Dear Teacher escrita por Flávia Monteiro


Capítulo 9
Capítulo 8 - Conselho da Lua


Notas iniciais do capítulo

Oi. Sei que faz um ano (literalmente) que não posto. Minha história está em hiato, então vou terminá-la sim. Nesses últimos dias meus personagens ressurgiram das cinzas e começaram a me atormentar dentro da minha cabeça novamente. Parece que dessa vez, querendo ou não vou ter que escrever para acalmá-los. Espero que entendam que minha rotina não me deixa muito tempo para editar e postar, mas não deixei de levar meus cadernos comigo para poder escrever quando as vozes se tornam irritantes.
Espero que gostem do desenrolar da história. Está sendo difícil deixar as ideias claras nessa parte da Itália em especial.
Apreciem meu trabalho! ;*
*** beijos de gliter ***



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/505634/chapter/9

A noite foi minha aliada para fazer o fichamento de dois livros, com direito a aula bônus ministrada pela entendida do assunto: Ellen, com PhD em arrumar seus óculos no lugar a cada cinco minutos.

No dia seguinte saí após a aula com minha colega de quarto para comprarmos algumas coisas para levarmos na viagem, o que era apenas uma desculpa para termos roupas novas. Fizemos nossas malas assim que chegamos no nosso quarto e Ellen já fazia planos de conhecer cafés e lugares turísticos com aquelas roupas.

Nossa quarta-feira foi livre, então nos reunimos em um grupo de estudos um tanto quanto bagunçado na biblioteca. A parte boa é que conseguimos aprender um pouco mais antes de devolver os livros e que bebemos café no telhado do prédio dos dormitórios durante a noite. Entre risadas, estrelas e uma lua enorme nossa amizade pareceu se fortalecer dos baques da semana. Derick se mostrou mais amigável comigo e Gustav também estava mais leve e falante com todos. Por algumas horas ele esqueceu que tinha um celular (ou talvez só tivesse sem bateria). Todos esperavam algo bom dessa viagem.

Estava olhando para a lua, pensando em como lidar em estar tão próximo do Mr. Grunt na próxima semana depois da minha vergonha do último sábado.

— Alguém aí está precisando de rosquinhas?

Alan se sentou ao meu lado, passando um saco de rosquinhas de leite para minha mão livre.

— Por que você está tão pensativa? – me perguntou bebericando seu café.

— O que eu faço, Alan? – murmurei para que nossos amigos perto de nós não ouvissem – E se algo como da última vez acontecer?

— Você beber como anão da Terra Média? – ele fez uma careta de desgosto.

— Não. – suspirei – Quero dizer, pare pra pensar um pouco. Ele parece se importar comigo e nunca ouvimos nada a respeito desse comportamento dele com os outros alunos. Você ouviu o que o Gustav nos disse na nossa primeira aula com ele. Ele é conhecido por ser correto e rigoroso. E as coisas que ele fez não estão condizendo nem um pouco com isso.

— Relaxe, Kate. Nem todo mundo é aquilo que deixa os outros verem. Por baixo daquela máscara de gesso fria há um amante à moda antiga. Você percebeu isso, não?

Dei de ombros. Aquilo era informação demais pra minha cabeça.

— Ah, vai me dizer que nunca notou que ele te trata com todo o respeito que uma mulher merece? Nem quando vocês estavam sozinhos ele passou dos limites, Kate. Ele te ama de longe, do mesmo modo como eu fazia com o Gustav. Acho que entendo um pouco do que ele está passando.

— Nem temos certeza disso, Alan. Ele pode ser apenas um cavalheiro, sem segundas intenções.

— Ou ele pode apenas estar preso às amarras da moral. Custaria o emprego dele se se envolvesse com uma de suas alunas. Ou levantaria fofocas se deixar transparecer que sente algo por você. Isso poderia acabar com a reputação dele em meio aos outros alunos.

