— Fechem a porta! – Marilyn gritou segurando Matthew o mais forte que podia, correndo até a sala da caldeira enquanto era perseguida pelos zumbis. Topher e Scorpion aguardavam a moça dentro do cômodo. Assim que a moça passou, fecharam a porta, mas não conseguiram devido o fluxo de zumbis que se amontoaram nela.

— Droga! – Scorpion colocou toda a sua força para poder fechar a porta junto com Topher, mas não estavam conseguindo – Eles vão entrar! – Gritou desespero, tentando fechar a porta com a força de suas costas.

— Eles já estão lá embaixo nas galerias! – Topher disse apontando o dedo rapidamente para uma tampa de bueiro aberta no meio da sala – Vá por ali e cuidado com essa bebê! – Avisou-a. Marilyn rapidamente desceu as escadas com a ajuda de Robert e Kei, que a esperavam para pegar Matthew.

Após Marilyn conseguir escapar junto com o bebe. Ficaram apenas Scorpion e Topher na sala da caldeira impedindo que os zumbis entrassem e dificultassem a fuga. A àquela altura, não podiam fazer muita coisa se não tentar escapar de uma vez e tentar a sorte, por mais longe que ela estivesse.

— Corra Topher... – Scorpion saiu correndo deixando Topher para trás. Os dois correram até o bueiro antes que os zumbis chegassem até eles. Scorpion foi na frente com sucesso e quando Topher tentou descer, um zumbi o segurou.

— Droga, me solta seu cretino! – Topher chutou o zumbi na barriga e com o impulso que fez, acabou caindo direto na galeria após a criatura soltar o seu braço. A queda foi forte e Topher estava todo sujo devido a água pútrida do local – Merda! – Se afastou rapidamente antes que o mesmo zumbi despencasse em cima dele. Tentou levantar, mas sentiu uma forte lesão em seu braço, o impedindo de se apoiar.

— Eu te ajudo! – Boone correu até o rapaz e o socorreu. Colocou o braço esquerdo de Topher por cima de seu ombro e os dois se afastaram dali – Meu Deus do céu... – O tatuado olhou para trás, iluminando o caminho com uma lanterna, vários zumbis caiam na galeria e vinham atrás deles.

— Me sigam!  – Kei gritou bem à frente, balançando a lanterna para que a localizassem.

O grupo mesmo em uma quantidade reduzida conseguiu atravessar toda a galeria e fugir dos zumbis e matar alguns pelo trajeto, até que avistassem uma luz no fim do túnel. Uma grade os separava do que era um rio onde o esgoto era despejado. A correnteza era fraca e a água parecia baixa, os favorecendo na hora de sair dali.

— Vai ser fácil derrubar essa porcaria – Ozzy disse balançando a grade, parcialmente solta. Guardou sua arma nas costas e levantou seu joelho, dando um forte chute na extensão de metal, a derrubando na água.

— Boa! – Robert deu um leve tapa nas costas de Ozzy.

— Eu te ajudo – Bel disse para Marilyn, segurando Matthew após sair da galeria – Por onde vamos agora? – Perguntou para qualquer um ali que soubesse responder. Kei a encarou e deu as costas, terminando de atravessar o rio e finalmente chegando em solo – Merle, sabe de algum lugar para irmos?

— Não estamos mais em Wichita Falls, mas há várias ruas aqui que voltam para a saída, eu acho – Merle respondeu, levantando a barra da sua calça, inteiramente molhada.

— Definitivamente não vamos voltar para aquela cidade – Polly falou encarando o rio. Os ocorridos no shopping não saiam de sua cabeça. Havia um peso em si por ter participado da execução de Barbara, Vernon e Natalia, independente da reação deles após as terríveis mortes de Tuppence, Amber e Vinny. Os gritos das duas mulheres ecoavam na sua mente o tempo inteiro, lhe fazendo ficar ainda mais atordoada.

— Está tudo bem? – Polly se assustou ao sentir a mão de Scorpion sobre o seu ombro.

— Claro... – Polly assentiu com a cabeça. Olhou para o lado e começou a reparar em Topher – Você sofreu uma queda foda, olha o seu braço... – Viu o corte com uma pequena quantidade de sangue pingando na terra.

— Foi durante a queda... – Topher fez uma faceta de dor e então analisou o ferimento – Foi uma loucura ter escapado dali, por pouco não fui pego por eles – Rasgou uma parte de sua camisa e a amarrou por cima do ferimento. Não havia nenhum medicamento com eles ou material para curativo, então era obrigado a improvisar.

— Está bem feio, Topher – Boone falou sentado em uma pedra. Encarou o próprio sapato molhado, enquanto pensava, igualzinho a Polly, mas a sua mente só tinha uma pessoa a qual não conseguia esquecer. E essa pessoa era Lauren – Vamos encontrar uma farmácia e dar um jeito nisso – Sorriu de forma falsa, tentando disfarçar a dor que sentia por ter tirado a vida da própria irmã, mesmo com suas atitudes perigosas.

