Sombras escrita por Ângelo Ptiste


Capítulo 4
Reviravoltas


Notas iniciais do capítulo

Iae pessoas! Novo capítulo! Uhuuu
Tem bomba de novo.. :3



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E o mundo nos surpreende cada vez mais com suas reviravoltas fascinantes.

– Carol Ribeiro

Taylor/Jasper

Taylor estava sentado em um sofá dentro da casa do assassino dos seus pais.

Jasper contou tantas coisas absurdas sobre os Sure que Taylor começou a reavivar a sua raiva.

***

O que ele contou foi o seguinte:

Jasper, em um certo dia, decidiu arrumar uma pequena dispensa na qual a sra. Sure não permitia que ele se aproximasse. Ele entrou lá por curiosidade, admitiu.

Chegando na pequena dispensa, um cômodo perto do quintal, ele viu uma pequena pilha de documentos organizados e preservados. Ele não pôde se conter e começou a fuçar. Jasper percebeu que aqueles papeis eram, na verdade, certidões de nascimento. De início ele não entendeu do que se tratava, mas então ele descobriu uma certidão em especial, junta de algumas outras certidões bem no fundo da dispensa, como que guardada com a intenção de não encontrarem-nas. A certidão de nascimento era de Taylor.

Jasper leu o conteúdo e se engasgou. Taylor não era filho legítimo dos Sure. O seu sobrenome na certidão era diferente. Aquela não era a certidão de Taylor, Jasper pensou. Então abriu o documento que se encontrava abaixo do de Taylor: o de Doreen. Ela tinha os mesmos pais que Taylor, de acordo com o documento. E não eram os Sure.

Jasper começou a desarrumar toda a dispensa olhando os documentos. Todos eram certidões de nascimento. Então lhe veio algo a mente que o aterrorizou: os Sure trabalhavam com crianças, por isso eram tão ricos. Seu negócio talvez fosse... vende-las! Eles vendem crianças!

Dias depois, Jasper teve coragem de falar com a sra. Sure sobre as certidões. Por que guardavam tantas? Ele esperava uma resposta que o tranquilizasse, que livrasse os Sure de qualquer suspeita, mas a resposta de Martha Sure não foi nada reconfortante. Ele nunca pôde esquecer o que ela disse:

– Traficamos crianças. Roubamos ou compramos elas de famílias pobres e vendemos para ricos de diversos países. – ela disse com evidente tranquilidade. Jasper ficou horrorizado. - O que foi? Não esperava isso? Sabia que eu nunca gostei de você, seu velho imbecil? Você cometeu uma estupidez muito grande. Ultrapassou todos os limites.

– Eu vou denunciar vocês à polícia. – disse Jasper, apavorado.

– Você não vai fazer isso.

– Não tenho medo de você.

– Ah, tem sim, velho cagão. Se você se atrever a contar alguma coisa a alguém, eu juro que mato essas crianças que você tanto ama.

– Você não está falando de seus filhos... – Jasper perdeu a fala.

– Eles não são os meus filhos. Abra essa boca de merda e eu garanto que suas preciosas crianças morram gritando.

– Mas eles são os seus filhos... – Jasper começa a chorar.

– Ah, me poupe. Enfim, já que você entrou na dispensa, organize os papéis.

Jasper ficou em choque. Nunca poderia ter previsto aquela cena. Se perguntou várias vezes se havia enlouquecido e imaginado tudo aquilo.

O pânico de Jasper foi tão grande que ele nem pôde medir seus atos.

No dia seguinte, em uma manhã de sábado, havia decidido que aquilo não iria continuar. Os Sure não iriam mais continuar com aquele negócio abominável. A sra. Sure não mataria seus filhos. Ele poria um fim em tudo aquilo.

Antes de todos na casa acordarem, Jasper desceu na cozinha e começou a preparar o café-da-manhã, como de costume. Fez omeletes e torrou alguns pães. Também fez café.

Jasper procurou na cozinha uma caixa de veneno de rato, que ele havia comprado na época em que a casa estava hospedando um ratinho a algumas semanas atrás. Ele achou no armário de cima; a caixa estava quase cheia. Jasper olhou para os lados, checando se não havia ninguém, e então despejou metade do conteúdo na cafeteira. Não poderia correr o risco de um sintoma tardio.

