Bom dia, Kurt escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 1
Stuck


Notas iniciais do capítulo

Oie, é minha primeira fanfic, então me desculpem qualquer erro



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- Bom dia, Kurt.

- Bom dia, Blaine.


- Boa noite, Blaine.

- Boa noite, Kurt.


- Bom dia, Kurt.

- Bom dia, Blaine.

- Boa noite, Blaine.

- Boa noite, Kurt.

E assim como todos os outros dias da semana, Kurt e Blaine saíam do elevador que agora havia parado no térreo e se separavam. Podiam se considerar colegas de trabalho, mesmo o Anderson trabalhando no décimo sexto andar e Kurt no vigésimo segundo. Ambos homens trabalhavam para Vogue, uma das revistas mais importantes do mundo da moda, que tinha a sorte de ter esses dois jovens trabalhando todos os dias da semana para si.

Terça-feira havia ido embora e o sol nascia anunciando a quarta-feira, o meio da semana e consequentemente o dia mais corrido para todos os trabalhadores daquela agência já que tinham que se preparar para o lançamento da nova edição e do edital da internet.

Kurt estacionou seu Toyota na vaga de sempre, a perto do elevador assim não precisaria andar tanto, e de longe viu Blaine estacionar sua Mercedes um pouco longe de sua vaga. Como de costume, Kurt apertou o botão do elevador para subir e assim que ele se abriu, segurou a porta para o Anderson que corria de longe.

- Bom dia, Kurt.

- Bom dia, Blaine.

“Obrigado” não eram mais necessários uma vez que o castanho fazia isso todos os dias da semana. Um simples sorriso sem dentes, porém sincero, era o suficiente para o Hummel. Kurt apertou seu andar, assim como Blaine fez com o seu. O instrumental do elevador começava a tocar. O pequeno cubículo tinha poucos metros quadrados, mas era maravilhoso. Estranhamente e sem motivo aparente, era o lugar favorito do edifício para os dois homens.

Suas paredes eram douradas, e os pegadores tinham um toque de delicadeza e ao mesmo tempo, conseguia ser retrô de uma maneira que pareciam estarem entrando no Castelo de Bushwick. Os andares estavam em um painel de mármore, onde uma luz branca forte acendia assim que os botões forrem pressionados. O andar era avisado por um neon branco também em cima da porta, que refletia do espelho na parede oposta que os homens geralmente usavam para arrumarem seu paletó e sua gravata.

O elevador tocava alguma versão de Taylor Swift instrumental, na opinião de Kurt. Só sabia que Blaine cantarolava baixinho, sem dar a chance do Hummel descobrir a letra.

- Cause I knew you were trouble when you walked in... – Cantarolou Blaine um pouco mais alto, fazendo o Hummel assentir rapidamente e perceber qual era a música que tocava pelos alto-falantes.

- Não sabia que você era do tipo de cara que gostava de Taylor Swift. – Blaine sorriu para o chão assim que Kurt fez a piada. Geralmente não conversavam o caminho inteiro, apenas um “bom dia” ao chegarem e “boa noite” ao irem embora.

- Quem não gosta? – Blaine encarou Kurt que tinha um sorriso casto nos lábios. As portas do elevador então se abriram e os olhos dos homens rolaram até o painel que informava o andar que estavam. – É minha parada. – Sorriu Blaine.

- Bom trabalho, você vai precisar, é quarta-feira. – Kurt sorriu assim que viu Blaine passar pelas portas douradas enquanto ajeitava sua bolsa no ombro. Blaine se virou e sorriu para o Hummel, que percebeu o sorriso do Anderson assim que as portas se fechavam. E aquela seria toda a interação que teriam até a hora de irem embora e se encontrarem no elevador novamente.


- Blaine Anderson está cantarolando Taylor Swift, atenção todos. – Quinn gritou assim que viu o chefe chegar pelos corredores escondendo um sorriso no rosto. Todos os outros funcionários sorriram encantados com a felicidade do redator.

- Vá se ferrar, Fabray. – Rolou os olhos e foi até a repartição da loira que tinha correspondências em mãos, e um sorriso enorme nos lábios.

- Isso tem alguma coisa a ver com o tal Kurt Hummel da sessão de entrevistas? – Blaine sorriu um pouco mais, e Quinn logo entendeu o recado. – Eu sabia! Eu sabia! – Gritou aguda.

- Por favor, estamos em horário de serviço. – Tentou parecer sério, sem sucesso. Agradeceu pelas correspondências (apenas para ser educado, uma vez que era o trabalho da loira guarda-las) e seguiu até sua sala.

