Dear Teacher escrita por Flávia Monteiro


Capítulo 7
Capítulo 6 - O segredo de Alan


Notas iniciais do capítulo

Sem muita coisa a dizer. O cap está de um tamanho bom, acho, então isso não me desculpa pelo atraso do cap anterior. Algo que vai me desculpar vai estar nas notas finais! ;)
Boa leitura!



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Aos poucos fui puxada do meu infinito preto, ouvindo alguém falar perto de mim. Meus olhos estavam pesados, mas os obriguei a abrir mesmo assim. O ambiente aquecido me manteve calma para não entrar em pânico. Me sentei devagar, olhando em volta com atenção. Eu fui deixada na sala com a televisão ligada. Foi a voz da apresentadora do telejornal que me acordou, e agora tudo doía. Minha cabeça estava um pouco pesada, e descia uma tensão de minha nuca aos meus ombros, como se tivesse dormido de mal jeito. Tentei me automassagear sem muito sucesso, enquanto pensava onde Mr. Grunt estava.

Deveria pegar minhas coisas e ir embora? Da próxima vez que o ver, agradeço por não ter me deixar vagar bêbada pelas ruas de um bairro que nem conhecia. Sim, isso seria menos embaraçoso do que procurá-lo e pedir que me leve para o campus. Me levantei e caminhei devagar para o corredor que dava para a porta. Meu casaco e minha bolsa estavam pendurados no cabide atrás da porta, junto dos casacos do professor. Ok, agora é só ir embora. Apanhei meu casaco e o vesti.

– Boa tarde. – os pelinhos de minha nuca se eriçaram ao ouvir aquela voz rouca atrás de mim. – Ou boa noite seria mais apropriado?

Me virei, sem sabem onde enfiar minha cara.

– O... Oi.

Ele estava em pé na porta da cozinha. Seus olhos me avaliaram por alguns segundos, acho que esperavam alguma ação vinda de mim.

– Você parece melhor. Quer voltar para seu dormitório agora?

– Já vou. Não precisa se preocupar mais. – murmurei.

Ele levantou o indicador no ar, pedindo um minuto, e entrou na cozinha. Quando voltou trazia meu celular em sua mão, que estendeu para mim.

– Desculpe ter pegado, mas essa coisa não parava de tocar. – explicou passando por mim e pegando seu casaco preto de hoje de manhã para vesti-lo – Seus amigos estavam preocupados com você e disseram que se não respondesse iriam chamar a polícia.

Fiquei olhando para ele tentando absorver o que dizia. Ele pegou meu celular e viu minhas mensagens?

Mr. Grunt pegou minha bolsa, a passou para mim, vestiu seu cachecol cinza e se virou para o meu silencio com suas esmeraldas intimidadoras sobre mim.

– Desculpe de novo, mas também liguei para sua amiga. – sua expressão era realmente arrependida. Meu coração saltou e senti vontade de poder tocar seu rosto e dizer que tudo bem. – Avisei que você estava comigo e que ela não precisaria se preocupar. Vou conversar melhor com ela, para não te meter em mal entendidos.

Oh, meu Deus! Quando chegar ao meu quarto vai haver uma Ellen cheia de perguntas embaraçosas que vai me torturar por respostas, se for necessário.

Seus dedos longos pegaram umas chaves de cima do aparador e abriram a porta da frente, dando espaço para eu passar. Minhas pernas bambearam para fora da casa, o deixando atrás de mim para trancar a porta enquanto meu cérebro lento via que o sol começava a se esconder no horizonte e as luzes da rua já estavam acesas. Chequei meu celular e já passavam das dezoito horas.

– Vamos? – Mr. Grunt me chamou, com a porta do carro aberta para mim. Reconheci ser o mesmo em que fui trazida até aqui.

A cena dele me esperando com a porta do carro aberta me encabulou um pouco, mas tentei ignorar e entrei no carro esperando que não ficasse vermelha. Ele é realmente um cavalheiro.

Pus o cinto de segurança enquanto ele entrava no carro, o ligava e nos levava para a rua. Essa situação que me meti me deixava desconfortável. Não queria que Mr. Grunt tivesse uma má impressão de mim. Por que ele foi aparecer naquele bar?

