Novo Mundo escrita por Mi Freire


Capítulo 11
Eu sou ciumento.


Notas iniciais do capítulo

Estou sem criatividade nos últimos dias para os próximos capítulos, não sei o que acontece com a minha mente porque eu comecei uma nova história - não resisti - sem antes terminar essa. Mas sei que isso é bem normal pra mim e que logo tudo voltará ao normal. Pelo menos assim espero.



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Adrienne havia acabado de preparar um delicioso peru para a ceia de natal, Alison estava colocando a mesa enquanto seu pai contava histórias de sua infância. Era apenas os três naquela tarde adorável de natal. Nevava lá fora. Era sempre os três. Uma família.

— Você deveria pelo menos ter convidado seu namoradinho para vir almoçar com a gente, Alison. – Adrienne levou o peru até o centro da mesa. Alison acendia as velas nos castiçais. — Como é mesmo o nome dele? Hum – Adrienne parou por um momento, pensativa. — David!

— Não, mãe. – Alison soltou uma risadinha sem jeito. — David e eu não somos namorados. Nem nunca fomos. Você sabe. Somos amigos. Ele mesmo te disse isso quando vocês se conheceram.

— Eu gosto dele. – Adrienne sorriu. — Adorei conversar com ele naquele dia. Você precisa conhece-lo, Tom. – Adrienne virou-se para o marido. — David é adorável! Se sua filha não fosse tão ingrata nós poderíamos conhece-lo melhor. Mas ela finge que a gente nem existe.

— Ei. Mãe! Eu ainda estou aqui.

— Parem de brigar! – pediu Tom, sentando-se a mesa. — É natal! Vamos fingir pelo menos por um dia que somos uma família perfeita.

Alison e sua mãe concordaram, sentando-se também.

O natal foi agradável. Eles almoçaram e colocaram a conversa em dia. Seus pais falavam mais que ela. Alison estava habituada a escutar e não se queixava. O importante é que eles estavam... Felizes e bem. Mais tarde sentaram-se no sofá, assistiram juntos a tevê. Com o chegar da noite pegaram seus casacos, cachecóis e luvas e saíram para dar uma volta pelo quarteirão, admirando as luzes e enfeites de natal nas casas vizinhas, super bem decoradas. As onze e meia Alison foi dormir, em seu antigo quarto.

Por um momento, antes de pegar no sono, ela ficou imaginando o que David estaria fazendo no natal. Teria ido visitar os pais? Ou teria ido conhecer os pais de Lucy? Ou melhor, teriam passado essa data tão especial juntos, apenas os dois abraçadinhos na casa dela?

Não sabia dizer. E nem deveria se importar tanto.

Sobre a cabeceira da cama seu celular vibrou. Era uma mensagem de texto de Bradley. Pelo menos ele não havia se esquecido dela.

Eu espero que tenha tido um bom natal, nem se quer ligou para mim. Por aqui as coisas não foram fáceis. Tive que aturar a minha irmã com o namoradinho folgado dela. Resumindo: as coisas não são nada fáceis quando você não está por perto. Morri de saudade de você o dia inteirinho. Mal posso esperar para vê-la amanhã. Beijos. Boa noite. ”

Ela sorriu. Sentia-se bem. Sentia-se apaixonada novamente.

≈≈≈

Quase não havia trabalho aquela tarde no escritório. 27 de dezembro. Alison recolheu suas coisas e jogou tudo dentro da bolsa. Arrumou sua mesa, pegou seu cachecol, jogou em volta do pescoço e levantou-se para ir embora. Acenou de longe para Lucy que ainda ficaria por ali resolvendo umas ultimas coisas. Sabia que mais tarde ela iria se encontrar com David, assim como ela agora iria se encontrar com Bradley. Era assim que as coisas funcionavam entre os casais.

Alison se dirigia até a saída, até o elevador, quando Caleb parou em sua frente, evitando sua passagem, com um sorriso sínico.

Ele ainda é lindo! Pensou consigo mesma. Pena que é um canalha.

— Olá, como vai querida Alison Harvey? Quanto tempo faz que nós não nos falamos! Eu senti sua falta, garota.