- Eu sei, mas quero saber de tudo isso no intervalo, ouviu? – Blaine levantou os braços se rendendo e entrou em sua sala. Quinn se deu por satisfeita e voltou a digitar o e-mail para Roger das Relações Humanas.


Kurt já estava em sua mesa, fotos, folhas e cartas espalhadas por tudo quanto era lugar, apenas complicando mais ainda a vida do castanho. Seu laptop estava aberto com um e-mail pela metade para seu pai, contando como estava a vida em Nova Iorque e que provavelmente viajaria para Ohio assim que conseguisse um tempo livre. Anexado ao e-mail tinha também a nova edição da Vogue em arquivo, orgulhoso por ter feito a entrevista com a modelo da capa. Seu pai ficaria TÃO orgulhoso.

- Toc toc. – Kurt rolou os olhos até a porta e sorriu com a morena que estava atrás dela.

- Rachel! – Se levantou imediatamente e correu até a amiga para abraça-la. – O que você está fazendo aqui? Pensei que nunca mais te veria, Nova Iorque pode ser enorme às vezes.

- Eu sei. – Disse ainda abafada pelo abraço apertado do amigo dos tempos de escola. Quando Kurt percebeu que os olhos da amiga estavam quase entrando em órbita resolveu se afastar, mas ainda assim com um sorriso no rosto. – Pensei em passar aqui e dar oi para meu melhor amigo, o que tem de mal nisso? – Rachel finalmente se deparou com a bagunça que era o escritório de Kurt. – Dia errado?

- Talvez. – Coçou a parte de trás da cabeça e suspirou rapidamente. – Mas a parte boa é que já estava na hora de dar um intervalo, de qualquer jeito. – Pegou seu paletó cinza com triângulos em tons mais escuros que estava pendurado atrás da porta e praticamente arrastou a amiga pelos corredores do prédio.

- O que você me conta de novo, Kurtie? Como está a vida? – Entraram no elevador e Kurt pressionou a cobertura (onde os funcionários almoçavam).

- Ah, a vida anda corrida. – Sorriu enquanto brincava com suas mãos, Kurt tinha problemas de ansiedade. – O trabalho exige muito de mim, não que eu esteja reclamando, é o que sempre quis fazer. Papai e Carole estão pensando em adotar uma criança... – Hesitou em falar de Finn, uma vez que sabia que Rachel e ele haviam terminado recentemente. – A oficina está bem também, crescendo um pouco todos os dias. Aqui em Nova Iorque finalmente consegui me livrar daquele colega de quarto que passava os dias a assistir filmes de terror e decorar a casa com crucifixos e amuletos, e acho que é isso.

Escolheram uma mesa afastada das demais assim que chegaram à cobertura. Fizeram seus pedidos para o garçom que logo saiu e foi preparar a refeição dos jovens.

- Quando perguntei como estava sua vida, me referi à Sam. – Completou a judia. Kurt engasgou com a própria saliva ao se lembrar do ex-namorado.

- Espero que ele esteja feliz. Digo, foi decisão dele terminar comigo e se mudar para Los Angeles para tentar a vida como ator. Não conversamos desde então. Fazem meses, Rach, não achou que eu estaria em calças de moleton me enchendo de sorvete ainda, achou?

- Ainda? – Rachel gargalhou enquanto Kurt apenas dava de ombros. – Finn e eu terminamos faz algumas semanas e eu passei por essa fase de coitada apenas nos primeiros dias. – Kurt encarou a amiga e a tranquilidade em que falava sobre o término. – Não é como se fôssemos ficar separados pra sempre, você sabe, vivemos terminando e voltando.

- Pensei que tivessem terminado porque você e Jesse voltaram a se falar.

- Detalhes. – Rachel fez sinal com as mãos para mudar de assunto, Kurt apenas gargalhou. – Pra te falar a verdade, não vim aqui apenas para conversar. – Kurt não se surpreendeu. – Vim te entregar uma coisa. – Tirou da bolsa um convite preto.

Kurt levantou uma das sobrancelhas mas retirou o convite das mãos delicadas da amiga. Com calma, abriu o convite que tinha letras douradas dentro. Seus olhos rolaram por alguns segundos nas frases escritas e logo no fim um sorriso enorme se abriu nos lábios de Kurt. – Wicked? Você conseguiu o papel de Ephaba? – Rachel assentiu rapidamente, animada. – Isso é maravilhoso!