Então ele subiu até os quartos dos gêmeos, os acordou e disse para eles que os levaria para a casa da sra. Moore. Os gêmeos estranharam por Jasper levar até a bebê Samantha.

Quando voltou, o casal Sure já havia descido para o café. Começaram a conversar como se nada houvesse acontecido. Não se deram conta da falta dos filhos e não perguntaram a Jasper onde ele havia ido. Jasper lhes serviu o café-da-manhã.

A sra. Moore foi a primeira a tomar do café. Ela reclamou do gosto, mas mesmo assim tomou duas xícaras. Jasper ficou preocupado, pois o sr. Sure não havia bebido um gole. Mas aí ele se lembrou de algo.

John Sure nunca foi fã de café. Como ele não havia pensado nisso? Agora ele estava perdido!

A ansiedade cresceu, mas ele não manifestou nenhuma reação suspeita. Apenas esperou... até que a sra. Sure disse que estava sentindo dores no abdome. Não demorou para o sangue lhe escorrer pelo nariz e os olhos ficarem cor de sangue. Martha olhou para a sua xícara e se deu conta do que estava acontecendo. Ela olhou para o marido, e os dois olharam para Jasper. Aquele segundo em que olharam para ele foi de puro horror.

John tentou fazer Martha vomitar o veneno, mas era tarde demais – a hemorragia já estava afetando todo o seu corpo.

Martha, sabendo que estava perdida, olhou para Jasper e disse, quase que murmurando:

– Como... você pôde ser tão estúpido?

Logo após dizer aquilo, ela vomitou sangue em cima de seu prato e perdeu a consciência. John entrou em pânico e a sacudiu inutilmente. Se Jasper não estivesse preocupado com o que ele pudesse fazer a seguir, teria tido pena dele.

John se levantou e olhou para Jasper. Um olhar sofrido e de raiva. O que ele fez a seguir surpreendeu Jasper de uma maneira que ele não imaginava que fosse acontecer.

O sr. Sure pegou a cafeteira que estava na mesa e tomou até não conseguir mais beber. Sentou-se na sua cadeira ao lado da esposa, pegou a mão dela e esperou a sua morte. Isso fez Jasper sofrer. Assistir aquela cena fez ele se arrepender. O amor de John por sua esposa era trágico. Seu romance era trágico. O fim, poeticamente trágico.

Andou às pressas rumo ao seu quarto e colocou toda a roupa que pôde em uma mala. Passou na dispensa das certidões, pegou todas e colocou em outra mala. Sua intenção era que as crianças não soubessem a verdade sobre os pais. Elas não mereciam.

Então, saiu da casa pela porta dos fundos.

***

– Como veio parar aqui? – Taylor pergunta.

– Shadowvile é a minha cidade natal. Nasci e me criei aqui. Fui um dos poucos naquela época que foi embora para viver no exterior.

Era tanta coisa que ele nem conseguia processar direito o que já lhe foi dito.

– Quero ver os tais documentos. – Taylor disse com impaciência na voz. Ouvir aquilo tudo o estava deixando louco. Se essa história fosse verdade, significaria que a maior parte da sua vida foi uma mentira. – Me mostre a porra dos documentos.

– Vou buscá-los. – Jasper foi até um quarto nos fundos da pequena casa. Um minuto depois estava de volta com uma pasta. – Essas são suas verdadeiras certidões. As dos seus irmãos e a sua.

Tony estava sentado ao lado de Taylor no sofá e o ajudou com a pasta, pois ele estava tremendo. Jasper se sentou novamente na sua poltrona, na frente deles, olhando com sofrimento para Taylor.

Taylor examinou os documentos. O sobrenome dele e de Doreen era Brozini. Eles vieram da Itália. Seus pais eram Bianca Telma Brozini e Ricardo Luca Brozini. Rupert era alemão. Samantha, do Brasil. Nenhum deles vieram de um país em comum.

– Doreen viu isso? – Taylor perguntou, sem olhar.

– Sim. Ela pareceu não dar muita importância, disse que seus pais sempre foram ausentes e que não fazia diferença. Mas no fundo eu sei que ela sofreu. Ela os amava assim como você e seus irmãos os amam.

– Ela tem razão, não faz diferença.

– Se não fizesse diferença, vocês não teriam querido me matar quando me reencontraram.

