SEM RÓTULOS - welcome to my world escrita por Jose twilightnmecbd


Capítulo 24
The conversation




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Tanya pegou a bolsa que havia largado no sofá da sala e seguiu Edward que já havia subido as escadas. Entrou na biblioteca retirando um maço de cigarros da bolsa.

– Vai fumar aqui? – Edward perguntou quando viu o maço na mão dela.

Tanya ergueu uma sobrancelha como quem dizia “como se você nunca tivesse feito isso antes”.

– Na sacada. – ela apontou na direção das grossas cortinas.

E como quem tem muita intimidade, ela afastou as cortinas deixando a claridade inundar o local. Destravou a porta de vidro e empurrou as abas, sumindo para o lado de fora. Edward apoiou as mãos nos quadris e respirou fundo.

– Não me oferece um drinque? – ela perguntou após dar a primeira tragada no cigarro. Era um cigarro mais longo e mais fino que o normal, tornando o gesto ainda mais sensual.

Edward deu um giro no calcanhar tentando mostrar casualidade, ele não queria que ela achasse que ele estava nervoso, porque ele não estava, estava? Mas também, se estivesse, era mais do que normal, afinal, ele amou aquela mulher, apesar de tudo. Muitos anos sem vê-la, ele não podia imaginar o que sentiria, qual seria sua reação. E aquela biblioteca... Quantas vezes eles haviam transado ali? Nem dava para contar.

O bar ficava por trás de uma porta vitrificada próximo à mesa/escritório. Edward olhou para os itens que por vezes eles morreram de rir e se divertiram experimentando variadas combinações de coquetéis, taças e enfeites. Ele sabia dos gostos dela. O Dry Martini era o favorito, talvez agora até tivesse outras preferências como o Kir Royale ou o famoso Cosmopolitan. Mas ele não estava com paciência para misturar sabores, nem vontade de abrir champanhe algum para ela. Olhou para as prateleiras e pegou a primeira garrafa de Bourbon que viu pela frente. Abriu a caixinha de gelos do climatizador e virou no copo junto com a bebida.

– Aqui.

Tanya olhou para o copo com desdém.

– Perdeu suas habilidades de barman? – ela disse pegando o copo da mão dele.

– Não estou inspirado.

– Pelo menos não esqueceu que eu gosto de bastante gelo. – ela deu um gole. – Não me acompanha?

– Eu não bebo mais. – preferiu dizer.

– Não bebe... – ela andou na sacada e deixou o copo na mesinha de metal no canto. – E pela forma como perguntou se eu iria fumar, também não fuma mais, não é? – ela acendia outro cigarro. – Mais o que não faz mais, Edward? – perguntou maliciosamente.

– Continuo fazendo tudo aquilo que me faz bem. E ainda mais, justamente porque abandonei o que me fazia mal.

Tanya olhou para ele com um pouco mais de atenção. Não podia negar que estar de frente para ele agora, depois de todo esse tempo, a desestabilizava.

– Abandonou. Literalmente. – ela deu uma longa tragada e soltou a fumaça para o lado.

– Não foi pra discutir isso que aceitei conversar com você. Aliás, discutir é a última coisa que quero fazer.

– Também não quero discutir. Pelo amor, Edward! Cinco anos! Cinco anos de espera, de silêncio, cinco anos de uma história mal resolvida. Eu estava grávida.

– Eu não sabia. Você escolheu uma péssima hora pra resolver me falar isso. E você sabe que eu não tinha como acreditar. – Edward falou com uma fúria contida.

O olhar de Tanya brilhou levemente. Fúria era um sentimento. Melhor que nada.

Okay. Podemos voltar à estaca zero, então. Estamos de volta a cinco anos atrás. Podemos até rever nosso último melhor momento juntos, nossa última vez...

– Melhor não. – Edward passou a mão na cabeça novamente. Estava tenso. – Eu não estou aqui para me defender. Fui egoísta e infantil. Fui cruel e covarde. Todo esse tempo. Um dia, quando Liz estiver mais velha, eu não espero que ela entenda, eu só peço a Deus que ela me perdoe. E se ela não quiser me perdoar, eu vou entender.

– Ela precisa amá-lo primeiro. É a partir do amor que se libera o perdão. Você é um estranho para ela.

