61ª Edição dos Jogos Vorazes escrita por Triz


Capítulo 17
Capítulo 17 - Neblina mortal


Notas iniciais do capítulo

GUESS WHO'S BACK?

Saí do hiatus em um mês, apenas. E, com isso, consegui ter várias ideias para a finalização da fanfic (sugestões também são bem-vindas). Espero que agora, nesse finzinho de ano maravilhoso, consiga concluir isso aqui sem mais problemas. Como sempre, fico na expectativa de que vocês gostem! Boa leitura!

Sugestão de música: Lorde - Everybody Wants To Rule The World



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— Certo — suspiro, evitando o olhar congelante de Astrid. — Sairemos daqui a pouco, então. Alguma ideia de onde eles podem estar?

— Na Cornucópia. Ou em algum celeiro.

— Ok. Você vai ter que lutar, não? Acha que pode enfrentar um Carreirista?

— Está mais do que na hora de acabar com eles.

— Se acha que sim, não há nada que posso fazer contra. Vamos.

Juntamos todos os nossos pertences nas mochilas, tacamo-as nas costas e saímos pela floresta densa. Segundo Astrid, se continuarmos seguindo em frente, acabamos saindo nos celeiros. Minha mão aperta forte o facão toda vez em que penso em uma batalha dura com os Carreiristas.

O caminho segue silencioso até o final da floresta. Os celeiros continuam lá, um pouco devastados por conta daquele ciclone de alguns dias atrás, mas aparentemente a chuva deixou poças de lama espalhadas pela área. Trovões sacodem o chão, e relâmpagos prateados cortam o céu em estrondos altos.

— Vai chover — aviso, andando mais devagar.

— Ah, sim — ela responde, séria. — Não gosto muito de chuvas, ainda mais essas com relâmpagos e ventanias.

— Por quê? É bom. Banho natural.

— Acho que é trauma. Uma vez, no Distrito 6, uma tempestade muito forte afetou muito a região que eu moro. Minha casa ficou devastada e inundada... Meus irmãos passaram frio e ficaram doentes.

— Entendo. De vez em quando a chuva entra no meu cantinho. Escondo o Castiel, porque ele late para os relâmpagos.

— Só que isso ficou na minha memória de um jeito muito ruim. Felicia, a mais nova, ficou de cama por muito tempo por contrair uma doença causada pela enchente. Ela ainda está se recuperando. Sinto muito a falta dela. Minha família representa tudo para mim.

— Eu só gostaria de ter uma família — cabisbaixo, continuo o trajeto encarando meus pés.

— E não tem? Não sou como uma irmãzinha para você?

Abro um sorriso.

— Não. Irmãos não se beijam.

Ela adquire uma tonalidade avermelhada e vira o rosto para o lado, tentando disfarçar uma risada.

Chegamos mais perto cautelosamente, desviando de poças e tentando não fazer muito barulho, em meio ao céu agitado. Astrid aponta sua faca para todas as direções, como se fosse fuzilar qualquer um que se aproximasse dela. Apenas acompanho seu andar, e assim chegamos à frente dos celeiros.

— Vamos olhar dentro de cada um dos celeiros, ok? — ela diz. — Se formos individualmente, será mais rápido. Caso precise de mim, é só gritar.

— Ok. Me chame se precisar também.

E então cada um virou-se numa direção, sem dizer uma palavra sequer. Eu queria ter dito alguma frase de boa sorte, mas quando me virei, ela já estava entrando em um celeiro. Me senti mal. Se algum Carreirista estiver em um celeiro, pode ser que não nos encontremos mais.

Como não podia perder tempo, corri para o celeiro. Entrei em passos lentos, observando o interior daquele espaço cuidadosamente.

Apenas encontro algumas caixas. São grades, o que significa que alguém pode estar escondido atrás delas. Aproximo-me com o facão apontado à frente, preparado para qualquer possível ameaça.

Estou chegando perto das caixas quando um canhão toca, o que significa que agora são quatro pessoas vivas. Meus pensamentos voam para Astrid em segundos, e meus pés parecem bambos, fazendo meus joelhos sacudirem. Tenho a estranha sensação de estar caindo no vazio, totalmente sem chão. Será que pode ser? Mas ela sequer gritou meu nome! Não, não pode ser...

— Astrid! — vejo-me gritando, os olhos totalmente arregalados de pavor. — Astrid! ASTRID! Por favor!

— Geoff! — ouço o chamado ao longe, aliviado por ela estar viva e ao mesmo tempo preocupado por ela estar em perigo. — Geoff, não!

É claro que eu iria até ela.

Ponho meus pés para correr assim que ouço sua voz, mas a porta do celeiro se fecha em um baque alto, impedindo minha saída. Forço a porta, atingindo-a com socos que abrem cortes nas minhas mãos. Chuto com raiva, forçando ainda mais todos aqueles dedos feridos do meu pé. Não importa se estou sentindo dor, vou tirá-la de lá. Meu queixo treme de pavor quando penso nas possibilidades do que pode estar acontecendo. Será que estão machucando Astrid? Será que ela está viva?