— Deixa de ser sínico! – ela revirou os olhos, impaciente. — Nós nos vemos praticamente todos os dias! E da última vez, se eu me lembro bem, pedi para que não se dirigisse a mim se não fosse nada de importante, se não fosse a trabalho. Então, por favor, saia da minha frente agora mesmo! Ou você tem algo de importante a declarar?

— Eu gostei de você, Alison. – ele pegou sua mão, mesmo contra a vontade dela. Mesmo diante de todos os outros funcionários. Caleb olhava no fundo dos olhos dela. — Gostei de verdade. Eu sinto muito por tudo. Eu pensei que me mantendo distante por um tempo pudesse melhorar as coisas entre nós. Eu queria uma segunda chance...

— Segunda chance? – ela riu jogando a cabeça para trás, sem humor. Livrou-se das mãos dele. — Nem pensar! Nunca mais! Até porque eu já estou conhecendo uma pessoa. E você, para o seu próprio bem deveria se manter longe do meu caminho. Ou eu terei que tomar providencias bem sérias contra você. E eu falo sério.

Alison passou por ele, saindo enfim dali.

Já no elevador, sozinha, ela suspirou aliviada. Nunca pensou que pudesse ser tão difícil manter uma postura séria, quando na verdade por dentro estava tremendo de pavor.

Não é nada fácil ter o coração partido por alguém, ela pensou. Parece que ele nunca mais volta a ser como antes.

Já na calçada ela vê Brad esperando por ela não muito longe dali, conversando com um velho conhecido que ele acabara de rever. Ao vê-la se aproximar ele começou a sorrir, tocou sua cintura e a beijou nos lábios.

— Você está linda hoje.

— Você diz isso todos os dias.

— Porque é a mais pura verdade: você é linda todos os dias.

Os dois caminham até o restaurante onde vão jantar juntos.

— Eu queria te dizer algo muito importante, Alison.

Os dois já estão sentados em uma mesa para dois no canto do restaurante, perto das paredes envidraçadas com vista para a avenida movimentada de Manhattan. Brad segura a mão dela sobre a mesa. O garçom acabou de se retirar com os pedidos anotados. O restaurante é chique, não é a primeira vez dos dois ali. É um lugar bastante movimento, com ótima comida e com música clássica de fundo.

— Eu acho que estou me apaixonando por você outra vez.

Ela já imaginava que ele diria isso. Desde que se envolveram para valer naquela noite em seu apartamento, Brad vem a tratando ainda melhor que antes. Ele está mais próximo. É mais atencioso, mais educado, mais romântico, mais carinhoso, mais tudo. Ele é simplesmente impressionante. Faz com que ela se sinta bem consigo mesma. Renovada.

— Você parece não ter gostado da ideia, pela sua expressão.

— Não! Não é isso. Eu só... Não sei o que dizer.

— Seria bom poder ouvir o mesmo vindo de você.

— Eu também gosto de você, confesso. – ela apertou com carinho a mão dele. — Gosto muito. Você tem me completado de uma forma que eu não esperava depois de tudo que eu passei. Mas é que, bem, eu...

— Você tem medo. Medo de que isso não dê certo. Eu entendo, de verdade. E só quero que você saiba que, eu estou com você, vamos com calma. Não precisamos definir nada por enquanto. Tudo no seu tempo, legal? – ele beija a mão dela, olhando-a nos olhos. — Eu espero, se você esperar comigo.

≈≈≈

— O que você está fazendo? – David perguntou, curioso.

— Estou pensando em dar uma cesta pra ele.

Alison estava sentada no canto de sua cama aquela noite com seu notebook no colo. Na internet ela pesquisava preços variados. Era quase ano-novo e ela queria presentar Brad com alguma coisa. Então por falta de criatividade pensou em uma cesta com chocolate e um cartão que ela mesmo escreveria.

Sempre foi muito romântica.

David estava sentado do outro lado da cama.

— Uma cesta é? Hum... Estão é sério? Digo, vocês dois.

— Claro que é! E que tom é esse? Eu pensei que você gostasse dele.

— E gosto. Mas sei lá. Pensei que vocês só estivessem...

— Ficando? É, por enquanto é só isso mesmo.

— Mas então precisa mesmo dar um presente pra ele?