Ao falar isso Tanya assumiu uma postura altamente intimidadora. Edward sabia que Elizabeth era muito importante para ela e que esse seria um assunto mais delicado do que ele poderia imaginar.

– Como ela está?

Tanya piscou com essa pergunta inesperada.

– Ela... eu... – Tanya colocou o cabelo atrás das orelhas e se virou para pegar o copo. – Ela está bem. É uma criança esperta e se não fosse o problema da asma, seria perfeitamente feliz e completa.

– Minha mãe disse que ela é geniosa.

– Ela não gosta muito de agarramentos. Sua mãe é muito grudenta. Liz não se sente à vontade com isso.

– Você não dá carinho a ela? – Edward perguntou estranhando a resposta de Tanya. Que criança não gosta do carinho da avó?

– Nunca fui muito carinhosa. Você sabe. – mais uma vez o tom insinuante. – Sou mais de carícias do que carinho. – ela acendeu outro cigarro. – Mas sou uma boa mãe se é isso que quer saber.

– Você acha que ela...

– Ela precisa conhecer você. Num ambiente comum, onde ela não se sinta acuada.

Edward respirou fundo. De alguma forma ele imaginava que Tanya já tinha planejado tudo.

– O que você tem em mente.

– Um jantar.

Edward levantou as sobrancelhas.

– É. – Tanya continuou. – Podemos ir a um restaurante aqui no bairro vizinho que ela adora. Ela vendo que eu e você estamos nos dando bem, com certeza se sentirá mais apta em aceitar você.

– E nós estamos nos dando bem?

– Se você tivesse me preparado um Martini estaríamos melhor. – ela sorriu.

– Tanya...

– Olha. Eu esqueço. Esqueço tudo! Pela Liz sou capaz de tudo. – ela se aproximou e Edward se xingou mentalmente por não conseguir sair do lugar. – Você estava magoado, estávamos dando um tempo, eu me lembro, estávamos brigando muito e tudo mais. – ela colocou a mão livre no peito dele, de leve. – Uma gravidez era tudo que não podia acontecer, mesmo que você nem estivesse para viajar. Eu tive tempo suficiente para pensar em tudo isso, nas suas razões, nas minhas e... eu perdoo você! Podemos começar... Recomeçar! – ela chegou mais perto, apertando a mão no peito dele. – Um amor como o nosso não pode ter morrido. Eu ainda posso sentir...

O rosto dela estava bem próximo do dele. Os lábios carnudos, bem delineados, já entreabertos. Os olhos pretos e brilhantes. A pele cor de chocolate, parecia macia e apetitosa. E o cheiro... ela usava o mesmo perfume ainda, o mesmo perfume que fez Edward se aproximar dela na primeira vez em que a viu. A ponta dos seios arrebitados dela encostaram no peito de Edward e ele engoliu seco quando percebeu que estava praticamente encurralado. Ela iria beijá-lo.

– Não.

Tanya soltou uma risada irônica quando foi sutilmente empurrada.

– Não?

– Não. Não podemos recomeçar nada. Não há nada para recomeçar, Tanya. Já estávamos no fim. Você sabe disso. Agradeço que você possa me perdoar. Sei que faz isso por sua filha...

Sua filha também, Edward. Não se esqueça. Porque eu não vou deixar que você escape dessa vez. – ela tentou controlar a voz e o tom era de mágoa.

Tanya virou o restante do drinque e colocando o copo de volta a mesinha, acendeu outro cigarro.

– Eu não vou escapar. Eu... – Edward colocou as mãos no parapeito da sacada e olhou para o verde que se estendia. O sol havia se escondido e as nuvens começavam a acinzentar. – Eu aceito sua proposta.

Tanya tossiu engasgando com a fumaça que acabara de tragar.

– Aceita?

– Sim. Podemos jantar hoje à noite. Eu só tenho que partir amanhã de manhã. Jantamos, e você me dá essa oportunidade de conhecer minha filha. Mas eu não vou conseguir sozinho. – ele abaixou a cabeça.

Tanya endireitou o corpo e arriscou um passo até ele. Era visível a fragilidade dele com relação a esse assunto. O quanto ele se sentia impotente. Era aí que ela precisava jogar.

