R U MINE? escrita por Peony


Capítulo 1
Just tonight? (único)


Notas iniciais do capítulo

Primeira fanfic do universo X-Men! Bem como a primeirssima que escrevo com o shipp CharlesxErik!
Espero que gostem!
Boa leitura!
;)



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Charles acordou no meio da noite com batidas incessantes na porta da mansão. Seus olhos se voltaram para o relógio: 3h27. Não imaginava quem poderia ser aquela hora e, sem seus poderes, não conseguia sondar a mente de quem quer que fosse.

Estava só na mansão. Hank estava viajando, um amigo de um amigo de um amigo dele havia o indicado para um trabalho de dois dias em uma micro cidade no Canadá. Charles ficara um pouco estupefato quando um Hank lhe contou, todo animado, que iria ficar fora por dois dias; já tinha se acostumado com a figura perspicaz e atrapalhada de seu amigo.

Pelo menos ele não estava indo para sempre. Um incomodo precipitou dentro de si quando ele se lembrou de sua pessoas muito queridas em sua vida, que tinham ido embora. Sua irmã, Raven; a garota doce e meiga com quem ele tinha crescido, criado, ensinado coisas importantes e desinteressantes da vida. E...

Ele. Erik. Pensar nele não lhe fazia muito bem, por isso evitava isso a todo custo. Não sabia ao certo o motivo, mas sempre que pensava no homem, sentia o aperto em seu âmago. Gostava muito dele, era bem verdade, mas eram completamente opostos. Charles nunca teria as mesmas ideologias que Erik, e vice-versa.

A campainha soou estrondosa novamente no andar debaixo e Xavier suspirou, jogando as cobertas para o lado. A sensação de colocar os pés descalços no chão frio era gratificante, ele sabia que o soro que Hank havia desenvolvido não era uma cura definitiva, mas lhe dava uma sensação de que o era assim mesmo. Ficar aprisionado naquela cadeira, com aquelas vozes por todos os cantos... Não, ele não podia mais. Já fora a época em que idealizara ser o Professor X e ter um lugar seguro a todos os mutantes que viviam espalhados pelo mundo... Agora, era apenas um homem mergulhado em sua própria amargura.

Pegou um taco de baseball que estava jogado em um canto do corredor, por via das dúvidas. Lentamente, se aproximou da porta. Olhou pelo mágico: nada. Segurou bem o taco entre as mãos e abriu a porta, mas o anticlímax o atingiu de pronto. Nada.

Virou para trás e levou o maior susto de sua vida.

- Erik?! - perguntou estupefato, ao ver a figura que trajava um casaco de couro marrom, os olhos enigmáticos o encaravam com um sorriso vacilante no rosto - O que está fazendo aqui?

- Bem, digamos que eu esteja em apuros.

Apuros? Sim, nessa hora ele o procurava.

- Bem, digamos que eu não me importo. - Charles abriu a porta novamente - O prazer é todo meu!

Erik suspirou e virou as costas para a porta, indo para uma sala adjacente. Charles pode ver da onde estava que ele se servia do que sobrara de alguma bebida que havia sobrado.

- Aqui está bem mais confortável, Charles. Por que não me dá um minuto para conversarmos?

Xavier empurrou a porta com força e seguiu para a sala.

- Fale.

- Whiskey?

- Não.

- Sério? Percebi que se tornou um grande fã. - os olhos de Erik percorreram a sala - Há quanto tempo ninguém limpa esse lugar?

Charles sentou-se a frente do homem, sentindo-se cansado de tanta lenga-lenga. Achou uma garrafa de vodca meio cheia e começou a beber do gargalo mesmo.

- Quem diria! Charles Xavier bebendo no gargalo! Onde foi para toda a sua classe e pose, meu amigo?

Onde? Não sabia. Fazia tempo que tinha abandonado aquele sujeito límpido, cheio de regras e organização. A única coisa que se lembrava de fazer era se drogar com o soro de Hank, só.

- Na Guerra no Vietnã, meu amigo. - disse - Todos os professores e alunos de idade suficiente foram convocados, a escola ficou as moscas. O que eu podia fazer? Continuar um Instituto de ensino em que ninguém vai poder aprender nada? Mandei todos de volta pra casa. - ele suspirou - Mas me diga, Erik, estou curioso. Em que apuro se meteu?

Um sorriso tortuoso brotou nos lábios do homem. Ele colocou o copo na mesa e cruzou a pernas.

