Give Me Love escrita por whoishe


Capítulo 1
Give a little time to me or burn this out




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Eu os tinha na mira. Sempre. E nunca errava. Mas cada flecha doía. Doía porque eles tinham chance. Doía porque eu não podia. Era o meu trabalho.

Veja bem, eu sou um cupido. Não que isso seja maravilhoso, porque não é. A minha raça é amaldiçoada e vai ser assim para sempre. Se tornar um cupido significa que você não sabe amar, mas precisa ver o amor.

Ser cupido é uma tortura eterna. Desde que comecei – e isso faz muito tempo – vi milhares e milhares de pessoas. Ainda vejo, claro. Elas andam por aí, totalmente livres. E quando começam a se machucar ou machucar os outros: é aí que eu entro. Meu trabalho não é só unir dois corações. É impedir que as pessoas se machuquem. Se apaixonar, amar... é exatamente esse o remédio. Quem ama não machuca ninguém.

Talvez você diga que é um trabalho digno, mas eu discordo. Cada flecha que eu fabrico é uma arma. Não para os humanos, mas para mim. Como eu disse: sou amaldiçoada. Eu apenas dou o amor, mas não posso tê-lo. Isso faz parte da minha maldição.

Um dia você simplesmente aprende a não se importar – é o que tenho ouvido por muitos anos. Mas não é o que acontece. Eu comecei a me importar desde que o vi, sentado em um canto, segurando uma xícara de chá como se fosse a própria vida. Desde que meus olhos o focaram, eu soube: ele era tão solitário quanto eu. Geralmente, as pessoas possuem almas gêmeas e é meu dever uni-las. Quando não acontece, essas pessoas tão solitárias se tornam cupidos. Elas se tornam seres incapazes de amar, mas que devem fornecer amor mesmo assim.

Eu tinha um interesse especial pelos solitários. Porque eu encontrava um pouco de mim neles e precisava agir quando encontrasse o meu eu inteiro. Mas, naquele momento, eu desejava imensamente não ser o que eu sou. Eu desejava abraçá-lo e amá-lo.

Foi por isso que usei minha arma contra mim mesma. Uma flecha de cupido não era letal para um humano: ela apenas abria seu coração para que o amor pudesse entrar. Mas, para um cupido, era totalmente letal. Um ser que não amava nunca poderia ser atingido por uma arma de amor.

Era minha despedida. Sucumbir desejando o amor, mesmo que nunca pudesse tê-lo.


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