As ruas vazias
traziam à lembrança
dias de paz, justiça
uma vida que não existe mais.

Do passado confuso
ao presente efêmero
a espera infinda
de um utópico futuro...

A luz da Lua
incita-me ao firmamento
por que confinam minhas asas?

Amanhã aguardo
a redenção da humanidade
és meu o fardo,
minha dor, esperança
salvação, A Verdade.

Serei um dia capaz
de reconhecer minha criança
quando libertarem a alma
que um dia possuí?

Água turva da pia reflete
um amanhã incerto
não há mais confiança
nem sonho, nem coragem

Essa espera corrói, esmaga
pior que a clamada morte
já não sou tão forte
um pouco mais que nada.

Quatro paredes sinuosas
quatro barras na janela
quatro dias, quatro noites.
Silêncio. Destino, fado, talvez sorte?

Se há o Criador
do Céu e da Terra
que a todos pode ouvir
e a tudo intervir
dai-me forças, perdoai-vos.
Ingênuos, não sabem o que fazem.

Tenho medo do nascer do Sol
tenho medo de não ter lutado o suficiente
tenho medo do futuro que não tive
desde a hipocrisia eloquente.

Livrai-me de todos esses pensamentos
ajuda-me aceitar esta sina
que a mim predestina
amanhã, hoje e sempre.

Amém.