— Eu vou ficar bem. Já passei por coisa bem pior – Topher falou confiante, apesar de estar com uma severa dor. Sua visão se voltou ao fundo do pasto, tendo a certeza que tinha uma mulher próximo a eles, apesar de não saber identificar quem era – Há uma pessoa ali! – Apontou o dedo para a mulher e então praticamente todos do grupo se viraram para se armar contra ela.

Ficaram confusos, pois não havia ninguém ali, não um humano.

— Topher, é só um zumbi – Kei disse puxando a sua faca e indo até a criatura, a colocando para baixo rapidamente – Vamos por aqui pessoal! – A oriental falou após encontrar uma trilha por aquele pasto e então seguiram-na.

— Não gosto desses caminhos – Polly falou enquanto ia bem atrás junto com Scorpion – Eles me lembram uma fazenda que fiquei ‘’hospedada’’ – Fez aspas com os dedos, fazendo com que Scorpion risse.

— Por que as aspas? – Perguntou – Tentaram te matar na fazenda?

— Quase isso. Vi uma família inteira morrer porque o patriarca era um sádico – Respondeu, enquanto mexia nas mechas de seu cabelo – Na verdade, eu vi muita gente morrer depois disso. Foi muito foda.

— Não é de hoje que vemos pessoas morrerem – Scorpion falou sem demonstrar surpresa com a realidade em que viviam.

— Sempre falamos isso e parece que o número de pessoas mortas sempre aumenta – Polly falou olhando para Scorpion – Parece que nós nunca aproveitamos a vida por causa disso. É muito desgastante.

— Nunca temos tempo para aproveitar a vida – Scorpion bufou – Sinto falta dos dias em que voltava do trabalho e ia nas festas dos meus amigos. Era álcool e mulheres por todo o lado – Sorriu com suas lembranças – Hoje todos os meus conhecidos estão vagando por algum beco atrás de nós. Os únicos que pude salvar ao longo dessa jornada também estão todos mortos.

— Mas você tem a nós agora – Polly falou com um sorriso, dessa vez sinceramente – Você tem a mim agora - Os dois trocaram olhares sérios e depois com certa malícia. Scorpion sorriu de lado e pegou Polly pela mão – Onde nós vamos? – Perguntou ao ver que tinham se afastado do grupo – Vamos ficar para trás...

— Eles não vão tão longe – Scorpion falou animado. Os dois adentraram no meio de várias árvores perto de um casebre abandonado. Não havia nenhum zumbi por ali, mas Polly estava começando a ficar preocupada.

— Tem certeza, Scorpion? – Polly olhou para os lados, vendo apenas árvores e moitas com o chiado de alguns bichos – Nós não conhecemos esse lugar.

— Fica tranquila... – Encostou-se em uma árvore e segurou Polly pela cintura, apenas para ver três homens saírem do casebre – Droga! – Tentou proteger ele e Polly, mas os homens apontaram fuzis de pressão contra os dois.

— Que porra... – Polly falou se soltando de Scorpion e ficando ao lado do mesmo. Os três homens tinham fisionomias iguais, dando a certeza que eles eram parentes – O que vocês querem conosco?! – Perguntou, mas não obteve nenhuma resposta.

— É ela mesmo, Billy... – O homem mais alto disse. Estava entre Billy e o outro, Carrow.

— Tem certeza Trevor? Vi uma ruiva também, acho que ela é mais interessante – Billy falou e Trevor não respondeu.

— Vamos logo acabar isso, estou de saco cheio de ficar vigiando eles – Carrow disse, mantendo sua arma apontada para Polly e Scorpion – Se vocês dois ousarem gritar, estouro a cabeça de ambos num tiro só. E posso dizer que atiro muito bem.

— Estamos em dois! Isso é covardia – Scorpion rangeu os dentes, retirando sua faca do cinto.

— Cara, eu estou louquinho para atirar em você! – Trevor falou com raiva de Scorpion devido seu afronte. Estava pronto para atirar no cubano quando a loira interferiu.

— Não! Scorpion, vamos parar com isso. Eles vão nos matar se reagirmos – Polly engoliu seco sua saliva – Podem fazer o que quiser conosco, mas não atirem – Disfarçou, preocupada ainda mais com o grupo e se eles ainda estavam por perto.

— Ótimo – Trevor sorriu maldosamente e começou a dar as ordens – Billy e Carrow, coloquem eles dois na caminhonete, Sandy ficará muito feliz em saber temos novos hóspedes para a Mansão Althoff – Olhou fixamente para a Polly, tendo uma admiração repentina pela loira. Encarou Scorpion uma última vez, pronto para liquidá-lo, antes que ele interferisse nos planos que tinha com Polly.