- Acredito que saiba que o presidente foi morto.

O sorriso acompanhou Charles, não de joio, mas uma quase satisfação. A bala curvou. Desde o primeiro instante sabia que havia sido aquele que chamavam de Magneto.

- Eu tinha certeza.

O rosto de Erik se fechou.

- Não o matei, Charles. Queria salva-lo.

A mente do ex-professor se clareou. Só havia um motivo para isso.

- Ele era...?

- Mutante? Sim. Achei que você, de todas as pessoas, não acharia plausível a acusação.

Charles sorriu e encarou as próprias pernas, gesto que não passou despercebido ao outro.

- Eu, de todas as pessoas, acharia, sim.

O silêncio incômodo recaiu sobre eles. Xavier pensou em uma monte de coisas que queria saber, que queria perguntar, mas Erik parecia ter se fechado atrás de uma cortina de ferro que só ele poderia abrir. Um pensamento em especial cortou a cabeça do homem: como estava sua irmã? Fazia tanto tempo que não tinha nenhuma notícia...

- Como pode dizer isso, Charles? Estou de capacete? Não. Então você pode ler minha mente, pode saber que não fiz nada proposital, pode saber que eu... - ele se obrigou a parar. Ergueu as mãos em um ato de fúria e vários objetos de metal voaram pela sala.

- Que você?

O outro riu, um riso sarcástico.

- Quer me obrigar a falar? Não basta que eu venha aqui? Não basta que você saiba apenas por meus pensamentos?

- Acho que se você falasse ficaria mais claro, velho amigo. Não estou com meus poderes, Hank desenvolveu um soro que me dá minhas pernas, mas me tira o resto. - sorriu, de modo solene. Queria saber porque Erik estava tão perturbado, queria que ele lhe dissesse o motivo.

- Isso é... Uma pena. Seus poderes são absurdamente esplêndidos. Não creio que abriu mão deles.

- Não é uma opção difícil. Estava cansado de ter os pensamentos dos outros juntos aos meus próprios. Agora, me diga, o que eu devia saber tão desesperadamente?

Erik baixou os olhos.

- Acho que vim para dizer que eu talvez suma por um tempo mais longo do que esse, mas também vim para me desculpar. Não era minha intenção te... Atingir. Sabe disso, somo irmãos, Charles. Você e eu. E eu te...- ele tossiu - Hã. Acho que é isso.

Levantou-se. Charles os olhava meticulosamente, dividido entre o estupefato e o extasiado. "E eu te..." Era isso mesmo que ele ia falar, não era?

Finalmente, o homem de olhos azuis entendeu porque era tão difícil, dentre todo o resto, superar a perda de Erik.

- O que você ia falar?

- Quando?

- Agora.

- Nada.

- Erik...

- O quê?

- "Eu te..." o quê, Erik? - perguntou o homem com os olhos vidrados no amigo.

Erik ficou parado, olhando o outro.

- Acho melhor eu ir, você está começando a delirar.

Erik virou as costas e raiva preencheu Xavier até o último; seguiu-o até a porta e com a voz exaltada, perguntou:

- Então é isso? Você vem até aqui as três horas da manhã, diz que está em apuros, que acham que você matou o presidente, que sente muito por ter me atingido e diz que vai sumir? Ora, meu caro, você já sumiu. Todo o esse tempo, e então você começa a me perguntar o que eu sei e o que eu não sei e...

Charles se calou, não por vontade própria ou porque perdeu a linha da argumentação, mas sim porque os lábios frios de Erik Lehnsherr bloquearam suas palavras. O beijo foi intenso e desesperado de ambas as partes.

Quando se soltaram, Erik tinha um sorriso enigmático nos lábios.

- Sabe, você fala demais.

Charles riu, ainda sem jeito. O que era aquilo que sentia?

- E você, de menos. - Charles olhou para a porta, entreaberta - Tem algum lugar para ir hoje a noite?

- Tecnicamente, é madrugada. E não, não tenho.

Xavier sorriu.

- Xadrez e whiskey?

- Xadrez e whiskey.

Voltaram para a sala e, enquanto Charles procurava o xadrez, Erik o observava.

- Você sabe que amanhã eu vou ter que ir, certo?

- Sim. Acho que quem mata o presidente não recebe uma pena muito boa. - sorriu - Só... Não suma, Erik.

- Vou fazer meu melhor, Charles.


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Notas finais do capítulo

O que acharam???