Não, não posso ter pensamentos ruins. Só preciso escapar desta maldita armadilha.

Então, o teto começa a ranger, como se algo estivesse o forçando para quebrar. E de fato está; Trina quebra o teto com seus pés e cai dentro do celeiro, o que faz pedaços de madeira voarem em minha direção. Ao menos, com o buraco que ela fez, a luz invade o ambiente e torna minha visão possível.

Trina consegue pousar no chão de uma maneira profissional, com suavidade e agilidade. Com uma faca muito curvada na mão, ela me fuzila com o olhar ao mesmo tempo que me observa com repulsa. Aperto o facão com tanta força que minha mão parece querer explodir.

— Você nos atrapalhou muito, Geoffrey — ameaça Trina. O ambiente está tão tenso que juro que ouço meus batimentos cardíacos. — Tínhamos planos, eu e os Carreiristas. E então você e aquela baixinha nos interromperam e...

— Ah, claro que eu ia cancelar meus planos — interrompo-a, revirando os olhos. — Claro que ia deixar vocês vencerem. Francamente, como você consegue ter um nível de inteligência tão baixo?

Consegui escutar seus dentes rangendo.

— Não me ataque com essas palavras toscas e essa voz doentia. Você sabe muito bem que é um de nossos maiores rivais. Já nos livramos daquela garota do 10, daquele grandão do 9, estamos tomando conta de sua aliada e você é o próximo.

— Oh, que grande mente a sua! Trancar os mais fracos em celeiros? Uau, que plano incrível. — faço uma pausa para admirar as ondas de fúria que exalam dela vindo em minha direção. — Como você consegue, Trina? Sabe que essas pessoas estão sofrendo e mesmo assim quer dizimar até a última parte de sua alma! Se for para acabar com a vida de alguém que sofre, faça-o logo! Nem todos levam essa sua vida de criança rica nascida em berço de ouro!

— Não me diga como matar as pessoas! Faço como quiser. Não aceito ordens de um qualquer como você ou como seus aliados de merda.

— Primeiramente, eu não sou um qualquer. Sou um cara com quem você não vai querer brigar. Dou o bote venenoso se me incomodam. E lanço esse olhar mortal também. Como uma serpente — olho-a diretamente nos olhos. — Ah, e antes que eu me esqueça... Jamais fale mal de Roseline, Graham e principalmente Astrid na minha frente.

Parto para cima dela com toda a determinação do mundo. Determinação de sair dali. Determinação para salvar Astrid, de qualquer maneira. Nunca iria me desculpar se a deixasse sozinha. Meu corpo está em chamas, chamas que não podem ser apagadas por qualquer coisa. E, utilizando essas chamas como combustível, corro na direção do perigo. E esse perigo pode significar minha explosão, mas também pode se transformar num triunfo. Quando meu facão se aproxima de Trina, ela se joga para o lado, fazendo-me perder o equilíbrio. Com isso, acabo indo ao chão com uma simples cotovelada nas costas.

O impacto extremamente doloroso com o chão me fez sentir pelo menos mais duas costelas fraturadas. Trina se joga por cima de mim, mas por sorte ela não pesa muito e a arremesso para o lado, fazendo-a se chocar com a parede. Como o ambiente é pequeno e fechado, aproveito para empurrá-la em outra parede. Assim, ela fica tonta.

Com o tempo que ela demora para se levantar, ponho-me em pé e pulo nas caixas, tentando alcançar o buraco lá em cima. A chuva grossa entra por ele, me encharcando por inteiro. Salto, agarrando-me à borda do buraco e cortando meus dedos com as lascas de madeira do teto.

— Você não vai! — tentando se colocar em pé, ela berra.

— Ah, vou sim.

Consigo achar um ponto em que consigo me sustentar com firmeza e lentamente vou passando pelo buraco do teto. Estou quase alcançando o topo quando sinto um puxão no pé. Trina, furiosa, tenta me arrastar para dentro, arranhando minha bota com suas unhas grandes e pontudas.

— Eu disse que você não vai.

— E eu continuo com a ideia de que vou, sim.

— Não!

Sua mão continua me forçando a entrar, mas então sinto uma dor aguda em meu pé. Trina o torce com tanta força que ouço um estalo, o que pode significar um osso quebrado. Faço uma careta de dor, tentando me conter o máximo possível. Ardendo e queimando de raiva, chuto-a de volta por impulso, bem no rosto, o que a faz recuar e atingir o chão. Seu nariz está torto e sangrando, e essa visão me faz rir. Ela mal consegue se manter em pé, de tão tonta e confusa que está. Olho a vista de cima do telhado, e é bonita. Antes de pular do teto, viro-me para Trina uma última vez.

— Se fosse você, não ousaria sair daí. Vai que tropeça e cai, não é? Até mais!

