Contágio escrita por MrArt


Capítulo 130
Estação 7 - Capítulo 130 - Psique


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está curto, porém ele foi muito elaborado para um personagem em si!

Boa leitura!



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Algumas horas depois de se instalarem no shopping, o clima de tensão havia amenizado e o grupo se sentia mais ‘’seguro’’. Robert, Kei e Polly mantinham um debate pacífico com Barbara e Vernon em relação à confiança, suprimentos e o grande número de zumbis que rodeavam o edifício e tentavam entrar. Por outro lado, o restante do grupo não parecia preocupado, apenas queriam descanso após aquela longa e dolorida jornada.

Em uma das praças de alimentação estavam Merle, Amber, Tuppence e Fani. Haviam acabado de conhecer Natalia, uma moça morena que havia se interessado em Merle descaradamente. Ela fazia parte do grupo de Barbara e Vernon e fazia o controle de suprimentos.

— Hunter era nosso melhor amigo. Passamos todo o início do apocalipse presos no hospital onde trabalhávamos – Amber dizia se recordando do amigo falecido – Depois de encontrarmos o grupo de Robert, nos juntamos a eles e então paramos em El Distrito.

— El Distrito? – Natalia perguntou.

— Era aonde morávamos – Amber respondeu com um ar de lamentação.

— Tínhamos tanta comida aonde morávamos. Não pudemos trazer metade durante a fuga – Tuppence disse sentada em uma das várias mesas que ali tinha – Perdemos não só coisas materiais, mas muitos amigos.

— Amber me falou sobre as pessoas que viraram zumbis no trem – Natalia estava encostada em um dos balcões, ouvindo horrorizada a conversa – Vocês passaram por cada coisa ruim que chega a ser controverso estarem vivos – Tuppence arqueou a sobrancelha – Me desculpe, mas estou falando a verdade.

— Sorte a sua não estar lá fora para passar por toda essa loucura – Tuppence disse de forma grosseira, recebendo um cutucão de Amber na cintura – Amber!

— Eu não quis... – Natalia percebeu o clima tenso que havia sido causado.

— Nós vamos caminhar agora. Vem comigo – Amber puxou Tuppence pelo braço e a retirou dali, antes que as moças começassem a brigar por motivos fúteis. As duas enfermeiras saíram do lugar, deixando apenas Merle e Fani junto com Natalia, que voltou aos seus afazeres, disfarçando o constrangimento.

— Estamos perdendo a noção de boas maneiras – Fani se encostou no balcão e observou as duas enfermeiras virarem um dos corredores.

— Acho que a humanidade perdeu a noção de boas maneiras a muito tempo – Merle disse, fazendo alguns rascunhos em um bloco de notas amarelado – As pessoas preferem matar uma as outras do que resolver os problemas numa conversa.

— Por que chegamos a esse ponto? – Fani perguntou, com ar de tristeza.

— É mais fácil tirarmos a vida de alguém do que tentar dialogar com ela, em qualquer situação – Merle respondeu e Fani lhe encarou. O rapaz pensou que ia receber uma feição negativa, mas ocorreu o contrário.

— Você está certo – Fani balançou a cabeça positivamente. No mesmo instante, pode observar Lauren passar por um dos corredores rapidamente, quase que não a percebendo. Estava em dúvidas se era realmente a moça, Polly ou outra garota – Viu alguém ali? – Olhou para Merle novamente, que continuava os seus rascunhos.

— Quem? – Merle perguntou confuso, olhando para os lados.

— Ninguém – Fani se desencostou do balcão, desistindo rapidamente da sua curiosidade – Vou até o telhado ver como as coisas estão. Já estou agoniada de saber que estamos rodeados de zumbis – A loira então se despediu de Merle e seguiu seu caminho pelo átrio do shopping. Não era surpresa para Fani que o grupo estava enfrentando constantes crises, mas com certeza essa era a pior, ainda mais com o número de baixas que sofreram em tão pouco tempo. Seu desanimo continuo e a falta de disposição para fazer as coisas dominavam todo o seu ser.