- Eu sei. – Rachel estava muito animada, sinal disso era que não conseguia mais controlar o tom de voz e as pessoas que almoçavam na cobertura começavam a encarar a mesa dos dois amigos. – Digo, ainda não sei quem vai fazer Glinda, mas isso não importa, certo? Vou seguir os passos de Idina. Isso é maravilhoso, Kurt.

- Não sei se fico com inveja ou orgulhoso por você.

- Você pode ficar os dois. – Rachel deu de ombros como se não significasse nada, mas segundos depois desabou em sua risada clássica. Kurt achou que deveria passar mais tempo com Rachel já que a morena morava em Nova Iorque. Amava a companhia da amiga.

A conversa durou horas. Porém talvez isso não fosse muito bom.


Kurt voltou correndo para sua sala, o paletó quase voava de suas mãos. Entrou na sala rapidamente e ignorou os olhares de reprovação vindo das repartições ao lado de fora. Havia perdido boas horas de trabalho conversando com a melhor amiga, então era melhor tentar colocar o trabalho em dia antes que Isabelle tirasse seu couro.

Kurt viu as luzes ao lado de fora se apagarem. Todos de seu andar haviam ído embora, mas Kurt não poderia. Não estava nem na metade de seu trabalho, a entrevista não havia nem começado a ser digitada, embora o cabeçalho da página estivesse maravilhoso. Mandou uma mensagem para Frank (o segurança) falando que ficaria até mais tarde, recebendo a resposta para Kurt ficar tranquilo, que o funcionário pernoitaria hoje.

Haviam se passado longas horas. Os dedos de Kurt praticamente digitavam sozinhos e seus olhos começavam a ficar vermelhos de tanto encarar aquela tela de computador. Porém, como seu velho pai dizia, um trabalho final bem feito sempre recompensa as horas perdidas nele. A entrevista havia ficado maravilhosa, estava orgulhoso de si mesmo.

Enviou o arquivo para o e-mail de Isabelle, para assim a chefe encaminhar para Anna, e fechou seu laptop com um pouco mais de força que o desejado. Descansou sua cabeça na cadeira e fechou os olhos por alguns segundos, antes de pressionar as têmporas para voltar a enxergar como antes.

Pegou seu paletó e chaveou sua sala como sempre faz todos os dias, a única diferença é que isso acontecia cinco horas depois do habitual. Caminhou pelos corredores quietos até o elevador, pressionando o botão de descer. Por algum motivo, o elevador estava na cobertura e demoraria um pouco até chegar ao seu andar. Aproveitou para tirar seu iphone do bolso e checar o que estava acontecendo no mundo.

Nem resolveu checar o facebook e seu e-mail, ficou apenas nas mensagens. Algumas de Rachel contando sobre quase ser atropelada ao sair do prédio por um homem lindo, e sobre eles terem saído para jantar juntos. Algumas mensagens depois arrependida por ter saído com ele pois Finn os vira no centro da cidade. Mensagem também de Finn se desculpando por ter passado na cidade e nem ter visitado Kurt, mas ficara menos tempo do que o esperado e agora já voara para Ohio novamente. Uma mensagem de Sammuel também, mas Kurt nem se incomodou em abrí-la. Apenas a apagou antes que seus olhos pudessem ler alguma frase. Suspirou e entrou no elevador que acabara de abrir as portas à sua frente.

Vigésimo primeiro.

Vigésimo.

Que música maldita era aquela que tocava pelos alto-falantes? Alguma que lembrava Kurt de seu tempo de ensino médio, porém ela não trazia sentimentos bons. O estômago de Kurt se revirava, mas o castanho não sabia por quê.

Décimo nono.

Décimo oitavo.

Oh please, say to me. You’ll let me be your man. And, please, say to me. You’ll let me hold your hand. Now let me hold your hand. I wanna hold your hand.

As memórias de Kurt voltaram rapidamente e de repente o castanho sentiu um frio na espinha preencher seus sentimentos. Todo aquele drama de seu pai no hospital, de passar horas e horas encarando um homem quase morto em uma cama de hospital. Esses sentimentos horríveis voltaram então. Se houvesse pelo menos um botão para desligar aquela maldita música... Kurt apenas fechou os olhos e tentou ignorar seu cérebro lhe falar para sentir as mesmas coisas que sentiu naqueles dias de dor.

Décimo sétimo.

Décimo sexto.