Taylor estava enjoado. Estava tentando não negar tudo, já que estava com as provas em mãos. Estava se segurando para não dizer que os documentos eram falsos.

Estava tentando engolir tudo aquilo, mas era difícil.

– Eu vou lhe dizer o que eu disse a sua irmã quando eu contei tudo a ela; não tente tornar inválida a sua vida com os seus pais. Não importa o que você descobriu hoje, tudo o que aconteceu naquela época pode continuar sendo verdade. Aqueles que vocês conheceram sempre seriam os seus pais.

Taylor pensou no que Jasper estava dizendo. Talvez aquilo fosse a solução para não pirar: deixar tudo como está. Mas depois de tudo que ele descobriu...

– Impossível.

Taylor se levantou e foi embora daquela casa, deixando Tony e Jasper sozinhos.

Andou com força, olhando para os lados tentando lembrar o caminho por onde veio. Começou a apertar a carta no bolso de sua calça. Lembrou-se de como Rupert quase a viu no terminal do aeroporto quando ele a estava relendo, quando ainda estavam em Nova York. Lembrou-se do medo que teve ao imaginar o irmão lendo essa carta.

Sempre a carregava junto de si para não encontrarem-na ou perde-la. Toda a sua angústia se direcionava a ela.

Talvez toda a solução estivesse nessa carta. Ou talvez toda a perdição. Esta questão só iria se resolver quando ele determinasse sua decisão.

Brad

Brad amava olhar para Julia. Ela era tão linda que doía.

Eles dois estavam fazendo com que Rupert e Samantha, e Miles e Beth, irmãos mais novos de Julia, se gostassem. Parecia estar dando certo. Brad mal olhava para as crianças, ele só tinha olhos para Julia.

– Miles, Beth, por que vocês não mostram o quarto de vocês para eles?

– Vamos no meu primeiro – falou a mais nova, Beth.

– Então quer dizer que vamos no mais feio primeiro – respondeu seu irmão, Miles.

Rupert e Samantha deram risadinhas.

– Eu vou dizer a mamãe quando ela chegar, seu chato.

Os garotos continuaram discutindo enquanto subiam a escada.

– E então... Julia. – Brad tentou colocar confiança na voz. – O que você vai fazer esse final de semana?

– Tá me chamando para sair? – Julia pareceu lisonjeada.

– Ah..., quer dizer, sim! – Ele coçou a cabeça, encabulado. – Que tal se a gente for assistir um filme no cinema do shopping?

– Eu adoraria... – a expressão dela mudou de repente, parecendo se dar conta de algo – Mas Keith não pode nos ver juntos.

Keith é o filho mais velho do prefeito. Era um babaca metido que sempre tinha o que queria. Julia namorou com ele por um ano, até ela o dispensar a alguns meses. Keith não aceitou muito bem o término.

– Por que você tem tanto medo dele?

– Por que ele é imprevisível, você sabe. Não sei o que ele faria a nós dois se nos visse juntos.

– Eu não tenho medo dele. - Brad disse. Ele o temia, claro, mas deveria dizer a ela o contrário. Mulheres gostam de homens corajosos, presumia ele.

– Deveria. Nem eu sei do que ele é capaz.

– Eu posso falar com a irmã dele, a Tassy. Ela pode ajudar.

– Aquela menina é esquisita.

Tassy é a outra filha do prefeito. Ela é muito antissocial, não tem amigos e sempre é vista com hematomas no corpo. Todos acham que o pai bate nela.

***

Os mais velhos dizem que aquela família nunca mais foi a mesma depois que Sarah Williams, esposa do prefeito Jake Williams, enlouqueceu durante a gravidez de Tassy. Ela dizia uma frase repetidas vezes, quase que como um mantra: As sombras querem se vingar. As sombras querem me matar.

Sarah morreu durante o parto. Jake ficou desolado, tendo que criar sozinho Tassy recém nascida e Keith com apenas dois anos. O atual prefeito naquela época era o seu pai, que morreu seis anos depois. Como a cidade tinha um governo separatista independente e, de uma certa maneira diferente, Jake foi obrigado a tomar o posto de prefeito da cidade, pois a cidade sempre foi administrada por Williams.

***

Brad achava a história da família Williams muito interessante. Essa foi uma das histórias que Tony e ele contaram a Taylor durante o tour pela cidade.

