O dia passou tranquilo, se eu cheguei atrasada ninguém pareceu notar. Com a chegada da noite, fui liberada do meu trabalho e fui para casa. Ajudei minha mãe com o jantar e a ajudei a servir o meu pai.

– Pode comer mãe! Eu vou hoje. – falei e ela assentiu.

Meu pai estava deitado na cama, do mesmo jeito que vi de manha e do mesmo jeito que permanece há muitos anos. Aparentemente, estava dormindo, mas eu sabia que não estava.

– Pai? – chamei-o e ele abriu os olhos.

– Como esta a minha princesa hoje? – ele perguntou, tentando sentar.

– Estou bem pai! – respondi, enquanto ajudava ele a sentar. Entreguei o prato a ele e ele começou a comer, em uma velocidade mais lenta que o normal.

– Sua mãe me disse que você ganhou um presente! – ele comentou, como quem não quer nada.

– É verdade. – falei. – Mas, ele esta guardado.

– Ele quem te deste? – perguntou.

– PAI! – repreendi-o.

– O que? Você é minha única filha e já está com 18 anos. Preciso pensar em seu futuro...

– O senhor tem que pensar em sua saúde. E é exatamente por eu ser tua única filha que tu deverias me querer perto de ti por mais tempo. – falei.

– Não me interprete mal, minha filha. Estou apenas pensando no que é melhor pra ti! – ele falou

– Eu sei papai, eu sei! Ele quer vir aqui amanha! Para firmar um compromisso com o senhor e com a mamãe. – falei e ele assentiu, sorrindo.

– E eu o conheço? – ele perguntou e eu assenti. – Você o ama?

– Como nunca amei ninguém em toda a minha vida! Não estou contando com o senhor e a mamãe, obviamente! – falei, sorrindo e ele meio que forçou um suspiro, aliviado. – Bobo!

Olhei para o prato e vi que ele tinha acabado.

– Deixa- me levar! – pedi e ele assentiu.

– Apenas mais uma coisa, minha filha, qualquer coisa que você escolher, eu e sua mãe estaremos ao seu lado! Esta bem? – ele falou e eu assenti.

– Obrigada pai! Eu amo o senhor.

Sai do quarto antes que começasse a chorar. Estava na cozinha, lavando os pratos do jantar, quando escutei alguém bater na porta. Antes que eu pudesse atender, minha mãe já havia chegado à porta. Não consegui escutar o que estava dizendo, fui ensinada a não escutar a conversa dos outros atrás da porta, mas quando eu cheguei à sala, consegui ver que, quem estava na porta, era o tutor de Caspian. Isso não poderia significar muita coisa.

– Professor? Esta na hora? – perguntei e ele assentiu.

– Receio que sim! – ele falou.

– Esta na hora de que? Alexandra! – ela perguntou enquanto eu corri ate meu quarto e pegava a minha espada. Ela me seguia. – O que você pensa que vai fazer com essa espada?

– Mãe, preciso que a senhora confia em mim. Por favor, eu preciso ir! – falei e ela parou. – Por favor.

– Espero que esteja certa do que estas fazendo! – ela falou e eu assenti.

– Eu estou! Amo vocês! – falei antes de sair pela porta. Esperava que fosse apenas um alarme falso, entretanto não poderia arriscar a vida de Caspian, precisava agir.

Caspian’s Pov

Foi difícil dormir sozinho, depois da noite passada. Fiquei me lembrando do corpo dela junto ao meu, da sua pele macia em contado com a minha, do peso de sua cabeça descansando em meu peito, do seu cabelo caindo pelas costas nuas... Eu estava completamente apaixonado por ela. Não sei quanto tempo se passou depois que eu finalmente havia conseguido dormir, fui acordado repentinamente por uma mão em minha boca. Sentei-me na cama, alarmado, mas tranquilizei-me quando vi que era o meu tutor.

– Mais cinco minutos professor. – pedi, me virando de lado.

– Receio que não iremos olhar as estrelas essa noite, meu príncipe. – me sentei e olhei, desentendido, para ele. Ele olhou para trás e me puxou pelo braço. Corremos ate meu armário, onde eu descobri ter uma passagem secreta, antes de fechar a porta do armário, olhei para ver o que aconteceria, para saber qual era o motivo de tanto alvoroço: meia dúzia de soldados armados entraram no meu quarto e atiraram flechas em minha cama. Fechei a porta correndo, sem fazer barulho algum, e desci as escadas atrás do professor, acabamos nos encontrando nos estábulos onde vimos Alexandra celando dois cavalos.

– Alex, o que estas fazendo aqui? O que estas acontecendo a final? – perguntei e ela me olhou, alarmada.

– Vista isso! – me entregou a parte de cima de uma armadura e a minha espada. – Não contou a ele?

– Não tivemos tempo! – professor murmurou.

– O que esta acontecendo? – perguntei pela segunda vez.

– Sua tia deu a luz. A um menino! – Alexandra falou e tudo fez sentido. – Precisamos ir!

Subi em um dos cavalos, Alexandra subiu no outro.

– Guardei isso, rezando para que nunca precisássemos usa-la. – Professor me entregou um pequeno embrulho. – Tomem cuidado.

– O senhor não vem? – perguntei e ele negou.

– Alguém precisa atrasá-los. – falou e se virou para Alexandra. – Você sabe para onde ir!

– Sei sim! Vamos Caspian! – ela falou e saiu correndo.

Passamos pelos portões antes que a ordem de fechamento chegasse aos guardas. Atravessamos a noite com uma certa vantagem, achei que não nos seguiriam ate que vi uma dúzia de soldados atrás de nós.

– ALEXANDRA! – gritei para ela que estava a alguns metros atrás de mim.

– PARA A FLORESTA AGORA! – gritou para mim e eu assenti.

Fiz o cavalo correr mais, esperando que ela fizesse o mesmo, mas ao olhar para o lado, Alexandra não estava lá. Olhei para trás e ela havia parado. Parei também.

– O que estas fazendo? Siga o plano! – falei e ela me olhou, triste.

– Esse sempre foi o plano Caspian! Eu te amo! – falou e depois espantou meu cavalo, enquanto corria em direção aos guardas, com a espada na mão. Eu entrei na floresta sem perceber, deixando a mulher que eu amo para trás.