— Claro que precisa, Dave! Você não vai presentear a Lucy?

— Não! Claro que não. Nós nem somos namorados!

— Não? Eu pensei que...

— Pensou errado.

Ele levantou-se saindo do quarto e indo até a cozinha, parecia irritado. O que ela não entendia eram essas suas mudanças de humor repentina. David estava muito diferente ultimamente. E não era só porque estava tendo alguma coisa com Lucy. Era algo a mais. Algo que ele estava escondendo dela sabe-se lá porquê.

— Você não está com ciúmes... Está?

— Ciúmes? – ele riu, bebia água. — De quem? De você?

— É, de mim e do Brad. Porque parece que tá.

Ele riu alto.

doida, Ali? Não! Claro que não. Porque eu teria?

— Eu não sei. É o que eu gostaria de saber.

Ele colocou o copo vazio na pia, virando-se pra ela

— Você está no mínimo enganada. O que vocês têm juntos ou deixam de ter não é da minha conta. Nós somos amigos, mas você não pertence a mim e nem eu a você. Acho legal você ter alguém, alguém que seja diferente do tal Caleb, alguém melhor. E eu tô feliz por.... Vocês.

— Hum. Então tá bom. – ela deu de ombros, dando meia volta. —Agora vem. Vem me ajudar a escolher um presente pra ele.

≈≈≈

Era um ano-novo e poucas coisas haviam mudado.

A virada do ano os quatros (Alison, Bradley, Lucy e David) foram assistir ao grande show que acontecia todos os anos na junção das ruas Broadway e a 7th Avenue. Houveram vários shows com a duração de dez minutos cada com algumas bandas/cantores desconhecidos e também alguns mais populares. Os quatros mal viram os shows, ficaram muito atrás e o palco era bastante pequeno. Mas também não se importaram muito. Foi ótimo. 11:59 começou a contagem repressiva da passagem de um ano velho para o ano-novo. E meia-noite e quinze a festa acabou e as ruas foram esvaziando aos poucos.

Para aproveitar o resto da noite eles saíram para comer em um restaurante e pararam para beber em pub conhecido por David onde encontraram alguns amigos dele. As quatro da manhã David levou Lucy para casa. Alison não teve mais notícias de nenhum dos dois. Já ela e Brad dormiram juntos no apartamento dela.

Depois de toda aquela comemoração a rotina de todos voltou ao normal. Mas ainda fazia muito frio e nevava. Alison preferia passar a maior parte do tempo livre em casa, protegendo-se. Ficava triste só de pensar em sair de baixo das cobertas para tomar um banho ou buscar um copo de chá na cozinha. E pior ainda ter que sair cedinho para ir a faculdade ou passar a tarde no escritório trabalhando e tendo que aturar Caleb tentando uma reaproximação com ela.

— Será que dá para parar de falar nele por um minuto, Alison? – David deixou a xícara vazia de chocolate-quente sobre a mesinha ao lado do sofá. — Você não percebe o quanto isso é chato pra mim?

Ela estava surpresa com a reação dele.

— Desculpa, Dave. Você é meu amigo, eu pensei que poderia conversar com você sobre essas coisas. Mas pelo visto...

— Não! – ele a interrompeu. — Você pode. Mas não exagera! Você fala dele o tempo todo. É irritante! Completamente irritante! A gente poderia estar aproveitando essa noite de outra forma, mas não, você tá aí há mais de meia hora falando sem parar sobre como o relacionamento entre vocês é bacana e blá blá blá. – ele passou a mão pelos cabelos. — Eu não fico falando da Lucy com você o tempo inteiro, ou fico?

— Não. Não fica. – ela abaixou a cabeça, completamente envergonhada. — Você tem razão! Tem toda razão. Eu nem se quer perguntei como você está ou como foi seu dia. Só fiquei falando de mim o tempo todo e do... Brad. Eu sinto muito. Muito mesmo.

Seus olhos se encheram de lágrimas rapidamente.

— O que foi? – ele se aproximou, tocando-a. — Ali, porque você está chorando? Foi alguma coisa que eu disse? Olha, porque se foi....