– Edward, me perdoe. – ele levantou o olhar para ela. Os olhos de Tanya estavam marejados. – Eu imagino como deve ser difícil para você também. A minha intenção nunca foi dificultar. Eu só achei que essa coincidência era algo divino, que não podíamos desperdiçar essa oportunidade. O tempo passou e vai continuar passando. Precisamos saber como lidar com essa situação antes que seja tarde demais.

– Você vai ajudar?

– Lógico! Se o que eu mais quero é a felicidade de nossa filha! – ela sorriu complacente. – Vamos juntos para esse jantar, e lá, prometo tornar o clima o mais agradável possível. Ela é uma menina adorável, Edward. Tenho certeza que vai conquistá-la facilmente. Você sempre foi muito bom em conquistas.

Se Tanya não aproveitasse a mínima oportunidade para “insinuações”, não seria a Tanya. Edward se endireitou e respirou fundo. Puxou uma das cadeiras próximas a mesinha e fez sinal para que Tanya se sentasse na outra.

– Fale-me sobre ela. Quero saber tudo sobre Liz. Tudo que eu perdi nesses cinco anos.

Tanya tragou o cigarro e antes de se sentar, apagou-o no cinzeiro de vidro que usava.

– Vou precisar de mais um drinque. A história é longa e eu não quero deixar passar nenhuma informação.

– Vamos ao drinque.

***

Isabella já havia separado tudo nas malas. A tensão e a ansiedade eram as únicas coisas que impediam das lágrimas rolarem por seu rosto. Edward já estava na biblioteca conversando com Tanya por no mínimo duas horas. Alice havia ido até lá, e disse que estava tudo bem, que estavam conversando sobre a filha. Mas um comichão por todo o corpo a incomodava.

Mike já tinha ido no quarto e Isabella ainda guardava o sorriso dele ao dizer que tudo ficaria bem. Mas ela o alertara que a viagem poderia ser antecipada. E que poderiam voltar sem o treinador. Ela rabiscou algumas linhas num pedaço de papel, um bilhete que ensaiara para deixar para Edward. Porém, nenhuma daquelas palavras soavam verdadeiras, nem para ela.

Ela respirou fundo, deu mais uma olhada pela extensão do quarto. As lembranças recentes de como fora amada e desejada, e de como amou e desejou, faziam seus pés vacilarem. Mas ela precisava tomar uma atitude. E ir embora era a única que lhe vinha à mente. Sacudiu a cabeça e abriu a porta.

– Aonde pensa que vai, mocinha?

Isabella deu de cara com Edward que ainda estava com a mão esticada para pegar a maçaneta da porta. Os olhos dele foram da mala nas mãos dela para o rosto dela, diversas vezes antes que ela conseguisse falar.

– Edward, eu preciso ir.

– Precisa? – ele pegou-a pelo braço e entrou quarto a dentro com ela.

– Preciso. Você agora tem um assunto sério para resolver e eu não quero atrapalhar mais ainda sua vida.

– Atrapalhar? Você?

– É! Foi por minha causa e a ideia tosca de fingir ser sua esposa para vir a casa de seus pais que tudo isso aconteceu! Uma sequência de avalanches e tudo por um capricho idiota de uma garota ainda mais idiota! – agora as lágrimas não puderam ser contidas.

– Ei, ei, ei! – Edward tirou a mala das mãos dela e a abraçou forte – Não diga isso. Por favor. Era para acontecer. E ter você como minha esposa foi a ideia mais brilhante que alguém poderia ter. Só um gênio poderia pensar nisso. – ele deu um meio sorriso e enxugou as lágrimas dela com o polegar.

– Não quero estragar tudo o que você construiu. – ela falou soluçando de leve.

– Tudo que construí foi um castelo de areia, Bella. Uma hora iria desmoronar. Não havia alicerces firmes e todos os tetos eram de vidro. – ele a conduziu até a cama e sentou após ela. – Deixe te contar minha conversa com a Tanya. Mas, por favor, sem rótulos, okay? Preciso muito que você me escute.

Isabella olhou bem dentro dos olhos dele. Ajeitou os óculos, apertou o rabo de cavalo e entrelaçou as mãos no meio das coxas.

– Sem rótulos. – falou suspirando.


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