As portas do elevador se abriram, mas não havia ninguém ali. Kurt estranhou o fato de alguém ter chamado o elevador naquele andar, já que fazia cinco horas que o turno havia se encerrado. Ignorou novamente sua mente lhe falando para não checar e que aquilo se parecia muito com as cenas dos filmes de terror que Smith assistia, mas Kurt foi mesmo assim. Deu alguns passos e colocou a cabeça para fora do elevador, não enxergando nada além de um corredor vazio e escuro. A música continuava tocando, deixando o momento ainda mais sombrio.

- Alguém? – Gritou receoso. Não houve resposta. – Vou descer então. – Gritou mais uma vez, também sem obter nenhuma resposta. Kurt ignorou o fato de estar quase se urinando de medo e voltou para o elevador, apertando novamente o botão de fechar a porta.

Assim que as portas se fechavam, ouviu um berro do andar.

- Jesus. – Colocou a mão no coração de susto assim que viu uma mão segurando a porta que estava quase fechando. Kurt fechou os olhos de medo, com certeza morar com alguém que só assistia filme de terror não havia o feito bem. Abriu os olhos lentamente e viu Blaine o encarar um tanto confuso.

- Está tudo bem, Kurt? – Kurt assentiu lentamente, ainda tentando controlar seus batimentos cardíacos. Blaine sorriu e entrou no elevador, apertando o botão que o levaria até a garagem. – Eu te assustei?

- Um pouco. – Sorriu pela situação agora.

- M-me desculpa, esqueci meu suéter e tive que correr até minha sala pra pegar. Não pensei que o elevador chegaria tão cedo, ele estava na cobertura. – Kurt assentiu. – Escutei você chamar, então vim correndo, mas as portas já estavam se fechando. Berrei pra talvez você segurar a porta pra mim, mas já estava perto então eu mesmo fiz.

- Agora faz muito mais sentido. – Kurt encarou o chão.

Décimo quinto.

Décimo quarto.

- O que você está fazendo aqui ainda? Achei que fosse uma das únicas pessoas que estivesse aqui ainda além de Frank. – Kurt engoliu o medo e perguntou.

Blaine apoiou as costas na parede e cruzou os braços. Kurt tentou ignorar o brilho que o anel dourado fazia direto do dedo anelar do Anderson, e sentiu um frio na espinha por isso. Em seus sonhos mais remotos, ele e Blaine um dia acabariam se esfregando e se jogando contra as paredes daquele elevador em um sexo selvagem. Sim, Kurt pensava nessas coisas com um mero colega de trabalho. Talvez Kim estivesse certa e o chefe precisava de um psicólogo.

- Acabei me atrasando com algumas coisas e não consegui terminar o edital à tempo. A parte das cachemiras quase não ficou pronta. – Kurt tentou esconder um sorriso. – Tive que ficar até mais tarde para terminar meu trabalho. E você?

- Mesma coisa.

Décimo terceiro.

Décimo segundo.

- Quartas-feiras são horríveis. – Completou o castanho.

- Nem me fale. – Blaine revirou os olhos. – Antes uma sexta-feira 13 do que uma quarta-feira 13 véspera de feriado. – Brincou com a data do dia e Kurt gargalhou um pouco mais alto do que esperava.

Décimo primeiro.

Décim...POC. Kurt e Blaine se seguraram com a parada brusca que o elevador fizera. Os olhos rolaram rapidamente até o letreiro onde indicava o andar, 10, porém os amigos sabiam que não havia chegado. O elevador balançou mais um pouco.

- Merda. – Kurt arregalou os olhos. Não tinha claustrofobia confirmada, mas apenas o fato de saber que estava preso em um cubículo como aquele já começava a o deixar meio louco, Kurt começou a suar frio.

- Kurt, você está bem? – Blaine colocou as mãos no ombro do castanho. – Você está branco e está suando.

- E-estou bem. – Kurt desapertou sua gravata e arregaçou as mangas de sua camisa da Ralph Lauren nas alturas dos cotovelos. Passou também a mão sobre a testa tentando limpar as gotas de suor que se formavam ali. – Será que tem alguém pra nos tirar daqui?

- Só Frank. Estamos cinco horas depois de todos irem embora, véspera de feriado nacional de dois dias. Só voltam na segunda-feira, Kurt. – Kurt encarou Blaine com aquele olhar de “ajudou muito” e desapertou um pouco mais a gravata. - Talvez conseguimos falar com Frank.

Blaine apertou o botão de microfone e chamou o nome do guarda algumas vezes, mas o velho homem babava na cadeira de controle, provavelmente em seu sétimo sono. Depois de alguns minutos Blaine desistiu.

- É, ele não vem. – Assumiu para si mesmo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Devo continuar? *-*