– Falarei com Tassy assim que a vir na rua. Já que acabaram as aulas, não poderei ver ela na escola. – disse Brad. Ele queria muito aquele encontro.

– Brad, e se ela for dedo-duro? E se ela contar tudo ao Keith? Aí ferrou.

– Confie em mim, gatinha.

– O quê?

– Hã? Oi?

Julia riu. Ela ria tão lindamente... Os dentes eram perfeitos. Brad corou.

– Vou confiar em você então, gatinho.

Eles mudaram de assunto e começaram a conversar besteiras sobre os seus colegas de escola. O próximo ano seria o último ano de escola, e estavam todos na expectativa de saírem da cidade em busca de suas carreiras e longe de toda essa loucura de governo independente. Todos estavam ansiosos para devorar o mundo, inclusive Julia e Brad. Eles conversaram também sobre os seus planos quando concluíssem o ensino médio.

Não importa o que conversavam, no quanto o assunto fosse interessante, Brad pensava vez ou outra no encontro com Julia. Não podia estragar tudo.

Só precisava conversar com Tassy Williams, a menina mais estranha da cidade.

1 dia depois.

Kate

Tudo pronto para a viagem. Dug pegou Kate logo cedo e partiram para o aeroporto.

Após alguns minutos de eterno silêncio dentro do carro, Kate tentou começar uma conversa.

– Legal né? O sr. Harris pagar as nossas passagens...

– Legal seria se ele pagasse também a estadia no motel.

Kate riu, mas Dug continuou sério, olhando sempre para frente.

Ela não desanimou, tentou novamente:

– Sabe os livros que eu disse que ia levar? Eu os deixei em casa. Estou tentando me desapegar deles.

– Legal. – e foi só o que ele disse.

Kate começou a se irritar. Não admitia aquela raiva boba. Que motivos ele tem para ficar chateado? Nenhum!

Ela então fica em pé dentro do carro de Dug e tenta chegar até o banco de trás.

– O que você está fazendo? – Dug pergunta, tentando olhar para a estrada e para Kate ao mesmo tempo.

– Vou para o banco de trás. Quero ficar sozinha.

– Mas nós vamos descer agora, Kate!

Kate olha para a janela do carro e se sente uma boba ao ver o aeroporto logo a sua frente.

– Então eu vou ficar sozinha aqui atrás até você estacionar.

Dug revira os olhos.

– Eu vou levar o carro para Shadowvile.

Kate se sentiu ainda mais boba.

– É, tanto faz. – Ela decidiu dar um gelo nele também. Dug pareceu se irritar, e dirigiu com força o caminho restante até o aeroporto.

***

A viagem de avião foi desagradável.

Os dois se recusavam a falar um com o outro. Se recusavam até a olhar um para o outro. Kate se sentia mal por estarem agindo com tanta infantilidade, mas ela havia decidido que ela não iria ceder e que era ele que deveria falar com ela, já que foi ele quem começou com isso.

Kate fez amizade com uma garota de uns 15 anos que se chamava Melanie. Melanie estava sentada ao seu lado. Conversaram a maior parte da viagem.

Quando Dug adormeceu do seu lado, ela conversou com Melanie sobre eles dois.

– Ele não quer falar comigo! Tá me dando o gelo! – sussurrou para ela. – Mas também estou dando o gelo nele.

– Que chato... Por que?

– Ele está afim de mim, mas ele é só meu amigo.

Melanie analisou Dug dormindo. Ele havia começado a babar.

– Garota, ele é um gato. Tem cara de ser inteligente. Por que você não quer ficar com ele?

– Porque ele é muito especial para mim. Meu melhor amigo. Não quero perde-lo para um relacionamento malsucedido.

– Você não sabe se vai ser malsucedido. Ele parece do tipo que namora sério.

– Mas não sou atraída por ele. Pelo menos eu achava, até ele começar com essa tensão sexual. Agora não sei mais o que eu sinto.

– Vai fundo, garota. Aposto que daria certo vocês dois. É tão fofo olhar vocês dois juntos agora... – Kate não havia percebido a cabeça de Dug no ombro dela. – E vamos combinar – Melanie sussurrou, maliciosa – Você tá mais do que na hora de arranjar um cara para casar.

– Você está me chamando de velha? Meu Deus! Eu vou dizer a sua mãe, sua atrevida! - As duas gargalharam, quase fazendo com que Dug acordasse.