Era extremamente triste.

— Está tudo bem? – Marilyn parou Fani enquanto passava por ali. A ruiva segurava dois livros que havia pego de uma loja de leitura. Podia notar o semblante arrasado de Fani.

— Acho que estou – Fani respondeu com uma bufada.

— Não. Não está – Marilyn disse, colocando seus livros debaixo do braço – Ter visto Hunter morrer foi horrível, eu sei. Mas ficar assim não vai adiantar, Fani – Tocou no ombro da moça, que apenas lhe lançou um olhar de cansaço – Tente relaxar a cabeça um pouco. Ainda temos coisas a fazer.

— Há vários zumbis lá fora tentando entrar no shopping. Estamos encurralados, não há para onde fugir – Fani disse desacreditada de qualquer esperança – Tantas pessoas mortas a nossa volta e nós conseguimos continuar como se elas não fossem nada para nós – Bufou e balançou a cabeça negativamente – Não tem como relaxar, Marilyn.

— Perdi essa vontade de continuar. Faço apenas o necessário para ficar viva – Marilyn se encostou em uma pilastra – Depois que fiquei presa naquela base em Corpus Christi, achei que nunca mais veria o sol novamente. Era um confinamento insuportável. Nossas necessidades básicas eram todas atendidas, mas tínhamos uma rotina muito sufocante – Continuou falando - Ter sido salva de lá teve suas vantagens, mas a vida aqui fora é muito mais perigosa.

— Nunca paramos em lugar nenhum, prefiro estar em um confinamento do que aguentar tudo isso – Fani resmungou – Estou cansada para caralho.

— Eu sei... – Marilyn disse e então pegou seus livros novamente – Até mais tarde, Fani.

— Até – Se despediu de Marilyn, que rapidamente sumiu do local.

Fani continuou seu trajeto até chegar no telhado do shopping. Observou Robert e Boone juntos em um canto enquanto Bel atirava em zumbis no outro. Foi até uma das muretas e se sentou nela. Podia ver amplamente o mar de criaturas que rodeavam o edifício, batendo nas paredes e painéis de vidro, tentando derrubá-los.

Suspirou levemente e se acalmou conforme os segundos se passavam. A madrugada não incomodava Fani em nenhum momento. O barulho dos zumbis e a brisa gélida eram o suficiente para que a loira refletisse o tanto tempo em que viveu num apocalipse zumbi. Salvou-se graças a Zain e passou por várias crises em El Distrito, para no final de tudo se sentir totalmente perdida e sem motivos para continuar viva.

Seus dedos deslizaram sorrateiramente pelos ladrilhos da mureta enquanto sua pensativa mente desenrolava diversos assuntos. Se estava a ponto de fazer uma besteira consigo mesma? Difícil, ainda mais com pessoas perto de si.

— Foda-se – Fani saiu de perto da mureta e voltou para os interiores do shopping. Ao invés de ir pelo átrio principal, resolveu vasculhar o departamento de administração, um dos lugares mais afastados do edifício.

Os corredores do local eram mal iluminados e aparentemente Barbara e seu grupo não o utilizavam, devido à ausência de cuidados e visível decadência das paredes e dos pisos. Era até assustador ficar ali sozinha, mas Fani não parecia estar tão preocupada com isso no momento.

Até começar a ouvir ruídos por perto.

— Mas que porra?! – Indagou e foi até uma porta entreaberta. Se aproximou lentamente e a empurrou. Ao olhar o cômodo, deu um passo para trás devido a visão pavorosa na sua frente – Não! Socorro! Alguém venha me ajudar! – Começou a berrar desesperadamente – Não pode ser real... – Se encostou no canto da porta, perplexa com o derramamento de sangue.

Os corpos de Amber e Tuppence estavam estirados naquela sala. Uma grande quantidade de sangue era vista por toda a parte e marcas de agressões e cortes eram visíveis nas pernas e braços de ambas mulheres recém-assassinadas. E o pior de tudo aquilo: As duas haviam sido severamente decapitadas.


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