– Desculpe por ter te causado preocupação. – murmurei olhando para a pista na hora do rush à nossa frente.

Senti que sua cabeça se virou em minha direção e ele me fitou.

– Tudo bem. Eu não me sentiria bem em ter deixado você vagar por aí naquele estado. Poderia ter sido mais uma estatística da criminalidade.

– Hun? – mais uma estatística?

– Senhorita Johnson, você é uma garota muito bonita e está bem vestida. No seu estado alcoolizada e perdida seria uma vítima fácil para ladrões e estupradores.

Ele disse que sou muito bonita? Não só bonita, mas muito bonita? Mordi meu lábio e olhei pela janela para que meu sorriso reprimido não fosse visto. Ganhei um elogio! Uau!

– Sem querer me intrometer em sua vida, senhorita Johnson. – olhei para meu professor, que mantinha os olhos no transito e uma expressão pensativa – Mas esse tipo de comportamento pode te prejudicar nos estudos.

A vergonha pesou meus ombros e deixei as palavras saírem pela minha boca como uma criança contrariada.

– Você também bebe.

Vi suas mãos apertarem o volante com força e seu maxilar travar. Aquilo me deu medo, e desviei meus olhos para a minha janela. Eu e minha boca grande. Mordi minha língua para não fazer esse tipo de coisa de novo.

– Sei que me viu bebendo uma vez através da vitrine do Orange Pub, mas a diferença é que conheço meu limite. E espero que não se esqueça de se referir a mim com Sr. Grunt e não “você”. Sou seu professor. – explicou com sua voz fria.

O que minha mãe me ensinou é que eu deveria ter respondido “Sim, senhor. Me desculpe.” , mas acho que o resquício do álcool em meu sangue despertou a rebeldia que não tive quando adolescente. Continuei olhando pela janela e o ignorei.

Em alguns minutos de silencio chegamos ao campus. Ele estacionou perto do portão dos dormitórios e desligou o carro, se virando para mim.

– Por favor, peça para sua amiga descer até aqui para conversar comigo. Não vou subir porque, você sabe, os outros alunos podem interpretar mal se nos virem andando juntos.

Assenti. Murmurei um agradecimento e desci do carro. Corri até chegar ao meu quarto, virando uma estátua de pedra quando vi Derick e Ellen sentados na cama da minha colega de quarto. O casanova estava com um braço ao redor dela e trazia seu rosto para ele com a outra mão. O susto por eu ter entrado tão repentinamente no quarto os separou. Ellen arregalou os olhos para mim e abriu um sorriso brilhante, pulando em minha direção e me abraçando.

– Oh, meu Deus! Você me deixou preocupada, Kate! – seu abraço se apertava cada vez mais ao meu redor, fazendo meu corpo já dolorido doer mais – Você não respondeu minhas mensagens e minhas ligações. Então Mr. Grunt disse que estava tudo bem porque você estava com ele e, como ele disse que você não podia falar porque estava dormindo, eu pensei tanta coisa. Pensei que ele fosse um psicopata que tivesse te drogado e seqüestrado. Pensei...

– Está tudo bem, Ellen. Estou bem. Não aconteceu nada. – dei leves tapas em suas costas para me soltar, o que ela fez sem tirar os braços ao redor de mim.

– Que cheiro é esse? – ela fez uma careta e me farejou – Você bebeu? Céus, Catherine!

Ela me soltou e passou a mão no nariz para se livrar do meu cheiro de álcool. Dei um pequeno sorriso e deixei meus olhos caírem sobre um Derick muito mal humorado que desviou os olhos azuis para qualquer lugar do quarto menos para mim.

– Você nos preocupou, Kate. – ele disse entortando a boca. Podia sentir que estava se obrigando a dizer isso.

– Ellen, Mr. Grunt está lá embaixo querendo falar com você. – anunciei para minha amiga, ignorando o comportamento do terceiro elemento na cama dela.

Ela se virou assustada para mim.

