Semanas após o incidente no hospital e mais pessoas morrerem, o grupo fez uma nova rota para o Novo México com medo de que mais hordas aparecessem durante a viagem. As ambulâncias ficaram para trás e novamente o grupo estava a pé na estrada. Josh havia se recuperado lentamente dos seus ferimentos, assim como Robert e Mark, este último ainda mostrando dificuldade para andar.

Todos demonstravam cansaço, principalmente Kei, obrigada a assumir o filho de Patrick e Ângela após os eventos no hospital. A oriental nunca esteve preparada para cuidar de alguém, mas Matthew, em meio a um mundo tão devastador, ficava a maior parte do tempo com ela, embora tinha cuidados de quase todos do grupo, que sempre faziam rondas para encontrar alimento para garantir sua sobrevivência.

Parecia que tudo estava prestes a acabar para todos e fugir parecia ser a melhor coisa no momento para ter mais algum tempo.

— Há uma oficina de carros aqui na rodovia – Anunciou Taissa, verificando o mapa – Estamos de longe de chegar em El Distrito ou em algum lugar especifico. Mas podemos dar uma pausa.

— Não acha que é perigoso parar e sofrer mais uma invasão? – Perguntou Boone com as mãos no joelho, cansado com a viagem.

— Os zumbis não apareceram em grupos tem alguns dias, pode ser que tenhamos despistado eles – Respondeu Kei, com Matthew em seus braços, dormindo calmamente. A serenidade daquele bebe trazia calma para Kei, que andava muito perturbada desde o massacre em Las Vegas – Mas todo o cuidado é pouco.

— Acho justo dar uma parada – Renata se encostou em um poste da estrada.

— Vamos parar sim – Anunciou Vasili tomando a posição de líder, algo que nem Kei ou Robert se importaram – Agora, já que estamos no Novo México, podem decidir se continuarão a viagem conosco ou se irão para outro lugar.

As três enfermeiras ao fundo – Tuppence, Amber e Carol – sussurraram ao fundo e decidiram seguir a viagem junto com eles, já que também tinham grandes interesses pelo russo. Taissa e Ozzy não pensaram duas vezes em continuar com o grupo. Mark, Josh e Hunter também iriam continuar, exceto Vinny que continuava pensativo.

— Acha seguro tentar andar sozinho? Todos irão conosco – Avisou Kei, enquanto Vasili e Renata verificavam se a oficina estava segura. Haviam chego ao local em questão de minutos. Matthew estava com Bel, sentada em um pneu velho brincando com ele – Você pode correr perigos ainda maiores. Digo por experiência própria – Mirou em um zumbi que estava se aproximando e atirou nele.

— Eu entendo. Mas eu tenho parentes que fugiram para o México quando isso tudo começou – Falou, cruzando os braços – Pode ser que eles estejam vivos.

— Ou não. Seria bom ter mais de um médico conosco – Polly falou com um simples sorriso. Ela viu como Vinny era bonito de perto, mesmo tendo passado alguns dias com a presença dele – Apesar delas ficarem – Observou o trio de enfermeiras entretidas com Vasili matando alguns zumbis com Hunter.

— Sabe, o problema é que O’Hara, Amber, Jane, Clarck e Leigh morreram. Mark e Josh tem sequelas do que aconteceu com eles – Vinny tentou apresentar seus motivos – E eu como médico devia saber como lidar com essa situação, mas eu passei dois anos convivendo com essas pessoas e não quero vê-las sofrendo – Viu Mark e Josh entrarem dentro da oficina, que por sinal estava segura.

— Eu também tenho vontade de sair sozinho – Robert se intrometeu na conversa. Kei e Polly o encararam.

— Você já levou um tiro, sofreu um acidente de carro, ficou doente e quase morreu, botou fogo dentro da casa em que você mesmo estava e acha mesmo que quer sair sozinho? – Kei cruzou os braços, indignada.

— Vamos logo entrar, está começando a anoitecer – Robert disfarçou o assunto e então todos entraram na oficina.

— Pensarei nisso – Disse Vinny por fim e Kei assentiu.

O local parecia que havia sido abandonado fazia meses, a ferrugem e o cheiro de mofo já havia tomado conta do ambiente. Vasili ficou na porta vigiando a estrada deserta enquanto o restante do grupo entrava. As coisas estavam calmas demais naquele dia e era óbvio que o russo sabia que aquilo era pretexto para acontecer algo.

Vasili estava enlouquecendo por dentro, não sabia mais como garantir a sobrevivência das pessoas do grupo. Sabia que a viagem para El Distrito havia fracassado e que Josh em uma semana iria morrer por causa de suas lesões, mesmo que tenham sido tratadas. Estava preocupado com Robert mas sabia que seus amigos estariam ali com ele, mas a qualquer hora algo também poderia acontecer com eles.

Aquele apocalipse estava acabando com tudo o que restava.

— Ei, já está todo mundo aqui – Avisou Ozzy e então Vasili fechou a porta da oficina.