Será isso mesmo? Mr. Grunt está preso pelas amarras da moralidade? Alan me deixou pensando sobre o assunto e me aconselhou a ficar longe de situações do tipo durante a viagem. O número reduzido de estudantes juntos o tempo todo nos fará prestar mais atenção sobre o que aquele que está do nosso lado está fazendo pensando que não tem ninguém olhando.

Às vinte e três horas resolvemos nos recolher. Sairíamos da cidade às sete da manhã seguinte. Desci para meu dormitório ao lado de Ellen, que quando chegamos lá caiu na cama e adormeceu. Pus meu pijama e me enfiei sob meu edredom. O quarto estava completamente escuro, mas meus olhos teimavam em permanecer abertos mesmo sem ter nada que chamasse minha atenção. Determinada a dormir fechei meus olhos.

Meu coração palpitava descontrolado, com medo de todo o tempo que ficaríamos perto dele. Preciso mostrar que não tem nada nele que me chame tanta atenção, que seu perfume não me deixa com vontade de percorrer cada centímetro de seu pescoço, que aquela camisa branca e aconchegante ficaria muito melhor desabotoada, que aqueles braços firmes encontram seu lugar em volta do meu corpo e suas mãos foram feitas para cada curva dele.

Como seria poder tocar aqueles cabelos tão perfeitos? Poder correr meus dedos pelo seu rosto, pelo contorno de seus lábios?

Meu interior começou a se apertar quando pensei nessas coisas. O que está acontecendo comigo? Mantive minhas pernas juntas. Não sou assim. Não sou esse tipo de garota.

Me virei de bruços e abracei meu travesseiro sob minha cabeça. O sono se confundiu com imaginação e me atormentou o resto da noite.

Acordamos cedo e nos encontramos com a turma da universidade que iria à viagem esperando no pátio. Estava com uma sensação estranha que todos sabiam o que sonhei e que me olhavam pelas minhas costas. As poucas risadas baixas estavam me irritando. Mantive meus olhos no chão tentando evitar qualquer contato visual com os que estavam a minha volta.

— Tomara que lá não esteja tão frio como aqui. – Ellen comentou afundando suas mãos nos bolsos do casaco. Nossas bocas soltavam fumaça de ar quente.

— Espero mesmo. Vou usar meus vestidos até o fim dos tempos, mas é bem mais confortável quando não está tão frio. – completei.

Ela riu porque sabia que isso era verdade.

Mr. Grunt chegou às seis e vinte, deixando o nervosismos da viagem exposta em seu rosto, e nós saímos em um ônibus até o aeroporto. Durante todo o caminho ele foi curto e direto com seus “Por aqui”, “Se comportem” e “Aproveitem a viagem para estudar”. Em nenhum momento seus olhos caíram sobre mim, e parecia ser proposital. Ele estava se esforçando o máximo para me evitar do mesmo jeito que eu havia planejado fazer com ele. Por quê?

Meu coração se apertou e resolvi fazer como todo mundo quando já estávamos dentro do avião. Pus os fones de ouvido e ignorei o mundo à minha volta. Talvez dentro dos meus sonhos Mr. Grunt possa me olhar nos olhos e me dizer o que está acontecendo.

Chegamos a Roma e fomos direto para nosso hotel, onde fomos divididos em grupos homogêneos de quatro pessoas por quarto. Tivemos dez minutos para largar nossas coisas nos nossos quartos e voltar para nosso primeiro passeio. Todos estavam em um misto de cansados da viagem e enérgicos com o passeio.

— ¡Estoy en Roma! –Ellen soltou enquanto se livrava de seu casaco. Aqui estava mesmo mais calor que em Londres.

— Como é? Acho que tem um pouco de italiano no seu espanhol. – eu ri enquanto Ellen pensava onde havia errado na sua frase. – Vamos logo. Não podemos nos atrasar.

Mr. Grunt nos levou para conhecer vários lugares ligados à Antônio e Cleópatra e Caio Marcio Coriolano. Mas foi visitando o Coliseu em meio à história de Julio César que eu mais gostei. Aquele lugar é enorme e pude sentir a energia pesada de várias mortes ali.