— Não. Não é só isso. – ela levantou os olhos, lágrimas escorriam por suas bochechas rosadas. — É que... Eu sinto tanta a sua falta, Dave. E, bem, nós não somos mais os mesmos. Nada é como antes. Estamos... Afastados. Mal temos tempo um para o outro. Sinto que alguma coisa mudou. Algo importante demais para se perder por qualquer coisa.

— Ah, não. Não chore! – ele a viu tremer, soluçando. — Eu não posso te ver chorar! A culpa é toda minha. É que perto de você eu perco totalmente o controle. Tenho agido feito um estupido! Tenho te evitado, tenho me comportado mal, tenho sido grosseiro e o pior amigo da face da terra! – ele a abraçou, sentindo seu agradável cheirinho. — A verdade é que você tem toda razão: eu estou com ciúmes... De você. E eu nem sei bem porquê. Mas estou morrendo de ciúmes!

Em meio as lágrimas ela conseguiu sorrir ao ouvir aquilo.

— Ciúmes... De mim?

— É! – ele se levantou, cansado de si mesmo. — Eu não um idiota? Eu nem sei bem porque isso acontece, mas eu não posso evitar. Só sei que estou cansado. Cansado de tudo em mim! Porque eu sempre estrago tudo e prejudico as pessoas a minha volta com a minha falta de jeito. – David pegou sua jaqueta e foi em direção a porta. — Eu não posso continuar te fazendo chorar com as minhas maluquices. Sinto muito. Eu sou um imbecil! E tenho o péssimo habito de perder a cabeça facilmente.

Alison limpou as lágrimas com a manga da blusa preta.

— Não! Dave, não vai. Fica. Vamos... ficar bem.

— Eu não posso! Eu preciso ir.

Ele abriu a porta com uma das mãos.

Ela correu até ele, ainda chorosa.

— Não posso continuar te magoado.

— E vai fazer o que? Te afastar de mim?

— Qualquer coisa que facilite as coisas.

— Você não pode...

— Posso sim. E é o que vou fazer.

— Por favor, não. Não faça isso.

Os dois se olharam por um momento, fitando um ao outro sem palavras e sem reação. Ele triste e ao mesmo tempo irritado consigo mesmo. E ela com os olhos verdes brilhando por causa das lágrimas.

David suspirou forte, sorrindo com um canto da boca.

— Impressionante como você consegue ser ainda mais bonita chorando. Mas eu prefiro mil vezes que você sorria.

Com o dedo ela limpou os últimos resquícios de seu choro e conseguiu sorrir para ele, se recompondo.

— Um dos principais motivos do meu sorriso é.... Você.

David avançou em sua direção, pegando-a de surpresa. Com o pé ele chutou a porta, fechando-a novamente. Colou Alison na parede, seu corpo pressionando forte contra o dela. Suas mãos envolveram seu rosto, sentindo a umidade de suas bochechas. Com o polegar ele acarinhou suas bochechas. O coração dela batia forte, Alison mal conseguia respirar. E fechou os olhos, quando sentiu os lábios quentes dele colando nos delas. Abriu a boca devagar até que suas línguas se entrelaçaram e ela sentiu uma espécie de choque elétrico .

Poucos segundos depois ele parou no meio do caminho, sua boca a milímetros da dela. A respiração descompensada. Os olhos fechados. A mente girando a mil. Grudou as duas mãos na parede, uma de cada lado do corpo dela. Colou suas testas, misturando as respirações. David suspirou outra vez, balançando a cabeça negativamente.

Alison continuava imóvel.

— Não era pra isso ter acontecido.

— Não. Não era.

— Mas eu quis tanto!

— É, eu também.

— Isso é muito errado?

— Eu já nem sei mais.

Ele deu um passo pra trás, abrindo os olhos. Encontrado os dela também já abertos. Sorriram brevemente um para o outro. Com a mão ele alcançou o cabelo ruivo dela, passando uma mecha atrás da orelha.

— Isso não vai voltar a acontecer.

— Não. Não vai.

David voltou a se aproximar e por um momento Alison imaginou, desejou que ele a beijasse novamente. Nem que fosse pela última vez. Chegou a fechar os olhos mais uma vez, esperando por algo. Algo que não aconteceu. Tudo que pôde sentir foi um beijo carinhoso na testa.

— Fica bem.