– Falar comigo? Por quê?

– Só quer esclarecer algumas coisas. – dei de ombros, deixando minha bolsa sobre minha escrivanhia – Não o deixe esperando, ok?

Ela assentiu e se virou para Derick.

– Vou descer com você. – ele anunciou, não deixando tempo para ela responder.

Derick se levantou e saiu do nosso quarto pela porta aberta atrás de mim. Ellen sorriu para mim com aquela cara de quando ela descobre uma fofoca muito quente.

– Quero saber de tudo mais tarde. Você não me foge, senhorita Kate!

Deu uma piscadela e saiu atrás do seu affair. Preciso pegar mais no pé dela para largar mão desse menino. Derick é legal, mas... Ele vai quebrar seu coração, amiga.

Respirei fundo e saí do quarto, fechando a porta e pegando meu celular. Preciso ver Alan, preciso de um apoio, um sermão, qualquer coisa. Fui para a ala masculina dos dormitórios. Os poucos alunos nos corredores viraram a cabeça ao me ver passar, algum engraçadinho assobiou, mas ignorei e segui até o quarto do meu amigo. Assim que cheguei, respirei fundo e bati na porta. Meu coração pulava no meu peito e sentia que ia deixar minha armadura ruir assim que estivesse junto com meu amigo ruivo, e dizer que estou frustrada com tudo o que aconteceu...

A porta foi aberta e a cabeça do Gustav apareceu. Era a primeira vez que eu o via com o cabelo bagunçado para todos os lados. Seus olhos pretos se arregalaram para mim.

– O... Oi. – me cumprimentou, ficando um pouco vermelho.

– Alan está? Preciso falar com ele. – tentei me explicar, mas parecia que estava interrompendo algo.

Gustav apertou os lábios e pensava em uma desculpa, mas minha resposta veio de dentro do quarto.

– Estou. Entra aí.

Gustav enrugou a testa e abriu a porta, me dando acesso, pela primeira vez, ao dormitório deles.

Três passos. Apenas três passos me separavam do ataque cardíaco.

Assim que entrei vi Alan vestir uma camiseta verde com agilidade, sentado na cama. A cama que foi feita unindo as duas camas de solteiro do quarto para formar uma de casal. Desviei os olhos do corpo de meu amigo e encontrei Gustav abotoando sua camisa branca. As marcas roxas em volta de seu mamilo e na base de seu pescoço foram a cereja do bolo. Ao me notar o observando, corou e deu as costas para mim.

– Alan... – ok, respire primeiro, Catherine, e pense no que você vai dizer. – Vocês estão juntos?

Alan lançou um olhar para Gustav, que olhou para mim e assentiu. Isso fez o ruivo na cama sorrir com alívio. Acho que temia outra reação do seu... hum... namorado?

– Por que não me contou? – perguntei, me sentindo enganada – Somos amigos desde o colegial, e eu sempre te conto tudo...

– Isso... É meio que novo para mim também, Catherine. Só não me sentia confortável para tocar no assunto.

– Então agora tudo bem pra você?

Ele sorriu assistindo Gustav atravessar o quarto e se sentar do outro lado da cama, ao lado dele.

– Agora, sim. Mas, por favor, não conte para ninguém. – o desespero estava claro em seu rosto. Tudo bem se eu souber, nenhum pouco bem se todo mundo souber.

– Tudo bem.

– Vem aqui. Senta aqui. – encolheu as pernas para baixo de si e bateu no lugar vago – O que aconteceu? Hoje de tarde Ellen me ligou dizendo que você tinha sumido. Liguei para seu celular várias vezes, mas você não me atendeu.

Caminhei para as camas e me sentei aos pés da que Alan estava.

– Derick foi um babaca. Se dizia meu amigo e hoje tirou a mascara. – cuspi as palavras. Seria mais fácil começar a história do início, já que Gustav estava ali e não sabia se Alan o havia contado sobre Mr. Grunt.

– Como assim?

Contei sobre o passeio com Ellen e Derick até a parte do restaurante. Alan tinha uma cara de preocupação, enquanto Gustav apenas sorria.