— Ele precisa de comida, está acabando o leite em pó – Avisou Bel colocando Matthew nos braços de Carol. Matthew quase não chorava, apenas quando estava com fome ou assustado – E nós estamos precisando de comida também.

— Aqui não tem nada, apenas restos de animais... – Falou Polly verificando as prateleiras já corroídas.

— Eu quero é dormir agora, depois nós nos preocupamos com isso – Disse Renata se deitando em cima do papelão no chão frio – Tem comida na minha mochila se alguém estiver faminto.

Carol, Tuppence e Amber se olharam como se estivessem competindo por algo.

— Nem tentem em fazer algo. Tem mais gente com fome aqui – Disse Mark revirando a mochila de Renata, que agora dormia – Come isso – Jogou uma barra de cereal para Josh, que estava encostado em uma caixa vazia.

— Está tudo bem? – Perguntou Kei observando a pele de Josh empalidecer.

— Eu estou... – Respondeu fraco e não pegou a barra de cereal jogada por Mark.

— Ele está parando... – Vinny correu até Josh que revirou os olhos e rapidamente perdeu a consciência.

— O que está havendo? – Perguntou Renata se levantando do papelão.

— Não sei! Não tenho aparelhos e nenhum instrumento para ajudar! – Vinny falou batendo no peito de Josh, mas o rapaz não respondia. O trio de enfermeiras tentou ajudar, mas Vinny sabia que não iria dar certo.

Logo depois disso, um barulho semelhante ao de tiros foi ouvido fora da oficina. Todos se abaixaram quando uma bala atravessou a parede. Vinny continuou tentando reanimar Josh, mas estava falhando. O tiroteio do lado de fora continuou e Kei logo olhou por uma das janelas da oficina um carro altamente fortificado disparando contra alguns zumbis transitando pela estrada.

— Tem gente lá fora! Parece que o armamento deles é mais pesado! – Kei anunciou e o grupo ficou preparado para o pior. Matthew já chorava nos braços de Carol. Kei mais uma vez olhou pela janela e viu homens saindo com armas mais fortes que as deles – Porra...

Será que haviam caído em uma armadilha esse tempo todo?

— Como eles nos localizaram? – Boone falou assustado. O moreno se virou e viu que Vinny havia tentado de parar reanimar Josh – Espera, não vai tentar salvar ele! – Se levantou correndo o risco de ser baleado e foi até o médico – Tem que salvar ele! – Boone gritou descontroladamente enquanto o tiroteio seguia do lado de fora.

— Não dá – Respondeu Vinny em estado de choque – Ele morreu.

— Do nada?! – Boone colocou as mãos na cabeça informado. Vasili observava aquilo perturbado. Todos estavam abaixados com medo de serem atingidos por alguma bala perdida e não podiam fazer nada. Era insuportável, Josh estava morto, Matthew chorava escandalosamente - Isso é impossível! – Sacudiu Boone na tentativa falha de reanima-lo – Todo mundo está morrendo de forma tão estúpida! – Se lembrou de Effy morrendo no hospital.

— Ele teve uma infecção bacteriana... – Vinny falou – Por isso que eu queria ir embora, não queria ver ele morrer desse jeito – Ouviu outro tiro, que quase acertou Hunter escondido atrás das caixas.

— Já deu, nós vamos todos morrer aqui – Disse Robert por fim vendo a luz do farol do carro passar pela porta.

Vasili saiu de onde estava.

— Chega, eu me cansei de ficar parado – Vasili foi até a porta, com sua arma já em nãos – Nenhum zumbi ou humano vai parar – O russo viu que Kei, Robert e Polly o olhavam assustados com sua atitude, principalmente Kei, que sabia ao menos o que fazer ali.

Vasili abriu a porta e viu o carro parado em frente a oficina, não abaixou sua arma com medo de ser baleado ou sofrer outra coisa, apenas parou em frente ao veículo que logo apagou suas fortes luzes.

Havia diversos zumbis no chão, assim como cartuchos de balas de armas que nem ele mesmo conhecia. Avistou um grupo de três homens e uma mulher se aproximando dele, outra pessoa desceu do carro e deixou sua arma apontada para Vasili.

— Parece que é ele... – Athena sussurrou para Fox.

— Acha que ele vai fazer algo? – Respondeu, parando a alguns metros de Vasili junto com a equipe.

Vasili ouvia a conversa deles e os ignorou, se fossem para atirar teriam feito isso a algum tempo. Robert, Kei, Polly e Bel saíram da oficina logo em seguida, ficando ao lado de Vasili, observando as pessoas desconhecidas.

— São todos eles mesmos – Anunciou Louis com um sorriso.

— Parece que salvamos a pele de vocês agora, deveriam ficar agradecidos e melhorar essas caras – Percy sorriu elegantemente para Polly, que ignorou.

— Quem vocês pensam que são? – Indagou Robert arqueando a sobrancelha.

— Meu nome é Juan – Disse o rapaz do carro – Esses são Percy, Fox, Athena e Louis. E nós somos da comunidade El Distrito.