E depois, a porta fechando-se.

Quando abriu os olhos ele já não estava mais lá.

≈≈≈

Ela andava distraída nos últimos três dias, pensando naquele beijo mais do que deveria. Por um lado, sentia-se mal. Afinal, estava com Brad agora, sendo sério ou não, devia a ele lealdade e sinceridade. Ou as coisas não dariam certo no futuro se começassem dando errado. Por outro lado, era reconfortante saber que David gostava dela tanto quanto ela gostava dele. Isso ele deixou bem claro. Tanto que fora ele quem tomara a iniciativa e não ela como da primeira vez em que se beijaram. E agora ela já sabia que ele sentia ciúme dela. Isso era bom, não era? Porque ela também já sentiu muito ciúmes dele.

O beijo acidental, o momento inesperado, os sentimentos acumulados era uma coisa que deveria ficar apenas entre eles. Mesmo que uma parte dela insistisse para ser sincera com Brad ou com Lucy. Mas eles não entenderiam. Ninguém entenderia. E também ninguém estava tendo nada sério um com o outro. Pelo menos não por enquanto. Alison tentava garantir a si mesma que aquele pequeno incidente não voltaria a acontecer nunca mais. Pelo bem de todos.

— Lucy? Dave? O que estão fazendo por aqui?

Era domingo. Um domingo que em que a neve havia dando uma trela. Alison aproveitou para sair com Gael um pouco.

— Estávamos indo até sua casa para contar a novidade. – anunciou Lucy sorridente. Foi aí que Alison viu que eles estavam de mãos dadas.

— Ah é? – ela tentou mostrar surpresa. Desde que David havia a beijado eles não se falavam. — E qual é a novidade?

David abriu a boca para dizer algo, mas Lucy foi mais rápida.

— Estamos namorando! É oficial. – Lucy soltou a mão de David para mostrar a aliança de compromisso a Alison. — Não é lindo?

Alison foi pega de surpresa e aquilo mexeu muito com ela.

— Nossa! É lindo. – ela viu o anel de pertinho. — Meus parabéns ao mais novo casal. Estou feliz por vocês.

David não estava nada confortável com aquilo. O problema é que Lucy fez questão de sair cantando aos quatro ventos que ele havia a pedido em namoro. Tudo muito simples. Mas ele sabe bem como algumas mulheres são... Empolgadas demais mesmo pelas mínimas coisas. Lucy queria que Alison fosse a primeira a saber, ao contrário dele...

— Nós vamos comemorar! Você não quer vir junto?

— Oh, não. – Alison sorriu sem graça, desviando o olhar. — Eu fiquei de... Resolver umas coisas. Vão vocês e aproveitem.

≈≈≈

Ela chegou da faculdade exausta. Passara a manhã inteirinha fazendo trabalho em grupo. Uma maquete com papel pluma, muitos pinceis, cola e tesoura, tintas acrílicas e bastante estresse.

Por sorte não iria trabalhar aquela tarde.

Entrou no prédio e subiu vagarosamente os primeiros lances de escadas, sentindo o peso na bolsa no ombro direito. Quando chegou no segundo andar, um antes do seu, viu a movimentação de alguns vizinhos. Eles comentavam sobre a gritaria que vinha do terceiro andar.

Alison notou que Margo não havia ido a faculdade aquela manhã.

Subiu as escadas mais depressa, deparando-se com a porta da amiga aberta. Olhou para o chão e viu muita bagunça. E também alguns gritos. Eram assustadores. Alison arriscou em se aproximar.

Margo estava quebrando o apartamento inteiro, atirando coisas contra a parede, pela janela e pela porta aberta. Estava tudo revirado e destruído. Algo de muito sério havia acontecido e Alison começou a ficar preocupada. Em meio a tudo isso, onde estava Bradley?

Margo viu Alison parada no vão de sua porta, olhou pra ela por alguns segundos e no mesmo momento sentiu as lágrimas transbordarem dos olhos azuis. Não precisou pedir, quando Alison viu a fraqueza de sua amiga largou a bolsa no chão e foi até ela. Abraçando-a enquanto ela chorava, tremendo em seus braços.


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Notas finais do capítulo

O que acham que aconteceu com a Margo? Comentem!