Alan se moveu entre os alunos para chegar até mim, hipnotizada pela arena. Imaginando as lutas entre gladiadores.

— Pense só, o que será que acontece se eu te vestir de Xena, te der uma espada e pedir para você lutar com um leão ali no meio? Nosso imperador te salvaria? – levantou uma sobrancelha e deu um sorriso largo.

— Provavelmente eu não mataria o leão. Ao invés disso falaria “Aqui, gatinho”. – sorri de volta. Ele sabe que eu amo felinos e que também não consigo nem matar uma mosca sozinha direito. Usei disso pra desconversar o ponto em que entendi que o imperador ao qual ele se referia era nosso professor.

— Pro leão ou pro imperador? – ele sorriu sabendo que me deixou embaraçada. – Ah, não fique assim.

Isso não teve graça. Virei o rosto o ignorando. Estou tentando sufocar minha confusão de sentimentos então vem logo Alan e faz gracinha com isso. Sem se importar com todo mundo a nossa volta o ruivo me abraçou entre risos.

— Estava só brincando porque adoro quando você fica toda vermelha e envergonhada. É, até que também gosto desse seu biquinho de brava.

Aquilo me fez rir.

— Eu não faço biquinho quando estou irritada. – o corrigi.

— Faz sim! Parece minha priminha de cinco anos. – ele riu.

— Por favor, os dois aí no meio. – a voz fria do Mr. Grunt chamou nossa atenção e todos viraram suas cabeças para nós. Alan me soltou, porém não saiu do meu lado. – Se comportem de maneira apropriada. Não estamos em sala, mas isso ainda é uma aula.

Com um olhar rápido pude ver que as orelhas de Mr. Grunt ficaram vermelhas e seu maxilar estava travado. Desviei meus olhos para o chão e segui caminho em meio aos meus colegas. Alan me seguia de perto, se recusando a me deixar sozinha. Depois daquela chamada de atenção pública ele também seria evitado por Gustav e Ellen seguia a frente de todos, junto ao professor, onde eu me recusaria a ficar.

Voltamos ao hotel às três da tarde, com nossa expedição encerrada. Muitos subiram aos seus quartos, outros foram conhecer as áreas do hotel e fiquei com Alan na recepção. Os grandes sofás marrons café dali eram extremamente macios e convidativos, principalmente se você caminhou o dia todo usando uma bota desconfortável.

— A gente poderia sair pra relaxar um pouco, né? – comentei brincando com um botão do meu casaco.

Meu amigo dos cabelos flamejantes estava sentado no outro sofá a minha frente.

— A gente: eu e você, ou a gente: nossa turma?

Dei de ombros e suspirei, deixando meu botão em paz. O céu daqui parecia mais azul.

— Vamos apenas nós dois. – eu disse. – Preciso respirar outros ares. – principalmente aqueles que não tenham certo perfume.

Seus olhos foram rápidos em meu rosto.

— Aquele assunto ainda, né? – me perguntou em voz baixa.

Assenti.

— Vamos levar uns livros e nos sentar em algum parque aqui perto. – pedi me lembrando de momentos em que minha vida era menos complicada– Podemos fazer como no colegial, se lembra? Podemos levar alguns biscoitos e refrigerante, vamos ler poemas e comentar coisas sem noção sobre as pessoas que passam por nós.

Ele sorriu ao se lembrar que fazíamos isso sempre. Como éramos inocentes!

— Acho isso uma ótima idéia, Kate.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Haverá uma one shot sobre o sonho que a nossa doce Catherine teve. Sonho hot hot, por isso não o inclui na história. :)
Aceito opiniões sobre o futuro de cada personagem. Devo mostrar mais de Alan&Gustav? Mais de Ellen&Derick? Lembrando que nosso casal yaoi já tem duas ones. :*
não prometo próxima postagem nesse mês. Espero que entendam
Beijinhos e me digam o que acharam desse cap.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dear Teacher" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.