POV. Jane Grace
Não vou me apresentar, odeio apresentações, principalmente daqueles que nunca saberão o que você realmente é ou foi. Eu aprendi a lutar quando eu tinha 8 anos de idade, meu pai que era policial me ensinou simplesmente tudo que eu tinha de saber, me proteger e protegê-los também, mas essa não foi a minha especialidade. Acabei deixando-os na mão. No meu aniversário de 13 anos, homens estranhos atacaram meus pais, usavam roupas pretas e sabiam lutar pra caralho, atiraram em meus pais e foram embora após um ranking maravilhoso. Eu não posso reclamar, apenas fugi e encontrei um abrigo após conseguir um emprego de professora de artes marciais, parece uma besteira, mas não foi. Roubei o dinheiro do cara, o matei e caí fora, foi aí que descobri o que eu deveria ser – uma assassina profissional.
– Bom dia, Mônica. – Disse enquanto caminhava apressada em direção a saída.
– Bom dia, senhorita Grace. Eu queria te dizer que Connor te procurou hoje, mas infelizmente a senhora estava dormindo e eu não queria acordá-la. Mas ele mandou te avisar que não irá vir amanhã a noite. – Falou Mônica enquanto passava a vassoura pela sala.
– Oh sim, tudo bem. Não tem problema, ahm... eu vou precisar dar uma saidinha mas logo estou de volta. – Fechei a porta sem ouvir o que ela iria falar.
Pus minha bolsa preta na altura do ombro e desci o elevador, meu apartamento era um dos mais chiques de Las Vegas, eu não queria me gabar, mas é verdade. Apesar de que eu estava muito atarefada esses dias, eu não queria deixar de sair com Connor, mas ele que cancelou dessa vez, será que estava bravo porque cancelei nosso passeio cinco vezes seguidas? Hum... acho que não!
Em alguns minutos, eu já estava no estacionamento, entrei em meu carro e dirigi até a Torre Cage’s. Eu simplesmente não confio em ninguém, nunca se sabe se seu amigo companheiro, é seu pior inimigo.
– Bom dia, Rose. – Desci do carro e pude observar a moça de cabelos escuros abaixo do ombro, seus olhos azuis brilhavam e seu sorriso maravilhoso fazia um complemento especial.
Rose não era uma das melhores pessoas de lá, mas... era encantadora. Com seu sorriso magnífico animava as manhãs de qualquer um que chegara de mal humor lá.
– Ah, bom dia querida. – Respondeu Rose ainda com um sorriso no rosto, o barulho de seu salto era irritante como sempre. Mordi meu lábio com força para não reclamar.
– Será que Cage já chegou? Ele sempre se atrasa, aliás... ele sempre está lá em cima na grande casa dos sonhos dele. – Revirei meus olhos.
– Hoje é uma reunião especial, ele não poderia demorar. Tenho certeza que todos estão lá. – Falou Rose tentando me acalmar.
Soltei um suspiro longo e logo subi o enorme elevador que levava para o escritório confortável de Cage. Ao abrir a porta, pude observar o galã de olhos claros e cabelos louros, seu corpo saudável era uma paisagem para os meus olhos.
– Bem, bom dia primeiramente. – Disse Cage enquanto se virava da cadeira giratória para nos observar que chegava. – Estão... Hum... Cinco segundos atrasadas. – Cage se levantou e soltou um sorriso sarcástico. – E isso dá cinco tapas na cara.
– Se você ousar tocar em mim, eu quebro sua cara em dez pedaços. Animal! – Me irritei.
– Uh... chegou esquentadinha hoje senhorita Grace. – Cage passou a mão em meus cabelos avermelhados, ele sorria com a maior cara de pau, eu estava o matando com os olhos.
– Não cheguei esquentadinha, Cage. Eu sempre estou assim. – Dei um tapa em sua mão e sorri sarcasticamente, caminhei até o meu lugar marcado e sentei. – Vai começar essa porra ou não?

Cage não respondeu nada, sentou em sua cadeira e acendeu um cigarro de maconha. Olhou ao redor de todos ao soltar a fumaça pelo nariz.
– Como sempre iremos falar sobre a quadrinha da rua 79. Eles estão armando para pegar a senhorita Grace. – Ao ouvir suas palavras meus olhos foram se arregalando aos poucos.
– Como assim pegar a Grace? Meu querido, eu não fiz nada ok? Faz tempo que eu não roubo, faz tempo que eu não mato sem autorização do senhor. – Revirei meus olhos e cruzei meus braços.
– Calma, não precisa ficar emburrada. – Cage continuava soltando a fumaça, dessa vez pela boca enquanto falava.
– Não iremos deixar matá-la, Jane. – Phill pegou em minha mão e abriu um sorriso.
Nunca dei mole pra ele e não vai ser agora. Puxei minha mão e dei o dedo do meio.
– Claro que não vão deixar me matar, vocês sabem que eu sou a mente desse caralho, vocês sabem que sou eu que acabo com todos que passam pela rua 79, idiotas! – Gritei.
– Isso não quis dizer nada, Grace. – Cage apagou o cigarro com a ponta dos dedos. – Eu não irei deixar matá-la, mas só porque eu não quero. Não precisamos de você, Jane. Você é apenas uma criatura que vive nos importunando.
– Ah é? Então acabe com os Pryce’s sozinho! – Falei e abri um sorriso irônico.
– Hum... não posso acabar com eles sozinho. A vagabunda da Bass passou pra aquela quadrilha, e como você sabe... foi ela que ordenou matar seus pais!
Meus olhos se encheram de lágrimas naquele momento, mas sempre lembro do meu breve ditado... “Só os fracos choram.”