– Que merda o Derick pensa que está fazendo? – soltou meu amigo ruivo.

– Ele gosta de você e está tentando te fazer ciúmes. Quem melhor do que sua colega de quarto pra isso? – Gustav explicou.

– O quê? Agora todos vão ficar com ciúmes da Catherine? – Alan rosnou.

– Todos? – me intrometi.

– Esse aqui achou que eu tava traindo ele com você. – me contou apontando para Gustav com o indicador. – Fez um escândalo.

Como seria essa cena do senhor sempre-sério-Gustav fazendo um escândalo?

– Eu-não-fiz-escândalo. – ele soltou entre dentes.

Alan apenas lançou um olhar do tipo “Ah, é mesmo?”.

– Okay, mas isso não explica seu sumiço, mocinha. – ele se virou para mim, ignorando um Gustav muito irritado.

– Hum... – olhei para minhas mãos sobre meu colo – Saí andar sozinha para esfriar a cabeça e acabei em um bairro que não conhecia. Passei por um bar e resolvi beber um pouco. Talvez isso me acalmasse... Eu exagerei...

– Calma aí. Com “exagerei” você quer dizer que ficou bêbada? – Alan apontou para mim, não acreditando no que contei.

– Foi então que ele apareceu. Te juro, Alan, aquele homem brotou do chão. Ele não estava lá. Não sei como é que ele apareceu bem do meu lado.

– Aquele homem? – Gustav estava perdido.

– Você quer dizer que o Mr. Grunt apareceu enquanto você dava uma de alcoólatra anônima? – Alan perguntou sem rodeios.

Assenti de novo.

– Ele não me deixou voltar para cá no estado em que eu estava e me levou para a casa dele. – minha voz baixou o tom no fim da frase.

Gustav mantinha a expressão de espanto, enquanto Alan sorria para mim.

– Não acredito nisso. – Gustav se manifestou.

– E o que aconteceu? – Alan se curvou para mais perto de mim.

– Ele me deu o que almoçar e me deixou dormir um pouco. Assim que acordei, ele me trouxe para cá.

– O quê? Dessa vez sem nenhum abraço? – ele riu – Achei que as coisas iriam evoluir e não regredir.

– Idiota. – mostrei a ponta da língua para ele.

Gustav pareceu mais calmo depois que soube que não aconteceu nada.

– Agora só falta a capa e o cavalo branco do príncipe encantado. – Alan riu.

– Acha que ele é um príncipe, é? – Gustav provocou, fazendo o ruivo parar de rir e dar a atenção que queria.

– Ele é o príncipe da Catherine, mas meu príncipe é você, seu bobo. – rápido como sempre, Alan roubou um beijo do moreno, que ficou vermelho e virou o rosto para o outro lado.

Alan riu e pegou a mão dele para entrelaçar na sua. Aquela cena era tão fofa e me senti uma invasora mais uma vez.

– Eu... Acho que está na hora de ir falar com a Ellen. – me levantei, assustando Alan.

– Por quê? Se sente desconfortável? Tudo bem, posso obrigar o Gustav a parar de ser gostoso em tempo integral. – senti a verdadeira preocupação dele por trás da brincadeira.

– Alan. – o moreno o repreendeu, ainda envergonhado.

– Não, eu não me importo. – tentei explicar que estava tudo bem – Só parece que estavam em um momento de vocês quando cheguei. Vou te deixar com seu príncipe encantado, então.

Alan sorriu aliviado e sorri de volta antes de sair do quarto.


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Notas finais do capítulo

Bom, não sei se disse aqui no Nyah, mas eu vou fazer algumas one-shots dos casais dessa fic. E vou começar com Alan & Gustav, minha gente! o/

P: Por que fazer ones ao invés de simplesmente seguir a história?
R: A fic é +16 e as ones serão +18, então quem gosta de hentai e lemon vai poder ter aquele momento tão especial que é ler um hentai ou um lemon, e quem não gosta não vai precisar ler isso aqui na fic. ;)

Estou aberta a criticas e elogios! ;)
Bjos da Tia Fla, seus lindos! ;*



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