia Mione olha brava para ele – Estou cansada de ver nossos filhos e sobrinhos sendo quebrados pelas nossas atitudes, vamos deixar que vivam, pelo menos um pouquinho.

–Hermione está certa – meu pai fala e abraça minha mãe que ainda parece um pouco contrariada – Se eles se gostam, então deixe que se gostem, nenhum deles mais é menor de idade.

–Tudo bem – Tio Ron diz fazendo uma careta – Mas se você engravidar sem casar antes, não olho mais na sua cara – Rose estremece nos meus braços e eu a seguro, ficando firme.

–Eu acho que você merecia coisa melhor, mas tudo bem – minha mãe diz virando as costas e entrando em casa, eu reviro os olhos, um por um eles se vão, o espetáculo acabou.

–Tudo vai ficar bem – Tia Mione diz com um sorriso culpado e entra junto com o Tio Ron, eu abraço ainda mais Rose que estremece em meus braços.

–Isso foi tenso – eu sussurro, e ela assente, começando a recuperar a cor em seu rosto – Mas... Bem, agora eles sabem.

–E tudo pode dar certo... – ela me abraça e eu a beijo, posso ficar fazendo isso por uma eternidade que nunca me cansarei.