No fundo Kate concordou. Ela precisava de alguém para ficar com ela pelo resto da vida. Precisava de alguém para casar, para não ficar sozinha. Essa pessoa seria o Dug? Sacudiu a cabeça, seus pensamentos estavam indo longe demais.

Além do mais, apesar de já ter sonhado com o dia do seu casamento, Kate havia concluído que casar não era uma meta na sua vida. Ela poderia viver muito bem sozinha.

***

O avião pousou já de tardezinha em Dallas. Kate e Dug desembarcaram.

Dug pegou o seu carro, mas estava cansado para dirigir. Então Kate se ofereceu para dirigir até a cidade.

***

O caminho todo de quase duas horas foi chato e sem diálogo.

Kate tentava se entreter com pensamentos aleatórios e com os seus planos para quando chegassem na cidade, mas nada a entretia. Tentou ligar o som do carro, mas nada quebrava o clima chato.

Kate avistou a placa que indicava que haviam chegado a Shadowvile. Ela cutucou Dug, que estava ao seu lado.

– Chegamos, Dug.

– OK.

Kate não aguentou aquele “OK”. Aquele “OK” fez ela chegar ao seu limite.

– Por que está agindo como um idiota? – ela tirou os olhos da pista e olhou para ele.

– Kate, olhe para a estrada...

– Não. Me responda! Por que está agindo assim comigo?

– Assim como? Você pirou?

– Não. Eu não pirei. Sinto muito se eu não estou afim de cair de cabeça em uma relação incerta e talvez perder o meu melhor amigo.

– O que? Do que você está falando? Não quero falar sobre isso.

– Mas eu quero.

– Kate, olhe a estrada!

– Não mude de assunto! Vamos discutir isso agora porque isso está me matando!

– Kate! Olhe a estrada!

Kate olhou a estrada - havia um homem no meio do caminho. Kate tentou frear, mas o carro atropelou o homem do mesmo jeito.

– Que merda, Kate! – Disse Dug, saindo do carro.

– Me desculpe! – Ela saiu também.

A batida não foi forte, mas foi suficiente para derrubar o homem.

Dug foi até ele – era um idoso - e apoiou o corpo dele em seus braços. Kate tentou falar com o moço; estava consciente.

– Senhor, me desculpe! Eu vou chamar uma ambulância... – Mas aí, Kate viu sangue em sua barriga e vestígios de pólvora. Ele havia sido baleado. Provavelmente já havia sido baleado quando Kate o atropelou.

– Não há tempo para isso, senhorita... – ele respirou fundo, reunindo toda a energia que tinha - Preste muita atenção no que vou lhe dizer agora.

Kate acenou. Dug continuou apoiando o homem.

– Procure Taylor Sure. Diga a ele que sua irmã está viva e que ela foi sequestrada. Estão a mantendo presa. Diga a ele para não desistir de procura-la, ela precisa dele. Mas diga também para ele tomar cuidado.

– Ah... – Kate tomou um tempinho para memorizar. Estava apavorada, nunca havia imaginado viver uma situação com adrenalina como aquela. – Mais alguma coisa?

– Sim. Diga a ele que procure Linda Ross. Ela vai ajudá-lo.

Kate e Dug se olharam. Dug pegou seu celular e chamou por uma ambulância.

– Qual é o seu nome? – Kate pergunta, pegando o braço do homem moribundo em solidariedade.

– Meu nome é Jasper. Diga a Taylor também, minha doce menina, que eu o amo. Amo ele e aos seus irmãos. Se eu pudesse ter feito tudo diferente eu faria. Vivi boa parte da minha vida por eles; e agora morro por eles.

Kate viu o sofrimento do homem. Ela ficou tocada.

– Não existe morte mais honrosa do que morrer por pessoas que amamos. – ela disse.

Ele pareceu sorrir por um breve segundo, mas então fechou os olhos. A consciência o abandonara.

O estranho homem chamado Jasper morreu ali, com Kate e Dug ao seu lado. Kate concluiu que ele talvez fosse uma pessoa de muitos erros, mas quem não comete erros? Pelo menos ele viveu o suficiente para enviar o seu recado; e não morreu sozinho.

– Eu prometo entregar o seu recado. – Promete Kate ao vento.


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Notas finais do capítulo

Trailer: http://youtu.be/zGuuv8ZhXJE



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