Esboçando um sorrisinho falso e acenando, viro-me e pulo com muito cuidado, tentando pousar no chão sem usar meu pé direito, quebrado na altura do tornozelo. Quando atinjo o chão, sinto uma terrível dor aguda no pé. Mordo meu lábio inferior para reprimir um grito, e então continuo a correr (mancando com um pé) até o celeiro ao lado.

Chegando lá, encontro o mesmo tipo de armadilha que me prendeu: o celeiro trancado. Ótimo, Leonard deve estar cercando Astrid lá dentro. Tudo o que preciso fazer é estourar a porta e impedi-lo de matá-la.

O celeiro está trancado por uma madeira, que segura as portas juntas, agindo como um cadeado. Quebro a madeira no meio com o cabo do facão e consigo entrar no celeiro. Logo encontro Leonard, com uma espada na mão e Astrid bem no canto, protegendo-se inutilmente com a sua faca pequena.

— Ei, você! — grito com todo o pouco ar de meus pulmões. — Não ouse encostar um dedo nela.

— Geoff! — Astrid exclama. Seu nariz está sangrando bastante e possui um grande hematoma na bochecha, roxo e inchado. Noto que ela andou chorando ao ver os olhos avermelhados. — Eu disse para não vir!

— Mas o que? — Leonard indaga, surpreso. — Trina lhe prendeu no celeiro. Não é possível que ela esteja morta, não ouvi o canhão e...

Ergo uma sobrancelha, sorrindo com o canto da boca.

— Não importa. Me derrote se for capaz.

— Você não vai precisar.

Leonard enfia a mão no bolso e tira uma minúscula embalagem de lá, do tamanho de uma barra de cereal. Faço uma cara de interrogação, mas Astrid arregala os olhos. O que está lá dentro? Não faço ideia. Só que a preocupação de Astrid é um alarme. Ela levanta-se rápido, tentando tirar a embalagem das mãos de Leonard antes que ele abra.

— Saia daqui! — diz ele, colocando a embalagem no alto, onde Astrid não alcança, e ao mesmo tempo tentando impedi-la com sua espada.

Ao invés de ficar plantado no chão como uma árvore, decido ajudá-la, mesmo desconhecendo o motivo de tanta determinação para roubar a embalagem misteriosa. Soco o rosto de Leonard, fazendo-o apenas se atrasar um pouco nos movimentos. Astrid e eu investimos nossas armas em sua direção ao mesmo tempo, deixando-o ocupado e, portanto, vulnerável.

Tudo vai bem até ele acidentalmente pisar em meu pé. O quebrado. Não consigo conter o grito, a dor é como se uma força monstruosa e sobrenatural estivesse martelando meu pé continuamente, quebrando-o aos poucos para me torturar. Acabo perdendo o equilíbrio, o que me faz apoiar na parede com uma mão e tentar segurar meu pé com a outra, tentando acabar com essa dor absurda. O meu facão cai, o metal tilintando na madeira do piso. Enquanto isso, Astrid e Leonard continuam lutando pela embalagem.

Com sua espada, Leonard consegue deixar Astrid mais fraca rapidamente. Ele a empurra para longe com força suficiente para que ela não se levante e consegue, finalmente, ficar a sós com sua tão querida embalagem. Ele a abre devagar. Astrid cobre a boca com as mãos (tentando gritar algo que não entendo), como faz Leonard. Pergunto-me se eles estão tentando conter o vômito, mas o pacote começa a emitir um ruído... Um ruído de gás escapando. Uma fumaça cinzenta sai da embalagem. Minha boca começa a formigar e meus olhos ficam pesados. Um pequeno rastro de sangue desce pelo meu nariz.

Compreendo da pior forma possível.

O que tem dentro da embalagem é gás venenoso.

Cubro minha boca rapidamente, só que é tarde demais; meu estômago se revira muito rápido, e fico com a sensação de que posso vomitar todos os meus órgãos. Astrid sofre para manter a respiração presa, mas seus olhos já pesam.

Leonard vai em direção à porta.

— Fiquem à vontade com seu gás — ele ri. — A vitória é Carreirista, sinto muito. Estou indo.

— Ah, mas você não vai a lugar algum — respondo.

Com um último esforço, coloco meu pé bom em sua frente, fazendo-o tropeçar e cair de cara. Leonard me fuzila com os olhos enquanto tenta não respirar. Abro um sorriso.

— Comigo só funciona o papo de troca equivalente. Se eu morro, você morre.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Agora no próximo vamos descobrir o que acontecerá com Geoff, Astrid e Leonard. Será que vão morrer? Ou vão sair ilesos? E Trina, será que ela vai conseguir sair do celeiro?

Provavelmente o próximo será o último capítulo da arena. Depois, serão mais uns dois ou três contando a vida do vitorioso.

Não se esqueçam de comentar o que acharam, ok?

Até o próximo o/